domingo, 11 de janeiro de 2015

Túneis de Blumenau

Local das obras - Rua Johnn Kennedy
Em pleno período de férias do ano de 2015 - na cidade de Blumenau, a Prefeitura Municipal oportuniza o momento para efetuar obras de saneamento na área central - Rua Johnn Kennedy. Obras executadas pela Odebrecht Ambiental (empresa envolvida cm escândalos federais - inúmeras obras na cidade). Encontraram parte dos túneis subterrâneos - até então existentes somente em falas repassadas de uma geração para outra e de boca em boca, sem a comprovação de suas existências. O assunto rendeu, ao longo dos anos, reportagens e matérias jornalística - mas sempre no tom de lenda. 

Lenda (Dicionário Aurélio):
  • Tradição escrita ou oral de coisas muito duvidosas ou inverossímeis;
  • Mentira.
Muitas são as perguntas e é um trabalho que deverá ser feito por uma equipe qualificada de arqueologia e outras áreas da ciência para que não se destrua fontes importantes e informação histórica.
Local onde foi encontrado o Túnel
Curiosamente,  a existência destes túneis sempre foi oficialmente negada por alguns historiadores e autoridades locais. Fato registrado e publicado na reportagem da RBS de 2010 -  vídeo a seguir. Por que negavam? Por que a ausência de pesquisas para averiguar a veracidade ou não da lenda? Muitas perguntas. Agora pode-se ter uma resposta para o "mistério", termo usado pelo repórter da entrevista. Parte do túnel descoberto, nas obras da via, ao lado do Teatro Carlos Gomes, deve ser uma motivação para iniciar uma pesquisa ampla sobre esta ex "lenda urbana" blumenauense. 
Ano 1959   - carro Ford 1929   dirigido por Willy Steenbock - no banco detrás -  Fritz e Mariane Russ - Missionários alemães que moraram em Blumenau de 1959 a 1969 - frente do terreno ao lado do Teatro Carlos Gomes - Foto : Grupo Antigamente em Blumenau - postado por Marcus Kellermann - Acervo Friedrich Russ























Que este tema não venha a fazer parte da "caixa preta" da História de Blumenau - denominação usado por alguns pesquisadores locais, quando apontam um tema, que deva ser guardado à sombra do esquecimento.
Reportagem sobre os túneis - RBS - 23 de maio de 2010.

Debate sobre o tema - Facebook
"... Mas o fato é que o tal túnel existe SIM e hoje falando por telefone com uma amiga aí de Blumenau que trabalha  ainda, ela confirmou tudo aquilo que eu já sabia e que sempre tentaram esconder. Agora é tarde, porque a mentira tem perna curta e um dia se descobre de uma maneira ou outra e com alguns outros agravantes!!! Vai ficar feio é pra essas pessoas que gravaram entrevistas no Youtube falando da não existência dele e que tentaram passar credibilidade a vida toda...de um fato que existe na real mas que por interesse próprio nunca foi divulgado. Grande abraço!" Yara Silvanna Pereira - São Paulo -  Fonte: Facebook
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..."eu nasci em Itajaí. Minha mãe é filha de Blumenau. Meu avô foi para Itajaí quando terminou a Segunda Guerra Mundial. Eu não sabia aonde ficava Blumenau, mas escutava meu avô falar desses túneis e de uma sala secreta que eles tinham no Teatro Carlos Gomes ondes eles faziam as reuniões do Partido Comunista. Não vou citar nomes, mas eram pessoas de poder que meu avô era amigo deles. Desde que meu avô partiu para Itajaí, nunca mais veio a Blumenau. Quando nós viemos morar em Blumenau, em 1972, meu avô já era falecido. Eu parava em frente do teatro e ficava pensando aonde ficava essa sala secreta e o túnel. Na Casa Moellmann também tem um túnel e uma sala de reunião com saída para o rio. Se isso é lenda como o meu avô ia contar essas coisa para nós? Ele nunca imaginou que um dia nós viríamos morar em Blumenau. Se alguém quiser saber nomes é só me chamar que eu conto. Meu avô se chamava Paulo Bernardino Borba." Bernadete Santos.  Fonte: Facebook

Novo contato com Bernadete - janeiro de 2022 - Entrevista informal - On Line. 

Descobrimos que Paulo Bernardino Borba nasceu em 25 de janeiro de 1912  e faleceu em 28 de fevereiro de 1972. De acordo com Bernadete, Paulo Bernardino, seu avô, também  ajudou a "afundar" o porto fluvial de Blumenau.

Entrevista com com Bernadete em 6 de janeiro de 2021 - Confirmar dados sobre os túneis e seu avô
O meu vô morou na Rua São José, bem na frente do cemitério em uma casa de tijolo à vista. Esta casa existiu até pouco tempo. Depois morou na Alameda - esquina com a rua da linguiça ou rua XV de novembro. Ele tinha lá um banco. A mãe falou que ela nasceu em uma casa mais nos fundos e depois foram morar na rua das cabras, hoje rua Pedro Krause onde o vô era dono de quase todas as terras. Saiu fugindo e nunca voltou, pois teve um AVC e perdeu a fala. Bernadete Santos

Em 6 de janeiro de 2022 - confirmando a história de 2015.

Palavras do Prefeito de Blumenau - Napoleão Bernardes - sobre a descoberta - Redes Sociais em 10 de janeiro de 2015:

  • "Lendas e boatos a respeito de túneis marcaram a infância e a juventude de muitas gerações de blumenauenses, inclusive a minha.
  • Livros, contos e as mais diversas histórias tiveram a narrativa inspirada na, talvez, mais característica e emblemática lenda urbana da nossa cidade.
  • Pois agora, através das obras de saneamento na região central, uma passagem subterrânea foi descoberta. Algo inusitado e que certamente desperta a todos muita curiosidade.
  • Em virtude de todos os relevantes aspectos históricos e culturais potencialmente envolvidos, solicitei à Fundação Cultural de Blumenau, interessada pelo tema, uma ampla pesquisa e investigação sobre a passagem encontrada.
  • A partir de amanhã, o presidente da Fundação, Sylvio Zimmermann, vai iniciar este trabalho, formando uma equipe multidisciplinar para analisar esta questão. A ideia é envolver profissionais das mais diversas áreas e experiências para elucidar o tema e trazer uma resposta conclusiva à comunidade.
  • Vai ser um trabalho muito interessante, seguramente!"
Fotos - Fonte: Perfil das Redes Sociais do Prefeito
Imagens do túnel descoberto 





Blog do Fresard - Clic RBS - 09 de janeiro de 2015

"História ignorada
O diretor Operacional da Odebrecht, Cleber da Silva, diz que o túnel segue no mesmo sentido da rua. Segundo ele, tem cerca de 1,5 metro de altura por pouco mais de 50 centímetros de largura. A estrutura não está nos registros da prefeitura, usados para orientar o trabalho da Odebrecht.
No Samae, não houve interesse em investigar o achado. As fotos chegaram às mãos do assessor jurídico da autarquia, José Carlos Oechsler. Como não interferia no trabalho do esgoto, foi orientado para que a obra continuasse normalmente.
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Obra na Rua Presidente John Kennedy começou no final do ano passado.
Foto: Luis C.  Kriewall Filho, BD, 26/12/2014.
Passado presente
A diretora do Arquivo Histórico da cidade, Sueli Petry, diz que provavelmente trata-se de um curso d’água canalizado no início do século passado. Ela conta que a Rua XV de Novembro tinha vários pontilhões, o que comprova a existência de pequenos ribeirões que chegavam ao rio Itajaí-Açu.
– Merecia investigação. Faz parte da história – comenta.
O historiador e colunista do Santa Viegas Fernandes da Costa também diz que a estrutura deveria ser estudada. Para ele, já é tempo da cidade ter um arqueólogo especializado em arqueologia histórica que estudasse esses casos. Viegas não acredita ser um túnel para a passagem de pessoas:
– Toda grande cidade tem lendas sobre passagens subterrâneas.
Que abram novamente a vala. Não deveríamos perder a chance de conhecer melhor nosso passado."
Fotografia  da postagem Facebook PMB
Prefeitura de Blumenau 
Toda cidade tem suas lendas, seus causos e suas históriasCom Blumenau não poderia ser diferente. Há muito tempo existe a lenda dos TÚNEIS DE BLUMENAU, caminhos subterrâneos que ligam diversos pontos por baixo da cidade, longe da vista de todos. A criatividade voa longe quando o assunto é o motivo da existência destes túneis: - seria uma ligação secreta para pessoas se encontrarem no silêncio da noite?- seria uma rota de fuga para nazistas em Blumenau?- seria apenas um caminho para cursos de água desembocarem no rio? Durante as obras da rede de esgoto na cidade na última semana, um destes túneis – ali perto do Teatro Carlos Gomes – foi descoberto e reacendeu as lendas urbanas. O prefeito ordenou uma investigação histórica de uma equipe de técnicos, engenheiros e historiadores. A primeira reunião acontece esta tarde, e você vai saber, aqui pela nossa página no Facebook, tudo sobre este grande mistério de Blumenau. E você? 
O que acha que é a verdade por trás dos TÚNEIS DE BLUMENAU?

