Residência da Família Blumenau |
Christine Blumenau - uma das Filhas de Hermann Blumenau e de. Bertha Repsold deixou um texto escrito a próprio punho, descrevendo a casa paterna (provisória). Deixou claro que a residência do fundador da cidade era provisória, mesmo com o feitio de um vasto jardim, considerado por muitos de Jardim Botânico. A intenção do seu pai era de construir uma nova e maior casa no terreno que possuia no Morro do Aipim - Terreno, no qual estava situado o antigo Restaurante Frohsinn.
O texto de Christine foi publicado no Jornal Blumenauerzeitung no ano de 1929 - traduzido do alemão.
Filhas de Blumenau, com membros da Comunidade em frente ao Salão Schützenverein Eintracht - 1937 |
1864 - Rua da Casa da Família Blumenau |
"Pequeno era nosso lar, pequeno e muito modesto, em que o nosso pai levou a nossa mãe em novembro do ano de 1869. Ele tinha muito pesar, por não poder oferecer a ela uma casa melhor, porque na casa grande que o pai dela possuía em Hamburgo, ela foi muito mimada. Mais de 4 anos o nosso pai esteve ausente de Blumenau e neste tempo a casa ficou abandonada e deu muito trabalho para fazer dela um lar aconchegante.
O nosso pai sempre tinha a intenção de construir uma linda casa no Morro do aipim, que pertencia a ele. Plantas desta casa ainda existe e si elas fossem realizadas, se erguia lá, com certeza, uma casa grande e bonita. Mas o tempo passou e a construção nova não se realizou e os meios financeiros foram necessitados para outros fins.
A nossa mãe sabia fazer agradável o ambiente em redor dela e ela se sentiu bem, apesar da solidão. Que vida feliz nós levamos neste lar, que era um paraíso para nós crianças, não só a casa, mas tudo ao redor dela.
A casa era de um andar e sem porão, mas tinha um fastígio em cima dos quartos. Como é uso por causa do calor e países tropicais. E também em Blumenau, as salas eram separadas da cozinha e um corredor na largura da casa, mas aberto dos dois lados ligando uma a outra. Dois aposentos existiam na casa da frente, que serviam de sala de estar e quartos de dormir, um terceiro quarto foi construído quando a família aumentou, ele era mais alto e tinha uns degraus, assim serviu o lugar em baixo como porão. Coberta era a casa de largas ripas de madeira, que deram a ela um ar aconchegante. Grande Guarda-ventos, pintados de verde em frente das vidraças protegiam contra o sol e calor. O edifício atrás da casa se compunha de uma grande cozinha e uma grande e bonita sala de refeição, na qual as crianças tinham os brinquedos e aonde nós mais parávamos. Nos fundos tinha mais dois quartos e isto era tudo. Os quartos de trás eram construídos um pouco mais altos com uns degraus. Assim o ar podia passar por baixo, isto era mais prático por causa do calor. Muito interessados e um pouco medrosos nós observamos os lagartos de mais de um metro de comprimento, que saiam e entravam lá embaixo. Tão modesta como os aposentos era também a pouca e escassa mobília, mas tudo era muito aconchegante. Eu me lembro ainda do bonito sofá de couro, onde sentado, o meu pai de noite, acostumava ler seu jornal, ao lado numa poltrona minha mãe, sempre ocupada com alguma coisa ainda na luz da lâmpada um quadro calmo e feliz. No harmônio elas nos alegrou com lindos cantos. Das paredes olhavam as fotografias dos parentes mais próximos para nós, apesar de (Nähtischchen) uma mesinha para costurar, um armarinho e cadeiras não tinham outros móveis na sala.
A casa achava-se longe da estrada num jardim e neste o nosso
pai procurava descanso do trabalho e da fadiga do dia. Muitas vezes nós
crianças fomos mandadas chamar ele, para as refeições, quando ele trabalhava no
edifício da diretoria e não queria sair antes de acabar o serviço com o qual
estava ocupado. Este jardim era o "hobby" de nosso pai e representava
o seu maior interesse. Ainda me lembro, com que alegria todo domingo de manhã
ele cortava as flores que depois minha mãe arranjava em lindo ramalhetes em
cestas de arame dentro de vasos com água. Foi sempre uma alegria para ele
escolher tudo que era preciso para isto. Como ele podia deleitar-se do perfume
das rosas, talvez sua flor predileta, das quais ele preferia as vermelhas
escuras e amarelas claras. O nosso jardim era mesmo uma jóia da qual se podia encantar.
