Tijucas SC - Tem praia?

Foz do Rio Tijucas

Cine Teatro Manoel Cruz - Foi totalmente restaurado com dinheiro público - Estado de ruinificação - 2013
Postagem especial

Tijucas é uma cidade litorânea catarinense, cuja história tem ligações com o Vale do Itajaí, através do papel de interposto comercial que foi entre o Vale do Itajaí Mirim e a capital da província - Nossa Senhora do Desterro, em um determinado período histórico. Muitas famílias tijucanas mudaram-se para o Vale do Itajaí - na primeira metade do Século XX.

Imagens de Tijucas 2013 

Cine Teatro Manoel Cruz

Edificação histórica - ano 2015

Edificação histórica em estado de demolição - 2016

Museu

Rio Tijucas

 O nome "Tijucas" é o mesmo nome que foi batizado o rio que corta a cidade. “Tijucas” é uma palavra de origem Tupi-guarani e significa "terra de lama", pois os índios Carijós que habitavam a região (significa “vem do branco” – mestiços entre tupis-guaranis e portugueses), faziam referência a praia local, que é enlameada – a mesma que vamos apresentar e mostrar, que a cidade de Tijucas tem praia - local onde está a foz do Rio Tijuca.

Tijucas - "Terra de lama' - assim é a praia e não totalmente é resultado de poluição, mas natural

Em torno do ano 1000, grande parte do atual litoral brasileiro foi invadida por povos tupis-guaranis procedentes dos vales dos rios Madeira e Xingu, afluentes da margem direita do rio Amazonas. Antes mesmo de chegar homens de outros continentes por aqui, já ocorriam migrações no continente sul americano. As tribos que chegaram ao litoral, expulsaram os habitantes anteriores, que falavam línguas macro-jês, para o interior do continente.

Em 1530, o navegador veneziano Sebastião Caboto, a serviço da Espanha, descobriu a foz do rio Tijucas. Em 4 de maio de 1848, foi criada a freguesia de São Sebastião da Foz do Tijucas Grande, bem como, a paróquia com a mesma denominação. 
Tijucas (na época, São Sebastião da Foz do Rio Tijucas) recebeu status de município pela lei provincial n.º 464 de 4 de abril de 1859.  Na década de 1870, começou a imigração italiana na região.

No século XIX, as pessoas achavam mais seguros e confortável viajar pela costa catarinense em embarcações marítimas e fluviais e, com essas, adentravam os principais rios. Como também acontecia no Vale do Itajaí, quando as pessoas viajavam da Capital da Província até povoações fundadas por alemães ao longo do Itajaí Açu. Quando as expedições aconteciam por terra, quase sempre a opção era feita por picadas que passavam por Tijucas, Brusque, Guabiruba, Gaspar e Blumenau. Tijucas, com a presença as povoações no Vale do Itajaí e em Itajaí Mirim, passou a ser um importante interposto comercial.

Navegação - Início do século XX

A navegação foi muito importante para a acessibilidade de Tijucas e sua ligação com outras regiões da costa catarinense e do Brasil e também, para sua e economia. Transportavam sua produção, e dentro dessa, principalmente a madeira e cereais. também transportavam pessoas. Teve inicio a navegação na cidade, quando, em 1901, os Coronéis Benjamim Galloti e João Bayer adquiriram uma frota de barcos, dando origem a Marinha Mercante de Tijucas à base de navegação veleira.

A capacidade dos barcos variava de 30 a 600 toneladas. A prática foi inspiração para outros residentes da cidade que também ambicionaram e adquiriram barcos. Dessa iniciativa surgiram pequenos portos e estaleiros ao longo do Rio Tijucas, da povoação até quase a sua foz, no mar. 

De acordo com o livro “Livro de Entrada e Saída dos Navios Veleiros tijuquenses", nas décadas de 1920 e 1930, Tijucas tinha uma frota de aproximadamente 100 veleiros. 

A navegação veleira, sobreviveu até meados de 1949.

Imagem atual - de 2017 - Do mesmo local

Isso explica nossas observações e conclusões sobre o local do centro histórico da cidade. Conhecido atualmente como o bairro da “Praça” e nossa opinião, é de que, esse espaço da cidade seja totalmente humanizado a partir de sua originalidade histórica. 

Bairro da Praça - Primeiro centro de Tijucas -Igreja de Nossa senhora dos navegantes que foi demolida 

A primeira Igreja de Nossa Senhora dos Navegantes, situada na Praça Getúlio Vargas no primeiro Centro de Tijucas - atual Bairro Centro, foi demolida. No local foi construída uma nova igreja  que continuou a se chamar Igreja de Nossa Senhora dos Navegantes. 

A nova igreja - Nossa Senhora dos Navegantes com a embarcação - meio de  transporte trabalho do homem da  comunidade. Atual Bairro Centro - O Novo centro da cidade está localizado na outra margem da rodovia BR101

Prefeitura de Tijucas na Década de 1940
Fonte: http://memoriasdetijucas.blogspot.com.br/

Foi e ainda é, um centro de olarias e confeccionavam produtos para a construção civil feitos de barro, como telhas e tijolos.

Atualmente, Tijucas está localizada às margens da rodovia BR-101. É o principal acesso para a rodovia SC-401, caminho para as cidades de Canelinha, São João Batista e Nova Trento.

