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Catedral Metropolitana de Florianópolis - Igreja - Capital do Estado de Santa Catarina - Brasil. Foto feita da janela do Palácio Cruz e Souza. |
Sempre que precisamos apresentar - dissertar e registrar sobre a capital do Estado de Santa Catarina, a denominaremos pelo seu antigo nome: Nossa Senhora do Desterro. Seu atual nome - é uma "homenagem" - o qual a população local teve que se submeter, homenageando o algoz de muitas famílias nativas - o alagoano Marechal Floriano Peixoto - após o golpe de estado denominado Proclamação da República.
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Marechal Floriano Vieira Peixoto - 1881
Nasceu no dia 30 de abril de 1839 em Maceió, Alagoas. Filho de lavradores, foi criado pelo tio e padrinho, o coronel José Vieira de Araújo Peixoto. Cursou o primário em Maceió e a Escola Militar no Rio de Janeiro, para onde foi mandado aos 16 anos. Participou do desfecho, em Cerro Corá - Guerra do Paraguai. Como lembrança, guardou a manta do cavalo de Solano Lopes.
Exercia o papel de ajudante general-de-campo, segundo posto abaixo do ministro do Exército, o Visconde de Ouro Preto, quando teve início o movimento republicano em 1889. Recusou-se a fazer parte da conspiração, mas também não se dispôs a combater as tropas republicanas rebeladas.
Com a proclamação da República, ocupou o Ministério da Guerra, em 1890, e foi eleito vice-presidente do conterrâneo Marechal Deodoro da Fonseca no ano seguinte. Com a renúncia do Marechal Deodoro assumiu a presidência e governou no regime que ficou conhecido como "mão de ferro" até o final do mandato, em 1894. Venceu um período conturbado por movimentos Monarquista - Em Florianópolis - Capital do Estado de Santa Catarina - foi o responsável por assassinatos de muitos líderes locais monarquistas (Ilha de Anhatomirim). Florianópolis - estranhamente - foi rebatizada com o nome em sua homenagem - nome do algoz de seu povo - Iniciativa do republicano Hercílio Luz - que aconteceu no dia 10 de outubro de 1894 - Nossa Senhora do Desterro passou a se chamar Florianópolis (momento de desmanchar este mal entendido).
A Revolta da Armada, no Rio de Janeiro, e a Revolução Federalista, que começou no Rio Grande do Sul tinha como objetivo destituir o Marechal Floriano Peixoto do poder. Neste movimento, o conflito aconteceu entre republicanos de orientação positivistae liberais, liderados por Silveira Martins - inimigo do Marechal Deodoro - Isto só foi o começo do que vivemos no Brasil atual. Abandonou a carreira política assim que deixou o cargo de presidente. Após a República viveu somente mais cinco anos. Morreu em Divisa, hoje distrito de Floriano, no município de Barra Mansa, Rio de Janeiro, em 26 de junho de 1895. Fonte da foto: pt.wikipedia.org |
Neste início de janeiro de 2019 estávamos no litoral de Santa Catarina, no dia 2, e oportunizamos observar alguns pontos focais históricos de Nossa Senhora do Desterro, sobre os quais já escrevemos em postagem de janeiro de 2017, listada no final desta.
Observamos a parte central da cidade que contém a catedral, mercado publico, antiga alfandega, ruas Conselheiro Mafra, Felipe Schmidt, Praça XV de Novembro a Palácio Cruz e Souza.
Observamos a parte central da cidade que contém a catedral, mercado publico, antiga alfandega, ruas Conselheiro Mafra, Felipe Schmidt, Praça XV de Novembro a Palácio Cruz e Souza.
Um pouco de História...

