quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Revista Weltruf - Tradução "À Busca de Informações na Região da Francônia"

Dr. Konrad Bedal


No início de novembro do ano corrente recebemos a revista alemã Weltruf N° 4 e 5, com muitos artigos sobre as atividades de alemães e também de descendentes de alemães em torno do mundo. Além de publicar sobre nosso encontro com o Dr. Bedal no museu de Bad Windsheim, em maio deste ano, publica sobre outros tantos assuntos relacionados à cultura, história e antropologia que envolve a cultura de alemães e de seus descendentes que residem longe do país, em torno do mundo.
O editor da Weltruf, edição n° 4 e n° 5 - Dr. Wolfgang Betz destacou nossos encontros com especialistas sobre Enxaimel, na região da Francônia.
Pedimos ao Pastor Hugo Solano Westphal fezer a tradução das páginas da Weltruf com as palavras do Dr. Betz, para o conhecimento de todos. Muito gentilmente - atendeu ao nosso pedido e hoje compartilhamos a todos os interessados.
Pastor Hugo Solano Westphal
Para ler a postagem completa sobre a Revista Weltruf - Clicar sobre: Blumenau e Brasil nas páginas da revista alemã - edição 2 - 3 Weltruf 2016.

Páginas da Weltruf - apresentando nossa visita em sua cidade e arredores - pesquisando o Enxaimel.






Tradução

À BUSCA DE INFORMAÇÕES NA REGIÃO DA FRANCÔNIA

              Angelina e Roberto Wittmann de Blumenau, Santa Catarina,  Brasil

            Nosso primeiro contato resume-se à troca de informações sobre o "XIII CAAL - Treffen der deutschsprachigen Gemeinschaften Lateinamerikas” (“XIII CAAL - Encontro das Comunidades de Língua Alemã da América Latina - CAAL “), realizado em setembro de 2015 em Joinville, no Estado de Santa Catarina, Brasil. A meta de nossa recém-criada revista WELTRUF (título que pode ser traduzido como CHAMADO UNIVERSAL) foi, desde o início, tornar os temas tratados em tais encontros acessíveis para um círculo maior de pessoas que têm envolvimento com o idioma alemão também em outros países. A arquiteta e urbanista blumenauense Angelina Wittmann entusiasmou-se por esta ideia e enviou sua contribuição a WELTRUF já para a sua edição 1/2016, em que ela traz informações sobre seus dados e pesquisa acerca das construções em enxaimel no sul do Brasil. Imigrantes alemães haviam levado esta técnica construtiva, nos moldes que conheciam em suas regiões de origem, consigo para o país, adaptando-a às realidades locais.
            Então, aconteceu a grande surpresa: “Viajaremos em maio para a Alemanha, para visitar amigos na Baviera e em Württemberg, e poderíamos dar uma olhadela na WELTRUF...” Para nossa alegria, deixaram-se eles convencer de não percorrer a Média Francônia em algumas horas, mas aceitaram programar tal visita para mais dias. Os amigos da Alta Baviera já haviam providenciado bastante música com instrumentos de sopro e folclore, de forma que pudemos nos dedicar ao interesse dos estudos da Angelina, o enxaimel.
            A Francônia, na verdade, não é tocada pela Rota Alemã do Enxaimel, que, no sul da Alemanha, se estende do Rio Neckar até a Floresta Negra e o Bodensee. Mesmo assim, também em nossa região há preciosidades neste sentido, e não apenas na cidade mundialmente conhecida de Rothenburg ob der Tauber. Nossa recomendação foi aproveitar os dias disponíveis para visitas nas cidades de Bad Windsheim e Dinkesbühl. Angelina e Roberto concordaram em desvendar estes novos horizontes, o que se mostrou proveitoso em todos os sentidos.
Dr. Konrad Bedal
            Devemos tudo isto a personalidades especiais e prestativas, como o Professor Dr. Konrad Bedal, que assentiu espontaneamente em nos conduzir pelo museu francônio a céu aberto em Bad Windstein. Ele foi Diretor-Fundador e gerenciou o mesmo por longos anos, e é considerado o melhor conhecedor do enxaimel na Francônia. Enquanto a conversa estava carregada de terminologia própria acerca de todos os detalhes construtivos analisados naquelas construções centenárias, e que logo foram documentados por meio de incontáveis fotos, o leigo pôde ao menos compreender que também o ver é algo que precisa ser aprendido. O mesmo acolhimento formidável vale para nossa visita a Dünkelsbühl. 
Rudolf Weigel, Holger Götller und Wolfgang Betz
Dinkelsbühl - Francônia
Agora Rudolf Weigel, Curador do Patrimônio Histórico desta cidade, quando por nós consultado, de imediato colocou-se à disposição para ser nosso guia pela cidade antiga, e até conseguiu que o Mestre em Urbanismo Holger Göttler nos acompanhasse. Ao lado da visita e observações das construções imponentes de épocas passadas, calou profundamente em nós a passagem pelo local onde se ergue o albergue para jovens, cujo vigamento é de uma grandiosidade estonteante. O antigo depósito de grãos, de 1508, foi completamente restaurado e equipado com tecnologia moderna. Foi-nos muito bem mostrado como a conservação de monumentos históricos pode coexistir com as necessidades da atualidade, sendo que assim tais construções podem ser usadas, sem colocar em risco a preservação histórica das mesmas.
          

