sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

Compositor alemão Norbert Gälle e Alex Gälle - Benedito Novo, Blumenau e Navegantes - Parte IV da Programação - 3ª visita à região

Benedito Novo/SC
Descansados do dia anterior passados em  São Bento do Sul e Pomerode, na manhã de 27 de janeiro de 2025, 10h, fomos até o Hotel Plaza, já em Blumenau, nos encontrar com os Gälle para irmos almoçar em Benedito Novo. O objetivo era de nos encontrar com dois Wandergesellen alemães que, junto com a equipe de Rubens Löwen, da Restaura Enxaimel, que terminavam um trabalho inédito no local onde almoçamos. Construíram um portal sobre uma das cabeceiras de uma pequena ponte de madeira utilizando a técnica construtiva enxaimel, projeto de Löwen. O monumento também tem a função de mirante.
Achamos importante o intercâmbio técnico entre a equipe de construção da técnica construtiva enxaimel brasileira e com técnicos alemães que estudam a mesma e estão em plena formação técnica. O lugar é muito bonito e com isto, imaginávamos que Norbert Gälle e Alex Gälle poderiam presenciar outros tipos de intercâmbios entre Brasil e Alemanha, dentro da área cultural, a construção de uma das técnicas identitária da Alemanha, a técnica construtiva enxaimel, cuja origem do embrião teve início no neolítico na Europa Central.
 F.V.D. Marian Erdweg da cidade alemã Heinsberg, FVD Jonas Schafhausen da cidade alemã de Kanzem e Norbert Gälle se encontraram em Benedito Novo. O FVD Jonas Schafhausen, é músico também e conversou muito com o compositor que também mencionou que aprecia o trabalho com a madeira. O Wendegessellen é da Floresta Negra.


Vamos relembrar (de artigos anteriores) quem são os Wandergesellen

Aprendiz viajante - após sua formação (Tipo de estágio com determinas regras)

