quinta-feira, 31 de maio de 2018

Arquitetura e História - Terminal Rodoviário Hercílio Deeke - Rodoviária de Blumenau

Terminal Rodoviário Hercílio Deeke - Blumenau - 22 de maio de 2018
Apresentamos  o Terminal Rodoviário Hercílio Deeke - rodoviária de Blumenau. Ao embarcarmos em um ônibus intermunicipal entre as cidades de Blumenau e Rio do Sul (Alto Vale do Itajaí), percebemos o quanto  este espaço público que deveria estar sendo cuidado pela administração pública, pertencente à cidade de Blumenau está subutilizado - sob o aspecto da arquitetura e de suas funções no momento presente. O espaço do Terminal Rodoviário Hercílio Deeke deveria ser o local pelo qual, as pessoas chegam à cidade de Blumenau ou partem da cidade de Blumenau, a partir de sua opção de utilizar transporte público intermunicipal.
Não é a primeira vez que sua arquitetura chamou nossa atenção. Pesquisamos o Terminal Rodoviário Hercílio Deeke no ano de 1995, quando fazíamos um estudo para projetar um terminal rodoviário para a cidade de Blumenau. Abaixo, a localização levantada naquela pesquisa da década de 1990 e sua distância radial em direção à área central da cidade.
Localização do Terminal Rodoviário Hercílio Deeke - 1995
Parte de nossa Conclusão do trabalho acadêmico de 1995:
" (...) As primeiras pessoas que visitaram Blumenau chegaram à cidade pelo rio, aportando às margens do ribeirão da Velha (afluente do rio Itajaí Açu. No decorrer do tempo, picadas foram abertas nas matas, que posteriormente se transformaram em estradas 'carroçáveis'. 
Foi implantada a Estação Ferroviária. Blumenauenses e visitantes chegavam e saiam de Blumenau, então, de trem, de burro ou de carroça.(...) Em 1971 encerraram-se as atividades de transporte de carga e de passageiros de trem na cidade. Nesta mesma década se inicia a construção do Terminal Rodoviário Hercílio Deeke. Este terminal rodoviário tinha um programa de necessidades muito além daquele necessário para sua época. Sua Arquitetura apresenta tendências modernistas, dentro de uma linguagem internacional, desprovida da identidade sócio cultural da cidade." WITTMANN. Pesquisa para Terminal Rodoviário - trabalho acadêmico - 1995.
Fotografia feita no ano de 1995 - quando era executada parte da via expressa "enterrando" o Terminal Rodoviário Hercílio Deeke - já pronto, em um buraco.
Na década se 1990, quando pesquisávamos o terminal rodoviário pela primeira vez, o mesmo tinha um pouco mais de 20 anos da data de sua inauguração e possuía o pleno funcionamento e integridade de seu Programa de Necessidades original. 
Abaixo o Fluxograma do Programa de Necessidades do Terminal Rodoviário Hercílio Deeke - e assim ele atendia o público que passava por suas plataformas de Embarque e Desembarque.
Fluxograma dos ambiente  do Programa de Necessidades da Rodoviária de Blumenau - Ano de 1995. 





Programa de Necessidades não atendido plenamente no espaço atual no  Terminal Rodoviário Hercílio Deeke - Rodoviária de Blumenau.

Vamos conhecer um pouco desta história pretérita dos Terminais Rodoviários de Blumenau até o atual -  Hercílio Deeke

 Primeiro ônibus de Blumenau e do Estado de Santa Catarina - 1914
O primeiro ônibus chegou na cidade de Blumenau em 1914. Não foi somente o primeiro ônibus de Blumenau, mas também, o primeiro ônibus do Estado de Santa Catarina. Frederico Guilherme Busch, foi o idealizador deste projeto. O ônibus era do tipo jardineira,  tinha 12 lugares para passageiros sentados. O primeiro ônibus fazia a ligação entre duas nucleações urbanas da grande Colônia Blumenau - Stadtplatz e  Altona (Atualmente um bairro de Blumenau).
Catorze anos depois, em 1928 foi fundada a firma da Autoviação Catarinense, cujos ônibus cobriam distâncias maiores dentro da grande Colônia Blumenau e também para o litoral do estado de Santa Catarina. 
Com a presença de transporte público intermunicipal, naturalmente surgiu os terminais de embarque e desembarque dentro da cidade de Blumenau, bem como em outras nucleações urbanas.
O primeiro terminal Rodoviário de Blumenau foi instalado no meio da extensão da Rua XV de Novembro, no edifício do Hotel São José
Hotel São José estava localizado ao lado do Comercial Moellmann - descendo a XV.

