terça-feira, 18 de agosto de 2015

Correspondências - Atos Adminstrativos. Histórias do interior da Colônia - Alto Vale do itajaí

Um pouco da História da formação da povoação de Bella Alliança - Atual Rio do Sul - capital do Alto Vale do Itajaí. - parte da grande Colônia Blumenau - A partir de correspondências históricas - publicadas na Nossa História em Revista - Rio do Sul - Tomo VII, N° 2 - página 72 de novembro de 2006.

1 Correspondência
Diretoria da Colônia – 10 de maio de 1878
Ilmo. Exmo. Sr.

Relativo à estrada, que desta colônia conduz à Vila de Curitibanos, e às observações que V.Ex.a. se dignou fazer-me ainda de viva voz sobre este assunto, tenho a honra de informar o seguinte:
Desde o começo de 1877 esta importantíssima estrada combinada com a navegação fluvial, a artéria vital do Itajaí e da imensa maioria dos habitantes desta província de acima da serra – jaz em completo abandono, e como natural, pela luxuriante vegetação, os desmoronamentos, enxurradas, chuvas, etc, tornou-se muito arruinado quase completamente cerrada e intransitável. Os tropeiros, que recentemente desceram, perderam pelo caminho diferentes animais, não pode mais arriscar trânsito tão ruim, bem que ele por sua brevidade, fosse-lhes da mais súbita vantagem, se o caminho se achasse em estado sofrivelmente regular.
Do Alto da Serra até a Vila de Curitibanos nada ou pouco se fez além de serviços preliminares de fixação e nivelamento de traço; mas ali se pode transitar com maior ou menor facilidade ou dificuldade, entretanto que, em outras partes, nem mesmo tão pouco atualmente é possível. Portanto, que convenientemente a parte do Alto da Serra adiante podia e deveria ficar para mais tarde e tratar-se, com o crédito existente de R$10:000$000, em primeiro lugar dos demais serviços, indispensáveis para com brevidade restabelecer do trânsito, que ainda assim será algum tanto penoso, mas pelo menos praticável. Tais serviços – a meu modesto ver fundado sobre as informações, que ainda nestes dias colhi de pessoas as mais competentes na matéria – deveriam consistir no seguinte, contando de acima da Serra para abaixo:
1º - Melhoramento desde o Campo até o marco do coqueiro na ladeira da Serra Geral...R$300$000
2º - Ladeira da mesma desde o dito marco até a raiz da serra, com cerca de 8 quilômetros; alargamento e melhoramento da vereda existente e remoção das árvores, rochas, terras desmoronadas.... R$3:000$000.
3º - Extensão de cerca de 9 quilômetros, entre o rio Tayó e o Ribeirão Pombinho, em que somente existe a picada primitiva da exploração e nivelamento, não tendo chegado para mais os créditos; abertura do caminho, inclusive o descortinamento do mato e feitio de 4 pontos.... R$3:000$000.
4º - Extensão entre Ribeirão Pombinho e Rio Trombudo; modificação e melhoramento do traço do atual caminho em diferentes partes, e especialmente nas pantanosas aproximidades deste rio, conserto estivados, estabelecimento de um vau e construção de uma forte ponte....R$1:2000$000.
5º - Extensão de cerca de 13 quilômetros, entre o rio Itajaí do Sul e o Ribeirão das Lontras; concerto dos estivados, abertura de valas de esgoto e outros melhoramentos ...R$600$000
6º - Extensão de cerca de 19 quilômetros do dito Ribeirão até o da Subida (ao pé da primeira terraça ou serra) melhoramentos no caminho, sobretudo na ladeira da serra...R$400$000.
7º - Descortinamento de mato na mais necessitadas partes da extensão total: ... R$1:000$000.
8º - Eventuais e imprevistos:....R$5000$000. (Correspondências, 2006. p 55)
Carta original no Setor de documentos raros da Biblioteca
 da Universidade Federal de Santa Catarina
2 Correspondência
Companhia Construtora da Estrada Blumenau – Curitibanos
A constituição, em Blumenau que se realizou no dia 02 de outubro de 1887 e das primeiras providências tomadas para obter do governo da província da construção dessa via de comunica e o direito da cobrança de um pedágio.Conforme anúncio de “Bl. Ztg.” Em seu nº 2 de 14 de janeiro de 1888, a “companhia construtora da Estrada Blumenau - Curitibanos” como ela se dominava no referido anúncio, por sua Diretoria Provisória, convocava no domingo, 15 de janeiro do referido ano, às três horas da tarde, para um sessão geral, os acionistas dessa em presa, a ter lugar na casa do atiradores para resolver sobre os seguintes pontos da ordem do dia: -, proprietários efetuados; 