Após visitarmos as antigas cidades imperiais de Bad Windstein e Dinkelsbühl, foi oportuno darmo-nos ao luxo de passar um tempo também em Neuendettelsau, não apenas para dar continuidade aos estudos sobre enxaimel, mas por causa das instituições aqui existentes, e que possuem importância internacional. Já há mais de cento e cinquenta anos opera aqui o Centro de Parceria da Igreja Evangélica da Baviera, denominado “Mission Eine Welt” (algo como missão que visa a um único mundo), ou instituições que a antecederam. Também os ramos dos serviços voltados à diáspora, como “Gustav-Adolf Werk” – GAW – (Obra Gustavo Adolfo) e “Martin-Luther Verein” (Associação Martim Lutero), têm suas sedes nesta cidade.
Com Pastor Jandir Sossmeier e Wolfgan Betz
        O trabalho do “Gustav-Adolf Werk” é conhecido também no Brasil por meio da organização coirmã Obra Gustavo Adolfo. Por intermédio da gerente da aqui existente Obra Gustavo Adolfo, Heike Gröschel-Pickel, os hóspedes brasileiros descobriram, perplexos, o quão vivos são os laços de intercâmbio entre sua pátria e a Francônia. E quando, na “Mission Eine Welt”, ainda encontraram seu compatriota brasileiro Jandir Sossmeier, que veio para cá de Curitiba (Paraná) através de um programa de intercâmbio e é responsável pelas parcerias na América Latina, então o “sentir-se em casa” dos brasileiros estava completo.
            Seja registrado aqui ainda mais uma vez o cordial agradecimento a todos os parceiros de diálogo por sua extraordinária disposição e por seu gentil acolhimento. Angelina Wittmann pôde receber preciosos impulsos técnicos também para seus estudos. Sobre suas experiências na Alemanha, ela continuará tratando em suas palestras – estando a próxima marcada para Pomerode, Santa Catarina. Com muito carinho, permaneceremos em contato!
                                                                               
Dr. Wolfgang Betz
(Tradução: Hugo S. Westphal) 


Nossa Palestra em Pomerode - foi cancelada. Ficou combinado que em um futuro próximo - a Faculdade solicitante - Rio do Sul - resolverá problemas de logística até a Rota enxaimel e então teremos o grande prazer em palestrar e falar um pouco sobre estas experiências.

Comentando...
A arquiteta e urbanista blumenauense Angelina Wittmann entusiasmou-se por esta ideia e enviou sua contribuição a WELTRUF já para a sua edição 1/2016, em que ela traz informações sobre seus dados e pesquisa acerca das construções em enxaimel no sul do Brasil. Imigrantes alemães haviam levado esta técnica construtiva, nos moldes que conheciam em suas regiões de origem, consigo para o país, adaptando-a às realidades locais."
Dr. Betz, editor da Weltruf, encontrou-nos a partir desse Blog e também através do XIII CAAL - quando entrou em contato conosco - solicitando algum material comentado no encontro - na cidade de Joinville. Salientou que não obteve respostas dos organizadores daquela edição do CAAL.
Em resposta a ele, compartilhamos nossa palestra e o editor ficou entusiasmado com o assunto - Fachwerkhaus, solicitando-nos o envio do tema, este também traduzida pelo Pastor Hugo Westphal.


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Nossos momentos na região da Alemanha da Weltruf
(Para ler - clicar sobre o título escolhido)


Dr. Bedal e Dr. Betz,  mostrando as informações da Francônia


































Agradecemos ao Pastor Hugo Solano Westphal, que não mediu esforços para fazer a tradução, "construir pontes" e o faz com maestria e conhecimento. Sua bondade é imensurável, quase do tamanho de sua erudição e cultura.
Nosso abraço de gratidão.



