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segunda-feira, 22 de maio de 2023

Um pouco da História de Roberto Wyrobek - Padre Polonês que mudou-se para o Brasil na década de 1930 e viveu em São José SC por mais de 25 anos

Ano de 1984, foi o ano que conhecemos o Padre  Roberto Wyrobek.
Racibórz - onde nasceu o Padre Roberto Wyrobek.
Nós conhecemos o
Padre Roberto Wyrobek em 7 de julho de 1984 na Igreja Matriz de São José. Roberto nasceu na cidade de Racibórz, em alemão é Ratibor, atual Polônia, em 26 de janeiro de 1907. Foi filho de Josef Wyrobek e Anna Kurek.  Sua cidade natal tinha como culturas parte de sua identidade: as culturas polonesa,  tcheca, morávia e alemã. Isso explica o fato de o Padre Roberto falar e escrever fluentemente o português, pois residia no Brasil desde a década de 1930, também o alemão e o polonês.
Dom Joaquim Domingues de Oliveira. 
Quando se formou na universidade, viajou pelo continente europeu. Em 1932 fez parte de um grupo de religiosos salesianos enviados para o Brasil. Sabemos das ações desses nas causas sociais no país e principalmente, à frente instituições de educação, também em Santa Catarina. Foi do Brasil que retornou à Roma para completar seus estudos e cursou Teologia, quando foi ordenado padre em 14 de julho de 1935, quase exatos 49 anos antes de o conhecermos e nossos pais sequer tinham nascidos.
Agora padre, retornou ao Brasil no ano seguinte ao ano de sua ordenação, em janeiro de 1936, quando foi convidado para ocupar o cargo de Secretário do Arcebispo de Florianópolis Dom Joaquim Domingues de Oliveira (1878 - 1967), que também foi seu "professor" de português. O Padre Wyrobek, nesse tempo, foi também, assistente eclesiástico do Círculo Operário Católico de Florianópolis.
Era de conhecimento de todos que os dois, o Arcebispo e o Padre tinham personalidades fortes e ficavam surpresos que trabalhavam juntos sem maiores tempestades, o que não durou muito tempo. O rompimento aconteceu em 1939, por uma, das muitas teimas entre os dois. Com isso, em 26 de janeiro de 1940, o Padre  Roberto Wyrobek foi enviado como vigário da Paróquia do Santíssimo Sacramento de Itajaí, isso ante do início da construção da nova Matriz projetada por Simon Gramlich.  Também foi nomeado pároco da comunidade da igreja Nossa Senhora da Penha. 
Contribuição de Matheus Abreu.















Em 27 de janeiro de 1941 foi transferido como pároco de São Pedro de Alcântara.
Atendia a grande comunidade - viajando à cavalo. Nesse tempo fez uma viagem a sua terra natal e se reuniu com sua família na Polônia, visitando-os.
Também residiu na região do Vale do ItajaíEm 9 de outubro de 1955 foi nomeado 2º pároco de São Pio X, Ilhota, igreja construída em 1941.
Contribuição de Matheus Abreu.


"Sua passagem por Ilhota, foi marcante, nos 15 anos que esteve a frente da Paroquia , a inúmeros relatos quanto as suas contribuições perante a comunidade, com grande destaque aos esforços para atrair os fiéis a Igreja, sempre envolvido com toda a comunidade, inclusive com as escolas.
A ainda muito relatos da população, quanto a sua postura dura, usando exemplos de quem não obedecia a seus preceitos para os demais; assim quando chegava alguem atrasado na missa, fazia questão de falar bem alto que estavam chegando os " Inimigos de Deus", quando as crianças choravam, pedia para as mães se retirarem da Igreja, mas tambem fazia questão de abordar as pessoas na rua , convocando-as para a missa.
Pela sua importante atuação em nossa comunidade, antes de partir para São José, Padre Roberto Wirobeck, recebeu 2 grandes homenagens; A Escola Municipal Roberto Wirobeck,  no Baú Central ,que foi uma indicação de Ivo Schmitz que relembra, o discurso emocionado de Padre Roberto;
Mas com certeza, a maior homenagem foi recebida em forma de Titulo de Cidadão Honorário, em Solenidade ocorrida em 13 de Setembro de 1970.  Do Grupo "Persongens Ilhotenses"
Edson  Moraes Lessa


"Fui coroinha dele. Tinha cara de brabo, mas era gente boa." Edson  Moraes Lessa

 


