domingo, 6 de janeiro de 2019

Cidade - Um pouco de História e uma volta - Nossa Senhora do Desterro (Florianópolis)

Catedral Metropolitana de Florianópolis - Igreja - Capital do Estado de Santa Catarina - Brasil.
Foto feita da janela do Palácio Cruz e Souza.
Sempre que precisamos apresentar - dissertar e registrar sobre a capital do Estado de Santa Catarina, a denominaremos pelo seu antigo nome: Nossa Senhora do Desterro. Seu atual nome - é uma "homenagem" - o qual a população local teve que se submeter, homenageando o algoz de muitas famílias nativas - o alagoano Marechal Floriano Peixoto - após o golpe de estado denominado Proclamação da República.
Marechal Floriano Vieira Peixoto - 1881
Nasceu no dia 30 de abril de 1839 em Maceió, Alagoas. Filho de lavradores, foi criado pelo tio e padrinho, o coronel José Vieira de Araújo Peixoto. Cursou o primário em Maceió e a Escola Militar no Rio de Janeiro, para onde foi mandado aos 16 anos. Participou do desfecho, em Cerro Corá - Guerra do Paraguai. Como lembrança, guardou a manta do cavalo de Solano Lopes.
Exercia o papel de ajudante general-de-campo, segundo posto abaixo do ministro do Exército, o Visconde de Ouro Preto, quando teve início o movimento republicano em 1889. Recusou-se a fazer parte da conspiração, mas também não se dispôs a combater as tropas republicanas rebeladas.
Com a proclamação da República, ocupou o Ministério da Guerra, em 1890, e foi eleito vice-presidente do conterrâneo Marechal Deodoro da Fonseca no ano seguinte. Com a renúncia do Marechal Deodoro assumiu a presidência e governou no regime que ficou conhecido como "mão de ferro" até o final do mandato, em 1894. Venceu um período conturbado por movimentos Monarquista - Em Florianópolis - Capital do Estado de Santa Catarina - foi o responsável por assassinatos de muitos líderes locais monarquistas (Ilha de Anhatomirim). Florianópolis - estranhamente - foi rebatizada com o nome em sua homenagem - nome do algoz de seu povo - Iniciativa do republicano Hercílio Luz - que aconteceu no dia 10 de outubro de 1894 - Nossa Senhora do Desterro passou a se chamar Florianópolis (momento de desmanchar este mal entendido). 
A Revolta da Armada, no Rio de Janeiro, e a Revolução Federalista, que começou no Rio Grande do Sul tinha como objetivo destituir o Marechal Floriano Peixoto do poder. Neste movimento, o conflito aconteceu entre republicanos de orientação positivistaliberais, liderados por Silveira Martins - inimigo do Marechal Deodoro - Isto só foi o começo do que vivemos no Brasil atual
Abandonou a carreira política assim que deixou o cargo de presidente. Após a República viveu somente mais cinco anos. Morreu em Divisa, hoje distrito de Floriano, no município de Barra Mansa, Rio de Janeiro, em 26 de junho de 1895. 
Fonte da foto: pt.wikipedia.org
Cor laranja - Palácio Cruz e Souza - Azul Igreja e na frente a praça - região que observamos em 2019. Mapa de 1845 - época da primeira vez que Hermann Blumenau esteve em Nossa Senhora do Desterro. Este mapa está na parede do Palácio Cruz e Souza atual - museu.

Neste início de janeiro de 2019 estávamos no litoral de Santa Catarina, no dia 2, e oportunizamos observar alguns pontos focais históricos de Nossa Senhora do Desterro, sobre os quais já escrevemos em postagem de janeiro de 2017, listada no final desta. 
Observamos a parte central da cidade que contém a catedral, mercado publico, antiga alfandega, ruas Conselheiro Mafra, Felipe Schmidt, Praça XV de Novembro a Palácio Cruz e Souza.
Nossa Senhora do Desterro - Final do Século XIX  - Aos fundos a igreja e à esquerda - o Palácio Cruz e Souza.
Detalhe - Se observamos - somente homens andavam na rua nesta hora do dia - as mulheres descendentes de portugueses eram muitas "escondidas" atrás dos "muxarabis" elemento arquitetônico herdados da secular ocupação oriental na Península Ibérica. (As mulheres honestas e de família - cultura latina que também teve origem no berço do Império romano)