Quem diria que os encontraria no Sul do Brasil? Quem nos alertou sobre eles foi  Ivan Blumenschein de Pomerode, em 2016, quando nos alertou sobre a sua existência e também, sobre a presença deles, no caso de Wenzel e Valentin, naquela cidade.
Wenzel e Valentin - em Pomerode - 2016. construíram o "Coração" símbolo da cidade de Pomerode, com a técnica construtiva enxaimel.
A prática e a descrição da viagem do aprendiz errante -  Wandergesellen  na Alemanha, é conhecida por Wanderjahre (ou ainda por Wanderschaft, Walz, Tippelei, jornada da viagem). Esta viagem acontece após o término do aprendizado do seu ofício. O Wanderjahre e os Wandergesellen, tiveram sua origem na Idade Média dentro das guildas e corporações de ofícios. No período final da Idade Média até o Século XVIII - inicio da industrialização - ser um Wandergesellen era um dos pré-requisito obrigatório para a admissão de exame para ser mestre artesão em determinadas guildas, prática introduzida no tempo românico e em uso, principalmente, no período gótico, quando eram oportunamente usados como mão de obra nas construções de igrejas. Era imprescindível comprovar esse tipo de iniciação e estágio através destas viagens, cujo período variaram ao longo dos séculos e dependia do tipo da guilda e do comercio local onde eram praticadas. Nos seus estatutos, independentemente da guilda, as regras eram rígidas, precisas e deveriam ser cumpridas. Os artífices deveriam conhecer novas práticas e técnicas de trabalho, lugares estrangeiros, regiões e países, bem como, ganhar experiência de vida. 
O artesão, ou artífice, dentro da sua tradicional viagem de estágio era chamado de  Wandergesellen - e era aquele que praticava o Wanderjahre - a viagem. Somente após a viagem para locais e lugares diferentes, praticando as atividades de uma determinada guilda, muitas vezes por anos, era que o artesão ou artífice -  Wandergesellen - estava apto para ser um mestre. Para formalizar o estágio, viagem, ou o Wanderjahre, a mesma deveria suas passagens registradas no livro, em cada uma das cidades que passava e também no livro público da cidade. Viajavam até a cidade sede do reinado, ou para o exterior, onde sempre existia a prática artesanal luxuosa, como por exemplo a arte da escultura  e ourivesaria.
Quando  o Wandergesellen chegava em uma nova cidade, analisava as possibilidades, com a ajuda de uma pessoa local, quase sempre ligado a sua guilda, e visitava as oficinas pedindo trabalho. Caso não encontrasse, recebia uma pequena quantia de determinadas guildas e novamente pegava a estrada, não podendo permanecer no local. A ingressão de um jovem no ambiente dos artífices das guildas, em muitos lugares, estavam associado a grupos frequentadores de tabernas, com rodas de bebidas alcoólica e consumo em excesso, algazarras e piadas, isto foi  aconteceu, de pelo menos, até o Século XVIII.
A inscrição do Wandergesellen, após sua chegada à cidade dependia da disponibilidade de uma licença de viajante na guilda local. Quase sempre a liberação dependia de certos mestres, pois havia limitações no número de mestres a serem empregados posteriormente dentro das guildas, ou seja havia um controle na formação a partir da presença dos  Wandergesellen. A rescisão do compromisso/contrato firmado entre Wandergesellen e o local de trabalho, poderia ser efetuado por qualquer uma das partes, sem perda.
Entre os anos de 1730 e 1820, após um longo período de trabalho, mais longo em lugares maiores,  o Wandergesellen recebia um registro da cidade em seu livro - Wanderbuch, comprovando sua estadia a atuação, comprovando as horas de trabalho e seu bom comportamento e assiduidade. 
Sem esse registro no seu Wanderbuch, dificilmente o Wandergesellen poderia encontrar trabalho na próxima cidade. Durante sua estadia, em uma oficina local, era acompanhado atentamente pela corporação local até a sua partida. Se ocorresse a fuga de um Wandergesellen de uma cidade  era, apesar do controle, uma falta, muitas vezes lamentada pelos mestres. Em um local ligada à guilda da cidade existia uma "lousa" onde eram anotados todos os nomes  dos Wandergesellen que passaram na cidade e na guilda - com devidas anotações sobre episódios mais importantes relacionados a este Wandergesellen, inclusive, o nome daqueles que haviam deixado a cidade  - partindo sem as devidas formalidades. O Livro da Guilda, geralmente registravam também, as condições das viagens e da estadia dos Wandergesellen que partiam, como também, registrava as relações de emprego entre os artífices (Wandergesellen) e os mestres. 
Além do salário que recebiam, eram destinadas contribuições para a Gesellenlade - Caixa da Guilda, o sistema hospitalar e para burocracia e determinadas atividades, também de lazer, dos Wandergesellen. As bebidas consumidas durante as reuniões dos Wandergesellen somente eram permitidas com a provação do mestre mais velho da guilda e seus assessores e suas deliberações tinham que ser registradas junto ao mestre anfitrião.

Século XIX

As atividades dos Wandergesellen, no século XIX, dentro das novas corporações formadas nesse tempo, não seguiam mais a tradição anterior com detalhes. O Wandergesellen não viajava mais sozinho e possuía mais um ou dois companheiros mais experientes. 
Os Wandergesellen viajam pelo mundo em busca de trabalho, abrigo e comida. Fonte: MEDRANO.