Jornal de Santa Catarina
Mistério
12/01/2015 | 07h04

Presidente da Fundação Cultural de Blumenau fala sobre investigação que irá esclarecer túnel em Blumenau

Confira uma entrevista com o presidente da Fundação Cultural de Blumenau, Silvio Zimmermann, sobre a pesquisa que será feita a respeito do túnel encontrado pelos operários da Odebrecht Ambiental na Rua Presidente John Kennedy, ao lado do Teatro Carlos Gomes, no Centro de Blumenau, e que intrigou a população:

Como foi o encontro com o prefeito Napoleão Bernardes? Quais os próximos passos? 
Conversamos bastante. Eu sou um conhecer da história de Blumenau e há muitos anos pesquiso diversos fatos sobre a cidade. Vou reunir algumas pessoas que poderão nos orientar nessa pesquisa para que possamos entender melhor o valor histórico agregado, afinal, isso faz parte da lenda urbana de Blumenau. Será uma equipe multidisciplinar com engenheiros, historiadores. De forma geral é consenso que essa etapa já está vencida há muitos anos. Não é a primeira vez que se acha algum túnel ou galeria. Quem é mais novo pode não lembrar, mas há alguns anos encontraram uma galeria semelhante na casa Royal. A topografia daquela região é bem diferente do que é hoje. Onde é o teatro hoje, antes era uma colina, nos fundos, onde é o Neumarkt Shopping, era um lugar alagado. Mas de qualquer forma nós iremos atrás das informações para entender por todos os aspectos, sejam eles históricos ou de engenharia. 

Por que não há registro deste túnel? 
Eu vi algumas pessoas comentando sobre isso nas redes sociais, questionando porquê que a prefeitura não tem planta disso. Em 1958 o arquivo histórico da cidade pegou fogo. Então grande parte das plantas anteriores a 1958 foram perdidas. Isso justifica o porquê do túnel não estar mapeado. Outra coisa, aquela construção tem mais de 100 anos, naquela época nem existia secretaria de Planejamento mas, mesmo que tivesse algum registro, em 1958 se perdeu muita coisa. 

Quais os nomes que vão formar essa equipe? 
Não tenho os nomes definidos ainda, mas o Fernando Henrique Becker, que é conselheiro e coordenador da Comissão da Cultura da OAB de Blumenau, é um dos possíveis nomes. Ele escreveu um livro sobre os túneis de Blumenau, tem algum conhecimento sobre o assunto e se dispôs a ajudar. Vou conversar com o secretario de Planejamento e pedir que indique um engenheiro. Vou falar com a Samae para que seja indiciado algum servidor que tenha memória disso. 

Com base no que foi encontrado na construção da casa Royal, você acredita que a passagem encontrada hoje é um túnel que foi usado por pessoas ou era uma galeria pluvial? 
Tudo indica que é uma galeria pluvial. Teoricamente não dá para passar ninguém lá dentro tendo em vista a altura e a dimensão, mas mesmo assim nós vamos investigar para ver se existem ramificações. Conversamos com os responsáveis pelo teatro para saber se existe alguma ligação dessa galeria com o prédio, mas foi dito que não existe ligação nenhuma. A galeria passa ao lado do teatro em direção ao rio. 

Quanto tempo deve durar esse estudo? 
Não trabalhamos com prazo. Vamos ouvir o que as pessoas tem a dizer, fazer todas as visitas técnicas necessárias e se precisar seguraremos as obras. Pretendo montar a equipe entre segunda e terça-feira e, a partir daí, daremos uma resposta para a população.
Fonte: JSC
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Artigo - Santa - Dia 19 de Janeiro
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Jornal O Santa - dia 20 de janeiro
Ontem estivemos no local e agora o jornal O Santa - edição de hoje - confirma. As paredes laterais das galerias são de barro. Jamais poderia suportar águas fluviais, no papel de galerias fluviais. O jornal O Santa fez filmagens entrando com muita tranquilidade no ambiente "estreito" e com destino desconhecido. Também, trabalho o arqueológico deve ter critérios para ser executado (Não é um trabalho que deva ser feito somente com engenheiros, como ouvimos depoimentos na imprensa. Abrem os buracos a partir de pás de tratores. Não pode!
Blog Francisco Fresard -19 de janeiro
Por Daniela Matthes, interina*

Ontem não houve quem passasse pela rua do Teatro Carlos Gomes e não esticasse o pescoço em direção ao buraco com mais ou menos três metros de profundidade. Ele foi aberto no fim de semana para que a comissão criada para investigar o tal túnel encontrado na rua durante a obra de implantação de esgoto possa documentar o local. Ontem, os operários que trabalhavam no buraco de vez em quando eram interpelados por algum transeunte.
Nem o calor e o sol forte foram suficientes coibir a curiosidade de quem via as duas entradas do túnel – uma aberta e outra meio encoberta pelo barro. Quem teve de enfrentar a lentidão no trânsito que tomou conta do Centro ontem aproveitou para dar uma olhada de dentro do carro.
Assista ao vídeo feito pelo fotojornalista Patrick Rodrigues dentro do túnel:
Nesta terça-feira, às 9h, uma reunião aberta no Teatro Carlos Gomes vai definir os próximos passos da comissão formada para investigar o túnel. O presidente da Fundação Cultural de Blumenau, Sylvio João Zimmermann Neto, levará uma proposta de trabalho que, entre outros passos, inclui pesquisa de imagens antigas da área, visitação e entrevista com moradores antigos da região.
A comissão é formada por 16 pessoas, entre elas representantes da Secretaria de Planejamento, Crea, OAB, Furb, Teatro Carlos Gomes, moradores da área e historiadores. A próxima reunião, em que já se deve ter boa parte dos resultados, será em 29 de janeiro. O relatório final deve sair até o começo de fevereiro.
- Vamos investigar, mas tudo indica que é realmente uma canalização de água. Mas mesmo que o relatório aponte isto, as lendas não vão acabar. Elas sempre existirão – acredita Zimmermann.
* O titular do blog, o Pancho, está em merecidas férias e volta em 10 de fevereiro.
Postado por Daniela Matthes, às 19:21
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"Eu morei na casa onde fica uma pizzaria que não lembro o nome, esquina da Paulo Zimmermann com 7 de Setembro, nessa casa tinha um alçapão no chão e uma moradora mais antiga falou que dava nos tuneis."   Pedro Fernando Branco   Facebook  Dia 20 de janeiro 
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Comentário Jorge Wittmann - Facebook
..."Hoje o Santa postou um vídeo ( veja o vídeo aqui: http://migre.me/ocRp3 ) sobre o túnel na rua do Teatro... esse vídeo desmente o presidente da Fundação Cultural de Blumenau, o Sylvio Zimmermann. Porquê digo isso?
Estava ouvindo a entrevista que o Sylvio deu no Jornal do Almoço do dia 12 de janeiro (veja o vídeo aqui: http://migre.me/ocRw4 ) - reparem que aos 2:52 ele diz: "é impossível alguém entrar lá" ainda reforça que talvez uma criança conseguiria... Pois o repórter do SANTA, Patrick Rodrigues, nos provou que pode-se entrar, sim!
Depois, aos 3 minutos, ele afirma que "não tem paredes, é de barro ao lado, só foi cavado" dando a entender que seria perigoso.... mas se fosse só de barro, e isso fosse perigoso... não seria um curso d'água... afinal a água levaria as paredes do túnel, isso fora a ausência de inclinação e também o fato de ser estreito... um túnel desse, se fosse curso de água nesse formato estreito e alto iria ficar constantemente trancado com pedaços de galhos ou outros detritos.
Aos 3 minutos e 35, Sylvio ainda afirma, sem ter sequer entrado no túnel, que aparentemente é reto, porém pelo que vemos na foto que postei (que é parte do vídeo que o santa publicou) aparentemente há uma entrada para a direita.
e aí? o que vcs acham!?
P.S. SylvioNapoleão Bernardes e Prefeitura de Blumenau. eu gostaria, por minha conta e risco, de entrar no túnel. Podem me autorizar?"...
Imagens do dia 20 de janeiro - Celular