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Mapa de Nossa Senhora do Desterro, com a ilha maior - Ilha de Santa Catarina |
Quando residíamos em Nossa senhora do Desterro - durante toda a década de 1970 e início da década de 1980 - a principal característica da cidade, mesmo sendo a capital do estado - era o setor pesqueiro. Os bairros, com acesso ao mar, eram repletos de residentes, cuja principal atividade era a de pescador - herança dos primeiros colonizadores da região, natural do arquipélago de Açores e suas atividades culturais.
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A turminha do Boi de Mamão - cultura açoriana em Nossa Senhora do Desterro. |
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Franklin Cascaes - residente de Itaguaçu - continente de Nossa Senhora do Desterro |
Naquela época, nós brincávamos com o Boi de Mamão, a Bernunça e a Maricota, no bairro do Abraão - década de 1970. Os pais de nossos colegas de aula eram, quase todos, pescadores, que iam para o mar todos os dias, pela praia do Abraão, Bom Abrigo e Itaguaçu, onde residia o pesquisador da cultura açoriana, folclorista, ceramista, antropólogo e escritor Franklin Cascaes. Na rua onde residíamos, vendiam o peixe de carinho de mão - anunciando-se através do som do sopro feito em um tipo de chifre - emitindo um som uníssono.
A cidade teve uma guinada em sua paisagem e ocupação, principalmente, após a "propaganda" formal da prefeitura municipal, publicada na imprensa escrita - revistas de circulação nacional. Houve consequências na forma de ocupar o espaço, nas práticas culturais, e também, no aumento considerável da violência urbana - consequência do "desarranjo" urbano crescente.
Aconteceu o adensamento descontrolado sem o devido planejamento urbano para isto - A paisagem natural foi comprometida e os espaços construídos - igualmente.
Quando uma casa está para receber novos moradores, ela necessita ser preparada para isto - desde a providencia de mais uma toalha, cadeira e cama - no mínimo, entre outras providencias.
Em uma cidade - também! Nesse meio tempo - criou-se a lenda, de que Nossa Senhora do Desterro tinha ligação com a lenda das bruxas. Nunca ouvimos estas histórias em nossa infância - nem mesmo quando residíamos no bairro Abraão - um dos locais, citado como local das bruxas. Na verdade, são folclores inventados para suprir a demanda da indústria do turismo. São criados "contextos" e elementos para atrair o imaginário do turista ávido pelo "diferencial" e, este consome.
Quando uma casa está para receber novos moradores, ela necessita ser preparada para isto - desde a providencia de mais uma toalha, cadeira e cama - no mínimo, entre outras providencias.
Em uma cidade - também! Nesse meio tempo - criou-se a lenda, de que Nossa Senhora do Desterro tinha ligação com a lenda das bruxas. Nunca ouvimos estas histórias em nossa infância - nem mesmo quando residíamos no bairro Abraão - um dos locais, citado como local das bruxas. Na verdade, são folclores inventados para suprir a demanda da indústria do turismo. São criados "contextos" e elementos para atrair o imaginário do turista ávido pelo "diferencial" e, este consome.
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Ilustração do livro de Franklin Cascaes - comunidades açorianas em Nossa senhora do Desterro |
Na cidade, a maioria da população reside na área continental e, em partes do centro - ilha e local, onde nasceu o primeiro núcleo urbano da cidade - e no norte da ilha principal. A metade sul da ilha é menos habitada. Ainda restam alguns pescadores comerciais que vivem da atividade - da grande população existente - no interior da ilha.
Alguns insistem em afirmar que os barcos de pesca, as rendeiras, o folclore, a culinária e a arquitetura colonial contribuem para o crescimento do turismo e atraem recursos que compensam a falta de um grande parque industrial. Observando a cidade do ano de 2018 - afirmamos, que muito se perdeu. Se mantém "amostras", infelizmente, pois o pescador foi "afastado" do mar, para dar lugar aos grandes empreendimentos imobiliários - o mar é região valorizada agora. Muitas vezes - os empreendedores - sequer residem em Nossa Senhora do Desterro.
Alguns insistem em afirmar que os barcos de pesca, as rendeiras, o folclore, a culinária e a arquitetura colonial contribuem para o crescimento do turismo e atraem recursos que compensam a falta de um grande parque industrial. Observando a cidade do ano de 2018 - afirmamos, que muito se perdeu. Se mantém "amostras", infelizmente, pois o pescador foi "afastado" do mar, para dar lugar aos grandes empreendimentos imobiliários - o mar é região valorizada agora. Muitas vezes - os empreendedores - sequer residem em Nossa Senhora do Desterro.