Isso comprova que  a prática do Wanderjahre  teve mudanças, estas registradas na poesia e na produção musical de Schubert. Atualmente, pouca coisa da tradição original é seguida e conhecida. Principalmente parte daquelas praticadas no período de tempo entre o final do Séculos XVIII e XX. 
As práticas e atividades dos Wandergesellen nas muitas cidades que viajavam, nos diversos recortes de tempo histórico, são materiais para estudos valiosos, que estão registradas não somente no livro pessoal de cada um, mas também nos livros das cidades e nos restaurantes que registravam a passagem dos Wandergesellen
Nestas pesquisas feitas nestes Wanderbuch - livros, vem sendo observados as barreiras linguísticas, de religião e redes de viagens existentes. Também foram e são observados nestes registros, as contribuições que cada lugar recebia ou, cedia, influenciando, através das trocas de informações, técnicas levadas e trazidas pelos Wandergesellen. Registros estes, que foram somente recentemente, cientificamente estudados. Os grandes centros eram o destino preferido das viagens. Restrições legais sobre a prática dos Wandergesellen não entraram em vigor, até o século XIX. 
Houve perdas significativas da prática formais e originais dos Wandergesellen,  durante os Séculos XIX e XX. Parcialmente, as mudanças iniciaram, já no Século XVIII através das reformas comerciais no Sacro Império Romano, como por exemplo, a Portaria Imperial de Ofícios ratificada pelo Imperador Carlos VI, no ano de 1731, que pretendia transformar as propriedades da sociedade em uma sociedade pré-industrial e que não teve muito êxito. Algumas das reformas somente aconteceram, após o fim da Guerra dos Sete Anos - que foi um conjunto de conflitos internacionais que aconteceram entre os anos de 1756 e 1763, durante o reinado de Luís XV, entre a França, a Monarquia de Habsburgo e seus aliados (Saxônia, Império Russo, Império Sueco e Espanha), de um lado, e de outro lado,  a Inglaterra, Portugal, o Reino da Prússia e Reino de Hanôver. Em muitos estados alemães adotaram a liberalização da economia. Com o aumento das novas manufaturas, os conflitos surgiram cada vez mais, com a prática das guildas e o artesanato antigo.
O estado adotou e promoveu, de maneira cada vez mais aberta e acessível, o comércio e o surgimento da fabricação e pequenas industrias. A reforma das transações e práticas do mercado, no Século XIX, interferiu de maneira direta, na forma da produção e no seu desenvolvimento. Estas práticas interferiram, de maneira direta, no poder e nas práticas das guildas.  Não era mais tão necessário, o Wanderjahre, viajar para completar a formação - deixou de existir parcialmente a relação direta entre mestre e aprendiz, como na estrutura anterior. Ocorreu o aumento da especialização e o inicio da mecanização, criando novas forças de trabalho dentro de um ambiente industrial. Surgiram novas demandas de força de trabalho e nesse novo cenário o papel do Wandergesellen não tinha espaço. Mas não deixou de existir suas práticas, mas com  outro cenário de produção - surgido nos tempos modernos.
Para desenvolver o treinamento de um grupo e operar uma fábrica, necessitava somente de alguns mestres (termo existente até os dias atuais nas firmas do Vale do Itajaí - o mestre da linha de produção) e alguns aprendizes. Surgiram novas regras que permitiam a contratação formal de mestres sem a antiga formação e exigências. Para todos, eram considerados "não competentes" e a proporção de trabalhadores não qualificados cresceu nas fábricas, que nesse momento só conheciam e executavam o trabalho de meio período das práticas existentes anteriormente. O treinamento interno de alguns poucos aprendizes foi integrado  a um determinado departamento da Firma. Somente estes. com o treinamento local, tinham a chance de serem promovidos a mestre ou capataz. 
A forma de transferência de conhecimento e aprendizado através de prescrições perdeu importância no final do Século XVIII . A maior especialização de muitos ofícios foi monitorado através da fundação de instituições comerciais, de engenharia e de ensino superior, que substituíram amplamente o pedestrianismo (viagens dos Wandergesellen a pé) como uma qualificação. Predominou, em apenas em alguns negócios principais e auxiliares do comércio da construção - foi que houve prosseguimento do Wanderjahre - com a presença dos Wandergesellen.
O número de Wandergesellens estava sujeito a flutuações permanentes. 
No início do Século XX -  até o final da década de 1920, o número Wandergesellen estava na faixa de quatro dígitos. Era consideravelmente alto. Durante as Guerras Mundiais, o número de Wandergesellen caiu consideravelmente,  pois muitos jovens foram convocados para o serviço militar e o espírito de liberdade dos Wandergesellen, o amor pela liberdade entrou em conflito com as políticas do nacional-socialismo. Foi um período difícil, pois não eram bem vistos pelos nazistas. 
Após a Segunda Guerra Mundial, o interesse pelas práticas da tradição do Wanderjahre cresceu rapidamente no início dos anos 50, mas nunca atingiu os números da década de 1920. 
Na Alemanha Oriental, a Wanderjahre foi proibido. Algumas pessoas tentaram resgatar dentro das fronteiras, mas as condições e horários de trabalho das empresas da estatais do governo (VEB) tornaram quase impossível trabalhar em diferentes atividades.
Com a crescente prosperidade do milagre econômico da Alemanha, o Wanderjahre e a vontade de pegar a estrada  por três anos perdeu espaço. Na década de 1970, os Wandergesellen com chapéu preto eram uma raridade. Não tinha sentido as privações que necessitavam passar durante a viagem. Algumas pessoas consciente sobre a importância de manter a tradição e a história temiam que as antigas práticas se acabassem.
Por volta de 1980, a consciência sobre a importância do resgate desta tradição cresceu, juntamente com conquistas e emancipação das mulheres e estilo de vida alternativo.
Surgiram também os Wanderjahre com a presença das mulheres, com praticas e hábitos totalmente diferentes que os antigos. Se chamaram Freireisende para para destacar suas diferenças das antigas associações de artífices.
Depois da reunificação alemã, muitos Wandergesellen da Alemanha Oriental aproveitaram a oportunidade para ir ao Walz - tornar-se um Wandergesellen. O crescente desemprego, que também afetou a indústria da construção, também estimulou o novo surgimento da prática. Assim, muitos, que por necessidade saíram de casa e foram para a estrada trabalhar, por vários anos - tornando-se um Wandergesellen no tempo presente.
Ainda permanecem algumas regras do tempo passado. Devem viajar a trabalho de no mínimo três anos e um dia de caminhada. Não há limite máximo de tempo para terminar a caminhada. Atualmente, apenas os carpinteiros e pedreiros permitem a presença das mulheres.
Em 2005, existiam entre 600 e 800 Wandergesellen. Em 2010, havia somente 450 Wandergesellen na Alemanha. São estimativas a partir de estudos, pois não existe uma forma confiável de contagem, especialmente entre Wandergesellen.
No mês de dezembro de 2014, durante a Conferência de Ministros da Educação da Alemanha, foi determinado que o Wanderjahre seria incluído como uma das 27 práticas culturais na lista de patrimônio imaterial da Nationwide Directory of Intangible Cultural Heritage - UNESCO, o que foi efetivado no dia 16 de março de 2015.
Atualmente, uma minoria dos formandos mantém esta prática - estima-se que haja no mundo, menos de 500 Wandergesellen cumprindo a jornada de aprendizado prático.
Deste número, encontramos dois em São Bento do Sul, o F.V.D. Marian Erdweg da cidade alemã Heinsberg e FVD Jonas Schafhausen, da cidade alemã de Kanzem.