"Área" de pesquisa "Arqueológica" por parte da equipe que está estudando os túneis de Blumenau - Estes, até bem pouco tempo, considerados "lenda urbana" por historiadores e lideranças locais. Vibremos para que este "achado" histórico não seja  plenamente destruído durante as pesquisas, pois parte, contatamos que foi por ações inadequadas de abertura do local.
Reflexões construtivas nossas -  sobre uma fotografia do Jaime
Falando um pouco sobre os Túneis de Blumenau - Foi usado interessante técnica construtiva para a distribuição de cargas - o arco. O velho conhecido arco...
Os construtores da antiguidade dispunham de limitados materiais para fazer suas construções - como a madeira, pedra e tijolo, na ausência da pedra. A madeira, pela sua pequena resistência e pouca durabilidade não era dos melhores materiais. As pedras apesar da dificuldade de remoção, apresentavam grande resistência a compressão e grande durabilidade. Os tijolos, quando não existia pedras por perto, se bem utilizado tinha o mesmo resultado. Muito usado no norte da Alemanha - em construções belamente decoradas e sem receber reboco, como a Prefeitura de Berlin.
Foram desenvolvidas então, técnicas para melhor se aproveitar essas características da pedra e do tijolo. Os etruscos iniciaram e depois os romanos aperfeiçoaram a construção de arcos. 
Nesta caso dos túneis de Blumenau, com muito pouco uso de materiais, uma vez que as paredes laterais permanecerem sem qualquer revestimentos, apresentam sinais do uso de picaretas (E deve ter dado muito trabalho) e foram usados tijolos maciços somente no teto para a confecção deste em forma de arco, utilizado já como estrutura de distribuição de cargas a partir de seu apoio em uma reentrância nas paredes de barro com cuidado com a inclinação na recepção das forças oriundas da carga sobre este teto. Maravilhoso trabalho, negado por tantas décadas e agora correm o risco de voltar e serem enterrados e seu estudo aprofundado sobre as técnicas construtivas e de sua história e função adiados. Negamos a aceitar a versão apresentada pela "EQUIPE" de estudos, que foram usado para canalização de águas pluviais, exatamente pela características das paredes laterias - barro. "Água mole em pedra dura - Tanto bate que até fura." - imagina em barro? Também lamentamos os danos provocados ao patrimônio estudado, durante o manuseio do mesmo. Observamos também a ausência de registros na Prefeitura de Blumenau destas obra, cujo extensão ainda é desconhecida.





Manchete Jornal O Jornal de Santa Catarina
Blog - dia 20 de janeiro de 2015
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O jornalista do JSC -  Francisco Fresard - entrou de férias até fevereiro - no exato momento em que inicia os trabalhos da equipe criada pela Prefeitura Municipal de Blumenau para "estudar" o assunto que o mesmo levantou e publicou  pontualmente sob seu tino jornalístico. Por que ele não acompanharia estes trabalhos? Há menos de um ano, o jornalista esteve de férias na Europa. Acompanhamos suas postagens feitas de lá, sobre acessibilidade e mobilidade urbana, nas redes sociais.
Sua substituta na coluna do Santa - a repórter Danila Matthes -  aborda o tema: Túneis de Blumenau - a partir de especulações junto a pessoas que não se identificam, insistindo novamente com a versão - "galerias de águas pluviais" - mesmo esta, possuindo paredes de barro, imprópria para o uso de canalização para fluxo de águas fluviais.

Matéria a seguir...

Área da Rua 7 de Setembro era alagada, lembra moradora antiga da área
19 de janeiro de 2015
tunelok

Por Daniela Matthes, interina*
A região onde está hoje o Teatro Carlos Gomes, parte do Neumarkt Shopping e quase até o cruzamento com a Rua Dr. Amadeu da Luz era uma área de banhado, lembra-se uma moradora do Bom Retiro que sempre viveu naquela região. Hoje com 84 anos, acha graça das lendas sobre os túneis.
Ela, que prefere permanecer no anonimato, conta que na época das comemorações do centenário de Blumenau tudo aquilo foi aterrado, oferecendo mais espaço “habitável” no Centro. Tanto que, recorda, a festa aconteceu na área recém aterrada. Os veios d’água que brotavam na região foram canalizados para viabilizar a obra e as posteriores construções, acredita.
Perseguições e lendas
A moradora do Bom Retiro supõe como surgiram os boatos sobre os túneis. Ela lembra que a Rua 7 de Setembro era estreita, escura e sinuosa. Volta e meio algum padre era chamado de madrugada para dar a extrema-unção a algum paciente em leito de morte no Hospital Santa Isabel. Daí já teriam surgido boatos sobre o que os clérigos faziam nas úmidas noites de Blumenau.
Outro fator, supõe ela, foi a repressão às culturas de imigrantes nas décadas de 1930 e 1940, período do Estado Novo. Muitos de fato foram presos apenas por ter em casa livros em alemão ou conversar na língua estrangeira. Desde então, lembra, muitos boatos e histórias surgiram.
Verdade ou não, vale acompanhar o trabalho da comissão. Sendo um túnel de encontros amorosos, de fuga ou uma simples canalização, certamente ganharemos ao (re)descobrir a nossa própria história.
* O titular do blog, o Pancho, está em merecidas férias e volta em 10 de fevereiro.
Postado por Daniela Matthes, às 19:31
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Setor de Cartas do Leitor - Jornal de Santa Catarina - dia 21 de Janeiro
Dialogo Facebook - dia 22 de janeiro de 2015

Angelina Wittmann... oq me diz???
Fim do mistério?
Grupo de historiadores, engenheiros, imprensa e Fundação Cultural de Blumenau se reúnem nesse momento para descobrir a verdade sobre o túnel encontrado na rua do Teatro Carlos Gomes.
De acordo com o bisneto de um antigo morador (Fides Deeke ) a galeria escoava a água das chuvas, que alagava hortas e galinheiros, em direção da rua 7.
  • Angelina Wittmann O que lhe digo?
  • Eduardo Diniz Machado Parece que concluíram... acreditamos ou prosseguimos? ??
  • Angelina Wittmann Por etapas de maneira sintética, o que aconteceu até aqui:

    1 – Lenda urbana, por que não existe e ninguém nunca viu.

    2 – Obras - descobrem os túneis - deixa de ser lenda urbana.

    3 – Tampam rapidamente as evidencias.

    4 – A comunidade levanta-se, junto com o colunista Fresard e cobra uma averiguação e pesquisa.

    5 – Todos que defendiam a lenda agora usam a mesma "fala" - galerias pluviais - mesmo antes de iniciar uma pesquisa com uma equipe arqueológica. Falta uma metodologia com parâmetro científicos. As pessoas que formam esta comissão não tem especialidade em estudar assunto sob estas características. Reuniram-se e validaram validar a "fala" de “Galerias Pluviais” de maneira oficial. 

    6 – Jornalista Fresard tirou férias e não acompanha as averiguações.

    7 – Comprometeram parte do patrimônio, danificando, com escavações amadoras, feitas com trator.

    8 - Lamento a sequência de ações, mas estamos no Brasil.
  • Eduardo Diniz Machado Então muito breve buscaremos uma verdade.
  • Angelina Wittmann De acordo com.................O que a equipe conclui não tem comprovação científica, sem observações técnicas, sem estudos de casos....reuniram para "enterrar" a coisa e para que esqueçamos. Que assim seja....História enterrada. No Futuro, estimo que uma equipe realmente de pessoas preocupadas especialistas desenterrem e voltem a estudar...podem durar década e ou séculos....Desenterrar e pesquisar sob metodologia científica adequada.
  • Angelina Wittmann Estranho que buscam para justificar sua teoria pessoas que "dizem..."....tal como tantos que dizem ao contrário e outras tantas versões. Por que só esta é válida?
  • Angelina Wittmann É preciso um estudo técnico , arqueológico e histórico....As pessoas que compõe esta equipe , jamais fizeram isto....Falo bobagem, Urda?
  • Angelina Wittmann Mas podemos prosseguir...

Para acessar, clicar sobre  Túneis
Isolado na semana que inicia  no dia 19 de janeiro de 2015
Tapume colocado para esconder o trabalho que faziam.















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Expedição Explora parte do local...

No dia 23 de janeiro de 2015, dois jovens escoteiros, com intuito de contribuir para a História de Blumenau e com objetivo de fazer imagens, disponibilizando-as à comunidade - ciente de que o terreno pertence a União (não é propriedade privada), resolveram entrar no túnel. Um terceiro jovem fica fora para dar suporte mediante eventuais acidentes. Os dois descem ao túnel por volta das 23:00h.
Descobriram um caminho bloqueado, recentemente, com pedras. Tiraram-nas e perceberam que o túnel aumenta para uma largura superior a 100 cm. Também observaram que há água empossada, em função do bloqueio, e esta não flui em direção ao Rio Itajaí Açu, mas sim, em direção ao morro. A água parada pode comprometer o objeto de estudo, já agredido em procedimentos anteriores.

