sexta-feira, 18 de outubro de 2013

A páscoa na Cultura dos imigrantes alemães e seus descendentes - Vale do Itajaí

domingo, 1 de abril de 2012

Osterbaum - Pomerode - 2012
Estamos há uma semana do domingo - dia no qual é comemorada a páscoa, entre os cristãos do planeta.

Qual a origem da Festa da Páscoa?
Vamos a "Um pouco de História...a Páscoa"

Vamos refletir um pouco do sobre significado primitivo  e de como surgiu as comemorações alusivas a esta data, dentro da cultura dos antepassados alemães que vieram para a região doVale do Itajaí e para outras regiões do Brasil e do mundo. Muitos dos descendentes destes, comemoram e repetem a tradição da páscoa dentro do seio de sua família (Sem considerar o aspecto Consumo), como já era praticada na casa do Opa e da Oma, mas não tem conhecimento de sua origem.

Por volta de 1800 AC, existia um povo que vivia próximo ao Mar Báltico - que imigrou para outras regiões da Europa, onde está situado o atual território da Alemanha e partes de países vizinhos deste. Este povo era conhecido com os Germanos. Séculos de História, mais tarde, seus descendentes migraram para outros continentes do planeta.

Os Germanos/Celtas e seus descendentes, cultuavam a natureza e tinham uma mitologia própria (mitologia germânica/céltica). Suas festividades, para este período do ano, eram dedicadas à deusa da primavera - Ostara
Neste tempo, de acordo com a tradição - as famílias coloriam ovos cozidos, faziam pão doce (Bolo) e grandes fogueiras
Ostara - Deusa da Primavera
Mitologia Germânica/Céltica
Imperador romano Carlos Magno -
Cristão  que com o objetivo de converter
os pagãos  ao  cristianismo  incentivou
várias guerras. No ano de 785 anexou a
 Baviera e uma parte  da Hungria ao seu
poderio até às regiões do rio Danúbio
.

Mais tarde, em torno do século VIII, com a chegada do cristianismo à região - romanos, estas festividades foram "ajustadas" às festas cristãs e então, propagadas pelo mundo com outra essência.

Na Alemanha, a tradição cristã da Páscoa, como a comemoração de ressurreição de Jesus, onde a morte não é percebida como fim, mas sim como o recomeço de uma nova vida, tem ligações estreitas com elementos da mitologia germânica.

Já postamos a História dos Irmãos Grimm e seu legado referenciando a cultura germânica.(Para saber mais - ler o Link  na lista do final do post).
Jacob Grimm (O irmão mais velho) explicou em um texto de sua autoria, que o próprio termo alemão àPáscoa – Ostern, deriva de Ostara – deusa germânica da primavera.
Jacob Grimm

"...A primeira das grandes festas germânicas da primavera - representando a vitória do sol aquecedor sobre as trevas e o frio do inverno, é a Ostern. Ela somente foi equiparada à festa de ressurreição de Cristo pela Igreja na Idade Média". 

Jacob Grimm - livro sobre a mitologia germânica.

Na mitologia grega, o coelho representava a fertilidade. Ficou conhecido como "coelho da Páscoa" no norte da Alemanha somente há cerca de cem anos. Mitologicamente, o coelho é o animal sagrado atribuído tanto a Afrodite, a deusa do amor na mitologia romana, como para a deusa Ostara da mitologia germânica.
            
Ostara e o Coelho
A região que conhece, a mais tempo, a lenda dos ovos trazidos pelo coelho da Páscoa é a região sul da Alemanha. Segundo pesquisadores, os registros mais antigos sobre o fato, são do ano de 1678. O pesquisador Heidelberg G. F. Von Franckenau, afirma que o hábito do coelho que trás ovos de Páscoa tenha surgido a mais de 300 anos na Alsácia (França), no Palatinado e no Alto Reno (Alemanha). Na região, coelhos e lebres se multiplicavam na primavera – a Páscoa tem data coincidente com a primavera no Hemisfério norte – Então é dito, que os padrinhos das crianças teriam inventado uma caçada ao coelho, na qual as crianças encontravam os ovos coloridos escondidos nos parques e jardins.