Um pouco de História...
cidade atual - capital do Estado de Santa Catarina é composta pelo território da principal ilha - Ilha de Santa Catarina, pelo parte do território continental e mais algumas pequenas ilhas. De acordo com o IBGE, para o ano de 2018 - sua população era estimada em 492.977 habitantes.
Mapa de Nossa Senhora do Desterro, com a ilha maior - Ilha de Santa Catarina
Quando residíamos em Nossa senhora do Desterro - durante toda a década de 1970 e início da década de 1980 - a principal característica da cidade, mesmo sendo a capital do estado - era o setor pesqueiro. Os bairros, com acesso ao mar, eram repletos de residentes, cuja principal atividade era a de pescador - herança dos primeiros colonizadores da região, natural do arquipélago de Açores e suas atividades culturais. 
A turminha do Boi de Mamão - cultura açoriana em Nossa Senhora do Desterro.
Franklin Cascaes - residente de Itaguaçu - continente
de Nossa Senhora do Desterro
Naquela época, nós  brincávamos com o Boi de Mamão, a Bernunça e a Maricota, no bairro do Abraão - década de 1970. Os pais de nossos colegas de aula eram, quase todos, pescadores, que iam para o mar todos os dias, pela praia do Abraão, Bom Abrigo e Itaguaçu, onde residia o pesquisador da cultura açoriana, folclorista, ceramista, antropólogo e escritor Franklin Cascaes. Na rua onde residíamos, vendiam o peixe de carinho de mão - anunciando-se através do som do sopro feito em um tipo de chifre - emitindo um som uníssono.
A cidade teve uma guinada em sua paisagem e ocupação, principalmente, após a "propaganda" formal da prefeitura municipal, publicada na imprensa escrita - revistas de circulação nacional. Houve consequências na forma de ocupar o espaço, nas práticas culturais, e também, no aumento considerável da violência urbana - consequência do "desarranjo" urbano crescente.
Aconteceu o adensamento descontrolado sem  o devido planejamento urbano para isto - A paisagem natural foi comprometida e os espaços construídos - igualmente. 
Quando uma casa está para receber novos moradores, ela necessita ser preparada para isto - desde a providencia de mais uma toalha, cadeira  e cama - no mínimo, entre outras providencias. 
Em uma cidade - também! Nesse meio tempo - criou-se a lenda, de que Nossa Senhora do Desterro tinha ligação com a lenda das bruxas. Nunca ouvimos estas histórias em nossa infância - nem mesmo quando residíamos no bairro Abraão - um dos locais, citado como local das bruxas. Na verdade, são folclores inventados para suprir a demanda da indústria do turismo. São criados "contextos" e elementos para atrair o imaginário do turista ávido pelo "diferencial" e, este consome.
Ilustração do livro de Franklin Cascaes - comunidades açorianas em Nossa senhora do Desterro
Na cidade, a maioria da população reside na área continental e, em partes do centro - ilha e local,  onde nasceu o primeiro núcleo urbano da cidade - e no norte da ilha principal. A metade sul da ilha é menos habitada. Ainda restam alguns pescadores comerciais que vivem da atividade - da grande população existente - no interior da ilha
Alguns insistem em afirmar que os barcos de pesca, as rendeiras, o folclore, a culinária e a arquitetura colonial contribuem para o crescimento do turismo e atraem recursos que compensam a falta de um grande parque industrial. Observando a cidade do ano de 2018 - afirmamos, que muito se perdeu. Se mantém "amostras", infelizmente, pois o pescador foi "afastado" do mar, para dar lugar aos grandes empreendimentos imobiliários - o mar é região valorizada agora. Muitas vezes - os empreendedores - sequer residem em Nossa Senhora do Desterro.