Klassische Musik in der Nacht

Guten Abend Freunde!
Um pouco de música na noite...


"Há mais coisas entre o céu e a terra do que pode imaginar nossa vã filosofia..."    William Shakespeare






Bis Morgen!!


















segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Pomerode - Pomerânia e Traje da Realeza Festa Pomerana

Desenho que inspirou o traje da Realeza
Observar tecidos e cores - No final.
Conversávamos  com pessoas da cidade vizinha Pomerode SC -  sobre o traje da realeza da Festa Pomerana. Pomerode SC é um município que teve seu território desmembrado da Colônia Blumenau, cujo núcleo urbano inicial foi formado por imigrantes pomeranos, o que deu origem ao seu nome: Pomerode. Em mapa antigos da região seu nome era escrito Pommenrroder.
Desfile da festa Pomerana 2013.

Sentimos leve inclinação dos organizadores da festa seguir a originalidade e a tradição, valorizando a cultura pomerana a partir da preocupação com o traje que irão usar as três moças que serão figuras importantes e representativas de uma festa da cultura pomerana local. 
Resolvemos apresentar, de maneira resumida, um pouco sobre a Pomerânia e seus principais trajes típicos históricos.
Também conversaremos sobre os trajes pomeranos e apresentaremos uma proposta de traje para a Realeza da Festa Pomerana. Tudo com intuito de contribuir.
Realeza da Festa Pomerana 2016 - antes de nossa sugestão.










A História conta...

Ferdinand Ernst Friedrich Hackradt - foi o sócio de Hermann Blumenau na construção da Firma Blumenau e Hackradt - Firma particular de agricultura e indústria, cuja sociedade não vingou. Isto aconteceu antes da fundação da Colônia Blumenau. Este fato histórico entre o imigrante comerciante de Nossa Senhora de Desterro e o fundador da Colônia Blumenau não impediu uma excursão de Ferdinand Hackhadt à região do Vale do Rio do Testo em 1863, explorando e fazendo reconhecimento da região. Hermann Blumenau, fundador da Colônia Blumenau, achou conveniente assentar colonos pomeranos nesta região com localização estratégica entre o Stadplatz de Blumenau e Colônia Dona Francisca - atual cidade de Joinville. Seu objetivo foi de favorecer e ampliar o comércio entre as duas colônias alemãs. A grande maioria dos imigrantes assentados eram originários da região do Mar Báltico – região da antiga Pomerânia, origem do nome da cidade.
Para melhor compreender - sugerimos a leitura da postagem: História comum entre as Colônias Blumenau, Pommerroder, Itapocu, Humbold e São Bento - José Deeke

Pommerrode SC.

Conversando sobre os trajes...

 “Frida" e "Fritz" não são fantasia de carnaval no Brasil e nem na Alemanha. Mas, muitos dos trajes usados em nossas festas o são. Nada a ver com nada e com o que já foi e é usado na Alemanha - para caracterizar um traje alemão, quanto mais um traje de realeza de uma festa cultural alemã.
Dentro das várias regiões da Alemanha multicultural e multicolorida, há uma diversidade de trajes históricos, e todos são originais e com lastro histórico. De todas estas regiões saíram imigrantes para morar na Colônia Blumenau e em outras regiões do Brasil, como também chegaram os pomeranos na região de Pomerode ou Pommerroda - há mais de 150 anos atrás.
Os trajes da imagem acima são completos de passeio, destinados para uso externo e com clima frio. São compostos pelo uso do chapéu, luvas, casaco de lã, lenço, etc.
No interior das residências, sua configuração era uma pouco mais leve e desprovida de chapéu e do uso de outros acessórios. Atualmente podemos adequá-los ao clima de nossa região e poderiam ser adotados assim, sem os acessórios para o clima frio (Podendo existir, para serem usados na estação fria - inverno local).
Geralmente os trajes históricos, eram usados por camponeses e pastores das regiões que representam. 
Em nossa opinião, o traje fica mais original quando apresenta as marcas do tempo (Não precisam ser rasgados ou sujos), mas desbotados, amaciados, um pouco desgastados.
Em tempos passados - séculos atrás, era muito difícil, entre os camponeses e pastores, a troca dos casacos e chapéus por novos. Geralmente eram repassados de uma geração para outra. 
Na Bavaria - Sul da Alemanha - era, e é uma tradição, repassar o Lederhose (Calça de couro) entre os homens da família. Não é muito legal usar uma Lederhose novinha, limpinha. Esse homem pode passar a imagem de que não é dado a muitas atividades nas montanhas, trabalho e atividades físicas. A meninas olham com desconfiança.
Pintura de Edmund Adler
Pomerânia 

Para melhor compreender o contexto cultural que burilamos, de maneira resumida, vamos conhecer um pouco da História da Pomerânia.
Os pomeranos, originalmente, faziam parte de um povo que possuía cultura própria. Ao longo da história transcorrida em seu território, passou a fazer parte do domínio prussiano. Antes não eram prussianos e ao longo da história - dominados - passaram a ser.
Vamos conhecer um pouco desta história de maneira resumida...