A Edificação do Hotel São José, além de varanda voltada para a rua XV de Novembro tinha varanda voltada para o Rio Itajaí Açu.. Os quartos ocupavam a grande mansarda, com pequena janelinhas voltadas para rua XV de Novembro e também para o Rio Itajaí Açu



































O segundo Terminal Rodoviário também tinha ligação com um Hotel e foi idealizado pelo Prefeito de Blumenau - Hercílio Deeke (mandato entre 1951-1954), filho de José Deeke e pai de Niels Deeke. O novo Terminal Rodoviário de Blumenau foi localizado na Rua 7 de setembro, esquina com a Rua Padre Jacobs. Hotel no qual iniciou mais tarde, o Hotel Glória e Cafehaus.


Na década de 1980, durante o governo de Renato de Mello Vianna ao executar parte do projeto regional desenvolvido no governo do Prefeito Evelásio Vieira (Lazinho), foi inaugurada o atual Terminal Rodoviário - batizado de Terminal Rodoviário Hercílio Deeke. Sua construção teve início no final da década de 1970. Sua inauguração aconteceu no dia 4 de fevereiro de 1980 - dentro das festividades do centenário da Emancipação Política de Blumenau que aconteceu no dia 4 de fevereiro de 1880.

Terminal Rodoviário Hercílio Deeke foi construído afastado da área central da cidade de Blumenau, em uma região que na ápoca de sua construção, apresentava características rurais - sem a alimentação adequada de transporte público dos principais bairro até o local.
Localizações dos 3 Terminais Rodoviários de Blumenau
Arquitetura 

O projeto e partido arquitetônico seguem as linhas brutalistas - dentro do modernismo, proposições áureas - concreto aparente, com grandes vãos estruturais independentes e livres. Foi assinado pelos Arquitetos da Prefeitura Municipal - Setor de Planejamento: Sérgio Montovani e Sônia Fumagalli.
Tivemos a pouco tempo, acesso a um depoimento - o qual textualizava de que o poder público de Blumenau não agiu de maneira transparente ao ocupar o local e desapropriar o antigo proprietário, que administrava uma propriedade rural. Deixamos o registro, como um "fio" para ser melhor esclarecido e lacunas que deverão ser preenchidas, por nós ou, por outros pesquisadores futuramente.