2. Apresentação e discussão dos estatutos elaborados; 3. Determinação do princípio dos trabalhos; 4. Cobrança da primeira prestação de 10% do valor das ações; 5. Discussões gerais. – Em nota no pé do anúncio rogava-se aos Srs acionistas daquela Empresa a efetuar a primeira prestação por conta das suas ações na razão de 10% por ação até dia 15 de janeiro do referido ano, ao Tesoureiro, Sr. Luiz Sachtleben, estando as listas de subscrições à disposição dos demais interessados, com o Sr. Gustavo Salinger. Já no número 3 do mesmo semanário, edição do dia 21 de janeiro de 1888, a referida Companhia Construtora da Estrada Blumenau – Curitibanos, comunicava a todos que estivessem dispostos a fazer uma viagem ao Planalto (Curitibanos) para procurar colocar naquela zona, ações da mesma Companhia, a fazerem suas propostas à Diretoria Provisória, junto ao Sr. Salinger até o dia 28 do mês de janeiro.Em 17 de abril de 1888, a Companhia Construtora da estrada Blumenau – Curitibanos, comunica que na sessão que teve lugar no dia 15 do referido mês e depois de ter prestado suas informações e contado a Diretoria provisória, procedeu-se à eleição da Diretoria definitiva da mesma Companhia, cujo resultado foi o seguinte: Gerente: o Sr. Gustavo Salinger. Diretores: os Srs. Paulo Schwarzer, Ricardo Voight, Luiz Altenbur, Otto Stutzer. A mesma sessão resolveu convocar uma outra reunião geral para dia 27 de maio de 1888, às 3 horas da tarde, na casa dos Atiradores para o fim de contratar a construção da estrada com quem mais vantagens oferecer.Em seu nº 43, de 27 de outubro de 1888, o “Bl.Ztg.” traz a notícia que o Presidente da Província, sancionou a lei votada pela Assembléia autorizando o Governo a aplicar 10 contos de réis na aquisição de ações da Companhia Construtora da Estrada Blumenau – Curitibanos, com a emissão de apólices do Tesouro da Província. Apesar de ter esta notícia despertado alegria entre os sócios da referida companhia, houve certa decepção, pois estava este auxílio dependendo da colocação das referidas apólices no mercado financeiro e ainda por ter o Governo Provincial, na mesma época concedido 20 contos de reís para a instalação de uma ligação telegráfica, inicialmente prometida para a ligação de Brusque e Blumenau à Capital da Província, mas que efetivamente foi destinada a verba para a construção de linha telegráfica entre Desterro (como antigamente era designada a capital da Província) e a cidade de Lages e, não bastando isto, ainda a concessão da importância de 600 contos de réis para a construção de uma estrada carroçável do Estreito até Lages. Assim acharam os blumenauenses que aquela Lei, autorizando o governo provincial a subscrever e adquirir ações na importância de 10 contos com o produto das apólices a serem emitidas era apenas “ para inglês ver” e, mesmo que a aquisição se realizasse, não havia nisso nenhuma ajuda a Blumenau, pois o governo não só receberia juros sobre esta quantia, como também o reembolso, oportunamente, da quantia adiantada, enquanto que, despendendo para a linha telegráfica a Lages a importância de 20 contos de réis ainda beneficiava aquela mesma zona, com aplicação de 600 contos de réis construção de uma estrada, equivalente este gasto a um presente à a população , aliás esparsa, da faixa servida por aquela estrada, não podendo a mesma comprar com a importância que representa a estrada Blumenau – Curitibanos, não só para o desenvolvimento econômico de todo o Alto Vale do Itajaí, como também para a zona serrana, cujos produtos de exportação para o litoral e os de importação pelo porto de Itajaí supera muito em valor ao movimento comercial da linha Estreito – Lages. (Correspondências, 2006. p 61).
Expedição coordenada pelo Sr. Emil Odebrecht - com visitantes
Territorialmente a Colônia Blumenau era muito grande. 
Sua área era, mais ou menos, a mesma área da região do atual Vale do Itajaí. Surgiram povoações no interior, a partir do caminho dos rios. Imigrantes, como o agrimensor Sr. Emil Odebrecht, Sr. José Deeke, exploravam a região estudando possibilidades de ligar a mesma com outras regiões do estado de Santa Catarina, como por exemplo - a Serra catarinense
Acampamento no mato da equipe do Sr. Odebrecht
Registo do trajeto da expedição até a Serra - através de um mapa
Bella Alliança - Alto Vale do Itajaí



















