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Recuperação de revestimentos das paredes do museu Palácio Cruz e Souza |
Resgataram as "amostras" do que existia naturalmente na cidade, e faziam parte da economia de subsistência local, ocupando seus espaços - nas décadas passadas - hoje não mais. Estas atividades eram ligadas ao lazer e ao trabalho de sustento das famílias.
Atualmente, há amostras para entreter e apresentar as práticas (que existiam) aos turistas, para estes fotografarem um cenário que existiu e, não existe mais.
Nossa Senhora do Desterro tornou-se uma cidade multifacetada sob vários aspectos - reconhecida, talvez, somente pela paisagem natural que ainda não foi destruída.
A paisagem construída histórica - infelizmente, está à caminho da ruinificação - lembrando o Cine Theatro Manoel Cruz de Tijucas.
Não é recomendável, por exemplo, que a sede do governo do Estado de Santa Catarina de outrora, o Palácio Cruz e Souza - projetado e construído no Século XVIII e reformado no início do período republicano por Hercílio Luz- tenha se transformado em um Museu. Soubemos, visitando o local, que possui dificuldades financeiras para se manter.
Por que não continuou como Palácio do Governo do Estado de Santa Catarina? O que impede? Local adequado para receber pessoas e mostrar a história de Santa Catarina de maneira oficial.
Este possui o espaço e a história do estado de Santa Catarina, depondo a favor do uso oficial feito pelo governo do estado, contando com sua arquitetura monumental e exuberante a partir do ecletismo clássico e rococó.
Atualmente, há amostras para entreter e apresentar as práticas (que existiam) aos turistas, para estes fotografarem um cenário que existiu e, não existe mais.
Nossa Senhora do Desterro tornou-se uma cidade multifacetada sob vários aspectos - reconhecida, talvez, somente pela paisagem natural que ainda não foi destruída.
A paisagem construída histórica - infelizmente, está à caminho da ruinificação - lembrando o Cine Theatro Manoel Cruz de Tijucas.
Não é recomendável, por exemplo, que a sede do governo do Estado de Santa Catarina de outrora, o Palácio Cruz e Souza - projetado e construído no Século XVIII e reformado no início do período republicano por Hercílio Luz- tenha se transformado em um Museu. Soubemos, visitando o local, que possui dificuldades financeiras para se manter.
Por que não continuou como Palácio do Governo do Estado de Santa Catarina? O que impede? Local adequado para receber pessoas e mostrar a história de Santa Catarina de maneira oficial.
Este possui o espaço e a história do estado de Santa Catarina, depondo a favor do uso oficial feito pelo governo do estado, contando com sua arquitetura monumental e exuberante a partir do ecletismo clássico e rococó.
O fundador da nucleação urbana que posteriormente tornou-se a capital da província foi o bandeirante paulista Francisco Dias Velho, que chegou ao local no dia da santa e assim chamou o local - Ilha de Santa Catarina. A povoação também foi chamada de Santa Catarina até que a batizaram de Nossa Senhora do Desterro. As cartas de Navegação dos Séculos XVIII e XIX continuavam mencionar Ilha de Santa Catarina.
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Foto de uma pintura de 1927 - de Darkir Parreiras - exposto no museu Palácio Cruz e Souza - ilustrando o assalto e o extermínio da família de Francisco Dias Velho - Texto explicativo abaixo. |
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Nossa senhora do Desterro - Beira mar - próximo a Alfândega. Atual Rua Conselheiro Mafra. |
Relembrando o fato histórico da independência do Brasil de Portugal - país de origem de muitos dos primeiros imigrantes deste período histórico e que fundaram as primeiras povoações na costa catarinense - e também, a vila de Nossa Senhora do Desterro, lembramos de que alguns nativos da ilha não simpatizavam com o nome Nossa Senhora do Desterro, por lembrar que muitos dos que chegaram ao local eram "desterrados", foras da lei ou, aquele que é exilado, preso, ou que respondia à justiça - longe de seu lar.
Talvez, por este motivo aceitaram facilmente o nome Florianópolis, imposto pelo republicano Hercílio Pedro da Luz, mesmo sabendo de sua origem violenta, triste e historicamente polêmica aos nativos, e sem a iniciativa de grandes esforços para recuperar o antigo nome.
Talvez, por este motivo aceitaram facilmente o nome Florianópolis, imposto pelo republicano Hercílio Pedro da Luz, mesmo sabendo de sua origem violenta, triste e historicamente polêmica aos nativos, e sem a iniciativa de grandes esforços para recuperar o antigo nome.
Em síntese, o novo nome da capital da província de Santa Catarina - Florianópolis foi uma homenagem ao Presidente da República do Brasil - o alagoano Marechal Floriano Peixoto, que mandou assassinar inúmeros ilhéus, por discordarem do ideário republicano - este imposto através de um golpe militar à família imperial brasileira no ano de 1889.
Após a Proclamação da República desencadeou uma guerra civil com o perfil "separatista", no sul do país, envolvendo os três estados do sul do Brasil - que ficou conhecida por Revolução Federalista. O conflito durou de 1893 até 1895. Lideranças políticas locais desta época e a população não aceitaram o golpe militar denominada "Proclamação da República" e pretendiam se separar do Brasil republicano - fruto de um golpe militar.
Após a Proclamação da República desencadeou uma guerra civil com o perfil "separatista", no sul do país, envolvendo os três estados do sul do Brasil - que ficou conhecida por Revolução Federalista. O conflito durou de 1893 até 1895. Lideranças políticas locais desta época e a população não aceitaram o golpe militar denominada "Proclamação da República" e pretendiam se separar do Brasil republicano - fruto de um golpe militar.
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O general Gumercindo Saraiva e o comando dos maragatos na Revolução Federalista. |
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Hercílio Luz |
Nesta época, Elesbão Pinto da Luz era Comissário de Polícia de Blumenau e não "lia na mesma cartilha política" do seu cunhado e primo - o republicano Hercílio Luz. Talvez isto tenha lhe custado a vida - pois, também foi fuzilado como inúmeros ilhéus - na mesma época. Hercílio Luz fazia parte do Partido Conservador e o Comissário de Polícia de Blumenau, do Partido Liberal - que era a oposição - escrevemos há duas postagens atrás, sobre eleições envolvendo estes dois partidos.
Recomendamos a leitura desta postagem - que envolvem nomes da história regional - dentro deste período histórico - Clicar sobre - Elesbão Pinto da Luz - Comissário de Polícia de Blumenau - fuzilado na Fortaleza de Santa Cruz de Anhatomirim
O ato da troca de nomes da cidade aconteceu no ano de 1894 - durante o governo republicano estadual - primo de Elesbão Pinto da Luz - Hercílio Pedro da Luz - que também, residiu em Blumenau.
Nossa Senhora do Desterro - a partir de 1894 - passou a ser chamada, então, de Florianópolis - uma afronta às famílias daqueles que foram assassinados - que não foram poucas. Passaram-se os anos.
No dia 30 de novembro de 1979 - o presidente do Brasil João Baptista Figueiredo quis homenagear os 90 anos da Proclamação da República - na figura do Marechal Floriano Peixoto - colocando uma placa de bronze embaixo da figueira na Praça XV de Novembro - praça da igreja da antiga cidade colonial. O protesto ficou conhecido como "Novembrada".
No dia 30 de novembro de 1979 - o presidente do Brasil João Baptista Figueiredo quis homenagear os 90 anos da Proclamação da República - na figura do Marechal Floriano Peixoto - colocando uma placa de bronze embaixo da figueira na Praça XV de Novembro - praça da igreja da antiga cidade colonial. O protesto ficou conhecido como "Novembrada".
O Presidente do Brasil chegou a ser agredido durante o episódio.
Vimos esta placa mencionada no Museu Cruz e Souza, durante nossa visita em janeiro de 2019 (após 40 anos) e não sentimos vontade de fotografá-la. Até poderíamos ter feito, para ilustrar esta postagem. A placa foi forjada em Brasília, sem o conhecimento dos florianopolitanos e tinha os seguintes dizeres:
Vimos esta placa mencionada no Museu Cruz e Souza, durante nossa visita em janeiro de 2019 (após 40 anos) e não sentimos vontade de fotografá-la. Até poderíamos ter feito, para ilustrar esta postagem. A placa foi forjada em Brasília, sem o conhecimento dos florianopolitanos e tinha os seguintes dizeres:
"Homenagem do presidente João Figueiredo a Marechal Floriano Peixoto no 90° Aniversário da República".
Na época, a placa tinha sido colocada em um pedestal para ser inaugurada pelo presidente e acabou alvo dos manifestantes que a arrancaram e a queimaram em uma fogueira. Depois a jogaram no chão para que fosse massada. Ainda quente, foi carregada por um grupo de manifestantes como um troféu e atirada na porta do Palácio Cruz e Souza - nesta época - a sede do governo catarinense. Hoje o museu o qual visitamos.
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Foto: Banco de Dados/JSC |
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Figueira na Praça XV de Novembro - janeiro de 2019. |
Na época, o Major da Polícia Militar Nilo Marques de Medeiros Filho - responsável pela segurança do local naquela manhã, juntou a placa danificada na porta do palácio e a guardou na Casa Militar, onde permaneceu até 1983, quando este pediu permissão para continuar a guardar a relíquia histórica em sua residencia. Nilo temia que esta sumisse e assim muitos consideram - que a placa sumiu.
Em 1995, quando houve o "julgamento histórico" do Marechal Floriano Peixoto na Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC, o então Coronel da reserva - Nilo Marques de Medeiros Filho, apresentou a placa como "prova do crime" contra Floriano Peixoto.
Foi muito bom conhecer esta história e saber que esta placa está no acervo do Museu do Palácio Cruz e Souza. Lamentamos, agora, não tê-la fotografado.
Foi muito bom conhecer esta história e saber que esta placa está no acervo do Museu do Palácio Cruz e Souza. Lamentamos, agora, não tê-la fotografado.
No dia 23 de novembro de 2009, durante a Programação de celebração do 30° aniversário da Novembrada, a placa foi entregue por Nilo Marques de Medeiros Filho, durante uma sessão solene na Câmara de Vereadores da cidade - para compor o acervo do museu.
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Nilo Marques guardou a placa símbolo da Novembrada - Foto de Julio Cavalheiro |
As imagens comunicam...
Mercado publico
O Mercado Público de Florianópolis foi construído ao lado da antiga Alfândega, no ano de 1899, em substituição ao antigo mercado que existia no Largo da Matriz.
Antes disto - para se comercializar o peixe e outros produtos - resultado do trabalho da maioria que residia em Nossa Senhora do Desterro, apresentava muitos problemas. Os produtos eram expostos na praia, sobre a areia - ao ar livre. Posteriormente, foram erguidas bancas, também ao ar livre para a exposição deste.