O ilustre turista, embaixador suíço, Barão de Tschudi,
elogiou com razão como Jardim Botânico e assim ele entrou na enciclopédia. hoje
ele não existe mais, a enchente de 1880 destruiu-o.
Rose e Victor Gaertner, pais d Edith Gaertner. 1865 - Dia do casamento
Foto Clic RBS
|
O amor para com a natureza saiu de meu pai para mim e para
meus irmãos, eu podia ainda pintar, se eu soubesse, o nosso jardim, que tão
intensivamente me impressionou, apesar de eu ser naquele tempo uma criança bem
jovem.
Dias atuais - Jardim do Gaertner |
Também um maravilhoso junco estava no jardim, existe uma
foto do pai ao lado dele e também as singulares Pandanus, Violeta de cheiro
doce e delicado, violetas cheia azul-claro e brancas, que minha mãe gostava
tanto.
Camélias das mais finas variedades foram plantadas e
protegidas em tempo ruim. o ar estava saturado de fragrância delicada, a mais forte vinha de uma rosa
(Polyantis) muito apreciada no Brasil.
É bem interessante, que as flores com o cheiro mais forte,
geralmente são de cor branca, linda também as combinações de amarelo e vermelho
de muitas flores. Nós tínhamos Magnólias com flores como pequenos repolhos, a
maravilhosa Gardênia dobrada, os lindos lírios com flores como funis, estas não
faltavam em nenhum jardim. De florzinhas pequeninas brancas, saia um cheiro
doce,elas são cobertas de folhas brilhantes e verdes, elas se chamavam Olea
fragan, no Brasil tem o nome de Flor d´imperador, porque era a flore preferida
do falecido último Imperador Dom Pedro II. Aqui tem um canteiro de pés de
Oleanda de todas as cores, de branco, em todos os tons de vermelho, até
vermelho bem escuro, simples e dobradas. Lá
tem um canteiro com rosas maravilhosas, transportadas para cá com grande
sacrifício, eu ainda encontrei uma lista de nomes destas rosas. eu me lembro de
uma enorme, que nós admiramos e uma (Moosrose) rosa de musgo da qual a flor me
encantou pela singular cor de rosa e as folhas finas num pé alto, nunca mais eu
vi igual flor.
Na lembrança ainda vejo eu e minha irmã com mãos dadas ante
estas flores olhando e admirando. Murtinhos com folhas finas e grossas tem
florzinhas brancas com fino cheiro e bagas gostosas. Tretona mostra sua
florescência amarelo-vermelho, amarylis
e outras lindas plantas bulbosas encantavam os olhos, também Mibiscos
com flores resplandecentes. Um caramanchão num canto do jardim formado de
algumas árvores silvestres, uma destas tinha flores brancas como estrelas. Numa
ocasião com flores vermelhas uma outra trerpadeira, a Heseacentris, com cachos lindos em
vermelho-amarelo. Outra trepadeira exisitia com cachos vermelho-amarelo, da
qual esqueci o nome; todas estas trepadeiras não tinham cheior. Uma Bojavilla
cobriu as árvores, mergulhando-as num mar de flores lilases. O que mais tinha
no jardim eram raridades, das quais não me lembro bem e também não conheço os
nomes. só me lembro de alguns cactus e filifolhas, das quais gostei mais da
Odeamtus e de um arbusto ou uma árvore, que tinha num caule pendurado de mais
ou menos 25 cm grandes flores fieto pompons, de rara beleza, como também
Daturas com bonitas flores brancas e o gracioso ou precios Abutilon.
A linda e decorativa Pornsenteia com flores vermelhas e
cheirosas também estava lá.
