quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Grécia Clássica e a cidade de Vlochós - Descoberta da cidade antiga

Local da cidade antiga - Vlochós - Acrópole no alto 

Nos meses de maio e outubro de 2016 conhecemos o embaixador grego no Brasil - Sr. Kyriakos Amiridis no Encontro anual dos Embaixadores dos países membros da União Europeia no Brasil e no Oktoberfest Blumenau, simultaneamente.
Embaixador grego no Brasil Sr. Kyriakos Amiridis assassinado 
no  dia 26 de dezembro de 2016 - no Encontro anual dos 
Embaixadores dos países membros da União Europeia no 
Brasil  - maio  - Blumenau 2016.


Embaixador grego no Brasil  Sr. Kyriakos Amiridis assassinado no dia 26 de dezembro de 2016 - no Rio de Janeiro - Foto feita no Oktoberfest - outubro - Blumenau 2016.
Durante a estada do embaixador grego em Blumenau, conversamos sobre a cultura e arquitetura de seu país e de como esta parte da história clássica grega teve, e tem, influência na forma de morar  e na sociedade do Ocidente. Muitas vezes fica a pseudo verdade de que herdamos dos romamos a maior parte de como morar em uma cidade. Militarmente, os romanos conquistaram a Grécia, mas foram conquistados pela gregos, culturalmente. Os romanos apropriaram-se de sua mitologia, artes e técnicas. A história está aí para comprovar.
Na semana que passou, tomamos conhecimento do o ocorrido com o embaixador grego no Brasil - Sr. Kyriakos Amiridis, quase simultaneamente a notícia da descoberta de Vlochós - a cidade grega antiga descoberta por um grupo de pesquisadores da Universidade de Gothenburg da Suécia e analisada pelo grupo, durante duas semanas de setembro de 2016.
Em homenagem a sua lembrança e a Grécia, berço da civilização ocidental, vamos conversar um pouco sobre sua civilização e arquitetura e também, apresentar um pouco de Vlochós.

A cidade clássica grega, em síntese, seguia a mesma organização das cidades muradas medievais. Também sua origem foi semelhantes - a busca de lugares mais altos, pela segurança. Na cidade grega - era na Acrópole: parte mais alta e fortificada, que se encontravam os templos e estava o ponto mais seguro da cidade. O ágora era a praça principal pública onde se faziam as trocas comerciais e era também,  o local, no qual os cidadãos debatiam, política, sociologia, filosofia, artes... A zona rural, era o local onde eram cultivados os alimentos. A cidade era murada, como as cidades medievais - para defesa da cidade baixa. Também a acrópole tinha muro - cidade alta. Quanto a cidade de Vlochós - há resquícios arqueológicos visíveis em sua Acrópole.

Grécia Clássica
Muitos foram os que  "Desenhavam" a sociedade grega clássica  perfeita, mas como os Arquétipos e a obra do homem, não poderia haver perfeição. Os gregos, a partir de suas obras, buscavam a perfeição dos arquétipos, cientes que jamais conseguiriam alcançá-los. No entanto, buscavam a superação com o objetivo de se aproximar dos modelos perfeitos do Olimpo - arquétipos. 
Criaram a democracia, mas esta estava pautada  na escravidão e na descriminação social dos estrangeiros. 
Os ricos descendiam dos deuses e heróis de Homero. Os  pobres tinham origem da poeira das estradas.
Na sociedade grega clássica, ganhar a vida com trabalho braçal era infame para um patrício ateniense. Este tipo de trabalho, dentro da sociedade grega clássica era para os metecos - ou estrangeiros - e escravos.
Mas o legado positivo deixada pela sociedade grega clássica à humanidade - faz com que admiremos, busquemos conhecer e compreender mais sobre a importância desse legado - também neste momento presente, estudando Vlochós a cidade antiga encontrada e estudada a partir de setembro de 2016.
Local da Acrópole de Vlochós


A missão dos artistas e poetas gregos no período clássico, foi de despojar a religião dos horrores antigos que a enfeitavam. Os gregos clássicos através de suas práticas na sociedade clássica, iluminaram, serenaram e purificaram a obscuridade e o medo do invisível por duas luzes: a razão e beleza.
No período clássico grego, pela primeira vez o homem procurou explicar as forças elementares da natureza e os mistérios do universo, não apenas com o sentimento, atemorizando-se, mas também com a razão, compreendendo e tranquilizando-se.
Esse equilíbrio entre a razão e o sentimento traduziu-se nas formas artísticas, durante esse período clássico, por um realismo idealizado, um vivo sentido  de  universalidade, sobretudo na escultura - que fôra a arte nacional do grego clássico.
Esculturas em forma de colunas que já foram meinres e dolmens no neolítico. Erechtheion - templo grego construído no lado norte da Acrópole de Atenas em honra aos deuses Athena Polias, Poseidon e Erechtheus, rei da cidade mítica. Seu nome significa "o (templo) de Erechtheus". É  feito de mármore pentélico e foi construído entre 421 AC  e 406 AC.