O Sacro Império Romano, a partir das Cruzadas Cristãs dominaram todo seu território – sob a organização social do feudalismo e a conversão religiosa, através das armas, ao cristianismo. A Igreja Cristã de Roma prometeram aos Teutônicos, que em troca da missão de converter os pagãos da região do Báltico, seriam Senhores dessas terras e tornariam-se seus suseranos. E assim aconteceu. O Senhores Teutônicos tornaram-se representantes formais da Igreja Católica e do Sacro Império Romano na região - a elite. O período que permaneceu sob o domínio do Sacro Império Romano Germânico foi mais de 6 séculos – de 1186 até 1806, quando ocorreu a dissolução deste Império pelo exército do francês Napoleão Bonaparte. 
Neste tempo, a Pomerânia passou a fazer parte do Reino da Prússia (Mais ou menos o período que vieram muitos imigrantes para esta região - então ainda , não eram alemães de forma oficial - mas sim: prussianos) Foram mais de 330 mil pomeranos migraram para os Estados Unidos da América e muitos outros, para o Brasil.
Passaporte de um membro da família Tönjes - Blumenau
Brasão da Família Greifen em uma igreja
Século XIII - De onde vem o brasão
conhecido da  Pomerânia e da 
Prússia.
Já escrevemos sobre (Clicar sobre) os Duques - nobres "criados" durante o período do Sacro império Romano a partir de lideranças locais e que tinham o poder do Imperador romano no local que governava. A primeira Dinastia de Duques pomeranos chamava-se Greifen. A Família Greifen ficou no poder por mais de 500 anos (Século XII até meados do século XVII). Rompeu seu domínio, quando o último Duque faleceu sem deixar herdeiros diretos. 
Dinastia Greifen


Após a morte do último Duque da família Greifen, seu cunhado, que pertencia a Família Hohenzollern, Duque do estado alemão de Brandenburg, assumiu o Ducado. A família Hohenzollern, com os dois Ducados, herdou também o Ducado da Prússia, criando um superestado conhecido como Bradenburg-Prussia. Através de conquistas, foi somando sob seu poder, outras regiões, quando o duque recebeu o direito e o Título de Rei.
O superestado passou a ser chamado de Reino da Prússia e a Pomerânia passou a ser uma província dentro deste novo reino. Mesmo após a unificação da nação da Alemanha (1871), a Pomerânia continuava como província dentro da Alemanha. 
Pomerânia era uma Província da Prússia - e mantinha
 muito de seus hábitos e costumes.




Permaneceu assim, até a Segunda Guerra Mundial, quando a região da Pomerânia ficou sob controle militar da União Soviética. Também, o limite que existia entre Alemanha e Polônia foi deslocado para o oeste na linha Oder-Neisse. A região que restou em território alemão se tornou a República Comunista da Alemanha Oriental. A população que residia ao oeste da nova divisa - os pomeranosforam quase totalmente expulsos e a área foi ocupada por poloneses, russos, ucranianos. Provavelmente foi um grande impacto na identidade local.
O lado da ex Pomerânia que se transformou em território polonês foi dividida em três províncias: 
Pomerânia Ocidental – Capital: Stettin
Pomerânia – Capital: Danzig
Pomerãnia Kujawsko.
No lado oeste da Pomerânia – que se transformou em Alemanha Oriental – e tinha recebido grande número de poloneses, ucranianos e russos - todos os estados foram dissolvidos. Foram restabelecidos novamente, após a reunificação das duas Alemanhas – (Ocidental e Oriental). A Pomerânia que restou ficou muito pequena, então foi reunificada com o estado de Mecklemburgo – sendo chamado Mecklemburg-Pomerânia Ocidental. O que restou da verdadeira cultura Pomerana nesta região sudoeste do Báltico? Talvez esta esteja mais original com os descendentes de Pomeranos que vieram para o Brasil no final do Século XIX e não passaram pelo processo pós Segunda Guerra Mundial. A cultura da cidade de Pomerode e a história de seus antepassados.
Comentando: Para uma próxima postagem, talvez, um assunto. 
Comentamos agora, que as pessoas que se deslocam para Pomerode, o fazem para ver sua tradição e sua cultura e não, para ver os tons do Oktoberfest Blumenau e comer alimento de Food Truck em caixinhas. Nos últimos anos, a festa mais popular de Pomerode está "escondendo" um pouco desta cultura  e tornando-a mais comercial. É preciso estar atento, pois nem tudo deve ser pautado no lucro somente. Este, o lucro, pode ser consequência de algo muito original, cultural e prazeroso, como o eram as antigas festas - na cidade. Festas, nas quais, víamos com mais assiduidade, o pomerodense nativo - com todo seu prazer e alegria. Este podia participar com maior participação - pois as festas eram mais suas, sob ponto de vista cultural e gastronômico e, mais acessíveis, sob ponto de vista econômico. 
Sem o pomerodense, a Pommerfest não é a mesma.
Trajes na Pomerânia