Em 1838, surgiram as primeiras idéias para construção de mercado público. Em março de 1848, através de um decreto, o presidente da Província foi autorizado a “edificar nas marinhas em frente à Igreja Matriz da Cidade do Desterro uma Praça de Mercado, seguindo a planta que acompanha a presente lei”.
A planta, criada pelo 1° Tenente Eng. João de Souza Melo e Alvim, foi aprovada em substituição ao projeto dos três barracões do Vereador Antônio Francisco de Faria.
A planta, criada pelo 1° Tenente Eng. João de Souza Melo e Alvim, foi aprovada em substituição ao projeto dos três barracões do Vereador Antônio Francisco de Faria.
A construção durou três anos e foi inaugurada em 1851. Neste tempo, a Colônia Blumenau tinha um ano este foi o mercado que os imigrantes alemães, que tinham destino para o Vale do Itajaí, conheceram - A locomoção naquela época era feito pelo mar e pelos rio, através da navegação.
Este Mercado funcionou por 45 anos, até que no ano de 1899, foi demolido, após a construção do "novo" e atual Mercado Público a beira mar - junto à Rua Conselheiro Mafra.
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Mar e Rua Conselheiro Mafra |
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Ancoradouro junto ao Mercado Público |
O espaço do novo Mercado Público tinha o mesmo programa de necessidades, comercializar produtos extraído da região para as pessoas, não somente de Nossa Senhora de Desterro, mas de todas as nucleações do entorno e até, de outras cidades da costa catarinense. Alguns blumenauenses trabalharam neste mercado e os apontamos em nossos textos e pesquisas, como também pessoas de nucleações urbanas do continente - da região do entorno, com as colonias alemãs do vale do Cubatão. No vão interno era local de trânsito e não de espaço comercial como o é atualmente - de maneira coberta.