A arte grega clássica não fixava um homem, uma mulher, um cavalo. Mas, o homem, a mulher, o cavalo. O grande escultor grego Fídias, não representou no friso do Partenon, um cavalo, mas o cavalo. Não criou indivíduos, mas tipos, porque disciplinava o sentimento que particulariza, com o exercício da razão, que generaliza, aplicando leis matemáticas de proporção e rítmo.
Obra de Fídias no Partenon


Obra de Fídias no Partenon


Com o equilíbrio entre a razão e o sentimento, ao lado de caprichosa e apurada técnica, a arte grega clássica se superou, na busca da perfeição dos arquétipos.
A cidade antiga grega encontrada no alto da colina Strongilovoúni tem seu início estimado a 2500 atrás. Data que está inserida no período clássico grego. Isto é aproximadamente no ano 480 AC - tempo áureo do período clássico grego - ou a idade de ouro da arte grega (Entre os anos 500 a 300 AC).
O florescimento artístico grego corresponde ao enriquecimentos da sociedade. As populações gregas eram organizadas em cidades independentes.
É interessante lembrar que o período clássico grego apresentam 3 estilos principais na arquitetura, por certo, igualmente na cidade  antiga encontrada. 
São eles: o dórico, o jônico e o coríntio, diferenciados por seu capitel e proporções das colunas.






Colunas ditam o estilo e as proporções de sua edificação

A arquitetura grega clássica é uma arquitetura estática, baseada no princípio construtivo de peso e sustentação e dominada pelo horizontalismo. A técnica construtiva foi uma evolução natural dos dólmens neolíticos, que também foi a base da arquitetura egípcia - que são os blocos de pedras dos dólmens trabalhados com arte a partir de esculturas. Para relembrar, o dólmen é o conjunto, onde duas grandes pedras são levantadas na vertical e suportam um outra grande pedra na horizontal. Os gregos e também os egípcios, fizeram, foi experimentar o mármore, uma pedra com mais estética e trabalhar os elementos verticais e horizontais com arte.

Dolmens - conjunto de Menires - do período neolítrico
Arquitetura grego - evolução dos Dolmens

A arquitetura grega não fez uso de sistemas construtivos  dinâmicos, baseado na oposição e equilíbrios de forças, com a presença de arco com usavam os asiáticos e romanos. A arquitetura grega não inovou, mas aperfeiçoou incansavelmente. Aperfeiçoou na aplicação de refinados sentimentos de proporção em suas estruturas simples e lógicas.
Engenharia romana - Arqueduto


Por serem simples e lógicos na arquitetura, utilizavam inteligentemente suas colunas. Empregavam geralmente  as colunas dóricas nos templos de divindades masculinas e nos exteriores. As colunas jônicas e as colunas coríntias nos interiores  e nos templos de divindades femininas. Quando passaram a superpor as colunas, numa construção de mais de um pavimento, usavam a dórica no térreo, a jônica no primeiro piso e a coríntia no segundo piso.
Os monumentos da arquitetura clássica grega são: templos, teatros, palestras, ginásios, pórticos ou stoas, ágoras, habitações e construções militares.

Templo de Ártemis

O templo

Megaron micênico - mais de 1000 anos AC
O templo grego teve origem no megaron micênico. Nos castelos fortes micênicos, o megaron era uma grande sala de reuniões religiosas ou políticas, que tinha acesso a um pátio, no qual, sobre um altar, celebravam os sacrifícios rituais. Os primeiros templos gregos eram construídos sobre as ruínas dos megarons. sua planta era retangular, forma conservada em todo o período do classicismo.
Seus ambientes eram distribuídos dentro da planta regular e resumiam-se em: pronaos (Hall de entrada), da naos (local da imagem da divindade - até hoje usada no catolicismo), o epistódomos - separado da naos por uma parede e onde guardava-se relíquias e tesouros.
Quando a planta era mais larga e comprometia estruturalmente por conta da maior distância, havia ao longo da naos ou nave, duas fileiras de colunas para sustentar o teto. Isto é visível no Pártenon
Simulação do interior do Pártenon - naos