Os trajes históricos da Pomerânia, como aconteceu em outras regiões da Alemanha, tem a sua origem  no ambiente rural e campestrino. Geralmente eram usados pelos camponeses, pastores e pescadores. Devemos considerar as grandes movimentações sociais e ocupações - que interferiram nos hábitos e costumes locais no decorrer dos séculos e dentro dos recortes históricos distintos. Qual foi a influência dos senhores feudais teutônicos na região, e como elite? Qual foi a influência dos povos do norte e da Polônia durante mudança do limite - após a Segunda Guerra Mundial? E a mudança durante o Grande Império Prussiano, que assimilou os territórios pomeranos? Todas estas movimentações sociais mexeram com hábitos e costumes e com os trajes
Greifswald - Pomerânia Alemã (Oeste).

Observando o traje histórico feminino durante esta pesquisa, que tem o objetivo de delinear um traje para a realeza da Festa Pomerana - fazemos algumas observações.
O traje histórico completo para ser usado em dias frios e em espaços abertos tem muitas peças de lã e são pesados. 
Trajes - em um casamento - Nesta época as pessoas se casavam com a melhor roupa que dispunha, geralmente eram pretas, por vários motivos, mencionados por nós - na postagem "Noivas de Preto".

















Se tirarmos, do conjunto de passeioaquelas peças para o frio, ficam as peças do "Dirdl bávaro", com as variações de modelos da blusa - geralmente é branca e de algodão, com renda ou não. Do avental, quase geralmente usado e do colete. Concluímos que estas três peças do traje feminino devem ser consideradas no momento de propormos um traje para a realeza da Festa Pomerana. 
Sem o  xale e casaco de lã resta um "Dirdl" bávaro. Deverá receber as adequações com referências
 do traje pomerano, como a saia preta (com barra com cor combinando com o avental e sua faixa)
e colete pretos (Bordado nas costas, com detalhes na parte frontal).
Sem o  xale e casaco de lã resta um "Dirdl" bávaro. É um traje suábio. O que resta, é saia rodada colorida, blusa branca com apliques de renda e colete com desenhos diferenciados. Os componentes usados no conhecidíssimo traje da Bavária  - somente com outras variações.



























Se retirar o xale, permanecem a saia, o avental, colete e blusa branca -  a base do Dirdl bávaro. A silhueta não era tão valorizada, pelo tipo de costura - feita em tecidos domésticos e rudes. Encorpavam. É possível fazer este traje  sob medida, usando tecido com caimento adequado e colete com apliques bordados, como usavam os pomeranos em suas melhores roupas.  Buckowtrachten1906.


Observamos que as cores, além das usuais preto e branco, são variáveis. A cor preta - cor comum e muito usada entre os camponeses, em função do menor custo e da sujeira que não aparecia muito - roupa durava mais e com um aspecto satisfatório
Não se pode afirmar que o traje pomerano é "assim" e pronto! 
Há muitas variáveis dentro dos muitos recortes de tempo histórico. As pessoas não saiam às ruas todas vestindo exatamente iguais, como um grupo folclórico atual. Podemos observar estes nuances de opções e propor uma variação dentro desta identidade cultural - de maneira atemporal.
A seguir, antes da apresentação de ideias e comentários sobre um possível traje local, vamos observar o traje de cinco regiões da antiga Pomerânia, muito conhecidas. Como já mencionamos, até o início do Século XX, os modelos, cores e estilos dos trajes, como já mencionamos, eram aqueles usados pelos pescadores e camponeses (agricultores) pomeranos.
Os relatos mais antigos sobre os trajes pomeranos são de autoria de Thomas Kantzow (1505-1545). Kantsows e também outros autores que escreveram sobre os costumes dos pomeranos, principalmente aqueles residentes às margens do  Lebasee – um dos maiores lagos da antiga Pomerânia e que, atualmente, faz parte da Polônia. A região não tem acesso ao Báltico.  Os trajes mencionados foram os trajes de Binnenland - trajes Pyritz (interior da Pomerânia) do território conhecido como Weizäcker.
Lago Leba - Antiga Pomerânia