40ª Festa Pomerana - Pomerode. Com F.V.D. Marian Erdweg da cidade alemã Heinsberg, FVD Jonas Schafhausen da cidade alemã de Kanzem e o engenheiro Rubens Ralf Löwen.
Bandeira do grupo de Wendergessellen do qual Marian e Jonas fazem parte, Freie Vogtländer Deutschlands. Os dois Wendegessellen carregam junto em sua jornada.

Regras atuais dos Wandergesellen

Para poder viajar o mundo, de maneira tradicional como Wandergesellen, é preciso que alguns requisitos sejam seguidos. O interessado a se tornar um Wandergesellen deve fazer e ser aprovado em um exame do Wandergesellen, ser solteiro, não possuir filhos, não possuir dívidas e deve ter uma idade inferior a 30 anos. O objetivo da prática de Wanderjahre não deve ser uma fuga da responsabilidade - como sair pelo mundo e "não olhar para trás". Não é descartado a necessidade de apresentar um certificado que não possui envolvimento com a polícia. Em algumas situações é preciso ser sócio de um sindicato. A nacionalidade e a religião não são empecilhos para se tornar um Wandergesellen atual.  Muitos dos Wandergesellen atuais são suíços,  liechtensteiner, austríacos, franceses, dinamarqueses ou americanos - dentro da Alemanha.
Wendergesellen que estão em Jaraguá do Sul com a firma de Anderson Töwe e que estão em Benedito Novo, com Rubens Ralf Löwen - no primeiro dia da 40ª Festa Pomerana. O traje usado por Wendergesellen, o Kluft, é de uso exclusivo daqueles que tem as características de um aprendiz. No Brasil há carpinteiros que fazem uma pequena confusão com isso e o usam.