Matriz de São José SC.
Em 1959 foi nomeado Cônego catedrático do Cabido metropolitano de Florianópolis, o que significa que faria parte da direção e administração da catedral de Florianópolis e em 11 de setembro de 1970, o Padre Roberto Wyrobek tornou o pároco da Igreja Matriz de São Joséparóquia criada em 1750, quando a nucleação urbana, passou a ser considerada uma Freguesia – a primeira capela foi inaugurada por volta de 1755
Em dezembro de 1976 deixou o cargo, com quase 70 anos e ficou sua residência em São José com faculdades de vigário paroquial e auxiliando no Tribunal Regional Eclesiástico.
Em 28 de abril de 1980 recebeu o título de Cidadão Josefense, uma iniciativa dos vereadores  Valdir da Silva, Aldo Antônio de Souza e Raul Thomaz de Souza.
Em
1991, nos dias 17 e 18 de outubro, o Papa João Paulo II, seu conterrâneo, visita Florianópolis e o padre Roberto Wyrobek, não somente teve a oportunidade de se comunicar com o Papa em polonês, mas também lhe ofertar um presente, junto com o clero. O Padre Roberto entregou ao Papa uma joia preciosa. A saudação foi feita em polonês, o que surpreendeu o Papa, que o abraçou carinhosamente.
Mas antes do Padre Roberto Wyrobek saudar o Papa João Paulo II, nós o conhecemos na igreja Matriz de São José.
Chamou-nos a atenção, sua sapiência nas suas palavras, o olhar atento, a empatia, simpatia e a generosidade. Após 10 anos, desse primeiro encontro, o encontramos novamente no interior da Igreja Matriz de São José e abençoou nós, por 10 anos de casamento. 
O Padre Roberto Wyrobek realizou o nosso casamento com Roberto Wittmann na igreja Matriz de São José em 7 de julho de 1984. Nunca esquecemos de sua pessoa e personalidade e por saber de sua idade, sabíamos que não estaria mais entre nós. 
Faleceu 4 anos após nosso último encontro, em 13 de abril de 1998 com a idade de 91 anos e um período de 63 anos de padre e comunidade. Cruzamos, por um pequeno momento, esta história. O Padre Wyrobek  está sepultado no Cemitério da Irmandade de N.Sr. dos Passos – São José SC.
No lançamento do nosso livro "Fragmentos históricos" na Assembleia Legislativa de Santa Catarina encontramos o pesquisador de São José, Osni Antônio Machado e comentamos sobre a igreja e o Padre Roberto Wyrobek. Foi quando ele disse que o Padre era polonês e ficamos encantados em conhecer um pouco mais sobre sua história a qual compartilhamos com todos.
Osni Antônio Machado disse:
D. Angelina, o padre que casou vocês era o padre Roberto Wyrobek, polonês de nascimento, faleceu em 1998, com 91 anos. Veio para São José em 1970, e aqui ficou até sua morte. Na visita do Papa João Paulo II a Florianópolis, ele saudou o Papa em seu idioma natal na recepção e jantar. Falava muito bem alemão e é claro, polonês. Osni Antônio Machado


O Padre  Roberto Wyrobek realizando o nosso casamento na Igreja Matriz de São José em 7 de julho de 1984.




Padre Roberto Wyrobek.
2011.
2021.

2022.







Por que a casa onde residiu o Padre Wyrobek, no Centro Histórico de São José, na rua Lucinda Ana de Souza, N°230, está sempre fechada? Sua memória poderia ser homenageada fornecendo vitalidade a esse lugar.

Um registro para a História.

Referências
  • BESEN, José Artulino Besen. Padres da Igreja Católica de Santa Catarina - Cônego Roberto Wyrobek. Disponível em: https://pebesen.wordpress.com/padres-da-igreja-catolica-em-santa-catarina/conego-roberto-wyrobek/ . Acesso em: 22 de maio de 2023, 11h.
  • Câmara Municipal de São José. Projeto de Decreto Legislativo N° 0005/1980. 19/06/1980 - Título de Cidadão Josefense ao Reverendíssimo Padre Roberto Wyrobek. Disponível em: https://www.cmsj.sc.gov.br/proposicoes/Projetos-de-Decreto-Legislativo/1980/1/0/35262 . Acesso em: 22 de amio de 2023 - 11h11.
  • VICENTE, Vilmar Adelino. Arquidiocese de Florianópolis. São João Paulo II – Missionário Moderno. 18 de outubro de 2016. disponível em: https://arquifln.org.br/noticias/sao-joao-paulo-ii-missionario-moderno/ . Acesso em 22 de maio de 2023 - 11h16.