Em baixo de arbustos e outros lugares livres tinham a rastejavam
ainda muitas plantas lindas, como em frente da casa e ao lado da varanda a
bonita Tarenia. Lembro-me também do belo Partulack, que nós admirávamos porque
as flores abrem com a luz e se fecham de noite para dormir. O mais bonito de
todos trepava na varanda e na casa. Ao lado a floire de Dijou cheia de flores e
uma Rosa-bouquet, que se chamava Rosa-violeta, de cachos de uma cor amarelo
claro e com um perfume de viletas; ela era maravilhosa. Em frente da casa subiu
até o telhado a Rainha da noite, Clerus grandifloras, cheia de botões na
florescência, que meu pai cortou e botou na mesa para observar a flor que só se
abre uma noite, enchendo a sala com seu perfume de baunilha. Na varanda trepava
uma planta com folhagem avermelhada, ao lado Clerodentron, com cachos de flores
com cálix-cáçis vermelho e florzinhas vermelhas e até bem alto a Haja carnosa.
Flore de Cera, um nome significativo, porque as flores aveludadas parecem ser
de cera. O cheiro era forte e doce e as gotas de mel que se formavam nós
gostávamos de tirá-las.
De preferência nós sentávamos nesta varanda que tinha uma
vista bonita para o jardim. As rosas mais bonitas estavam perto e nós tínhamos
muito prazer, observando os beija-flores ligeiros, que voavam do Cactus para a
Mosideros e de lá para cá. Muito aconchegado era quando chovia e se podia ouvir
as gotas cair sobre os arbustos, eu gostava muito de ouvir isto. Então saiam
grandes sapos e rás, dos recantos e pulavam em frente da varanda - como nós
ficávamos contentes, que estávamos seguros longe destes monstros.
Este jardim era separado por uma cerca do pomar, que tinha
uma baixada até o rio Garcia, afluente do Rio Itajaí. Nesta baixada, perto do
rio, tinha um bambuzal, com bambus finos (taquara), que balançavam
graciosamente ao vento e mais grossos, Bambu rei da Índia - No pomar tinha
mudas de pés de laranja de diferentes qualidades, pés altos com galhos baixos,
assim podia-se apreciar o perfume delicioso e com facilidade pegar as frutas.
Nós tínhamos laranjas vermelhas preferidas do meu pai e
outras, uma laranja em forma de ovo no pátio de criação das aves com cerca de
bambu, que amadureceu como última perto do Natal, uma pequena tangerina com
casca fina e as maravilhosas mandarinas, mais algumas variedades de pêssegos,
pés altos carregados de frutas, nos troncos trepavam maracujás, com frutas, que
por dentro tinham uma massa gelatinosa de sabor delicioso. Tinha pitangas de um
vermelho claro e outras mais escuras, frutas parecidas com cerejas, mas em vez
de redondas, talhadas em forma de dentes e ligeiro sabor de terpentina. Assim
talhadas eram as carambolas, amarelas e suculentas, cortando elas formavam cada
roda uma estrala bonita.
Tinha uma estranha cereja, Gruminhma, Ameixa do Pará, Araça,
um pé silvestre, Gabiroba com frutas pequenas amarelas e muito admirado um pé
de maçã, não me lembro de ter visto mais variedades no viveiro de plantas do
meu pai. Também presente estava a singular papja (mamão), com as grandes frutas
amarelas lembrando melão.
Maravilhosas também eram as bananas de várias espécies não
criadas aqui, mas destas sempre tinham cachos pendurados em compridas varas
perto da casa, tais como os deliciosos abacaxis, que nós sempre tínhamos; as
bananas eram amarelas e suculentas e não podiam ser comparadas com estas, que
se podem comprar aqui na Alemanha. Si eu escrevi sobre tudo em extenso, é
porque o nosso lar na minha lembrança era um paraíso, do qual sinto saudades e
o tempo que eu passei lá, foi o melhor e mais bonito, que o amor paternal pode
oferecer às crianças. O principal foi pintar um quadro preciso e fiel do lar,
onde nosso pai viveu e onde ele tinha prazer em cuidar do ambiente.
Despedida da Família Blumenau - Blumenau em Cadernos agosto de 1958 |
O terreno deste lar descrito por Christine Blumenau existe, sem a edificação. Está localizado ao lado do Museu da Família Colonial, no Boulevard Hermann Wanderburg - atual rua das Palmeiras. O local tem um forte potencial histórico/cultural/ecológico. É usado como estacionamento e local para colocar tendas de apoio e de onde saem os carros para desfiles municipais e do Oktoberfest de Blumenau.
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Morro do Aipim e Frohsinn
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