terça-feira, 5 de julho de 2022

Igreja Matriz de São José SC - Arquitetura Religiosa do Século XVIII

Igreja Matriz de São José SC 
Apresentaremos uma igreja do século XVIII localizada em Santa Catarina, que de acordo com o Arquiteto Hans Broos, estado que apresenta uma variedade de influências sociais e culturais, caracterizando 6 diferente regiões a partir da construção de suas igrejas, as quais tem relação direta, sob o aspecto antropológico, com a nacionalidade e cultura predominante da sociedade vigente e que desenvolveu os locais destas determinadas áreas. Broos citou as regiões com igrejas: 1 -(Litoral)Vicentinas, açoriana e madeirenses; 2 - (Parte do Vale do Itajaí e Serra) imigrantes alemães e italianos; 3 - (Alto Vale do Itajaí e Serra) expansão das populações 1 e 2; 4 - (Serra) Paulistas; 5 - (Norte - caminho das tropas)Paulistas e imigrantes alemães e 6 - (Oeste) expansão dos imigrantes alemães e italianos do Rio Grande do Sul.

Uma pequena introdução para esclarecer a importância da arquitetura religiosa, que reflete muito das práticas de uma sociedade dentro de um recorte de tempo,
São José da Terra Firme - atual cidade de São José - século XX.
para a compreensão desta mesma
sociedade. 
Apresentaremos a História e Arquitetura da igreja matriz de São José da Terra Firme, localizada no litoral, na grande Florianópolis - conhecida cidade de São José, onde foi, simultaneamente, parte do caminho dos tropeiros e viajantes oriundos da Serra Catarinense.

Rede de caminhos firmado no século XIX, incluindo a serra catarinense, antes acessada somente pelo caminho que passava em São José da Terra Firme. Lideranças da Colônia Blumenau ampliaram esta malha, através do Alto Vale, onde estava a divisa entre Blumenau e Palhoça, antigo território de São José da Terra Firma. Mapa de Emil Odebrecht ilustrando os caminhos do estado de Santa Catarina na segunda metade do século XIX.
A história completa de São José da Terre Firme pode ser conferida no link: São José da Terra Firme - Atual São José SC

Arquitetura Religiosa do litoral de Santa Catarina

A arquitetura religiosa (Igreja Católica Romana) no litoral do estado de Santa Catarina, como também no litoral do Brasil, tinha relação com Portugal e à coroa portuguesa. A igreja também assumia o papel de Estado nas sociedades coloniais locais. É interessante e aconteceu muito em Santa Catarina, o fato de que as concessões de licença para construir uma nova igreja (curato) que estava relacionado com o surgimento do embrião de uma nova cidade (como surgiu Itajaí e outras) deveriam ter autorização dada pela coroa portuguesa ou, pelo Império Brasileiro, cujas representações estavam no Rio de Janeiro - capital do Brasil em um determinado período histórico. O ato de emitir uma concessão para construir uma nova igreja envolvia muita burocracia, critérios observados e ações pautadas sob a ótica econômica e política.
Em Nossa Senhora do Desterro, por exemplo, Francisco Dias Velho, em torno de 1673, funda o embrião da nucleação urbana através da concessão adquirida para a construção  da Capela de Nossa Senhora do Desterro, desenvolvendo a vila no seu entorno. Até o século XVIII, a população da vila em torno da capela construída pelo bandeirante paulista Dias Velho, com o perfil de uma vila de pescadores, era habitada por aproximadamente 20 famílias, formada por pessoas que foram ex: náufragos, desertores, contrabandistas de madeiras, ex integrantes  das primeiras expedições portuguesas e espanholas ao Sul do Brasil. 