Os Wandergesellens não podem estar dentro de um raio de 50 km de sua cidade natal, durante seu tempo de viagem, mesmo no inverno ou feriados. Não pode possuir seu próprio automóvel e só pode viajar a pé, ou pedindo carona . O transporte público não é geralmente proibido, mas não é muito aprovado. É permitido viajar para outros continentes de avião, que é o caso dos Wandergesellen que estão em Benedito Novo, que também não têm celular.
O Wandergesellen em trânsito deve estar sempre visivelmente público. Pode precisar de auxilio e do apoio da população na busca de trabalho ou em ter um lugar para dormir. Deve se comportar, ser ético com boa conduta, com respeito, para que o próximo Wandergesellen seja bem-vindo - razão por existir muitas das restrições durante sua viagem. 
Todos os seus pertences de viagem, como ferramentas, mapa, roupa de baixo, saco de dormir, ele precisar carregar durante sua viagem. Geralmente leva um tipo de mochila feita especialmente para os Wandergesellen - para a distribuição da carga entre os dois ombros, mas a mais tradicional - é a mochila é usada apenas no ombro esquerdo.
Os tradicionais brincos usados pelo viajantes são acessórios atuais. Não eram usados na época das guildas. Eram usados, no  tempo passado por apenas soldados e marinheiros antes da Revolução Francesa, que tornou-se moda na região da atual Alemanha entre os anos de 1810 e 1850, por todas as "tribos". e que ganhou mais visibilidade dentro dos grupos de Wandergesellen. Muitas vezes mediante uma emergência, como o não encontrar trabalho na estrada, podem vendê-los.
Um dos  assessórios mais importantes do viajantes é o Stenz - um tipo de cajado.
Os Wandergesellen Dorian, Martin, Maica, Jonas e Marian devidamente trajados ema volta na cidade de Pomerode, que neste período registraram as maiores temperaturas na região, em 2025. Foto: Arquivo Pessoal/Cristiane  Ahrendt. Fonte: Portal Testo Notícias.


Jonas Schafhausen não usa um Kluft de carpinteiro.
O conjunto fica bem caracterizado quando o viajante está com seu Stenz (cajado) - que auxilia na caminhada - e trajado especialmente com o Kluft - e um chapéu preto de aba larga, cilindro, chapéu flexível, coco ou similar. As calças geralmente são com a conhecida "boca de sino" - largas e de veludo grosso ou de couro. O conjunto é completado com um colete com botões grandes e camisa branca sem gola. Os botões usados são tradicionalmente feitos de madrepérola ou pelo menos um material natural ou metal. Um brasão artesanal ou uma representação simbólica de uma insígnia pessoal pode ser usado  na fivela do cinto, às vezes possuindo "cabide de brinco" ou bordado na parte de trás do colete. Não é recomendado o uso de joias que não sejam artesanais. Muitos Wandergesellen usam um relógio de bolso cuja corrente está presa ao colete. Como há uma grande porcentagem de carpinteiros entre os Wandergesellen, a tradição entre este grupo é a mais original e preservada. O Wendergesellen Jonas Schafhausen, além de encontrar uma maneira de minimizar um pouco o calor ao usar seu Kuft de veludo (foto ao lado), o seu traje não é de um carpinteiro. Jones nos falou de qual ofício era seu traje. Não guardamos a informação.
F.V.D. Marian Erdweg  e FVD Jonas Schafhausen trabalhando em Bendito Novo.
Wandergesellen dentro das seguintes práticas artesanais: carpinteiros, pedreiros, marceneiros, ceramistas, ferreiros, canalizadores, escultores de madeira, encadernadores, alfaiates, estofadores, ourives, fabricantes de instrumentos, pintores de igrejas, fabricantes de cordas, padeiros, confeiteiros, cozinheiros, moleiros, queijeiros, jardineiros, fazendeiros entre outros, somando de maneira estimativas, entre 30 e 35 práticas artesanais. 
Até mesmo práticas relativamente modernas, como mecânicos de bicicletas ou eletricistas, estão, em alguns casos, em movimento, enquanto alguns de praticas artesanais mais antigas, como fazedor de barris, sapateiros, tanoeiros ou açougueiros, praticamente não possuem Wandergesellen, por falta de interesse ou estão completamente extintos. 
O equívoco de que apenas os carpinteiros estão no rolo, é reforçado pelo fato de que muitos artífices de outros ofícios também usam o  - traje - usados pelos carpinteiros com a camisa branca, sem colarinho, muitas vezes produzido em grande escala - sem qualquer tradição e disponibilizado para comprar nas lojas por qualquer um. Muitos usam o Kluft dos carpinteiros mesmo fora da viagem, como trajes habituais do trabalho, como é o caso de alguns carpinteiros na cidade de Blumenau, que não são exatamente um Wandergesellen, mas usam o tradicional Kluft para "posar para a foto", pois é inaquado também para o clima local e também, demonstrando desconhecimento da prática e história e principalmente, da tradição
A viagem de um Wandergesellen só poder ser interrompida mediante justificativas convincentes como por exemplo, uma doença grave. Se interromper a viagem sem justificativa plausível - uma pausa conhecida como "unehrbar", o livro de caminhada do Wandergesellen é retirado e termina então sua viagem de maneira "desonrosa" - passa a ser chamado de "Harzgänger".
Livro de caminhadas - Wanderbuch
O item mais importante que todo Wandergesellen é seu livro de caminhadas  - o Wanderbuch - que leva consigo. É um documento insubstituível da própria errância e durante toda a história desta prática - desde a idade média. Após a sua experiência como um Wandergesellen, o livro é sua mais importante lembrança com todas as "marcas" da viagem.
É quase sagrado. A forma e o conteúdo devem ser preservados contra o uso indevido, e por isso devem ser manuseados somente em um ambiente reservado ou como uma necessidade oficial, de maneira particular. Não podem ser publicados.
Os Wandergesellen que viajam - membros do CCEG carregam um livro padronizado de caminhadas emitido pela associação de Wandergesellen. Neste único trabalho, os certificados, bem como, o selo das cidades por onde passam e estão os lugares que trabalharam, são registrados, muitas vezes, pelos  prefeitos com os ofícios oficiais. Muitas vezes, os membros do CCEG têm um segundo livro privado sobre caminhadas - diário, no qual ocorrem outros registros. Geralmente os Wandergesellen têm apenas um livro de caminhada e segue um padrão, no qual não é oficial, e pode receber todos os outros conteúdos. Cabe a cada Wandergesellen determinar quem pode fazer a inscrição no seu livro. Geralmente, os Wandergesellen  fazem seus próprios registros no livro de caminhadas, e isso se tornará oficialmente de sua propriedade até o final de suas viagens e depois de não mais fazê-las.