Eu sou Angelina Wittmann, Arquiteta e Mestre em Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade.
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Em Construção...






domingo, 14 de maio de 2023

Uma voltinha em Nossa Senhora do Desterro - Floriano - polis - A cidade de Floriano

Floriano Peixoto fez parte do grupo que impetrou um golpe no Imperador D. Pedro II, destituindo-o do trono a partir de um golpe. Embarcaram o Imperador do Brasil, na madrugada, rumo à Europa, sabendo o quanto ele era respeitado pelos brasileiros e sabendo que o golpe não aconteceria se o mesmo continuasse no país. E mesmo tendo partido, o Imperador, os brasileiros não aceitaram, como também muitos que residiam em Nossa Senhora do Desterro. O algoz e parte do bando, Floriano Peixoto, perseguiu e assassinou chefes de famílias locais na Ilha de Anhatomirim. Não bastasse isso, colocou seu nome na capital de Santa Catarina, cidade de Floriano, Florianópolis. Vergonha.
Tão vergonha, que ao visitar Nossa Senhora do Desterro no último dia 11 de maio de 2023, adentramos o Palácio Cruz e Souza, atualmente é um museu, deparamo-nos com a obra de Juarez Machado, que retrata exatamente esse massacre de nativos de Desterro a mando de Floriano, irradiando todo o horror que foi essa passagem histórica.

Para ler mais sobre esse golpe, acessar o link (clicar sobre): Proclamação da República do Brasil - Golpe Militar no Governo Imperial brasileiro

Quadro "Anhatomirim ano 1894"
Quadro "Anhatomirim ano 1894" de Juarez Machado (1941). Óleo sobre tela. Acervo Museu de Arte de Santa Catarina fotografado no Museu Cruz e Souza.
Em 11 de maio de 2023 andamos pelas ruas de Nossa Senhora do Desterro, o nome que foi tirado da capital de Santa Catarina para homenagear o algoz de muitas famílias da cidade e também do grupo do golpe da "proclamação da república".
Chegamos na centralidade da Ilha de Santa Catarina na parte da manhã, e o que muito nos chamou a atenção foi a ausência de pessoas nos espaços públicos, só percebido na parte da tarde. Nossa cidade antes de mudarmos para Blumenau, observamos muitas mudanças na paisagem histórica, enquanto conjunto o que deixaremos para as imagens comunicarem.
 
Mercado público - tradição da comercialização do pescado






Siri fresco

Marcelo separando o siri vivo com cuidado.








Alfândega

Na década de 1970 o local recebeu o aterro da Baía Sul, fazendo com que o edifício da Alfândega não tivesse mais contato com o mar, nem mesmo visual, como era antes dessa data. Foi criado uma grande área, onde está a Praça Fernando Machado e o Largo da Alfândega.
Este edifício foi construído em 1874, no governo de  João Tomé da Silva, presidente da Província de Santa Catarina para substituir o antigo edifício que sofreu um incêndio em 1866. O local deste e edifício não era o mesmo daquele que sofreu o incêndio. A nova alfândega foi inaugurada em  29 de julho de 1876 pelo então presidente da Província, Alfredo D'Escragnolle Taunay e foi construído pelo empreiteiro José Feliciano Alves de Brito e sua equipe. Existe uma placa comemorativa do evento da inauguração. 
O edifício foi constituído de três partes - a central, com sobrado e remate da empena, e dois armazéns laterais, com telhados independentes acabados pelas platibandas. O estilo é o neoclássico, estilo vigente na época de sua construção. A planta é retangular.
Atualmente sua
ocupação é mista. No andar superior está localizado o escritório técnico do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - Iphan e no térreo está a galeria da Associação de Artistas Plásticos de Santa Catarina, com espaço para exposições de artistas regionais e a Loja de Artesanato Catarinense. Nós sempre visitamos esse local, desde 1977, e sempre foi um espaço cultural.




















Entorno do Mercado Público e da Alfândega.




22° Feira do Mel 




Walter Froelich de Presidente Getúlio.













Em direção à Praça XV.















"Quebra" na paisagem no skyline. Ocupação do solo sem critério e sem considerar o patrimônio histórico presente na paisagem.