Em 1727, frei Agostino da Trindade solicita à coroa a nomeação de um vigário para Ilha de Santa Catarina e, em 1728, o pedido foi concedido, surgindo assim a paróquia do Desterro. Justamente nessa época, a Coroa inicia um movimento de colonização que afeta o povoamento da Ilha: “Após a instalação da paróquia de Nossa Senhora do Desterro, a Coroa Portuguesa sentiu necessidade de reforçar o povoamento dos territórios do Brasil meridional, dentro da sua política do “uti possidetis”. (PIAZZA, 1977, p. 56 )

Brigadeiro José da Silva Paes
Em
1738, o Brigadeiro José da Silva Paes, inicia o processo de colonização portuguesa com a chegada de casais açorianos, quando, também, inicia a construção das fortificações: Santa Cruz de Anhatomirim (1738), São José de Ponta Grossa (1740), Santo Antonio de Ratones (1740) e Nossa Senhora da Conceição em Araçatuba (1742), como triângulo defensivo contra as invasões do Brasil meridional. Link no final desta postagem.  A partir de 1750, por ordem do Conselho Ultramarino, algumas destas fortificações, como a de São José e Santa Cruz, adicionaram capelas às suas construções, mesmo que não contassem com capelão. Com a chegada dos açorianos, a partir de 1748, a vida religiosa nesta parte do litoral catarinense começou a se desenvolver e a coroa portuguesa começa a construir novas igrejas para atender esta demanda maior de fiéis. 
Interior da Capela São José - localizada na fortificação Ponta Grossa - Ilha Santa Catarina - antiga Nossa Senhora do Desterro. Técnica construtiva autoportante em pedra


Em
17 de julho de 1748 se inicia a construção da
 Matriz do Desterro e com a chegada dos migrantes açorianos, também surge as irmandades e as freguesias, como: freguesia de Nossa Senhora das Necessidades, por provisão de 27 de abril de 1750, de Nossa Senhora da Conceição da Lagoa, por Provisão de 19 de junho de 1750, a freguesia, como Nossa Senhora da Lapa do Ribeirão, São Francisco de Paula de Canavieiras, S.João Batista do Rio Vermelho e a freguesia de São José de Terra Firme em 1750, quando a primeira capela foi inaugurada por volta de 1755, construída em taipa. A comunidade de São José recebeu auxílio financeiro do Imperador Dom Pedro II e da Imperatriz Teresa Cristina durante a visita imperial a São José, em 1845, permitindo assim as melhorias da igreja, então a terceira, que teve sua torre desabada no ano seguinte.
As freguesias de São José da Terra Firme e Nossa Senhora de Desterro e outras comunidades na Ilha de Santa Catarina surgiram mais ou menos dentro do mesmo período histórico. DENDIA em sua pesquisa mostra a ordem de surgimento das mesmas: em 1715, foi criada a freguesia de Nossa Senhora do Desterro, que tinha como capelas filiais a Catedral, a Igreja do Menino Deus, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito e a Igreja de São Francisco. Em 1750, nasce a freguesia de Nossa Senhora das Necessidades, sendo edificada, em 1755, a sua Igreja matriz. Ainda em 1750, surge a freguesia de Nossa Senhora da Conceição da Lagoa e, em 1751, foi encaminhada a Portugal a planta da Capela. Também em 1750, surge a primeira capela de São João Batista do Rio Vermelho, iniciando-se o povoamento dessa freguesia com a chegada dos açorianos em 1748 e também, em 1850 surge a freguesia de São José da Terra Firme, na região continental, sendo sua primeira capela inaugurada por volta de 1755.
Nossa Senhora do Desterro no ano de 1845. Foto de um quadro pendurado em uma das paredes do Museu Cruz e Souza.