Alois Döring
Já para o pesquisador de Bonn  - Alois Döring,  um dos símbolos mais conhecidos desta época do ano, o coelho dos ovos foi uma invenção protestante. Segundo o pesquisador tem a ver com as diferenças entre católicos e protestantes no período.
"Crianças católicas sabiam que na Páscoa poderiam voltar a comer ovos, que durante a Quaresma eram proibidos. Mas como explicar às crianças protestantes por que, de repente, havia tantos ovos na Páscoa?", explica Döring. Ele diz ainda que foi por isso que os protestantes criaram as histórias do coelho que distribuía, de casa em casa, os ovos acumulados durante o período. Ele diz:
“... o coelho era um símbolo da fertilidade – o que, aliás, não explicava como o animal, na condição de mamífero, tinha tantos ovos.”

O pesquisador prossegue dizendo que contra os ovos em si, os protestantes não tinham nada. Os ovos para todos, sempre foram tidos como símbolo de vida nova e, assim sendo, da ressurreição de Jesus Cristo. Ele afirma ainda, que a tradição de pintar, decorar e presentear os ovos já existia há muito tempo.


Antes dos ovos de chocolate enrolados em papel colorido, portanto era a tradição colorir ovos de galinha cozidos. No café da manhã do sábado ou no domingo de Páscoa, não se podia faltar ovos coloridos nas casas de cultura alemã. Aqui em Blumenau,  se perguntarmos aos mais antigos, poderão confirmar a existência de tal hábito, uma tradição muito comum entre os primeiros imigrantes alemães e seus descendentes que também se presenteavam entre si com ovos de galinha cozidos coloridos .
"Antigamente, era comum pintar os ovos apenas de vermelho, para simbolizar tanto a cor do sangue de Cristo quanto a do amor que ele nutria pela humanidade. Isso ainda é assim na Igreja Ortodoxa. E a decoração servia para distinguir os ovos bentos dos não bentos durante a Páscoa." Alois Döring

Estivemos na Osterfest - Festa da Páscoa organizada pela municipalidade de Pomerode que termina no dia 22 de abril próximo. Na festa encontramos crianças pintando ovos e aprendendo um pouco da Ostern.

Olhe o vídeo feito durante uma atividade com as crianças que visitavam a Osterfest 2012 - Pomerode:
Destaque para a resposta da instrutora e seu entendimento sobre o significado da páscoa- significado cristão.


Culinária alemã de Páscoa

Osterzopf -  uma rosca decorativa, na qual, depois de assada, podem ser colocados os ovos cozidos ou de chocolates

Ingredientes

300gr de farinha de trigo
1/2 tablete de fermento fresco
60ml de leite morno
60gr de açúcar
70gr de manteiga, macia, em temperatura ambiente
1 ovo
250gr queijo fresco leve (ricota ou queijo fresco tipo minas, em temperatura ambiente)
1/2 colher de chá de raspas de casca de limão
1/2 colher de chá de sal
200gr de uva-passa (opcional misturar com frutas cristalizadas)

Para pincelar a trança
1 gema
manteiga em temperatura ambiente, 
50gr de amêndoas em lâminas
Açúcar cristalizado

Modo de Preparo 

Dissolva o fermento no leite morno e 1 colher de açúcar e reserve. 
Em outra tigela coloque 2/3 da farinha de trigo peneirada (200gr), e reserve o restante. 
Faça uma cavidade no centro da tigela e coloque a mistura do fermento dissolvido nessa cavidade, cobrindo-o com a farinha de trigo ao redor. 
Deixe descansar por 15 minutos. 
Em seguida, junte à essa mistura o açúcar, a manteiga, o queijo fresco (sem o soro), o ovo, as raspas de limão e o sal. 
Bata tudo na batedeira, até que a massa se descole da tigela. 
Junte o restante da farinha de trigo (100gr) e sove a mistura, até formar uma massa lisa e homogênea. 
Adicione as frutas. 
Deixe descansar em um lugar quente, numa vasilha fechada, até dobrar de volume (entre 45 e 60 min). 