Recuperação  de revestimentos das paredes do museu Palácio Cruz e Souza
Resgataram as "amostras" do que existia naturalmente na cidade, e faziam parte da economia de subsistência local, ocupando seus espaços - nas décadas passadas - hoje não mais. Estas atividades eram ligadas ao lazer e ao trabalho de sustento das famílias. 
Atualmente, há amostras para entreter e apresentar as práticas (que existiam) aos turistas, para estes fotografarem um cenário que existiu e, não existe mais.
Nossa Senhora do Desterro tornou-se uma cidade multifacetada sob vários aspectos - reconhecida, talvez, somente pela paisagem natural que ainda não foi destruída. 
A paisagem construída histórica - infelizmente, está à caminho da ruinificação - lembrando o Cine Theatro Manoel Cruz  de Tijucas. 
Não é recomendável, por exemplo, que a sede do governo do Estado de Santa Catarina de outrora, o Palácio Cruz e Souza - projetado e construído no Século XVIII e reformado no início do período republicano por Hercílio Luz- tenha se transformado em um Museu. Soubemos, visitando o local, que possui dificuldades financeiras para se manter. 
Por que não continuou como Palácio do Governo do Estado de Santa Catarina? O que impede? Local adequado para receber pessoas e mostrar a história de Santa Catarina de maneira oficial.
Este possui o espaço e a história do estado de Santa Catarina, depondo a favor do uso oficial feito pelo governo do estado, contando com sua arquitetura monumental e exuberante a partir do ecletismo clássico e rococó.
Nossa Senhora do Desterro no ano de 1845 - período que o fundador da Colônia Blumenau esteve visitando a região pela primeira vez - Foto de um quadro pendurado em uma das paredes do Museu Cruz e Souza.
O fundador da nucleação urbana que posteriormente tornou-se a capital da província foi o bandeirante paulista Francisco Dias Velho, que chegou ao local no dia da santa e assim chamou o local - Ilha de Santa Catarina. A povoação também foi chamada de Santa Catarina até que a batizaram de Nossa Senhora do Desterro. As cartas de Navegação dos Séculos XVIII e XIX continuavam mencionar Ilha de Santa Catarina.
Foto de uma pintura de 1927 - de Darkir Parreiras - exposto no museu Palácio Cruz e Souza - ilustrando o
 assalto e o extermínio  da família de Francisco Dias Velho - Texto explicativo abaixo.
Nossa senhora do Desterro -  Beira mar - próximo a Alfândega.
Atual Rua Conselheiro Mafra.
Relembrando o fato histórico da independência do Brasil de Portugal - país de origem de muitos dos primeiros imigrantes deste período histórico e que fundaram as primeiras povoações na costa catarinense - e também, a vila de Nossa Senhora do Desterro, lembramos de que alguns nativos da ilha não simpatizavam com o nome Nossa Senhora do Desterro, por lembrar que muitos dos que chegaram ao local eram "desterrados", foras da lei ou, aquele que é exilado, preso, ou que respondia à justiça - longe de seu lar. 
Talvez, por este motivo aceitaram facilmente o nome Florianópolis, imposto pelo republicano Hercílio Pedro da Luzmesmo sabendo de sua origem violenta, triste e historicamente polêmica aos nativos, e sem a iniciativa de grandes esforços para recuperar o antigo nome.
Em síntese, o novo nome da capital da província de Santa Catarina -  Florianópolis foi uma homenagem ao Presidente da República do Brasil - o alagoano Marechal Floriano Peixoto, que mandou assassinar inúmeros ilhéus, por discordarem do ideário republicano - este imposto através de um golpe militar à família imperial brasileira no ano de 1889
Após a Proclamação da República desencadeou uma guerra civil com o perfil "separatista", no sul do país, envolvendo os três estados do sul do Brasil - que ficou conhecida por Revolução Federalista. O conflito durou de 1893 até 1895Lideranças políticas locais desta época e a população não aceitaram o golpe militar denominada  "Proclamação da República" e pretendiam se separar do Brasil republicano - fruto de um golpe militar.
O general Gumercindo Saraiva e o comando dos maragatos na Revolução Federalista.
Hercílio Luz

Nesta época, Elesbão Pinto da Luz era Comissário de Polícia de Blumenau e não "lia na mesma cartilha política" do seu cunhado e primo - o republicano Hercílio Luz. Talvez isto tenha lhe custado a vida - pois, também foi fuzilado como inúmeros ilhéus - na mesma época. Hercílio Luz fazia parte do Partido Conservador e o Comissário de Polícia de Blumenau, do Partido Liberal - que era a oposição - escrevemos há duas postagens atrás, sobre eleições envolvendo estes dois partidos. 