Igreja Matriz de São José
Como já mencionado, em uma postagem exclusiva sobre a história de São José da Terra Firme, em 1750 chegaram um grupo de  182 casais açorianos  - fundando em 26 de outubro de 1750, a nucleação embrião de São José da Terra Firme. No final de 1750, a população da nucleação de São José da Terra Firme era de 338 pessoas. Em 1755 a localidade tinha um vigário, o Padre José Antônio da Silveira, tornando  a nucleação apta a assumir o status de Freguesia. Seu território ocupava a área existente entre Lages e Estreito - área continental de Nossa Senhora do Desterro e que também já pertencia a São José da Terra Firme. Em 1787, o Vice-rei Luís de Vasconcelos e Sousa determinou que o governador da província, José Pereira Pinto, convocasse o alferes Antônio José da Costa, para fazer o reconhecimento da terra para a construção de um caminho ligando a Serra Catarinense. Com a existência deste caminho São José estava parte de uma rota muito importante para o comércio - em Santa Catarina, inclusive interligado ao Vale do Itajaí, por terra também. Desenvolvimento.
Pousada de tropas, no caminho para Lages. Fotografia de Dr. Phil Wetstein - publicada em seu livro - início do século XX. Engenheiro da Cia Hanseática.



A Igreja 

Os jesuítas chegaram ao Brasil em 1549 e trouxeram consigo as técnicas construtivas usadas nas construções de colégios, igrejas e de povoações inteiras, com foco na catequização da população nativa local. Inicialmente a arquitetura religiosa era formada por construções simples de taipa e partir desta técnica, evoluiu para a construções de edifícios maiores e mais robustos feitos com alvenaria autoportante de pedras, por exemplo. A evolução da arquitetura religiosa dos Jesuítas coincide com o surgimento do Barroco, consequência das atividades doutrinadoras  das escolas jesuíticas surgidas para neutralizar as ações da Reforma - conhecido como Contra-reforma. Com isto surgiram as igrejas barrocas dentro desta evolução da arquitetura religiosa no litoral brasileiro e no interior onde ocorreu o crescimento do comércio de açúcar e a mineração do ouro, como nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco. Consequentemente, ocorre o processo de barroquização, também, em Portugal, destino predominante do ouro extraído do Brasil. DENDIA, em sua pesquisa descreve elementos característicos do barroco (brasileiro) representados nas fachadas das igrejas da época colonial. Até o século XVIII, as características do barroco eram: frontispício sem torre, volutas que se desenvolvem livremente, ou que transbordam por sobre as torres. A cobertura das torres era feita com tijolos com acabamento natural caiado, ou com pedra e cal. 
Fonte: DENDIA, 2008. A Torre da Igreja Matriz de São José é semelhantes a figura "e."
A partir do século XVIII surge detalhes na empena, elemento retirado do estilo clássico e que caracteriza as igrejas jesuíticas brasileiras (j) e também é encontrado na Igreja Matriz de São José.  
Igreja Matriz de São José.
Só que este frontão da Igreja Matriz de São José tem um decorativismo sobre ele que demarca a presença do elemento de transição entre a forma regular e a forma livre barroca, as volutas rampantes sobrepostas ao clássico frontão primitivo conforme as construções do século XVIII, o que é o caso.
Desenho de José Cipriano da Silva. Decorativismo barroco sobre o frontão
A expressão e características barrocas no litoral de Santa Catarina, como também, na Igreja Matriz de São José,  eram mais modestas, sem ouro. Desenvolvendo-se a talha barroca no interior, nos retábulos e altares, deixando para o exterior, a simplicidade e a austeridade nas fachadas e volumes, diferente da maioria das igrejas barrocas mineiras, por exemplo.
No interior da Igreja Matriz de São José percebemos que o decorativismo mudou, como também a pintura, ao longo de seus séculos de história. Existe uma mix de elementos do barroco com predominância clássica, neoclássico - tendo como resultado um ambiente eclético. Exemplo, arabescos barroco ao lado de uma colunata decorativa com capitéis clássicos desprovido de qualquer "movimento" inerente ao barroco. As cores foram modificadas no último restauro terminado em 2014.