O escritor e pesquisador de trajes Albert Kretschmer (1825-1891) escreveu em seu livro Deutsche Volkstrachten (Trajes típicos alemães) – sobre os trajes de quatro regiões distintas da Pomerânia. Outro escritor, que escreveu mais sobre o traje de WeizäckerPyritz – de sua aldeia Landschaftsidyllen  foi Herr Must Ludwig.

Trabalho de Albert Kretschmer
As 5 principais regiões Pomeranas e seus trajes

Vamos apontar os 5 trajes mais conhecidos como trajes dos Pomeranos. Ao observar a sua movimentada história, percebemos o quanto foi difícil manter uma hegemonia cultural naquele território. Foram  convertidos à força - ao cristianismo por iniciativa da Igreja Católica de Roma, que distribuiu suas terras, sob o sistema de uma sociedade feudal, aos seus próprios  algozes - os teutônicos. 
As cruzadas teutônicas partiam em missão para o báltico para converter os pagãos - em troca recebiam as terras dos convertidos sob ordem da Igreja de Roma - dentro da ordem feudal. Tornavam-seus senhores ou Duques.
Nestes tempos, mesmo com os Senhores "estrangeiros", povo da Pomerânia mantinha a prática de seus hábitos e costumes. Após um longo período secular por falta de herdeiros no poder do Duque da Pomerâniaseu povo ficou sob o poder do senhor de outro Ducado, que assimilou todo o território, porém ainda manteve a liberdade de práticas locais, sem interferir no território dos pomeranos e manteve o mesmo como uma província. Mudou o Senhor Feudal, mas os camponeses permaneciam residindo em suas propriedades com seus hábitos e costumes. Famílias pomeranas imigravam para o Brasil e Estados Unidos.  
Em nossa opinião, foi grave que aconteceu com esta cultura após a Segunda Guerra Mundial, onde novamente mudou o poder e os Senhores, com uma pequena grande diferença. Também os pomeranos foram expulsos de seu Heimat. Quebrou o elo com a casa milenar onde se praticavam os hábitos e costumes deste povo. Diríamos que é  mais fácil encontrar história e a memória originais entre os descendentes que vieram para o Brasil no Século XIX, do que na região onde foi a antiga Pomerânia, atualmente.

Um Hífen...

Poesia de um descendente de Pomerano - brasileiro


Pomerano Pomerodense

Rubens Bachmann
Sou descendente
de um povo
uma nação,
que após a guerra
perdeu a pátria.
e fez da Terra,
a pátria de todos
que a perderam
na guerra.
desde então
e dos tempos já idos
do Império Alemão,
onde fui soldado,
lavrador, funileiro,
sempre tive profissão.
nunca fui
Invasor,
nem desertor
ou sem terra.
bandoleiro
arruaceiro ou
saqueador.
na paz
na guerra,
deixei Stettin.
no Oder
do Báltico distante
fui para o mar do Norte.
e de Hamburgo
num veleiro
ao Atlântico.
fui marujo
viajante
no porão.
Cruzei os mares
o equador
do norte ao sul.
aportei na terra
Santa Catarina
do Brasil.
Subi o Itajaí
e o Testo
onde acampei.
Fiz meu roçado
meu rancho
me instalei.
fiz a casa
o clube,a igreja e
a escola.
tirei do baú
a velha concertina.
toquei
dancei, cantei
chorei.
a música
a dança, o canto
a saudade.
para mim
a morte
pros filhos
a dificuldade
pros netos
o pão.
De Pomern
No Oder
nasceu
POMERODE!
Sou
BRASILEIRO
POMERANO
POMERODENSE
meu irmão!
Prosseguindo...