Recomendamos a leitura desta postagem - que envolvem nomes da história regional - dentro deste período histórico - Clicar sobreElesbão Pinto da Luz - Comissário de Polícia de Blumenau - fuzilado na Fortaleza de Santa Cruz de Anhatomirim

O ato da troca de nomes da cidade aconteceu no ano de 1894 - durante o governo republicano estadual - primo de Elesbão Pinto da Luz - Hercílio Pedro da Luz - que também, residiu em Blumenau.
Nossa Senhora do Desterro - a partir de 1894 - passou a ser chamada, então, de Florianópolis - uma afronta às famílias daqueles que foram assassinados - que não foram poucas. Passaram-se os anos.
No dia 30 de novembro de 1979 - o presidente do Brasil João Baptista Figueiredo quis homenagear os 90 anos da Proclamação da República - na figura do Marechal Floriano Peixoto - colocando uma placa de bronze embaixo da figueira na Praça XV de Novembro - praça da igreja da antiga cidade colonial. O protesto ficou conhecido como "Novembrada". 
O Presidente do Brasil chegou a ser agredido durante o episódio. 
Vimos esta placa mencionada no Museu Cruz e Souza, durante nossa visita em janeiro de 2019 (após 40 anos) e não sentimos vontade de fotografá-la. Até poderíamos ter feito, para ilustrar esta postagem. A placa foi forjada em Brasília, sem o conhecimento dos florianopolitanos e tinha os seguintes dizeres:
"Homenagem do presidente João Figueiredo a Marechal Floriano Peixoto no 90° Aniversário da República".
Na época, a placa tinha sido colocada em um pedestal para ser inaugurada pelo presidente e acabou alvo dos manifestantes que a arrancaram e a queimaram em uma fogueira. Depois a jogaram no chão para que fosse massada. Ainda quente, foi carregada por um grupo de manifestantes como um troféu e atirada na porta do Palácio Cruz e Souza - nesta época - a sede do governo catarinense. Hoje o museu o qual visitamos.
 Foto: Banco de Dados/JSC
Figueira na Praça XV de Novembro - janeiro de 2019.
Na época, o Major da Polícia Militar Nilo Marques de Medeiros Filho - responsável pela segurança do local naquela manhã, juntou a placa danificada na porta do palácio e a guardou na Casa Militar, onde permaneceu até 1983, quando este pediu permissão para continuar a guardar a relíquia histórica em sua residencia. Nilo temia que esta sumisse e assim muitos consideram - que a placa sumiu.
Em 1995, quando houve o "julgamento histórico" do Marechal Floriano Peixoto na Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC,  o então Coronel da reserva - Nilo Marques de Medeiros Filho, apresentou a placa como "prova do crime" contra Floriano Peixoto. 
Foi muito bom conhecer esta história e saber que esta placa está no acervo do Museu do Palácio Cruz e Souza. Lamentamos, agora, não tê-la fotografado.
No dia 23 de novembro de 2009, durante  a Programação de celebração do 30° aniversário da Novembrada, a placa foi entregue por Nilo Marques de Medeiros Filho, durante uma sessão solene na Câmara de Vereadores da cidade - para compor o acervo do museu.
Nilo Marques guardou a placa símbolo da Novembrada - Foto de  Julio Cavalheiro
As imagens comunicam...
Mercado publico

O Mercado Público de Florianópolis foi construído ao lado da antiga Alfândega, no ano de 1899, em substituição ao antigo mercado que existia no Largo da Matriz.
Antes disto - para se comercializar o peixe e outros produtos - resultado do trabalho da maioria que residia em Nossa Senhora do Desterro, apresentava muitos problemas. Os produtos eram expostos na praia, sobre a areia - ao ar livre. Posteriormente, foram erguidas bancas, também ao ar livre para a exposição deste.
Em 1838, surgiram as primeiras idéias para construção de mercado público. Em março de 1848, através de um decreto, o presidente da Província foi autorizado a “edificar nas marinhas em frente à Igreja Matriz da Cidade do Desterro uma Praça de Mercado, seguindo a planta que acompanha a presente lei”. 
A planta, criada pelo 1° Tenente Eng. João de Souza Melo e Alvim, foi aprovada em substituição ao projeto dos três barracões do Vereador Antônio Francisco de Faria.
A construção durou três anos e foi inaugurada em 1851. Neste tempo, a Colônia Blumenau tinha um ano este foi o mercado que os imigrantes alemães, que tinham destino para o Vale do Itajaí, conheceram - A locomoção naquela época era feito pelo mar e pelos rio, através da navegação.
Este Mercado funcionou por 45 anos, até que no ano de 1899, foi demolido, após a construção do  "novo" e atual Mercado Público a beira mar - junto à Rua Conselheiro Mafra.
Mar e Rua Conselheiro Mafra