Ainda de acordo com DENDIA, a colonização do Brasil, por parte de Portugal, trouxe consigo a adoção de técnicas e utilização de materiais de construção portugueses, contribuindo para o surgimento da arquitetura luso-brasileira, a qual, mesmo que baseada na maneira de construir portuguesa, é resultado de sua adequação às condições e materiais locais. Esta arquitetura remete ao período de 1534 a 1889, período dentro do qual foi construída a matriz josefense.
A Cúpula tipo "cebola",composta com a presença de pináculos, localizados cada um dos cantos da torre. A cúpula original apresenta óculos como usado na arquitetura francesa. A torre da Igreja Matriz foi reformada em 1908 e nesta data pode ter sido modificada sob a influência da arquitetura alemã, cuja população de  migrantes e descenderes era considerável no local.
Uma das principais característica da identidade cultural da Baviera, quase como a Lederhose (calça característica de couro) e a Salsicha branca - Weisswurst, é o Zwiebelturm - telhado de "cebola".´Também são encontrados na Áustria e no Sul do Tirol italiano - região católica - Este tipo de telhado/Cúpula é uma das características arquitetônicas do barroco alemão.


O livro sobre a evolução do enxaimel.
Lemos (1989) e DENDIA afirmam que as primeiras construções da colônia recém descoberta adotavam as técnicas construtivas dos indígenas: ranchos de palha, de folhas de coqueiro e estrutura de paus roliços retirados do terreno imediato. Evoluiu para a taipa que fazia uso de telhados cobertos com palha, que em uma etapa seguinte fez uso de telha cerâmicas. Vemos certa similaridade com a ocupação no Vale do Itajaí, séculos depois e isto não tem nada a ver com a "evolução" propriamente dita, mas com a arquitetura vernacular, fazendo uso de materiais retirados do entorno, por ausência de outro material tecnicamente mais evoluído. Todas estas etapas de construir, também foram vivenciados na Europa, de maneira similar. Temos este apontamento detalhado no livro "Fachwerk - A Técnica Construtiva Enxaimel". Podemos até mesmo classificar os períodos, em cada região, onde ocorre o início do povoamento. E lembramos que a taipa, não é uma técnica inerente somente às práticas dos povos nativos do Brasil. Na Europa, em outros períodos históricos e dentro de suas classificações também foi adotada. Diríamos que é uma readequação.
Casa temporária construída pelo imigrante alemão - Joinville - Século XIX.
Casa Odebrecht em Südarm - Atual Rio do Sul - Início do século XX.
Casas no Período Neolítico - Alemanha - Presença de taipa. Embrião da casa construída com a estrutura enxaimel.



Dando sequencia à forma de construir e às técnicas adotadas, depois de melhores fixados, com o desenvolvimento do comércio e a disponibilidade de mão de obra, a partir do século XVI, foi adotado a técnica construtiva autoportante de pedras - a técnica de cantaria, onde dentro do Império Romano, se desenvolveu como técnica e foi propagada em toda a Europa, interferindo até mesmo, na técnica construtiva estruturada em madeira, fazendo surgir a edificação mista. É claro, que também chegou em Portugal, lembrando que em cada região, esta se desenvolveu e foi adequada ao local, de maneira diferente. 
Chegaram na costa de Santa Catarina, os pedreiros, profissional que trabalhou, com domínio, com a pedra, nas construções.  Este foram atraídos para realizar as construções militares, religiosas e civis do litoral.
Arquitetura militar autoportante em pedra. Forte São José de Ponta Grossa - Florianópolis SC - 1980.