O mercado, como em toda a cidade de origem portuguesa, foi o espaço do pescado e de produtos de primeira necessidade, cerâmicas, frutas, verduras, secos e molhados, entre outras. No mercado de Nossa Senhora do Desterro tinham, também, muitas lojas de calçados, utensílios domésticos, frutarias e verdureiras e muitas peixarias. Talvez uma ou outro ponto para vender lanches e caldo de cana. Isto tudo com preços bem populares e acessíveis - lugar das pessoas do povo - desde o pescador até o pequeno agricultor. O comércio geralmente era feito entre o produtor e o consumidor - desprovido de "atravessador".
Após o incêndio - com os preço oferecidos, o local deixou de ser popular e o produto comercializado é outro, contando neste momento- também com a presença do atravessador ou dos. A ala central foi coberta e deixou de ser espaço de circulação, mas - resgatou uma característica de grandes shopping's - a grande praça de alimentação. Surgiram points como um bistrô - onde quem pode pagar - se reúne e consome - para o empresário que adquiriu o direito e não mais o pequeno produtor de outrora.
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Ala Central - sem o trânsito - coberta para a "Praça de alimentação " atendendo ao novo uso do tradicional espaço do Mercado Público de Nossa Senhora do Desterro. |
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Ala Central - sem o trânsito - coberta para a "Praça de alimentação " atendendo ao novo uso do tradicional espaço do Mercado Público de Nossa Senhora do Desterro. |