Pártenon

O templo tinha, então três naves - uma central e duas laterais. Esta arquitetura foi "copiada" pelos romanos, que repassaram para suas igrejas, sendo que a primeira tipologia de igreja cristã surgiu a partir de um edifício civil romano - a basílica (que tinha função econômica e jurídica), quando os romanos se converteram ao cristianismo.
Comentário: Até este momento histórico, os templos não eram feitos para os fiéis, mas para "guardar" a imagem da divindade. Os fiéis frequentavam a parte externa do templo - o acesso ao seu interior era permitido somente ao sacerdote. Quando surgiu o templo cristão, a partir da basílica romana, os fiéis, pela primeira vez na história da humanidade, acessaram o templo. Outro fato curioso - até este momento histórico os cristãos faziam seus cultos e orações nas catatumbas na periferia de Roma e eram perseguidos pelos romanos e mortos nos circos para divertir a sociedade romana. Após a conversão dos romanos ao cristianismo, estes, como cristãos, passaram a perseguir os "pagãos" e queimá-los em fogueiras.
Basílica romana - Mercado e Tribunal - edificação que deu origem aos primeiros templos cristãos dentro do Império Romano


Os templos gregos clássicos eram construídos na acrópole, na cidade alta, no terreno mais elevado. Também observamos que Vlochós se encontra na parte mais elevada da região. No templo só podiam entrar os sacerdotes e este era considerado a morada da divindade. Os fiéis permanceciam no pátio externo.
Há muitos estudos sobre a civilização grega e sobre o período clássico da Grécia. Estudos inéditos acontecem no momento presente. A História da Arte e das Civilizações apresentam lacunas que esporadicamente vão sendo preenchidas a partir de descobertas de cenários históricos inédito, como é o caso da antiga cidade grega Vlochós, descoberta no segundo semestre de 2016.
O interessante, é que se conhecia o local histórico onde estava cidade de Vlochós, antes da "descoberta" da mesma. Não era dada a devida importância às marcas presentes no local. Presumia-se que se tratava de um território histórico, porém, sem importância.
Acrópole Vlochós

Os vestígios da cidade grega clássica desconhecida foram encontrados e previamente estudados por uma equipe de pesquisadores de Gothenburg da Suécia. A cidade está localizada há aproximadamente 300 Km ao norte de Atenas – localizada sobre a colina Strongilovoúni – parte das planícies da Tessália. Atualmente pertence ao município grego Palamas.
É visível o muro da Acrópole - Cidade alta - de Vlochós - sobre  a colina Strongilovoúni.

Robin Rönnlund

Segundo os pesquisadores, os vestígios pertencem a vários períodos históricos.
Entre os achados – encontraram o ágora (a Praça). Os pesquisadores (entre eles - Robin Rönnlund, doutorando em arqueologia clássica e história antiga da Universidade de Gothenburg - coordenador do trabalho in loco) afirmaram que a área localizada dentro de muralha tem aproximadamente 40 hectares

O que se supunha ser uma coluna, segundo o pesquisador de Gothenburg, são vestígios de torres, paredes e portas da cidade grega clássica, onde a maioria desse material se encontra no subsolo. Por esse motivo, a equipe deseja evitar escavar do modo tradicional. Pretendem usar radar de penetração de solo, para evitar danos ao material histórico.
A equipe de pesquisadores encontrou fragmentos de cerâmica e moedas que poderão auxiliar a datar o período histórico. Afirmam que a parte mais antiga da cidade antiga data de 500 AC - Período Clássico. A maior parte pode estar entre o período entre os séculos III e IV, aparentemente abandonada depois desse período, talvez causada pela conquista romana.
A exploração e pesquisas no local faz parte do Projeto Arqueológico de Vlochós (VLAP).
O trabalho in loco foi realizado por durante duas semanas, no mês de setembro de 2016, por uma equipe internacional formada por membros da Universidade de Gothenburg e da Universidade de Bournemouth.
Equipe de Pesquisadores de Vlochós
Vídeo

Conhecer a nossa origem é importante e a comunicação através da  história, muito contribui para isso. Aguardemos mais algumas respostas para lacunas serem preenchidas!

De repente - lembramos dos Túneis de Blumenau.

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