A maioria dos projetos eram oriundos de Portugal, com suas plantas, e até mesmo material como um determinado tipo de pedra, conhecida como  "lioz", que era cortada, numerada e colada como lastro nos navios que saiam da metrópole rumo ao Brasil.
Nos primeiros tempos, o uso da pedra em Santa Catarina era rudimentar, pois não existia muita mão-de-obra especializada para a utilização da técnica. No início do século XVIII, o uso da pedra era feita somente nas igrejas e nas obras do governo. 
As paredes eram executadas em camadas horizontais de pedras irregulares, as quais eram posteriormente assentadas, rejuntadas e revestidas com argamassa de cal. Os espaços livres eram preenchidos por pedras menores, pedaços de tijolos ou cacos de telhas que serviam para calçar as pedras e diminuir a espessura do reboco final de acabamento. O uso do tijolo dependia da existência do barro, explicando o material dominante usado na Igreja de São José. Nas encostas dos locais mais elevados das povoações, existia alguma coisa em argila vermelha que posteriormente foi utilizada para a fabricação de tijolos. Nos primeiros tempos da colonização, os tijolos eram conseguidos através de uma mistura de argila, areia e fibras vegetais. No final do século XVIII, já existia boas olarias e apresentando um produto de melhor qualidade usados em todos os tipos de construções. O tijolo permitiu o decorativismo formal dos estilos da arquitetura pretendida, como no caso da igreja, no emprego de verga e contraverga nas aberturas, surgimento dos cunhais e as clássicas cimalhas nas fachadas.



Esta torre pode ter sido modificada na reforma de 1908.
 Influencia do barroco alemão. Torre tipo "cebola" do sul da Alemanha
.
A Comunidade de São José da Terra Firme se desenvolveu mais ainda, após a abertura da estrada que ligava Nossa Senhora do Desterro à Serra catarinense - criando um entroncamento com o caminhos das tropas, tornando o local um grande centro de comércio. 
As construções da época eram realizadas por pedreiros, carpinteiros e suas equipes. Também participavam da construção das igrejas: os soldados, índios e também escravos. 
Esta igreja que está na paisagem da cidade de São José atual, é sua terceira igreja construída no local, ainda durante o Brasil Império, inaugurada em 1765. É uma das mais antigas edificações do município. Antes desta igreja, foi construída uma primeira - capelinha de taipa, construída quando a paróquia foi instalada em 26 de outubro de 1750 e que foi demolida, após 1765, para ceder lugar à segunda igreja, que recebeu três contos de réis do imperador D. Pedro II quando, em 1845, visitou São José. No ano seguinte, parte da igreja desabou. Na construção da atual, a partir de 1848, foi preservado o presbitério e a dimensão do corpo principal da antiga igreja. Em 1853, ela já estava coberta com telhas coloniais postas em estrutura de madeira e com o seu teto, forrado. 
Presbitério com cores totalmente modificadas em sua última reforma entregue em 2014. Este telão na sua frente impacta com o espaço histórico. Poderia ser algo móvel, aparente somente no horário que é necessário.

Presbitério sem a visão do telão.
Os elementos  arquitetônicos da centenária igreja apresenta semelhanças com outras existentes na região, como cobertura, volumetria e planta. A igreja matriz de São José conserva os sólidos alicerces, paredes em pedra e cal, com até 1,45 metro de espessura.  Já sofreu inúmeras reformas e  trabalhos de manutenção. 
Em 1908, reformou-se a torre. Aparentemente, nesta reforma foi modificada o estilo da cúpula original, recebendo influência do barroco do Sul da Alemanha. Entre 1968 e 1969, em uma obra maior, foram cobertas as pinturas murais internas com cores homogêneas  claras. 
Em 1936, trocaram as telhas coloniais tipo  telha capa e canal, uma das características da arquitetura colonial portuguesa, por telha francesa, descaracterizando o patrimônio cultural. Em 1988, a igreja passou por mais obras.  De 2009 até 2014 - após cinco anos de  trabalhos de restauração, a Igreja Matriz de São José foi reinaugurada em 30 de maio de 2014. Vimos a igreja antes e depois, e mudou muito, principalmente na parte interna - cores. Perdeu alguma referência.
Algumas imagens da Igreja Matriz externas, quando ainda se encontrava em reforma em 2014.
Cúpula da torre modificada em 1908. Influência do barroco alemão.

Praça Hercílio Luz.

Com tapumes - em obras.

Detalhes sobre o frontão.

Nova abóboda com influência da arquitetura religiosa barroca do Sul da Alemanha. Imigrantes alemães chegaram em São José no início do século XIX.