Montando a rosca

Você pode montar a rosca de diversas formas, a começar pelo trançado que pode ser feito com duas, três, ou mais tiras de massa. Pode fazer uma trança reta ou uma coroa, conforme sua preferência. Também pode fazer uma única peça grande ou várias pequenas. 
Trabalhe a massa no formato de sua preferência: 
Se optar por uma única trança, pegue toda a massa e faça um único rolo com ela. Corte o rolo em tiras na mesma quantidade de gomos que deseje que tenha a trança. Trance conforme a imagem ao lado. 
Para fazer diversas tranças, divida a massa em diversos pedaços de igual tamanho e repita o mesmo procedimento. 
Para montar as roscas, una as duas pontas da trança conforme a foto na coluna ao lado. 
Coloque-a(s) em uma forma coberta com papel manteiga, e, novamente, deixe descansar (de 20 a 30 minutos) até que a massa dobre de volume. 
À parte, misture 1 gema de ovo com manteiga e pincele a massa com essa mistura, polvilhando, em seguida, toda a(s) trança(s) com as amêndoas laminadas e açúcar cristalizado. 
Asse em forno pré-aquecido a 200 graus, entre 30 e 40 minutos, ou até que esteja corada. 

Dica: Se quiser enfeitar a trança ou a rosca com ovos: 

Ainda com a massa crua, coloque ovos inteiros, também, crus (podem ser pintados com anilina alimentícia). 
Para fixá-los, você pode fazer cavidades, com a mão, usando copinhos como na foto da coluna ao lado, ou, ainda, usando pedacinhos da massa como calço. 
Você pode colocar um ovo só ou vários, cada um na sua cavidade.

Osterlamm - literalmente o cordeiro da Páscoa, mas não se trata de cordeiro assado – tradição judaica – e sim de uma massa assada em fôrmas especiais, em forma de cordeiro.


Möhrencremesuppe - uma sopa com o legume preferido do coelhinho, a cenoura.

Osterbraten - o assado de Páscoa, servido no domingo, que pode ser qualquer tipo de carne, não necessariamente cordeiro.


Osterfeuer

Osterfeuer: Fogueira de Páscoa - Atualmente - Costume cultivado em algumas partes do país, como fazia os povos antigos.  Para a cultura emitologia germânica, o fogo é o símbolo do sol. No cristianismo a fogueira foi adotado como a chama da fé, tendo em comum,  a idéia da purificação. Na idade média, a "limpeza de Páscoa" na Alemanha começava no pátio da igreja, onde os fiéis juntavam restos de madeira, galhos e as ramagens secas que sobravam do Domingo de Ramos e queimavam em uma grande fogueira na noite de sábado para domingo.

Osterkerze: Durante o Osterfeuer é acesa a Osterkerze- a vela da Páscoa que é levada para a igreja que está cm todas as luzes apagadas. A comunidade vai em procissão. Neste momento, os fiéis cantam três vezes a canção Lumen Christi, a luz de Cristo. NaVestfália e no norte de Hessen são praticados rituais dos povos antigos, vivos ainda nacultura local e pode-se dizer: pagãos até os dias atuais. Grandes rodas de carvalho, com 1,70 m de diâmetro e mais de 20 cm de espessura, desfilam pela cidade, transportadas em carros de feno. Após o desfile, são levadas para o alto de um monte e às 21 horas do sábado, são incendiadas e rolam montanha abaixo.
Osterkerze
Comentário:
Ao conversarmos com os antigos moradores da região do Vale do Itajaí, geralmente imigrantes ou filhos de imigrantes alemães, eles dão seu testemunho que no dia de páscoa de suas infâncias ou de seus pais, comiam ovos de galinha cozidos no café da manhã. Ovos coloridos previamente por seus pais e que os encontravam no jardim entre os canteiros de flores
Alguns aludem isto, ao pouco poder aquisitivo que não permitiam seus pais  compraremovos de chocolates. Desconhecem a verdadeira origem dos símbolos da páscoa e que originalmente tem ligação com a cultura dos povos germânico primitivos. 
São partes da história que se perdem com o passar das gerações, caso não ocorram registros sérios de um tempo, elo de uma cultura que prossegue que permanece nos dias atuais. Por incrível que pareça, no mundo todo.

Pena que seja tão comercial, para alguns...

Vídeos de preparativos para a Páscoa - Alemanha atual.
Coisas que já se perderam em nossa região, pela comodidade de se comprar ovos de chocolate, ainda existem na Alemanha - como por exemplo - a tradição de colorir ovos cozidos para presentear.







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