Inauguração Terminal Rodoviário Hercílio Deeke - 1980
Dia da inauguração  -  Foto: Clic RBS
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Blumenau em Cadernos - TOMO XXI N.3 Março de 1980
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"Se mais nenhuma obra tivesse realizado, durante 3 anos de nossa administração, esta seria sem dúvida suficiente para justificar a nossa trajetória pelo Executivo.
Não pelo seu custo ou pela sua resistência, mas elo sua repercussão no sistema viário, no campo dos transportes, definindo uma obra sonhada por tantos outros administradores que nos antecederam.
Mais ainda por que é uma obra realizada para o povo. Destinadas a todos as camadas sociaismas principalmente àqueles que não dispondo de condução ou recursos suficiente para adquirir um veículo, se sentem na contingência de fazer na Estação rodoviária um lugar freqüente de embarque, intermediário entre o seu lar e o trabalho ou necessário nos passeios.
Localizada na orla do Anel Viário Norte, numa área aproximada de 800.000m2, expropriada de cerca de 22 proprietários, ela se constitui hoje no maior Terminal urbano de passageiros do Estado de Santa Catarina, contendo 6.891m2, e dispondo de excelente vão livre para maior movimentação de seus usuários.
O projeto elaborado por arquitetos da nossa Assessoria de planejamento, Drs. Sergio Montovani e Sônia Fumagalli, procurou, cumprindo as exigências do órgão competente do D.N.E.R., expressar nas linhas do concreto aparente a funcionalidade das construções modernas.
Prestando observância à topografia, sistema viário, fluxo de veículos, volume de passageiros, desenvolvimento urbano, segurança e rapidez de movimentos, o Terminal de passageiros Hercílio Deeke, foi deslocada do miolo urbano da malha viária central, para a periferia da cidade, possibilitando fácil acesso com as BRs ou Rodovias Federais, principalmente os ônibus intermunicipais e interestaduais que se vêem obrigados a médio ou longo percurso.
Convém, todavia, assinalar que a obra não se acha completa, no seu projeto global. Tanto que os acessos são provisórios e somente com a construção da ponte sobre o rio Itajaí-Açu ligando o terminal à rua Xantina e rua São Paulo é que se completará. Mas acreditamos que o povo blumenauense, que não nos tem faltado com seu apoio, saberá relevar e suportar as primeiras dificuldades e por que não dizer os pequenos desacertos desta fase inicial.
A execução do projeto custou até agora Cr$ 62.000.000,00, sendo Cr$ 5.000.000,00 já obtidos através de convênio de colaboração para a construção do prédio do D.N.E.R e os restantes Cr$ 57.000.000,00 destinados ao pagamento do prédio, das desapropriações, da canalização, estaqueamento e acessos, com recursos próprios do Município, através de impostos, portanto com dinheiro do próprio povo.
A obra foi construída pelo Município, através da companhia de Urbanização de Blumenau, empresa de economia mista, constituída de capital majoritário da prefeitura (99%).
Decorrido 100 anos da nossa emancipação política, nada mais justo do que presentear a todos os blumenauenses com uma obra digna do alto significado histórico do evento hoje comemorando. Pg 71"
Por Renato de Mello Vianna
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Atualmente, o Terminal Rodoviário Hercílio Deeke resume-se em um edifício com uso descaracterizado se for observado o projeto original proposto e inaugurado no ano de 1980. Seu aspecto visual e espacial transmite aparente ausência de manutenção e deficiência de serviços para as pessoas no local. Muito de suas áreas estão destinadas às atividades burocráticas/administrativas da própria administração pública de Blumenau, como por exemplo a sede do Serviço Autônomo Municipal de Trânsito e Transportes de Blumenau - Seterb - que deveria ter somente um posto. Quanto aos seus espaços, estão com uso descaraterizados, desprovido de espaço para restaurantes, lojas, mais lanchonetes, entre outras  funções descritas em seu Programa de Necessidades no projeto original. Também chamamos atenção para ausência de vagas necessárias de estacionamentos, grande parte destas usados por automóveis dos órgão públicos instalados no edifício de maneira irregular. Também o fluxo e o tráfego de acesso apresenta sérios conflitos, diferentemente do projeto existente no ano de 1995 - primeira parte da pesquisa.
Conversando com as pessoas que frequentam a rodoviária com frequência e comentaram conosco que há planos concretos para ser construída o 3° Terminal Rodoviário de Blumenau, sendo que este atende perfeitamente às necessidades se for adequando para aquilo que foi projetado. As obras em demasia no poder público - no Brasil atual são polêmicas e discutíveis.
Paliativos na paisagem 
As imagens Comunicam...










































 Imagens feitas no local em 2016 - com bancos originais e aparentemente mais resistentes do que os colocados no ano de 2017.



Õnibus circular até a rodoviária



É preciso mais zelo e responsabilidades com o patrimônio público a partir de seu uso - isto representa respeito às pessoas que optam em chegar e sair de Blumenau com transporte público. Também, respeitar o projeto e a arquitetura do edifício, o qual atingia plenamente - através de seus espaços, a expectativa de um terminal rodoviário.


Vídeo



Leituras Complementares
Clicar sobre o título escolhido

  1. Gastronomia - A Tradição do Café Colonial - com música * Cafehaus Glória - Hotel Glória - Blumenau
  2. Discurso proferido pelo Prefeito Renato Vianna, por ocasião da inauguração da Rodoviária - 04/02/1980.















2 comentários:

  1. A cada ano que passa esse terminal fica pior. Não é mais uma rodoviária de verdade, esta mais para prédio do Seterb com parada de ônibus.

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    1. Exatamente. Nada me surpreende se não fazem deliberadamente isto, para privatiza-la, ou então construir uma nova. Os políticos necessitam de obras....e do jeito que está convencem facilmente os incautos. Profissionalmente, somos da opinião que a edificação está de acordo com sua função, precisa somente ser revitalizada e resgatar seus espaços, que estavam em seu Programa de Necessidades.

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