Telhas francesas destoam da originalidade da arquitetura. Arquitetura colonial portuguesa não usava este tipo de telha, mas sim capri canal.



Frontão sobre a porta principal, que é munida do elemento conhecido como "corta vento". Isso evitava que o vento apagasse as velas, ficando a porta da igreja aberta.

Elemento em ferro - cruz sobre o ponto mais alto do Frontão.

Elementos decorativos do barroco sobre o frontão e a cúpula, com influência do barroco alemão do Sul da Alemanha -  modificada  em 1908. 

Visualmente, apresenta o acesso principal demarcada com a presença de um adro pavimentado com paralelepípedos cercados com balaustres. A fachada principal traz imponente portada, de ombreiras salientes e sobreverga triangular, complementada pela presença do óculo e o frontão - elementos clássicos adotados pelo barroco, que usava a "base"clássica para seu decorativismo e o rebuscamento do elementos decorativos, o que qual confunde muitos denominando a linguagem de neoclássica que somente aconteceu no final do século XIX e início do XX e não no século XVIII, como é o caso desta igreja
Elementos clássicos - base para  o decorativismo barroco. A obra de restauro/reforma foi entregue em 2014. 
O frontão é um elemento decorativo, como as cimalhas e adornos no campanário/torre, que se resume somente em um e está localizado no lado esquerda da fachada frontal. Na torre única, quadrangular, elevada em três lances, coroada pela cúpula, assentada, sobre um globo, a grimpa, em forma de galo. Estes elementos não são originais como demonstra as imagens de décadas passadas. Também há os volumes das capelas laterais e a sacristia, o jogo de telhados indica a nave e a capela-mor.
Torre modificada na reforma de 1908. Perdeu características da arquitetura francesa - óculos e recebeu a cúpula tipo cebola - barroco alemão do sul da Alemanha. Influência dos migrantes alemães que chegaram ao local no início do século XIX.



A
pintura original deveria ser, como era feita em todas as igrejas da região neste recorte de tempo histórico de sua construção - século XVIII, com caiação branca, feita com água e cal de conchas. A vantagem deste tipo de revestimento - ao contrário dos revestimentos atuais, é que permitia que as alvenarias transpirassem, favorecendo a saída de umidade do seu interior e refletindo à luz do sol, diminuindo a absorção de calor pelo edifício. Nos interiores das construções eram realizadas pinturas murais artísticas. Desta igreja foram tampadas em uma das reformas. 
De acordo com DENDIA, existiam três tipos de profissionais pintores: o pintor, o caiador e o artista. O pintor pintava as paredes internas e externas das edificações, fazendo um acabamento decorativo; o caiador aplicava o leite da cal e o artista elaborava as pinturas murais nas paredes. Os materiais de acabamento eram importados. O vidro, o ferro e as ferragens, em geral, eram oriundas de Portugal e chegava à região via transporte marítimo, muito comum não somente em viagens à Europa, mas entre regiões do litoral de Santa Catarina.
O primeiro pároco da Paróquia de São José foi o Padre José Antônio da Silveira, no tempo da primeira igreja local, construída em taipa, que foi substituída pela segunda - construída em madeira.
A Matriz de São José é um monumento tombado pelo decreto estadual nº 2.989/1998 - FCC – Fundação Catarinense de Cultura sob o nome: Igreja Matriz de São José.
Localização: R. Irineu Comelli, nº 225 – Centro Histórico – São José-SC
Número do Processo: Nº 111/98
Com isto, compõe o conjunto urbanístico e histórico - formado junto com a Praça Hercílio Luz e com a antiga Casa de Câmara e Cadeia - espaço típico da colonização portuguesa.
 
Arquitetura preservada. História local para todos.

A pintura de Cipriano exibe uma visão plena, sem a obstrução das árvores, baseada em foto antiga, presente no livro de Gilberto Gerlach e Machado
Vídeos
As imagens comunicam - Ano 2022 - Após a reforma de 2014
Casarão Gerlach, onde viveu Gilberto Gerlach e família. construído na metade do século XIX.
x


Volumes da capela lateral e sacristia.