Ancoradouro junto ao Mercado Público
O espaço do novo Mercado Público tinha o mesmo programa de necessidades, comercializar produtos extraído da região para as pessoas, não somente de Nossa Senhora de Desterro, mas de todas as nucleações do entorno e até, de outras cidades da costa catarinense. Alguns blumenauenses trabalharam neste mercado e os apontamos em nossos textos e pesquisas, como também pessoas de nucleações urbanas do continente - da região do entorno, com as colonias alemãs do vale do Cubatão. No vão interno era local de trânsito e não de espaço comercial como o é atualmente - de maneira coberta.
O Mercado Público atual - dentro do novo perfil da cidade tipo "Ilha da Magia", mudou muito. Mudou mais ainda, após  o incêndio que sofreu no dia 19 de agosto de 2005, de maneira estranha, onde uma de suas duas alas foi destruída. As pessoas que tinham tradicionais lojas no local, não retornaram. Retornaram novos empresários do ramo alimentício. 
O mercado, como em toda a cidade de origem portuguesa, foi o espaço do pescado e de produtos de primeira necessidade, cerâmicas, frutas, verduras, secos e molhados, entre outras. No mercado de Nossa Senhora do Desterro tinham, também, muitas lojas de calçados, utensílios domésticos, frutarias e verdureiras e muitas peixarias. Talvez uma ou outro ponto para vender lanches e caldo de cana. Isto tudo com preços bem populares e acessíveis - lugar das pessoas do povo - desde o pescador até o pequeno agricultor. O comércio geralmente era feito entre o produtor e o consumidor - desprovido de "atravessador".
Após o incêndio - com os preço oferecidos, o local deixou de ser popular e o produto comercializado é outro, contando neste momento- também com a presença do atravessador ou dos. A ala central foi coberta e deixou de ser espaço de circulação, mas - resgatou uma característica de grandes shopping's - a grande praça de alimentação. Surgiram points como um bistrô - onde quem pode pagar - se reúne e consome - para o empresário que adquiriu o direito e não mais o pequeno produtor de outrora.
Ala Central - sem o trânsito - coberta para a "Praça de alimentação " atendendo ao novo uso do tradicional espaço do Mercado Público de Nossa Senhora do Desterro.
Ala Central - sem o trânsito - coberta para a "Praça de alimentação " atendendo ao novo uso do tradicional espaço do Mercado Público de Nossa Senhora do Desterro.






Rua Conselheiro Mafra

Rua Conselheiro Mafra - seu entorno alterado na década de 1970. Observar
 - que sem o mercado - as mercadorias eram expostas na areia da praia.
Antiga rua do comércio à beira mar - por onde chegavam as embarcações de visitantes da região, de outras regiões e da Europa.
Quando foi feito o aterro da Baia Sul Conhecido Parque Metropolitano Francisco Dias Velho e simultaneamente a construção da Ponte Colombo Salles, parte do projeto do paisagista Burle Marx - década de 1970 -  a histórica rua sofreu grande impacto paisagístico e paulatinamente - em sua arquitetura histórica presente no casario tão característico nas cidades fundadas por imigrantes portugueses.  O lamentável disto tudo, é que houve este reveses na paisagem da cidade a partir da implantação do monumental projeto e o parque em questão não existe mais. Sua área, em sua grande maioria, está sendo usada para "depósito" de automóveis. Também lembramos que o centro antigo ficou sem a vista do mar - tão forte e importante para as práticas da cidade, em décadas anteriores - enquanto espaço de cidade.
Rua Conselheiro Mafra - junto ao mar - onde se comercializavam os produtos locais - seu entorno alterado na década de 1970.
Projeto de Burle Marx






























Rua (Calçadão) Felipe Schmidt - Paralela à Rua Conselheiro Mafra


Igreja São Francisco




Turistas e Guia - mostrando a "Ilha da Magia" - que quase não existe mais.