Vocabulário próprio dos Wandergesellen

Os Wandergesellen usam partes de um vocabulário próprio para se comunicar uns com os outros ou para citar algumas coisas. É uma linguagem oral com grande diversidade, que só pode ser escrita de forma muito limitada e rudimentar e deve também manter seu caráter como uma linguagem puramente oral por parte do viajante itinerante. O vocabulário de expressões do Wandergesellen deve ser tratado com respeito.

Atualmente - algumas das expressões usadas:
  • Aspirant, Aspi  - Wandergesellen novo em julgamento em machado e colher de pedreiro.
  • bunt- oder wildreisend - Wandergesellen não tradicionais que viajam.
  • Einheimischer - Ex-Wandergesellen, que se estabeleceu após as andanças
  • Exportgeselle, Export, Alt  - Para viajar e treinar um novo Wandergesellen.
  • erwandert werden - Apresentando o novo Wandergesellen aos costumes e à vida do 
  •                                   viajante  itinerante.
  • Interessent - Aprendiz que está interessado em ir em uma caminhada.
  • Jungreisender, Jungscher
  • Kamérad, Kamerud (com um longo e)  - Bom amigo. Forma de saudação entre os
  •                                                                   artífices.
  • Schacht - Artesão, empregador.
  • fuste -  Associação de Wandergesellen e ex-caminhantes.
  • schaniegeln, scheniegeln, scharniegeln, schniegeln  -  Trabalho.
  • Schallern  - Canto de canções de um journeyman.
Os Wandergesellen não devem gastar dinheiro em acomodação, eles também precisam da ajuda de outros ou têm que trabalhar para dormir - mas se precisarem, eles podem passar uma noite ao ar livre.


Conhecer é importante. Ciente desta informações e sabendo que estes rapazes viajaram tanto para trabalhar  neste restaurante de Benedito Novo, entramos em contato com o Schalern, o seu contratante e também com os responsáveis do restaurante, que não abria na segunda feira, dia 27, gentilmente, de maneira especial o fizeram, e promovemos o encontro de Norbert Gälle e Alex Gälle com os Wendergesellen no momento do almoço, perto do trabalho desenvolvido por eles. Foi interessante observar Norbert Gälle conversando com o  F.V.D. Jonas Schafhausen e descobrir que este também era músico na Alemanha. Foi um momento especial.
Dois músicos que se encontraram no Brasil. Em um dia de janeiro de 2025.