Volume da capela lateral esquerda.


Torre, campanário.

Presbitério - cores modificadas na última reforma.


A presença de marchetaria no piso.

As pinturas murais da igreja original forma cobertos por pintura. O forro de madeira não tinha cor clara. 

Esta tela de projeção impacta muito o ambiente histórico. Deveria ser algo móvel, recolhido fora do horário das missas.







Capela lateral.

Porta lateral.

Forro totalmente branco. No período colonial este elemento arquitetônico, principalmente no barroco, quando não tinha pinturas de motivos evangélicos eram pintados de cores, como azul e verde e nunca na cor branca. conceito atual.



Esta tela de projeção impacta muito o ambiente histórico. Deveria ser algo móvel, recolhido fora do horário das missas.



Julho de 1984. (A porta era azul
 petróleo clarinho)
Julho de 2006. (A porta era cinza)


Julho de 2022.


Um registro para a História!
Sob revisão e em construção...
Referências

  • Arquidiocese de Florianópolis. Igrejas - Paróquia de São José. Disponível em: <https://arquifln.org.br/igrejas/paroquia-de-sao-jose/> Acesso em: 4 de julho de 2022 - 12:15h.
  • DENDIA,  Ruth Cristina Sanabria.  Igrejas Tombadas do Século XVIII em Florianópolis: Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo/ PósARQ, da Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC. Orientador: Prof.Dr. Sérgio Castello Branco Nappi. Florianópolis, 2008. 
  • Aspectos históricos, construtivos e diagnóstico Aspectos históricos, construtivos e diagnóstico cos, construtivos e diagnósticode problemas de problemas de problemas patológicos nas patológicos nassuasfachadas fachadas fachadas.
  • BROOS, H. Construções antigas em Santa Catarina. Florianópolis: Ed. da UFSC , 2002.
  • CAVALCANTI, Carlos. História das Artes: curso elementar. 2. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1968.
  • IPatrimônio. São José - Igreja Matriz. Disponível em <http://www.ipatrimonio.org/sao-jose-igreja-matriz/#!/map=38329&loc=-27.615657000000017,-48.62814499999999,17> Acesso em: 4 de julho de 2022 - 12:18h.
  • LEMOS, C. Historia da casa brasileira. São Paulo: Pinsky, 1989.
  • LIMA D. da R.; MACHADO M.; MACKOWIECK S. As Igrejas e capelas de Florianópolis: Séculos XVIII e XIX. 1994. 350 p.Trabalho de pesquisa- Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), Centro de Artes, Departamento de Artes Visuais (CEART), Santa Catarina,
  • MACHADO, Osni; VEIGA, Eliana. São José - Uma Cidade ImperialFundação Municipal de Cultura. São José, 2014.
  • PIAZZA, W. A igreja em Santa Catarina . Florianópolis 1977. 313 p.
  • Prefeitura de São José. Iconografia – Habitar (Igreja Matriz). 4 de junho de 2021. Disponível em: <https://saojose.sc.gov.br/iconografia-habitar-igreja-matriz/13660/>  - Acesso em: 4 de julho de 2022 - 12:06h. 
  • SILVA, J. C. Igrejas, grande Florianópolis. Ed. José Cipriando da Silva. Florianópolis,2002.
  • SOUZA, A. M. Guia dos bens tombados. Santa Catarina. Rio de Janeiro:Ed. Expressão e Cultura,1992.
  • VASCONCELLOS, S. D. Arquitetura no Brasil. Sistemas construtivos. Belo Horizonte: Ed. Rona, 1979.

Leituras Complementares - Clicar sobre o vídeo escolhido:

Eu sou Angelina Wittmann, Arquiteta e Mestre em Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade.
Contatos:
@angewittmann (Instagram)
@AngelWittmann (Twiter)
















Nenhum comentário:

Postar um comentário