Rua Conselheiro Mafra
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Rua Conselheiro Mafra - seu entorno alterado na década de 1970. Observar - que sem o mercado - as mercadorias eram expostas na areia da praia. |
Antiga rua do comércio à beira mar - por onde chegavam as embarcações de visitantes da região, de outras regiões e da Europa.
Quando foi feito o aterro da Baia Sul - Conhecido Parque Metropolitano Francisco Dias Velho e simultaneamente a construção da Ponte Colombo Salles, parte do projeto do paisagista Burle Marx - década de 1970 - a histórica rua sofreu grande impacto paisagístico e paulatinamente - em sua arquitetura histórica presente no casario tão característico nas cidades fundadas por imigrantes portugueses. O lamentável disto tudo, é que houve este reveses na paisagem da cidade a partir da implantação do monumental projeto e o parque em questão não existe mais. Sua área, em sua grande maioria, está sendo usada para "depósito" de automóveis. Também lembramos que o centro antigo ficou sem a vista do mar - tão forte e importante para as práticas da cidade, em décadas anteriores - enquanto espaço de cidade.
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Rua Conselheiro Mafra - junto ao mar - onde se comercializavam os produtos locais - seu entorno alterado na década de 1970. |
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Projeto de Burle Marx |



Rua (Calçadão) Felipe Schmidt - Paralela à Rua Conselheiro Mafra
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Igreja São Francisco |


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Turistas e Guia - mostrando a "Ilha da Magia" - que quase não existe mais. |