O Hospital de Caridade foi o primeiro hospital de Santa Catarina - inaugurado em 1° de janeiro de 1789 e fundado por Joaquim Francisco do Livramento, pertencente à Irmandade do Senhor Jesus dos Passos. A primeira edificação estava localizada ao lado da Capela Menino Deus, fundada pela beata Joana de Gusmão em 1762, visível do centro de Desterro. A capela foi incorporada pelo hospital. O hospital teve vários nomes ao longo do tempo. Quando foi fundado se chamava Hospital Jesus, Maria e José. Em 1792 foi rebatizado como Santa Casa de Misericórdia da Ilha de Santa Catarina. Em 1821, de Hospital Militar e em 1827, foi chamado de Hospital de Caridade dos Pobres. Não parou por aí a troca de nomes. Após a visita da comitiva imperial em 1845, em 1846, o hospital passou a se chamar de Imperial Hospital de Caridade do Desterro. Não demorou muito para ocorrer o golpe da República que baniu tudo que lembrava o Império. Em 1889 foi tirado o nome "Império" e em 1894, como já mencionado, homenageiam o algoz, trocando o nome da cidade de Desterro para Florianópolis. 
O hospital sofreu um  incêndio de grandes proporções  em 5 de abril de 1994. 
No entorno o Hospital de Caridade.

Instituto Estadual de Educação

Escola fundada em 10 de junho de 1892 com o nome de Escola Normal Catarinense. A primeira sede estava localizada no Liceu de Artes e Ofícios - porões do atual Palácio Cruz e Sousa. Em 1926, a escola se transfere para a rua Saldanha Marinho, onde  funcionou a Faculdade de Educação da UDESC e atualmente é o Museu da Escola CatarinenseEm 1935, um decreto transforma a escola em Institutos de Educação e a Escola Normal passando a se chamar Instituto de Educação de Florianópolis. Entre 1947 e 1949 passa a se chamar Instituto de Educação Dias Velho, e depois disso, Instituto de Educação e Colégio Estadual Dias Velho após passar a oferecer o segundo ciclo do Ensino Secundário, ocupando o prédio vizinho. A professora  Antonieta de Barros era a diretora do colégio no período da instalação do segundo ciclo.  Em 1957 a escola é rebatizada de Colégio Estadual Dias Velho. 
Em 1964 a escola recebe uma novíssima sede, localização atual, na Avenida Mauro Ramos, quando passou a se chamar Instituto Estadual de Educação Dias Velho, e dois anos mais tarde ganha o nome atual. Na fotografia feita por nós - destacamos o monumento de Salgado Filho na frente da escola.




Em direção a Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina

Degradação da paisagem a partir de ausência de projeto de cidade. Camadas de tempos históricos a partir da arquitetura.








Piso das calçadas inadequados. Sem a característica antiderrapante.


Cor inadequada para o edifício histórico.





Gabaritos inadequados, mediante a presença de edifícios históricos.

Catedral Metropolitana de Florianópolis

A primeira igreja foi construída em 1679, cujo título legal das terras para a construção da igreja foi requerido por Francisco Dias Velho. A igreja foi dedicada à Nossa Senhora do Desterro. Ele foi assassinado no seu interior tempos depois.
Assassinato da família de Dias Velho na igreja.
Quadro está exposto no Cruz e Souza.













A Paróquia de Nossa Senhora do Desterro foi criada em 5 de março de 1712. 
Em 25 de novembro de 1922, na festa de Santa Catarina, foram abençoados cinco sinos, vindos da Alemanha, encomendados por Dom Joaquim Domingues de Oliveira. Ao todo, a igreja possui sete sinos, sendo os mais antigos de 1872 e 1896, presentes do Imperador Dom Pedro II, o mesmo traído por Floriano Peixoto que emprestou o nome à cidade no final do século XIX. 
Os vitrais da igreja foram feitos  em São Paulo e inaugurados em 1949. O órgão de tubos Speith Orgelbau, foi fabricado em Rietberg, também na Alemanha e foi inaugurado em                                        Nunca ouvimos o som desse órgão.





























Palácio Cruz e Souza




























AU UFSC - Arquitetura e Urbanismo UFSC

Há muito tempo, conhecido "Goiabão".











Um registro para a História

 

Eu sou Angelina Wittmann, Arquiteta e Mestre em Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade.
Contatos:
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