Pergunta: Se os túneis não tem ligação com o Teatro Carlos Gomes e alguns historiadores da cidade defendem que foram construídos como galeria pluvial, antes da edificação do teatro, por que este tem um trecho, conforme vídeo de Eduardo,  que  se amplia sob o Teatro? Lembrando, que estes historiadores, antes da descoberta acidental, defendiam tratar-se de lenda urbana. E agora? O que é? 

Vídeo feito por Eduardo



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Conclusões importantes sobre a existência dos túneis - Fotografia tirada entre 1931- inauguração da Ponte Aldo Pereira de Andrade - Ponte ferroviária - Data de sua inauguração é 1954, quando foi inaugurada com o trecho ferroviário entre Blumenau e Itajaí. Na foto, ela está sem cabeceiras. Fotografia publicada no Grupo Blumenau Antigamente , mostrada por Márcio Müller, do Acervo de Bruno Kadletz, neto do grande Historiador  Frederico Kilian.

Detalhe - Sem cabeceiras

Agora percebemos que os túneis não foram cavados, mas sim, construídos junto com a intervenção urbana ocorrida no local, que pode ter acontecido durante a II Guerra Mundial.
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Jornal JSC   
Investigação 
30/01/2015 | 14h06

"Comissão avança nas pesquisas históricas sobre o túnel no Centro de Blumenau - Grupo de historiadores está pesquisando documentos e reunindo fotografias históricas da área.
Altura do túnel varia entre 1,50m e 1,70m, com largura entre 50 e 60 centímetros
Foto: Marcelo Martins / Divulgação
A comissão formada pela prefeitura de Blumenau para estudar a história do túnel encontrado ao lado do Teatro Carlos Gomes, no Centro da cidade, reuniu-se novamente no Arquivo Histórico nesta quinta-feira. O grupo de oito pessoas, entre historiadores, pesquisadores e moradores, avançou nas pesquisas documentais através de relatórios escritos pelos antigos prefeitos do município e fotos históricas da área. Todos os materiais estão sendo reunidos no relatório que a comissão deve divulgar em duas semanas.

Uma nova visita ao túnel também foi realizada na última terça-feira. Com o apoio do subcomandante do Corpo de Bombeiros, major Luciano Mombelli da Luz, o presidente da Fundação Cultural de Blumenau, Sylvio Zimmermann, caminhou pelo local acompanhado do membro da comissão pesquisadora, Rodrigo Dal Molin, e pelo fotógrafo Marcelo Martins. Segundo Zimmermann, o túnel de aproximadamente 32 metros de comprimento segue em direção à Rua Sete de Setembro, com altura que varia entre 1,50 metro e 1,70 metro. A largura é de 50 a 60 centímetros. O túnel segue em linha reta, sem ramificações para os lados.

- Os bombeiros fizeram uma inspeção e apontaram onde era seguro entrar. Após essa visita, já fizemos uma solicitação ao Samae para que mantenha o túnel aberto, com um posto de inspeção para que a comissão possa continuar os estudos no local - acrescentou Zimmermann.

O próximo passo da comissão de historiadores é buscar informações da época em jornais da região publicados entre o final da década de 30 e meados da década de 50, além de continuar colhendo depoimentos de ex-moradores da região." JSC

Nosso Comentário:

Muito bom que o Presidente da Fundação Cultural de Blumenau, fez observações in loco e mostrou, após adentrar parte do espaço interno, ao contrário do que falou em entrevista anterior a uma emissora de TV, como ilustra o comentário de Jorge Wittmann - anexado a este texto anteriormente.
"...Estava ouvindo a entrevista que o Sylvio deu no Jornal do Almoço do dia 12 de janeiro ( veja o vídeo aqui: http://migre.me/ocRw4 ) - reparem que aos 2:52 ele diz: "é impossível alguém entrar lá" ainda reforça que talvez uma criança conseguiria..." JW
Parte da Entrevista do Presidente da Fundação Cultural de Blumenau ao JSC. 
Jornal de Santa Catarina
Mistério
12/01/2015 | 07h04
Jornal - Com base no que foi encontrado na construção da casa Royal, você acredita que a passagem encontrada hoje é um túnel que foi usado por pessoas ou era uma galeria pluvial? 
 Zimmermann - "Tudo indica que é uma galeria pluvial. Teoricamente não dá para passar ninguém lá dentro tendo em vista a altura e a dimensão, mas mesmo assim nós vamos investigar para ver se existem ramificações. Conversamos com os responsáveis pelo teatro para saber se existe alguma ligação dessa galeria com o prédio, mas foi dito que não existe ligação nenhuma. A galeria passa ao lado do teatro em direção ao rio." 

Lembramos, a maneira que tentaram tampar o acesso do túnel - do lado do Teatro Carlos Gomes, colocando pedras e de como, danificaram parte do objeto de estudo, ao abrir o buraco de acesso com máquina. As pedras foram retiradas e mostradas, no vídeo postado no You Tube, feito a partir do trabalho de dois jovens escoteiros. Iniciativa importante, pois leva a concluirmos que esta motivou a "Equipe" de pesquisadores, ou investigadores, adentrarem o Túnel - até bem pouco tempo - lenda. Lembramos que também, a equipe formada já tinha concluído, mesmo antes de findado os estudos, investigações e conclusões - tratar-se de galeria de águas pluviais. Também observamos que o túnel "aumentou" de tamanho, após esta expedição - mas ainda, não tanto como ilustra a imagem feita pelo fotográfico - Marcelo Martins que os acompanhou no interior do túnel. 


Foto: Marcelo Martins - Clic RBS.
Hoje conversamos com trabalhadores deste canteiro de obras e soubemos que a Empresa Odebrecht, prossegue com seus trabalhos no local com as obras da instalação do sistema de esgoto na área central de Blumenau. 

Parte da Equipe de Pesquisadores que estão estudando e pesquisando os Túneis de Blumenau ou, como se denominam - Comissão Multidisciplinar constituída para investigar o canal/túnel da rua Presidente John Kennedy: Sueli Petry, M Roeck Röck, Sylvio Zimmermann Neto, Hilda Melchioretto, Darlan Jevaer Schmitt,  Bárbara Ginger e Wieland Lickfeld.
Equipe de Especialistas que pesquisam os túneis de Blumenau
 Formado pela Prefeitura de Blumenau - Foto de Bárbara Ginger
Observação - Nesta História toda, lembramos que a Fundação Cultural de Blumenau e a Gerência do Patrimônio Histórico tem atribuições diferentes dentro da Prefeitura Municipal de Blumenau, mediante a uma separação e acerto feito, para disciplinar suas atividades. A Gerencia do Patrimônio Histórico Arquitetônico é que deveria estar a frentes desta pesquisa.
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Postado no dia 4 de fevereiro de 2015
Matéria da Página On Line G1 - Santa Catarina mostra o óbvio e o que se esperava da equipe montada dentro da Fundação Cultural de Blumenau para averiguar  o local - Sem novidades. Mas fica o registro.

G1 - Santa Catarina - Clicar sobre G1
21/01/2015 17h36 - Atualizado em 21/01/2015 17h36
Visitado no dia 4 de fevereiro - às 12:30h
Túnel encontrado no Centro de Blumenau era uma galeria fluvial
Pesquisadores afirmam que local servia para o escoamento de água.
Analistas contaram com ajuda de bisneto de antigo morador da região.
A antiga lenda dos túneis secretos de Blumenau, no Vale do Itajaí, reacendeu nos últimos dias, após a descoberta de uma passagem subterrânea na rua do Teatro Carlos Gomes. Na semana passada, a comissão criada para desvendar o minstério do túnel, deu início as investigações, e já trouxe algumas respostas.
Por quase 100 anos, os blumenauenses se perguntaram para que serviam, de onde vinham e para onde iam. Seriam os túneis uma rota de fuga do ditador alemão Adolff Hittler? Ou um local secreto de encontro de padres e freiras? As respostas para a curiosidade dos moradores do município veio junto através do trabalho conjunto de historiadores e engenheiros.
 

O túnel, encontrado pela empresa que realiza as obras de esgoto na cidade, no dia 2 de janeiro, têm cerca de 40 metros de comprimento, 1,5 metros de altura e 50 centímetros de largura. Localizado a quatro metros abaixo da Rua Presidente John Kennedy, a passagem está obstruída dos dois lados. Barro e água fazem parte do espaço, que é suficiente apenas para uma pessoa pequena.
Segundo os pesquisadores, todos os indícios levam a acreditar que o local não passou de uma galeria antiga criada para o escoamento da água da chuva. "Esse túnel não tem ligação nenhuma com o Teatro Carlos Gomes. Ele é reto, com aproximadamente 40 a 60 metros de comprimento, construído na década de 1930", conta o Presidente da Fundação Cultural, Sylvio Zimmermann.
 