2 História de Vida – Olimpo Molinari
Valada São Paulo – Rio do Sul

Entrevista
Olimpo Molinari – Entrevistado (O)
Cátia Dagnoni – Entrevistadora (C)

C – Dia 24 de março de 1998, encontramo-nos na residência de Olimpo Molinari, na Valada São Paulo, em Rio do Sul que nos dará uma entrevista sobre a história de sua vida.
O – Nasci no dia 13 de fevereiro de 1919 em Rio dos Cedros. Cheguei em Rio do Sul no dia 24 de maio do mesmo ano. Eu e meus pais viemos de carroça, levamos dois dias. Quando chegamos aqui nem tinha estrada, levaram as coisas nas costas, na picada, tinha poucos habitantes.
Meu pai comprou as posses, as posses é assim: eles colocam à direita do terreno, colocam quatro estacas, paus do mato, botam um folha por cima, daí o pessoal sabe que lá tem dono e eles respeitavam. Meu pai comprou do José Claudino, o irmão do José. O Jose era um investigador. Vendiam-se as terras por número.

C – Depois eram pagas em Blumenau?
O - Meu pai e o Willy Hering solicitaram as terras, pagaram o requerimento e pagaram a terra, assim quase todos fizeram, pagando em serviço, abrir estradas. O Hering ganhou dinheiro com esse serviço, ele era um homem bom e fazia reconhecimento em Blumenau, para os outros. Ele ia com muitos papéis. Quem ia fazer isto? Ele ia de trem até Blumenau, daqui até subida era um picadão, da Subida até Blumenau de trem, levava muito tempo para chegar.

C - O Willy era de onde?
O – Ele se instalou em Matador, Bella Alliança. O nome Matador, deu-se porque passava muito gado. Era uma várzea muito grande. Quando vinham esses vaqueiros, as mulas faziam buracos, e eles diziam que era para enterrar os animais. Então, chamaram de Matadouros. Por isso, deu-se o nom de Matador.

C – E vocês começaram a fazer roça?
O – Sim, o primeiro ano foi difícil. Um pouco de fumo, milho, e a mãe arrumou uma vaca. Então se vendiam ovos e manteiga. Fazia troca, na venda. Porque, o primeiro ano de fumo não tinha estrada. Fazia mutirão para carregar até a estrada, onde a carroça pegava. Tinha quem comprava, mas tinha que levar até Bella Alliança.

C – o senhor chegou a andar de trem?
O – Muito! Nós pegávamos o trem toda hora, em Matador. Íamos até matador a pé, demora mais ou menos uma hora. A paisagem era muito bonita. Fomos criados no meio do mato e tínhamos medo de nos perder em Rio o Sul. Nós fazíamos compras em Blumenau. Meu pai fez requerimento, não tinha escritura. Achava que aquilo que ele fez tinha validade, teve que pagar duas vezes, ele pagava impostos também das terras.

C – quem arrumava as estradas?
O – Nós é que tínhamos que arrumar, cada um seu pedaço. Só que tampava aqui, ali. A primeira patrola que veio aqui, foi no tempo de Wenceslau Borini prefeito. Então, quando chegou aqui, parecia um enterro. O pessoal, tudo atrás dela. Depois o prefeito Luiz Soldatteli, que fez novamente um serviço.

C – O Senhor sempre morou neste local?
O – Sempre. Toda a minha vida foi aqui. Sempre morei aqui. Tudo era dificuldade antigamente, de dinheiro, para vir para Ro do Sul. Mas era uma vida tranqüila sossegada. Mas não tinha carros como hoje, ônibus. Tudo era a pé, ou de bicicleta. A primeira carroça que teve aqui, foi do João Souza. Ele cobrava casamento na carroça. A segunda carroça, foi do Germano Moretto, quando a gente via a carroça ficava muito feliz. (entrevista, 2006. p 62).
Bella Alliança

Correspondências. Atos Adminstrativos.  Nossa História em Revista, Rio do Sul, Tomo VIII, n. 02, pg 71, nov 2006.


Histórias da Colônia Blumenau...









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