Após toda esta movimentação observaremos 5 trajes pomeranos, característicos de épocas distintas. O último, com influencia dos povos que chegaram no território pomerano.
Por toda esta história, pode-se explicar a carência de registro das práticas deste povo. Por exemplo: A cor preferida e de passeio dos pioneiros  na Colônia Blumenau era o branco e o preto. Quem não tem a lembrança da Oma com a saia preta e com um blusa branca enfeitada com rendas? Ou ainda, o Opa, com sua calça preta e camisa branca com uma camiseta de malha sob esta. Há muitas outras coisas.
Vamos aos trajes das regiões destacadas no mapa.
Traje Belbucker Bauerntracht
Karl Friedrich Schinkel
Após a fundação do mosteiro Belbuck em Treptow   an der Rega entre o final do Século XII e início do Século XIII, os camponeses de Frísia (atualmente é uma província da Holanda) eram contratados para trabalhar nas terras do mosteiro. O contato com estas pessoas fez surgir o traje na região e ficou conhecido como Belbucker Bauerntracht. A foto mais antiga deste traje é de Karl Friedrich Schinkel e mais ou menos do ano de 1800.



Traje sem o casaco de lã e um traje juvenil.
Traje Jamunder Bauerntracht
Traje sem a presença do casaco de lã.
Poderia ser dispensado adorno de
cabeça igualmente.

Trajes usados pelos camponeses e pescadores dos arredores de Jamund bei  Köslin,
durante a Reforma. Uma de suas características eram a presença de simples túnicas longas de linho – usadas desde o Século XVI. O Jamunder Fischertracht também é conhecido como roupa de festa.


Traje completo.
Mönchguter Fischertracht

Foi uma roupa característica de trabalho usado por pescadores no Mönchgut até os anos de 1940. É um traje masculino e sua principal característica eram as calças largas de linho (e não de couro, como já ouvimos por aí), usadas sobre as  botas, que seca rapidamente sob a ação do vento.


Um pescador autêntico com o traje de trabalho.
Traje com todas as marcas que tem direito após um dia de trabalho.
Daí a origem do Heringsbrot ( Pão com Herings - que no Brasil
 é usado sardinha - e não tem origem nas montanhas da Alemanha).





Weizacker-Bauerntracht

É o traje mais famoso e popular entre os trajes pomeranos e foi usado pelos agricultores da região de Pyritzer Weizackers.
No Século XIII, esta região pertencia ao Mosteiro Kolatz, e foi sempre uma área independente a partir de sua formação. Os camponeses eram donos de sua produção, e conforme tinham sua renda, mais ou menos, esta refletia particularmente em suas roupas. Ou seja, se o lucro fosse maior, ou mais abonado, sua esposa exibia maior número de saias sobrepostas e ricos bordados em tecidos mais caros. O traje feminino passou a existir na década de 1920 e a roupa masculina existia desde a década de 1880. O traje era usado somente em dia de festas.






"Kaschubien"

Não são pomeranos mas sim descendentes dos povos que chegaram à região Pomerana.  Kaschubiens, ou cassubianos, é um povo eslavo que vivia e vive às margens do Mar Báltico. Estudos têm apontado que este povo é o que restou do povo da Pomerânia medieval (esta dominada pelos alemães cristãos) que chegaram ao local antes dos poloneses. Estabeleceram-se entre a cidade de Oder e o Rio Vístula. Muitas vezes foram vassalos  da Dinamarca e da Polônia, enquanto a maioria dos eslavos pomeranos foram assimilados - durante assentamento medieval alemão da Pomerânia - Ostsiedlug - Eles tem sua própria língua e tradição, e não são pomeranos.

A língua cassubiana tem origem eslava ocidental e é atualmente falada por aproximadamente 50 mil pessoas, destes, 5% são alemães, localizados na antiga Prússia, dominada e cristianizada pelas Cruzadas alemãs oriundas do sul, que receberam as terras como dote do feito. O povo cassubiano pertencia à extinta Volksweig der Slowinzen, que viviam mais ao oeste de onde é encontrado o traje Kaschubien ou cassubiano, atualmente. Traje, geralmente usado nas principais festividades e feriados.
Em 1309, Pomerânia, ao adquirir o estado alemão  da Teutônia, formaram uma unidade política independente, na época. Em 1466, os poloneses dominaram Pomerânia e ficou sob seu domínio até 1772, quando a Prússia dominou a região que ficou conhecida como Prússia Ocidental. No final da Primeira Grande Guerra a região ficou sob domínio polonês. No início da Segunda Grande Guerra, retornou ao domínio do Danzin da Prússia Ocidental, pertencente ao Império alemão até tornar-se parte da República da Polônia, após a Segunda grande Guerra, em 1945. Atualmente é na Polônia que está situado o território com maior número de cassubiano com sua identidade culturaloriginal preservada.