 
Bisneto de antigo morador ajudou pesquisadores com desenho de croqui da antiga propriedade da  família (Foto: RBSTV/Reprodução)
A comissão de analistas buscou informações do túnel com antigos proprietários de imóveis da Rua John Kennedy, e encontrou um bisneto de um morador da região. O rapaz fez um croqui de como era a casa do bisavô nas décadas de 1940 e 1950. Onde era a rua, existia o quintal da família.
A diretora do arquivo histórico do município reafirma a tese dos pesquisadores de que o local era uma rede de escoamento pluvial: "Realmente essa é uma das várias galerias que nós temos na nossa cidade. Não é a única, mas as lendas continuarão", comenta Sueli Petry.
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04 de Fevereiro de 2015
Nos primeiros dias de Fevereiro de 2015, após a equipe de PESQUISADORES adentrarem trecho do túnel acessíveis, também adentrados por dois jovens escoteiros, no final de janeiro que fizeram imagens e disponibilizaram nas redes sociais  (Clicar sobre Vídeo), os acessos são reconstituído com blocos de concreto e cobertura feita com meio tubo de concreto, ligando as duas extremidades expostas. 

Segue as imagens:












Foto do dia 5 de fevereiro -  enviada por Eduardo Diniz














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Blog  do Pancho - jornalista retornou de férias - Túnel não era mistério para alguns moradores
11 de fevereiro de 2015w_tunel_p
Grupo de estudos entrou no túnel no mês passado. Foto: Marcelo Martins, divulgação
"Para alguns moradores de Blumenau, o “túnel” encontrado na Rua Presidente John Kennedy não representa qualquer surpresa. O administrador de empresas aposentado João Maria Mosimann, por exemplo, descreveu a passagem com riqueza de detalhes em entrevista concedida ao jornalista Altair Pimpão no programa Mesa de Bar, veiculado na TV Galega em 2012.
“Era toda cavada dentro de chamote e na parte de cima colocaram tijolos grandes curvos. Servia para coleta de águas”, disse ele no programa.
Mosimann morou por 28 anos na região e chegou a entrar na galeria quando criança. Confira abaixo o trecho da entrevista em que ele fala do túnel.

Resultado em março

A escavação feita para estudar o achado já foi coberta, segundo o presidente da Fundação Cultural de Blumenau, Sylvio Zimmermann. Ele liderou a comissão formada para estudar a estrutura.
A pesquisa será publicada numa edição do Blumenau em Cadernos, provavelmente em março. Não há dúvidas sobre o uso da galeria para o escoamento de águas.
Um poço de inspeção foi mantido para dar acesso ao túnel subterrâneo.
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22 de Abril de 2015
"Estudo" conclui...Qual a fundamentação?  

Blog do Pancho
Estudo conclui que túnel era para drenagem

22 de abril de 2015
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O grupo de estudos formado para analisar o túnel descoberto pela Odebrecht Ambiental na Rua Presidente John Kennedy, ao lado do Teatro Carlos Gomes, Centro de Blumenau, se reúne hoje pela última vez. Finalizarão o relatório com que será publicado na próxima edição do Blumenau em Cadernos. O documento traz o relato dos trabalhos e as conclusões.
Segundo o presidente da Fundação Cultural de Blumenau, Sylvio Zimmermann, não foram encontradas evidências de que a estrutura tivesse outra utilidade que não fosse a de drenagem. “Sem esqueletos,  objetos,  planos de fuga nem mapas”, escreveu Zimmermann ao blog.
A estrutura subterrânea foi encontrada em janeiro ao longo da Rua Presidente John Kennedy durante os trabalhos de instalação do sistema de coleta e tratamento de esgoto. 

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Postagem publicada em 17 de maio de 2019.


Foram encontrados túneis subterrâneos no centro da cidade de Blumenau, sobre os quais foram dados continuidades a debates. A  não deliberação e desejo de investigar mais sobre os túneis descobertos e a permanente deliberação de alguns grupos, em  ignorá- los impressionou parte da população local, principalmente os pesquisadores
Resolvemos registrar o assunto, publicamos o em uma postagem do dia 11 de janeiro de 2015, na qual, também  efetuamos uma reflexão sobre "a lenda" que insistiam em enterrar. 
Incentivamos a pesquisa.
Alguém leu um artigo científico recente sobre o assunto "túneis de Blumenau" e nos encaminhou. Artigo mapeado em torno da tentativa de explicar a versão, dada e defendida por aqueles que até então (até a descoberta dos túneis) diziam se tratar de "lendas urbanas". Até a "descobertas" dos túneis, estes nunca levantaram a hipótese da existência de galerias de águas pluviais - o que passaram a defender e nunca havia sido ventiladas antes. Do contrário, esta versão estaria em artigos pretéritos referenciando o artigo aqui exposto - a primeira vista - inédito, quanto ao assunto.
O assunto explanado no artigo aqui apresentado é vago, mas é um início de pesquisa, mesmo que parcial e bem oportuno, neste momento. 
Que a curiosidade científica, principalmente na área da antropologia vença a inércia e barreiras, e que os fatos - de fato - surjam à luz do conhecimento, pois o sítio está enterrado na área central de Blumenau. 
Porque o assunto deste artigo - "um estudo além das lendas históricas", não foi desenvolvido antes, na forma de pesquisa, já que encontraram fotografias das galerias pluviais"? Por que até a "descoberta dos túneis" determinados historiadores da cidade faziam questão de dizer serem "Lendas Urbanas"?
O Artigo

OS TÚNEIS DA CIDADE DE BLUMENAU: um estudo para além das lendas históricas
Elaine Kindlein da Rosa 1
Karyne Johann 1
Graciela Márcia Fochi 1

Resumo: Este artigo trata das edificações dos túneis que tanto participaram do imaginário da cidade de Blumenau. O túnel encontrado ao lado do Teatro Carlos Gomes reacendeu as lendas e a curiosidade dos moradores blumenauenses, deixando inúmeras perguntas que procuramos responder com essa pesquisa. Através desse ensaio bibliográfico e documental destacamos as construções dos túneis ou canais, seus usos, sua ligação com as lendas. Como resultado alcançado tivemos argumentos que enfatizam o uso deste túnel que deu drenagem à água fluvial e pluvial, ainda sim, persistimos que a história não está totalmente contada.

Palavras-chave: Túneis. Canais Fluviais. Lendas.

Abstract: This article deals with the building of tunnels that both participated in the imaginary city of Blumenau. The tunnel found next to the Carlos Gomes Theater rekindled the legends and curiosity of residents in Blumenau, leaving numerous questions we seek to answer with this research. Through this bibliographical and documentary essay, we highlight the construction of tunnels or canals, their uses, their connection with the legends. As a result we had reached arguments that emphasize the use of this tunnel that gave the river drainage and rainwater, still, persist that the story is not fully told.
Keywords: Tunnels. Fluvial channels. Legends.

Introdução

Por muitos anos, os blumenauenses se perguntaram se as lendas dos túneis no centro da cidade eram verdadeiras. Muitas perguntas e hipóteses foram formuladas a esse respeito. Eles existem? Por onde passam? Para que foram construídos? Quantos são? Existe relação e ligação uns com os outros? Como foram utilizados? Foram utilizados como passagem e refúgio por simpatizantes do nazismo, pelo ditador alemão Adolf Hitler? Ou pelos padres e freiras que residiam nos internatos da redondeza como locais de encontros amorosos? Estas são algumas das questões que gravitam e compõem o imaginário e especulações em torno dos túneis da cidade. Em vista das recentes descobertas dos túneis de Blumenau, escolhemos o túnel edificado junto ao Teatro Carlos Gomes2 como cenário ideal para o tema de investigação sobre os fatos e a realidade que existe para eles. Um dos túneis foi encontrado em janeiro de 2015 pela empresa que realizava as obras de esgoto na cidade. Possui cerca de 40 metros de comprimento, 1,5 metros de altura e em torno de 50 centímetros de largura. Está localizado a quatro metros abaixo da Rua Presidente John Kennedy, sua passagem estava obstruída dos dois lados e era suficiente apenas para uma pessoa pequena de baixa estatura pudesse transitar. Para respondermos algumas de nossas perguntas investimos nas pesquisas bibliográficas, localizando e interpretando documentos e fotos do período provável da construção deste túnel. Primeiramente, buscamos organizar e descrever os fatos que envolveram o túnel encontrado na Rua Presidente John Kennedy, contribuindo para elucidar as questões referentes à sua construção, seu uso, sua dimensão e a ligação com os outros túneis da cidade. Através dos documentos disponíveis no Arquivo Histórico de Blumenau3 percebemos a abrangência do tema e a necessidade de ampliação dos estudos. Foram coletados vários dados, como documentos oficiais da cidade (leis e relatórios de leis), relatos jornalísticos e matérias contidas no periódico Blumenau em Cadernos, produzido pela Fundação Cultural de Blumenau. A partir da leitura dos documentos citados e a análise das fotos de alguns períodos diferentes, começamos pelas datas próximas à construção do Teatro Carlos Gomes, iniciou-se a busca de datas aproximadas da possível construção do túnel. Ao longo deste texto procura-se apresentar evidências e interpretações e elucidar os pormenores pelos quais transcorreram as edificações que tanto suscitam especulações no imaginário dos blumenauenses. 