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Praça XV de Novembro - Historicamente - a praça da Igreja e até onde chegava o mar. |
Palácio Cruz e Souza ou antigo Palácio Rosado

É lamentável que este edifício histórico de Nossa Senhora do Desterro não esteja sendo usado para aquilo que foi edificado - sede, ou parte da sede do governo do Estado de Santa Catarina. Atualmente, desde 1986, é a sede do Museu Histórico de Santa Catarina. De acordo com informações que recebemos no local - a administração do museu vem tendo dificuldades para manter-se a partir de estreito orçamento, e sabemos que é fácil iniciar o processo de degradação - uma vez iniciado.
Sua história...
Sua história...
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Tomada de Nossa Senhora de Desterro - século XVIII pelos espanhóis. |
Brigadeiro José da Silva Paes |
A Ilha de Santa Catarina foi invadida pelos espanhóis liderados por Pedro de Caballos e foi retomada pelos portugueses novamente, após a invasão portuguesa liderada brigadeiro português José da Silva Paes, nascido em Lisboa - era engenheiro militar. Tomando a Ilha de Santa Catarina, Paes se auto proclamou governador da Capitania entre os anos de 1739 e 1745.
Neste período - fez de seus feitos de governo, a construção de fortes para promover a defesa
da Ilha de Santa Catarina. São eles: ao norte - Fortaleza de São José da Ponta Grossa,
Fortaleza de Santa Cruz de Anhatomirim e Fortaleza de Santo Antônio de Ratones; ao sul: Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição de Araçatuba. Visitamos em janeiro de 2019 - Fortaleza de São José da Ponta Grossa - apresentada em postagem exclusiva - posteriormente.
Também - neste tempo de seu governo - foi construído junto à praça da Igreja - na época conhecida como praça Vila de Desterro (Até esta mudou de nome - em função da Proclamação da República - desrespeito à história local) a sua sede de governo - um edifício de três seções e dois pavimentos para ser a sede de seu governo - a "Casa do Governo".
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Século XIX |
O Palácio foi submetido a diversas reformas, talvez por isto a característica eclética de sua arquitetura - munida de grande decorativismo sobre a volumetria com características do classicismo. A reforma ocorrida entre os anos de 1894 e 1898 é responsável pela forma atual do Palácio - reforma feita no governo do republicano Hercílio Luz, onde perdeu as características coloniais originais e assumiu a nova linguagem para a época - linguagem eclética, como já mencionada. Durante nossa visita ao museu que ocupa os espaços do antigo Palácio - percebemos fortes indícios da cultura dos imigrantes alemães, como também objetos usados por estes - na Colônia Blumenau.
O fato de Hercílio Luz, antes de ser governado do estado, residir 3 anos em Blumenau - como Chefe da Comissão de Terras - indicado por Lauro Müller - em 1891 - explica esta interferência na sede do governo do Estado de Santa Catarina. É claro, que nesta época viviam em Nossa Senhora do Desterro, inúmeras famílias alemãs e também outras, com contatos estreitos, com a Colônia Blumenau, como é o caso do ex sócio de Hermann Blumenau - e que não não teve boas experiencias nesta sociedade - Ferdinand Ernst Friedrich Hackradt, tio de Carl Hoepcke, que residiu na Colônia Blumenau como colono e, depois, atendendo o chamado do tio, mudou-se para Nossa Senhora do Desterro, onde construiu um império, abrangendo vários ramos, sendo um deles, a industria naval - construção de navios.
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Máquina de música alemã - com disco furado - técnica da caixinha de música |
No palácio, também, foram decididos destinos e debatidos assuntos sobre a
Revolução Federalista, nome dado ao descontamento da população local as quais eram contra o golpe militar denominado "Proclamação da República". Houve resistência local e em 1891, líderes locais se posicionaram contra a política de Floriano Peixoto em Santa
Catarina, vice-presidente da república em exercício no Brasil.
O nome emprestado ao palácio em 1979 - é uma homenagem ao poeta simbolista Cruz e Souza.
Observando o Palácio Cruz e Souza, é rico em detalhes. Logo no hall de entrada - não usado atualmente - por questões de segurança (Acesso pelos fundos) há uma majestosa escadaria, balaustrada e com balcões de mármore de Carrara, peças trabalhadas na Itália.