O Traje da Realeza da Festa Pomerana desenhado por nós

Para compor o traje da realeza da Festa Pomerana, sugerimos trabalhar com os elementos que se repetem quase em todos os trajes e até mesmo no conhecido traje da Bavaria, que são: saia, avental, blusa branca de renda e algodão e colete.
Podemos criar um  traje  com informações visuais de todos os trajes que vimos de maneira rápida na postagem. Por que criaríamos? Porque sabemos que os trajes históricos pomeranos eram usados em festas e no dia à dia destas  pessoas que residiam junto ao Mar Báltico. Ou seja, não se vestiam iguais como se vestem os dançarinos de um grupo de danças folclóricas ou mesmo cores de famílias como eram usados na cultura Irlandesa. 
As cores de base são preto e branco. Que poderá ser cinza e branco.
É muito importante observar os  acessórios e tecidos. Devem ser tecidos leves e naturais (Algodão e seda - brocado). Tecido sintético, somente para a saia. As fitas devem ser delicadas e as corrente e ilhóis devem ter tamanhos proporcionais ao espaço que ocuparão no conjunto. O conjunto deve ser harmonioso e feminino. Observamos que os trajes de imagens antigas não seguiam um corte de costura bem feito, com qualidade e conhecimento. Isso não valorizava a silhueta feminina como acontecia com os trajes da Bavaria, que acentuavam muito bem a cintura com o uso de um colete muito reforçado (Quase um espartilho)  e com saia, acompanhada de avental, esvoaçantes.
Traje Bávaro - Início do século XX.
Não tínhamos material de desenho próximo. Tomamos a gravura do início da postagem para "conversar" sobre o traje.
Acompanhando o vestido, sapatos pretos de salto e sem as meias, em função do calor local. 

Observar cores e tecidos!!!

Tudo é "movel" e pode ser ajustado. O comprimento do conjunto não precisa ser longo - conforto térmico - bem rodado com um  comprimento no meio da canela. É muito importante  o tipo do material dos tecidos. As opções deve ser de  materiais naturais (época) e bordado manual. Acompanhando o conjunto sapado de salto médio confortável e sem meias.  É nas pequenas coisas que estão os detalhes mais importantes.
A composição de cor deve ser mais vibrante - não tinha material de pintura disponível - neste momento. A saia em tom cinza e o colete, avental e fitas com uma composição de cores vibrantes + preto. Não há necessidade de ser longo. Comprimento no meio da canela - avental com comprimento até a barra com cor diferente (Ainda a ser escolhida dentro da composição). Também, pode ter mais de um modelo de blusa e avental compondo com o conjunto e criando alternativas de trajes ao longo da festa, podendo este variar, sem a necessidade de fazer um traje totalmente novo. Jamais usar as blusas com o modelo bávaro e suas carcterísticas (com grandes degotes).
Na Pomerânia se usou muitas flores no cabelo e bordadas nos trajes. Os decotes são mais fechados, geralmente com detalhes "Romântico" a partir de rendas.
O avental, o colete ou corpete e a blusa branca de ALGODÂO então em quase todos os trajes, muda somente nos detalhes.



Pomerode aceitou inovar e quebrar Paradigmas! Parabéns1

O Resultado materializado...
Postado no dia 20 de fevereiro de 2017 -  Resultado materializado

Parabéns Pomerode - por quebrar paradigmas!

As palavras de um professor que reside em Pomerode e percebemos seu desejo de buscar o traje correto. 
É um bom começo. 
A pesquisa deve prosseguir.

Para ler mais sobre - Clicar sobre os título a seguir:

Nós desenhamos os trajes e escolhemos os tecidos das composições. Registro do 50° aniversário do G.F Alpino Germânico com a Realeza da Festa Pomerana 2019 - 29 de setembro de 2018.












Reunião em nosso escritório - Apresentando os principais e mais importantes pontos de um traje - do traje da realeza da Festa Pomerana - ano 2016 para a festa de 2017.








Definição das tecidos composições a partir dos tecidos, cores, texturas adequadas aos modelos idealizados - lojas especializadas - poucas opções de tecidos adequados.












Prova dos vestidos em vários momentos...





























A execução dos trajes ficou sob a responsabilidade de  uma equipe vencedora de uma licitação pública. Confecção de  Maria Odete Turinelli e  Lara Patrícia Wilkening Steinhausen.


Em  Construção!!