O túnel responsável pela retomada dos debates e discussões

Desde o final de 2014, a Prefeitura Municipal de Blumenau, através da concessão feita à empresa Odebrecht Ambiental, tem efetuado obras de saneamento e esgoto na área central da cidade. No início de 2015, no decorrer das obras foi encontrada parte de túneis nos subterrâneos da cidade. Os túneis até então somente existiam na memória e através da oralidade repassadas de uma geração para outra, sem a comprovação empírica de suas existências. Ao longo dos anos, reportagens e matérias jornalísticas mencionavam a existência dos túneis, mas sempre como fruto de lendas e imaginários (WITTMANN, 2015); e curiosamente, por muitos anos a existência destes túneis foi oficialmente negada e não suscitou maiores interesses tanto por parte dos historiadores como das autoridades locais4. Com a descoberta do túnel no centro da cidade, o prefeito de Blumenau – Sr. Napoleão Bernardes – se pronunciou nas mídias sociais nos seguintes termos:

Lendas e boatos a respeito de túneis marcaram a infância e a juventude de muitas gerações de blumenauenses, inclusive a minha. Livros, contos e as mais diversas histórias tiveram a narrativa inspirada na, talvez, mais característica e emblemática lenda urbana da nossa cidade. Pois agora, através das obras de saneamento na região central, uma passagem subterrânea foi descoberta. Algo inusitado e que certamente desperta a todos muita curiosidade. Em virtude de todos os relevantes aspectos históricos e culturais potencialmente envolvidos, solicitei à Fundação Cultural de Blumenau, interessada pelo tema, uma ampla pesquisa e investigação sobre a passagem encontrada. A partir de amanhã, o presidente da Fundação, Sylvio Zimmermann, vai iniciar este trabalho, formando uma equipe multidisciplinar para analisar esta questão. A ideia é envolver profissionais das mais diversas áreas e experiências para elucidar o tema e trazer uma resposta conclusiva à comunidade. Vai ser um trabalho muito interessante, seguramente! (Disponível em: . Acesso em: 22 jul. 2016).
A partir da deliberação por parte do prefeito da cidade, a equipe de pesquisadores da Fundação Cultural de Blumenau dedicada à apuração de dados sobre o túnel, informa que o local deveria servir para o escoamento de água e que provavelmente se trata de um curso d’água canalizado no início do século passado. A rua XV de Novembro tinha vários pontilhões, o que comprova a existência de pequenos ribeirões que chegavam ao rio Itajaí-açu. A partir desse ponto, a pesquisa busca nos registros históricos a base para essa comprovação. Em vários momentos da historiografia da cidade encontram-se registros em leis e relatórios administrativos sobre as canalizações de ribeirões, e um dos canais mais comentados foi o Canal Bom Retiro, que por sua vez possui ligação com o túnel encontrado recentemente junto ao Teatro Carlos Gomes, conforme se procura apresentar na sequência do texto.

O exemplo do Canal Bom Retiro

Nossos primeiros passos da pesquisa foram encontrar os registros de imóveis que faziam parte do local onde a Rua Presidente John Kennedy foi projetada. Consultando os documentos, identificamos que o local pertenceu à família Tietzmann, conforme consta no trecho a seguir retirado do Relatório da gestão dos negócios do Município de Blumenau durante o ano de 1928, p. 10, no exercício do Sr. Curt Hering:
Combinou-se em dezembro passado a construção de uma rua nova, que deverá atravessar o terreno da Viúva Tietzmann, ligando a Rua 15 de Novembro com a Rua 7 de Setembro. Esta construção que será finalizada no ano corrente, constituíra um grande melhoramento da nossa rede de viação urbana, visto não existir travessa nenhuma entre as Ruas Goiás e Espírito Santo.
A rua em questão levou muitos anos para ser concretizada. No entanto, os prefeitos posteriores engajaram-se na construção de canais para melhorar o escoamento de águas fluviais, facilitar o saneamento e revitalizar o centro da cidade; e entre as obras de canais está o Canal Bom Retiro. A 29 de maio de 1935, o Sr. Germano Beduschi assume a prefeitura de Blumenau e em seu exercício iniciam-se as obras no canal “Bom Retiro” que torna a ser mencionado anos depois, no livro que comemora o Centenário de Blumenau no ano 1950 no qual são compilados os principais feitos dos governos da cidade (BLUMENAU, 1950, p. 45):
Durante o governo desse prefeito deu-se começo à canalização do ribeirão Bom Retiro, na parte entre as ruas Sete de Setembro e o rio Itajaí, e que atravessava a Rua Quinze de Novembro justamente onde começa a atual rua Nereu Ramos. Outras obras de real utilidade foram ultimadas no seu governo.
Em 1938, o prefeito José Ferreira da Silva relata no Relatório da Gestão dos Negócios do Município de Blumenau seus contratempos com a canalização do Ribeirão Bom Retiro. O prefeito comenta do início das obras na canalização do Ribeirão Bom Retiro e das dificuldades enfrentadas, informa sobre os gastos que a obra envolve e dos anos que se arrastam para sua conclusão. “Irregularidades praticadas pelo contratante em receber quantia superior ao valor do trabalho feito, sem a contrapartida de um trabalho bem executado tardam ainda mais a entrega dessa obra” (SILVA, 1938, p. 19-20). Mediante tal ocorrido, uma equipe de engenheiros foi contratada para avaliar as estruturas do canal e diante de um parecer favorável deu-se a continuidade da obra. Em 1939, prosseguiram as obras de canalização do ribeirão “Bom Retiro”, que atravessa a rua 15 de Novembro; entretanto, os trabalhos sofreram com as cheias do rio Itajaí-açu e seus afluentes, obrigando por muitos meses, a paralisação dos serviços, fato que foi descrito pelo prefeito José Ferreira da Silva (SILVA, 1939, p. 31-32) no qual reafirmava o seu comprometimento em finalizar esse canal ainda no ano vigente. Anos depois, ao completar o centenário da cidade, as fotos dos festejos nos apresentam como era o local onde viria a ser constituída a Rua Presidente John Kennedy. Ao lado do Teatro Carlos Gomes, com um desnível de cerca de quatro metros para baixo se apresenta o que será a rua em questão. Pode-se observar também o Morro dos Padres atrás do pátio em que estão ocorrendo os festejos, onde hoje se encontra o Shopping Neumark na foto a seguir: 
Figura 1. Blumenau em 1950
Fonte: Arquivo Histórico José Ferreira da Silva

Como podemos observar na foto, o Morro dos Padres começa a ser desmantelado para aterrar boa parte do que hoje é o centro da cidade de Blumenau e principalmente na região onde foi construída a Rua Presidente John Kennedy. Na foto seguinte, vemos o Teatro Carlos Gomes na parte alta do terreno onde acontecem os festejos.

Figura 2. Blumenau em 1950
Fonte: Arquivo Histórico José Ferreira da Silva.