O Palácio foi tombado pelo estado e pelo município e deixou de
sediar o gabinete do governador do estado no ano de 1984 - preocupante. Lembramos do Cine Theatro de Tijucas - igualmente tombado e recuperado com dinheiro público e atualmente, se encontra em ruínas.
O tombamento do Palácio Cruz e Souza aconteceu sob o
Decreto nº 21.326 do dia 26 de janeiro de 1984.
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Estrutura do assoalho - falquejada |
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Teto do Hall |



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Machetaria no piso - ricamente adornado com muito tipos de madeira artisticamente trabalho. |
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Detalhes decorativos do forro artisticamente feitos em estuque. |
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Lustre do saguão do segundo piso |
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Catedral metropolitana vista da janela do Palácio |

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Decorativismo em estuque do teto |

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Machetaria do piso do segundo andar. |

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Mapa do Século XVI desenhado por um alemão onde está os principais rios e a Ilha de Santa Catarina - Sul do Brasil. com anotações no idioma alemão. |

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Detalhes decorativos - em estuque do teto - ricamente adornado. |
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Foto de um quadro que retrata Nossa senhora do Desterro do Século XIX -Vista do Morro da Cruz. |
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Praça XV de Novembro - antiga Praça do Desterro - fotografada da janela do Palácio. |

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Praça XV de Novembro - antiga Praça do Desterro - fotografada da janela do Palácio. |
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Aos fundos - o retrato de quem fez a última grande reforma - denotando o caráter eclético à arquitetura - Hercílio Pedro da Luz. |
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Ricos detalhes em estuque no teto de uma das grandes salas do andar superior. Brasão do Estado de Santa Catarina em relevo. |
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Sala de música |
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De uma das janelas - vista para o mar, que chegava até a praça - XV de Novembro. Bloqueada por um edifício histórico. |
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Anita e Garibalde |





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Tanembaum - pinheiro plantado pela famílias alemãs no Vale do Itajaí - no jardim do Palácio do Planalto |


Primeiros povos que residiam na Ilha de Santa Catarina eram os Tupis Guaranis e durante nossa volta em Nossa senhora do Desterro - novamente nos deparamos com descendentes de famílias indígenas locais que tentam conquistar seu espaço na cidade. como qualquer outra etnias e fazer seu trabalho e praticar suas práticas colurais.
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Praça XV de Novembro - antiga praça do Desterro - praça da igreja - até onde chegava o mar. |

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Entre Palácio Cruz e Souza e a Praça XV de Novembro - Frente da Catedral Metropolitana |


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No átrio central - grande vitral Art Decó - junto a monumental escadaria - entre a sala de jantar e o átrio. |


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Paredes internas em manutenção. |







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Governador Gustav Richard |
Leituras Complementares - Para ler - Clicar sobre o título escolhido:
- Uma voltinha em Nossa Senhora do Desterro...
- Um simbolo - A ligação entre dois extremos no Estado de Santa Catarina - a Figueira
- Leopold Franz Hoeschl - 1° Cônsul Honorário do Império Austro-Húngaro na Colônia Blumenau
- Arquitetura Açoriana - Ilhas de Anhatomirim e de Ratones - Florianópolis 1995
- 1884 - Eleições para Assembléia Nacional e nomes da Colônia Blumenau
- Livro de Franklin Cascaes é relançado em volume único pela EdUFSC
- Cine Theatro Manoel Cruz - Tijucas
- O Aterro da Baía Sul em Florianópolis: Aspectos morfológicos de um patrimônio moderno introduzido.
- Carl Franz Albert Hoepcke - Uma personalidade da História Catarinense
- Arquitetura Religiosa - Igreja São Francisco da Penitência - Nossa Senhora do Desterro
Em Construção...
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