Praça XV de Novembro - Historicamente - a praça da Igreja e até onde chegava o mar.






Palácio Cruz e Souza ou antigo Palácio Rosado

É lamentável que este edifício histórico de  Nossa Senhora do Desterro não esteja sendo usado para aquilo que foi edificado - sede, ou parte da sede do governo do Estado de Santa Catarina. Atualmente, desde 1986, é a sede do Museu Histórico de Santa Catarina. De acordo com informações que recebemos no local - a administração do museu vem tendo dificuldades para manter-se a partir de estreito orçamento, e sabemos que é fácil iniciar o processo de degradação - uma vez iniciado.
Sua história...
Tomada de Nossa Senhora de Desterro - século XVIII pelos espanhóis.
Brigadeiro José da Silva Paes
A Ilha de Santa Catarina foi invadida pelos espanhóis liderados por Pedro de Caballos e foi retomada pelos portugueses novamente, após a invasão portuguesa liderada  brigadeiro português José da Silva Paes, nascido em Lisboa - era engenheiro militar.  Tomando a Ilha de Santa Catarina, Paes se auto proclamou governador da Capitania entre os anos de 1739 e 1745.
Neste período - fez de seus feitos de governo, a construção de fortes para promover a defesa da Ilha de Santa Catarina. São eles: ao norte - Fortaleza de São José da Ponta Grossa, Fortaleza de Santa Cruz de Anhatomirim e Fortaleza de Santo Antônio de Ratones; ao sul: Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição de Araçatuba.  Visitamos em janeiro de 2019 - Fortaleza de São José da Ponta Grossa - apresentada em postagem exclusiva - posteriormente.
Também - neste tempo de seu governo - foi construído junto à praça da Igreja - na época conhecida como praça Vila de Desterro (Até esta mudou de nome - em função da Proclamação da República - desrespeito à história local) a sua sede de governo - um edifício de três seções e dois pavimentos para ser a sede de seu governo - a "Casa do Governo". 
Século XIX
O Palácio foi submetido a diversas reformas, talvez  por isto a característica eclética de sua arquitetura - munida de grande decorativismo sobre a volumetria com características do classicismo. A reforma ocorrida entre os anos de 1894 e 1898 é responsável pela forma atual do Palácio - reforma feita no governo do republicano Hercílio Luz, onde perdeu as características coloniais originais e assumiu a nova linguagem para a época - linguagem eclética, como já mencionada. Durante nossa visita ao museu que ocupa os espaços do antigo Palácio - percebemos fortes indícios da cultura dos imigrantes alemães, como também objetos usados por estes - na Colônia Blumenau.
Máquina de música alemã - com disco furado - técnica da caixinha 
de música 
O fato de Hercílio Luz, antes de ser governado do estado, residir 3 anos  em Blumenau - como Chefe da Comissão de Terras - indicado por Lauro Müller - em 1891 - explica esta interferência na sede do governo do Estado de Santa Catarina. É claro, que nesta época viviam em Nossa Senhora do Desterro, inúmeras famílias alemãs e também outras, com contatos estreitos, com a Colônia Blumenau, como é o caso do ex sócio de Hermann Blumenau - e que não não teve boas experiencias nesta sociedade -  Ferdinand Ernst Friedrich Hackradt, tio de Carl Hoepcke, que residiu na Colônia Blumenau como colono e, depois, atendendo o chamado do tio, mudou-se para Nossa Senhora do Desterro, onde construiu um império, abrangendo vários ramos, sendo um deles, a industria naval - construção de navios.
No palácio, também, foram decididos destinos e debatidos assuntos sobre a Revolução Federalista, nome dado ao descontamento da população local as quais eram contra o golpe militar denominado "Proclamação da República". Houve resistência local e em 1891, líderes locais se posicionaram contra a política de Floriano Peixoto em Santa Catarina, vice-presidente da república em exercício no Brasil.