Em 1957, o canal “Bom Retiro” é alvo de discussões novamente. Rumores referentes ao seu mau estado levam a equipe produtora do Blumenau em Cadernos a elaborar entrevista com o senhor José Ferreira da Silva, ex-prefeito do município, oportunidade na qual expressa nas páginas (BLUMENAU, 1957, p. 19-20) seu desapontamento com o andamento da obra e descaso com relação aos seus alertas. Mas ainda assim faz questão de sugerir alternativas para melhorias. Nessa matéria ficam também registrados a forma e os materiais utilizados na construção desse canal:
Como é sabido, as águas do ribeirão Bom Retiro foram canalizadas, partes em bueiro de concreto e parte em tubos de zincos ‘Armco’, de dois metros de diâmetro. A obra foi concluída na gestão daquele administrador, que ultimou, também, o aterro que viria transformar, completamente, o aspecto do centro urbano, dotando-o da Rua Nereu Ramos, e da Praça Dr. Blumenau, dois logradouros que muito contribuíram para o embelezamento da cidade.
As finalidades dos túneis

Em vários relatórios da administração da cidade de Blumenau encontramos a preocupação com as canalizações de pequenos rios e ribeirões. As cheias e os despejos de grandes fábricas, como a Companhia Hering, o Hospital Santa Isabel, a Maternidade, além da maioria das casas particulares nas imediações reforçavam a necessidade das canalizações do Ribeirão Bom Retiro e demais cursos d’água nos pontos centrais da parte comercial da cidade. Em 1938, o então prefeito José Ferreira da Silva (SILVA, 1938) demonstra em seu relatório essa responsabilidade de zelar pela saúde da população e evitar as grandes despesas que acarretavam a limpeza periódica dos rios e afluentes.  E a partir desse período ocorre a maior parte das construções dos “túneis” ou galerias fluviais, que serão implantadas ao longo dos anos seguintes na região central de Blumenau.

Favorecer o trânsito

Conforme trechos retirados do Relatório de Hercílio Deeke em 1964, os problemas de trânsito de veículos motorizados pela Rua 15 de Novembro crescia dia a dia, e consequentemente se fazia necessário seu desafogamento com um desvio do tráfego pela Rua 7 de Setembro, para evitar “engarrafamentos” tão prejudiciais ao fluxo normal do trânsito. Assim foi proposto à Câmara de Vereadores a Lei nº 1.250, de 11 de maio, declarando de utilidade pública várias áreas de terras destinadas à abertura de uma rua transversal entre as Ruas 15 de Novembro e 7 de setembro, ao lado do Teatro Carlos Gomes. Como efeito desta lei, o nome da rua “Presidente John Kennedy” e passa a vigorar com a Lei nº 1.354, de 16 de dezembro de 1965. Na construção da rua foi empregado barro proveniente do desmonte do Morro dos Padres, e construiu-se também nessa nova via pública um bueiro de 20,00 metros de comprimento, com tubos de 0,50 metros de diâmetro conforme consta no relatório dos negócios administrativos do Município (BLUMENAU, 1965, p. 71) Depois de 1965, com a rua já constituída e os canais já concluídos, não ocorrem maiores registros sobre os mesmos.

O acesso para mercadorias

Com as reformas da loja de artigos diversos Havan, na Avenida Beira-Rio, onde antes ficava a famosa Casa Moellmann foi descoberto outro túnel desativado e lacrado. Esse foi construído pela antiga Casa de Comércio Altenburg com fundos para o rio Itajaí-açu. Na barranca do rio havia espécie de porto particular, que tinha acesso direto aos porões da loja, onde funcionava também o depósito; o que nos leva a supor que por ali passaram inúmeras mercadorias, pelo menos enquanto o túnel funcionou, pois, a partir do momento em que o rio deixou de ser utilizado para navegação este também deve ter deixado de ser utilizado.

Figura 3. Beira-rio nas proximidades da antiga casa de comércio Altenburg
Fonte: Disponível em: . Acesso em: 20 jun. 2016.

Esse túnel ficou fora das pesquisas que a equipe da Fundação Cultural de Blumenau realizou, isso a pedido do prefeito de Blumenau, diante da alegação de que, ao que tudo indica o mesmo não possui ligação com os demais, e serviu exclusivamente para os negócios iniciados pela família Altenburg.

As variações na edificação dos túneis

Os resultados obtidos até aqui nos permitem apresentar os canais construídos entre 1935 a 1965, conforme consta nas figuras a seguir, que mostram algumas dessas construções de bueiros e canais:

Figura 4. Bueiro Rua Amazonas – construído em 1949 
Fonte: Relatório dos Negócios Administrativos do Município de Blumenau referente ao ano de 1949.

Figura 5. Canal de concreto armado construído na Rua Pedro Krauss Sênior
Fonte: Relatório dos Negócios Administrativos do Município de Blumenau referente ao ano de 1949. 

Figura 6. Obras de defesa da margem direita do Rio Itajaí-açu, nos fundos da praça Dr. Blumenau, vendo-se a desembocadura do novo canal (de concreto) do ribeirão bom retiro e o antigo tubo “Armco”
Fonte: Relatório dos Negócios Administrativos do Município de Blumenau referente ao ano de 1964.

Figura 7. Abertura e obras de construção da Rua Presidente John Kennedy, ao lado do Teatro Carlos Gomes
Fonte: Relatório dos Negócios Administrativos do Município de Blumenau referente ao ano de 1964.

Através das fotos anteriores percebemos que essas construções são mais atuais do que a utilizada no túnel encontrado recentemente, pois o mesmo mantém um modelo mais voltado para a cultura alemã que iniciou o povoamento dessa cidade.

Figura 8. Túnel encontrado no centro de Blumenau em janeiro 2015
Fonte: Odebrecht Ambiental/Divulgação

Figura 9. Interior do túnel
Fonte: Marcelo Martins - Clic RBS janeiro/2015

As estruturas do túnel, recentemente encontradas pela Odebrecht Ambiental, estão sustentadas na lateral, por terra de “chamotte”, cobertas por tijolos maciços na parte superior e em forma arqueada, bem diferente das construções da prefeitura da época. Dessa forma, eis que surgem outras questões e dúvidas a serem sanadas: - Onde ficam os canais e tubulações da prefeitura? - E quem construiu o túnel encontrado recentemente? No depoimento de João Maria Mosimann, feito em 9 de fevereiro de 2012, para o programa “Mesa de Bar” exibido na TVC Pelotas ao apresentador e jornalista Altair Carlos Pimpão, ele descreve um canal de drenagem que ficava nos fundos do terreno de sua família com as características do túnel encontrado. O mesmo é descrito pelo Sr. Denis Krueger, descendente da família Deeke-Petersen que possuía uma residência na altura do atual prédio do INSS, ao lado do terreno cedido para construção do Teatro Carlos Gomes, conforme a publicação no Blumenau em Cadernos de março/abril 2015.

Relação entre os documentos e as lendas

Diversos relatos sobre os misteriosos túneis de Blumenau foram repetidos ao longo de muitos anos, alguns fizeram parte do romance de Fernando Henrique Becker Silva, intitulado “O Segredo do Meu Avô”. Segundo o autor, a lenda é anterior à construção do Teatro Carlos Gomes. Algumas versões da lenda, falam que o Teatro Carlos Gomes teria sido construído em Blumenau especialmente para receber Adolf Hitler em sua vinda ao Brasil. Tal afirmação se deve ao sugestivo formato do prédio, semelhante a um quepe de soldado. Os túneis subterrâneos que cruzam a cidade serviriam para a movimentação dos nazistas ou para algum imprevisto, como rota de fuga. Outra versão diz que os túneis serviam para os encontros furtivos entre padres e freiras que residiam no interior dos colégios Bom Jesus, o Colégio Sagrada Família e o Colégio Pedro II; todos dirigidos pela igreja católica no período das construções dos mesmos; mediante a ideia de que existiriam túneis conectando as escolas.
As lendas continuarão, ainda que tenhamos algumas evidências para o uso desses túneis, falta-se muito para uma conclusão definitiva. 
Toda uma parte, e sem dúvida a mais apaixonante do nosso trabalho de historiadores, não consistirá num esforço constante para fazer falar as coisas mudas, para fazê-las dizer o que elas por si próprias não dizem sobre os homens, sobre as sociedades que as produziram, e para constituir, finalmente, entre elas, aquela vasta rede de solidariedade e de entre ajuda que supre a ausência do documento escrito? (FEBVRE apud LE GOFF, 1990, p .466).
Considerações finais 5

 As evidências encontradas nos documentos e fotos nos indicam que as construções dos inúmeros canais se destinavam ao escoamento das enxurradas e das águas fluviais. Percebe-se também o uso particular de alguns canais ou túneis, como no caso da Casa de Comércio Altenburg onde hoje se encontra a Loja Havan, ou no depoimento de antigos moradores na localidade próxima ao Teatro Carlos Gomes comentados no artigo impresso no Blumenau em Cadernos de mar/abr de 2015. Podemos afirmar que existem histórias que apesar da falta de registros escritos podem e devem ser resgatadas de outras formas, seja através de relatos orais, de plantas de edificações ainda não investigadas, da própria estrutura do túnel encontrado ou vestígios que nos passaram despercebidos. Existe muito para ser investigado, pesquisado, interpretado, explorado e explicado. Por mais convincentes ou conclusivos que os documentos aparentam ser, as pesquisas sobre os túneis precisam ser aprofundadas. Para tanto é de vital importância o engajamento dos profissionais de outras áreas do conhecimento, como do patrimônio cultural, material e imaterial, atividades no campo de arqueologia, podem contribuir em muito no sentido de definir melhor o momento histórico da construção dos túneis, e de estudiosos que pudessem registrar as representações sociais e interpretar as memórias e imaginários que os cidadãos comportam sobre eles.