Queremos registrar nosso agradecimento aos proprietários do restaurante que o abriram de maneira especial para viabilizar estes momentos.

As imagens comunicam

































































Detalhes.

Quase meio dia - panelas no fogão de barro aguardando.
























Um encontro na história de cada uma destas pessoas. Memória para o futuro e conhecimento trocado.







Em torno das 15h retornamos para Blumenau, pois às 16h30 o diretor do Parque Vila Germânica, Guilherme Guenther receberia Norbert Gälle e Alex Gälle. No retorno para Blumenau, quando passávamos por Timbó, na frente do Museu de Música, Norbert Gälle apontou o local e lembro que em 2020 havia destinado uma página original da Marcha Obrigado para o acervo do Museu


















Doando a página da Partitura da marcha "Obrigada" em 2020.


No final da tarde Norbert e Alex Gälle foram recebidos pelo diretor do Parque Vila Germânica, Guilherme Guenther  que os presenteou com um caneco oficial da Oktoberfest Blumenau. 
Em 2017, os Gälles participaram do evento, participando do desfile em uma carruagem, convites para jantar e prestigiaram alguns momento do Oktoberfest Blumenau 2017.










Momentos da Oktoberfest 2017.










E para terminar a programação de 27 de janeiro de 2025 dos Gälle na região, a terceira visita do composito alemão Norbert Gälle e sua espoa Alex Gälle na região, houve um reunião privada com os músicos do 2Franken, Hans Jurgen Jopp e Michael Loschner e um pesquisador, compositor, musico e proprietário de um curso de alemão na cidade de Ponta Grossa,  estado do Paraná,  Newton Schener Jr. que se deslocou de sua cidade até Blumenau, especialmente para compartilhar destes momentos de trocas musicais e culturais.
Die Odenwälder Fidele Buan.
Para relembrar os músicos de 2Franken conheceram Blumenau através da Oktoberfest Blumenau, na década de 1990. Hans Jurgen Jopp foi um dos primeiros vocalistas de uma das grandes bandas do Oktoberfest Blumenau da década de 1990 chamada Die Odenwälder Fidele Buan. Ele fazia parte da primeira formação da banda - em 1990, como um dos vocalista - em sua primeira turnê no Oktoberfest Blumenau. Em edições posteriores, outro vocalista a se juntar com a banda foi exatamente Michael Lochner, que também, mais tarde optou ficar na região. Lochner reside em Pomerode e Jopp em Blumenau.

As imagens comunicam...















Na manhã de 28 de janeiro Norbert Gälle e Alex Gälle embarcaram no aeroporto de Navegantes rumo a São Paulo e de lá, para a Alemanha, deixando os registros e lembranças de bons momentos vivenciados em Santa Catarina, para a memória de todos que participaram destes.
Faremos uma postagem especial com o resumo fotográfico de sua rápida passagem no estado.
Nosso agradecimento muito especial a todos que contribuíram para que estes momentos fossem possíveis nas cidades de Pomerode, São Bento do Sul, Rio dos Cedros, Benedito Novo e Blumenau. Nós somos responsáveis por nossas memórias.



Bis Bald.


Um registro para a história!

Eu sou Angelina Wittmann, Arquiteta e Mestre em Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade.
Contatos:
@angewittmann (Instagram)
@AngelWittmann (X)

Referências

  • PORTAL TESTO NOTÍCIAS. Wandergesellen chamam a atenção em visita a Pomerode. 31 DE JANEIRO DE 2025. Disponível em: https://testonoticias.com.br/entretenimento/clic-tn/wandergesellen-chamam-a-atencao-em-visita-a-pomerode/. Acesso em: 21 de fevereiro de 2025, 5h46.
  • MEDRANO, Mayte. Os Wandergeselle ya están aquí ¿Aún no Los has visto?  The Sunne Street. 25 de março de 2016. Disponível em: https://sunnystreet.jimdofree.com/2016/03/25/los-wandergeselle-ya-est%C3%A1n-aqu%C3%AD-a%C3%BAn-no-los-has-visto/. Acesso em: 20 de fevereiro de 2025, 20h07.

Leitura Complementares - Clicar sobre para ler:














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