O nome emprestado ao palácio em 1979 - é uma homenagem ao poeta simbolista Cruz e Souza.
Observando o Palácio Cruz e Souza, é rico em detalhes. Logo no hall de entrada - não usado atualmente - por questões de segurança (Acesso pelos fundos) há uma majestosa escadaria, balaustrada e com balcões de mármore de Carrara, peças trabalhadas na Itália. 
Na parte superiorestátuas em bronze de cavaleiros medievais e um vitral art-nouveau. No teto, acima da escadaria, há uma homenagem aos municípios mais antigos da Província de Santa Catarina: Blumenau, Rodeio Hamonia, Indaial Parati, entre outros...






O Palácio foi tombado pelo estado e pelo município e deixou de sediar o gabinete do governador do estado no ano de 1984 - preocupante. Lembramos do Cine Theatro de Tijucas - igualmente tombado e recuperado com dinheiro público e atualmente, se encontra em ruínas.
O tombamento do Palácio Cruz e Souza aconteceu sob o Decreto nº 21.326 do dia 26 de janeiro de 1984. 






Estrutura do assoalho - falquejada


Teto do Hall

















Machetaria no piso - ricamente adornado com muito tipos de madeira artisticamente trabalho.
Detalhes decorativos do forro  artisticamente feitos em estuque.





Lustre do saguão do segundo piso
Catedral metropolitana vista da janela do Palácio




Decorativismo em estuque do teto




Machetaria do piso do segundo andar.








Mapa do Século XVI desenhado por um alemão onde está os principais rios e a Ilha de Santa Catarina - Sul do Brasil.
com anotações no idioma alemão.


Detalhes decorativos - em estuque do teto - ricamente adornado.



Foto de um quadro que retrata Nossa senhora do Desterro do Século XIX -Vista do Morro da Cruz.


Praça XV de Novembro - antiga Praça do Desterro - fotografada da janela do Palácio.


Praça XV de Novembro - antiga Praça do Desterro - fotografada da janela do Palácio.



Aos fundos - o retrato de quem fez a última grande reforma - denotando o caráter eclético à arquitetura - Hercílio Pedro da Luz.




Ricos detalhes em estuque no teto de uma das grandes salas do andar superior. Brasão do Estado de Santa Catarina em relevo.

Sala de música

De uma das janelas - vista para o mar, que chegava
 até a praça - XV de  Novembro. Bloqueada por um
 edifício histórico.


Anita e Garibalde



















Tanembaum - pinheiro plantado pela famílias alemãs no Vale do Itajaí -
no jardim do Palácio do Planalto




Primeiros povos que residiam na Ilha de Santa Catarina eram os Tupis Guaranis e durante nossa volta em Nossa senhora do Desterro - novamente nos deparamos com descendentes de famílias indígenas locais que tentam conquistar seu espaço na cidade. como qualquer outra etnias e fazer seu trabalho e praticar suas práticas colurais.


Praça XV de Novembro - antiga praça do Desterro - praça da igreja - até onde chegava o mar.





Entre Palácio Cruz e Souza e a Praça XV de Novembro - Frente da Catedral Metropolitana 





No átrio central - grande vitral Art Decó - junto a monumental escadaria - entre a sala de jantar e o átrio.













Paredes internas em manutenção.

























Governador Gustav Richard




Leituras Complementares - Para ler - Clicar sobre o título escolhido:
  1. Uma voltinha em Nossa Senhora do Desterro...
  2. Um simbolo - A ligação entre dois extremos no Estado de Santa Catarina - a Figueira
  3. Leopold Franz Hoeschl - 1° Cônsul Honorário do Império Austro-Húngaro na Colônia Blumenau
  4. Arquitetura Açoriana - Ilhas de Anhatomirim e de Ratones - Florianópolis 1995
  5. 1884 - Eleições para Assembléia Nacional e nomes da Colônia Blumenau
  6. Livro de Franklin Cascaes é relançado em volume único pela EdUFSC
  7. Cine Theatro Manoel Cruz - Tijucas
  8. O Aterro da Baía  Sul em Florianópolis: Aspectos morfológicos de um patrimônio moderno introduzido.
  9. Carl Franz Albert Hoepcke - Uma personalidade da História Catarinense
  10. Arquitetura Religiosa - Igreja São Francisco da Penitência - Nossa Senhora do Desterro


Em Construção...




















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