Referências

Arquivo Histórico José Ferreira da Silva. Disponível em: . Acesso em: 28 abr. 2015.
BLOG Adalberto Day. Uma luz no fim do túnel. Blumenau, 05/06/2010. Disponível em: . Acesso em: 30 ago. 2015.
BLUMENAU. Blumenau em Cadernos. O Canal Bom Retiro. Blumenau: Tomo I, n. 1, nov. 1957. p. 19-20.
BLUMENAU. Blumenau em Cadernos. Entre o mito e a realidade: uma curiosidade coletiva. Blumenau: Tomo 56, n. 2, mar./abr. 2015. p. 25-41.
BLUMENAU. Lei nº 1.250, de 11 de maio de 1964. Diretoria do Expediente e Pessoal.
5 Grande parte dos documentos foi coletada com a orientação e colaboração de Sra. Sueli Petry, funcionária do Arquivo Histórico de Blumenau, que participou da equipe de pesquisa solicitada pela prefeitura da cidade, a quem somos muito gratos.
165
Revista Maiêutica, Indaial, v. 4, n. 1, p. 155-166, 2016
BLUMENAU. Lei nº 1.354, de 16 de dezembro de 1965. Diretoria do Expediente e Pessoal.
BLUMENAU. BUSCH JR., Frederico Guilherme (Prefeito). Relatório dos Negócios Administrativos do Município de Blumenau referente ao ano de 1949. Blumenau – SC, 1949.
BLUMENAU. Centenário de Blumenau. (1850 – 2 de setembro – 1950). Edição da Comissão de Festejos. Blumenau, 1950.
CLICRBS-SC. Encontrado túnel ao lado do Teatro Carlos Gomes. Blumenau, 09/01/2015. Disponível em: . Acesso em: 11 mar. 2015.
CLICRBS-SC. Estudante de História vai pesquisar túneis da cidade. Blumenau, 22/04/2015. Disponível em: . Acesso em: 28 abr. 2015.
CLICRBS-SC. Estudo conclui que túnel era para drenagem. Blumenau, 22/04/2015. Disponível em: . Acesso em: 28 abr. 2015.
COSTA, Viegas Fernandes da. Sobre os túneis de Blumenau. Jornal Opinião, Blumenau, 11 jan. 2015.
DEEKE, Hercílio (Prefeito). Relatório dos Negócios Administrativos do Município de Blumenau referente ao ano de 1964. Blumenau – SC, 1964.
DEEKE, Hercílio (Prefeito). Relatório dos Negócios Administrativos do Município de Blumenau referente ao ano de 1965. Blumenau – SC, 1965, p. 71.
G1-RBS-SC. Túnel encontrado no Centro de Blumenau era uma galeria fluvial. Blumenau, 21/01/2015. Disponível em: . Acesso em: 28 abr. 2015.
G1-RBS-SC. Túnel é encontrado no Centro de Blumenau durante escavações. Blumenau, 14/01/2015. Disponível em: . Acesso em: 28 abr. 2015.
HERING, Curt (Prefeito). Relatório dos Negócios Administrativos do Município de Blumenau referente ao ano de 1928. Blumenau – SC, 1928. p. 10.
LE GOFF, Jacques. História e memória. Tradução Bernardo Leitão et al. Campinas, SP: Editora da UNICAMP, 1990. p. 466.
NEUMANN, Larissa; BRUGNAGO, Pamyle. Equipe estudará origem do túnel. Jornal de Santa Catarina, Blumenau, 12 jan. 2015. Geral/Investigação, p. 4.
166
Revista Maiêutica, Indaial, v. 4, n. 1, p. 155-166, 2016
SANTIAGO, Nelson Marcelo. Acib – 100 anos Construindo Blumenau. Blumenau: Editora Expressão, 2001.
SILVA, José Ferreira (Prefeito). Relatório dos Negócios Administrativos do Município de Blumenau referente ao ano de 1938. Blumenau-SC, 1938. p. 19-20.
SILVA, José Ferreira (Prefeito). Relatório dos Negócios Administrativos do Município de Blumenau referente ao ano de 1939. Blumenau-SC, 1939. p. 31-32.
WITTMANN, Angelina. Túneis de Blumenau. Blumenau, 11/01/2015. Disponível em: . Acesso em: 28 abr. 2015.



1 Centro Universitário Leonardo Da Vinci – UNIASSELVI –. Rodovia BR 470 - Km 71 - no 1.040 – Bairro Benedito – Caixa Postal 191 – 89130-000 – Indaial/SC Fone (47) 3281-9000 – Fax (47) 3281-9090 – Site: www. uniasselvi.com.br 

2 Teatro Carlos Gomes localiza-se na XV de Novembro, 1181 – Centro – Blumenau.

3 Arquivo Histórico de Blumenau Alameda Duque de Caxias, 64 – 1º piso – Centro Blumenau. Horário de Atendimento: Segunda a sexta-feira – das 8h às 12h e das 13h30 às 17h. Fechado aos sábados, domingos e feriados. Tel.: (47) 3381-6990. 

4 Isso fica claro através do vídeo exibido no Estúdio SC da RBS, em 23/05/2010.

5 Grande parte dos documentos foi coletada com a orientação e colaboração de Sra. Sueli Petry, funcionária do Arquivo Histórico de Blumenau, que participou da equipe de pesquisa solicitada pela prefeitura da cidade, a quem somos muito gratos.
Vago e dentro do novo script, após a descoberta dos túneis, agora cobertos novamente. Até então era um assunto jocoso denominado de lendas urbanas. Mas sem dúvida alguma, é um início sob aótica científica.
tunelok





Em Construção....





4 comentários:

  1. Uma pena que não sirva para desafogar o trânsito!

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    1. Olá A Wild....O trânsito é outra questão mal resolvido, feito em etapas, sem considerar todas as questões pertinentes ao conjunto do espaço urbano. Por acreditarmos na solução ou ao menos, na melhoria do trânsito, não somente do automóvel, fomos candidata nas últimas eleições e apontamos alguns pontos. Mas...Por sermos Mestre em História, Urbanismo e Arquitetura das Cidades, sofremos um pouco mais mediante a frustração de assistir tudo o que acontece com nossa cidade, sem poder contribuir, a partir de uma equipe interdisciplinar.

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  2. Neste vídeo (https://youtu.be/clvL7aekiSE) é comentado de uma fonte que tem acesso ao túnel no fundo da propriedade da família (sabe lá qual a veracidade), acredito que vale a pena fazer contato com o autor do vídeo, para ter acesso a fonte dele e verificar isso (apesar que pode dar em nada).
    Pois este "estudo" feito por uma equipe não especializada em arqueologia, com uma conclusão no mínimo irresponsável, de fechar o túnel, não permitir que mais ninguém acesse, e possa estudar melhor. No mínimo poderia servir como atrativo histórico ao turismo da cidade.E a brevidade como concluíram os "estudos" sem avançar nos dois sentidos, para ver onde iria dar, sem mapear, fazer projeto, etc...é pedir para levantar suspeitas de que algo está sendo escondido. O IPHAN, não deveria ter sido chamado? Não pode-se requerer junto ao IPHAN, uma pesquisa de verdade? Retirando as pedras do caminho, que foram colocadas para obstruir a passagem? Isso não pode ficar assim: quem não deve não tem, o local deveria ter ficado aberto para estudos mais aprofundados!
    O Sagrada Família tinha uma portão sempre fechado, no mínimo estranho, que deveria ser pedido para investigar para onde ia.

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  3. Pertinente seu comentário. Este compilado tem este por um dos principais objetivos. Não deixar o assunto sob o tapete. Há partes obscuras nesta história, que requer esclarecimentos, até mesmo para dar respaldo aquilo que vem sendo divulgado. Apresentamos as questões, em ordem e as falas, para que, realmente, uma equipe técnica de antropólogos, arqueólogos, historiadores desvinculados entre outros técnicos, possam estudar, criar um material e disponibilizar, realmente com algo definitivo e histórico.
    O IPHAN, anda politizado atualmente, pois estava aprovando a Loja HAVAN no Centro Histórico de Blumenau. Creio que chegará um momento, que uma equipe técnica poderá efetuar um estudo a partir de diferentes áreas e deixar o registro para as futuras gerações - este material é para contribuir com este. Obrigada por sua reflexão e analise.

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