Ponte sobre o Rio  Tijucas - BR 101

No dia 29 de dezembro de 2016, com a ajuda do Google Maps, desejamos conhecer a praia de Tijucas, a mesma praia responsável pelo nome tupi-guarani da cidade. Chegamos ao local e encontramos alguns urubus. Não percebemos o que os atraíram ao local. 

Praia de Tijucas

Caminhamos até a praia e constatamos que realmente é uma praia enlameada, mas também, maltratada pela ação do homem atual. O local não tem o adensamento populacional de outras praias do litoral catarinense, como Bombinhas, Porto Belo e Governador Celso Ramos. É quase deserta. Mas recebe os dejetos dessas outras praias e não se permite expurgar pelas suas características geográficas. É desolador.

Quando estávamos no local observando os dejetos na areia – Roberto Wittmann disse; 

“O mar não quer isso e então, ele devolve! ”

Percebemos o efeito de uma ressaca recente no local – com edificações atingidas e tombadas e movimentação de areia em direção à povoação. A paisagem natural, desconsiderando o efeito dos homens, é muito bonita.

Tijucas possui uma praia muito  bonita, mas está mal tratada e na malha urbana está localizada no "fundo" da cidade.

 As imagens comunicam...

Efeitos da ressaca

Restinho do mangue que tinha em toda a região

Comunidade de pescadores

Tijucas tem praia...

II Parte - 22 de janeiro de 2016

Tijucas - SC - Tem praia?  

Tijucas nos intrigou e encantou, que retornamos ao local para observar melhor sua formação espacial atual. Como em todos os lugares por onde passou o traçado, sem a devida reflexão, a rodovia inaugurada no ano de 1971, comprometeu muitas comunidades litorâneas, que foram literalmente divididas. Rodovia que atualmente tem 4 pistas, muros, elevados...

Tijucas SC - 2017

Muitas comunidades, quase sempre médias e pequenas, ficaram logradas de seu acesso ao mar, à igreja, à fonte de água - comunidades divididas. Não foi diferentes em Tijucas, que podemos afirmar, seu centro urbano nasceu junto a foz do rio Tijucas no mar (Transportes eram feitos pelo mar), e ali existia, como ainda vive, os descendentes dos pioneiros, uma vila de Pescadores, semelhante aquelas existentes em Nossa Senhora do Desterro, na ilha de Santa Catarina - no século XVIII, XIX e início do Século XX.

Também observamos que o grande "arco" de mar localizado entre Bombinhas e Gov. Celso Ramos, não está tão comprometido, como tivemos a impressão, quando fotografamos logo após uma ressaca, no início do ano de 2017

Adentramos em uma vila, muito semelhante às muitas que existiam no litoral catarinense e encontramos muitas embarcações pesqueiras junto a foz do Rio Tijucas no mar.

A Rodovia não só separou a cidade de Tijucas, como também fez surgir duas Tijucas.

BR 101 - Ponte de Tijucas

Uma, atual, com infraestrutura urbanas usando materiais modernos com equipamentos e toda a centralidade administrativa da cidade e o comércio maior. Outra Tijucas, bucólica, que ainda tem espacializada em seu território, a cidade das primeiras décadas da história de Tijucas, com seus hábitos e costumes. Uma Tijucas tranquila, com as crianças na rua e os adultos na barranca do Rio Tijucas, junto a sua  foz, ou mexendo no barco ou pescando. Hábitos de cidade de cultura portuguesa na costa brasileira.

Recebemos uma reflexão de alguém que leu essa postagem e a colocou no final como comentário - o que nos deixou muito satisfeitos. Pareceu-nos um colega do urbanismo pelo foco técnico do interesse.

O texto:

Será que não é possível uma recuperação da orla para que ela se torne um balneário? Eu sei que o rio Tijuca lança sedimentos naturais que todo rio possui, além é claro do que o próprio homem faz descartes irresponsáveis. Mas, a construção de um mole canalizando as águas do rio mais para alto mar não resolveria?

Querida "alma de arquiteto", vemos qualquer interferência no local com preocupação e cuidado. Com o mesmo cuidado que aqueles que escolheram o local para o traçado da BR 101 deveriam ter na época da implantação de seu projeto. A cidade de Tijucas, aparentemente, enquanto administração escolheu o lado contrário da praia - considerando a BR 101, para sua centralidade e também a área do comércio mais vibrante. 

Às marginais da BR 101

Não foi sempre assim, pois em outros tempos se chegava à povoação através de embarcações, portanto na atual comunidade. Próximo ao mar vive - talvez, gerações de famílias que chegaram ao local. O local está praticamente intacto se considerarmos outras partes do litoral catarinense que o mune de referências muito especiais para ser um local de contemplação se não quisermos interferir na parte natural, um vez que já nos primórdios, era conhecido por "Terra de Lama" - ou Tijucas.

O local é muito bucólico e bonito.

Poderia-se fazer algo para o revitalizar, mas deve se pedir licença à comunidade e essa intervenção não deveria prejudicar a prática de seus hábitos e costumes. Essa comunidade praticamente salvaguardou o local e esse deve continuar "seu" e não para migrantes buscando terrenos que serão valorizados a partir da intervenção. Aí acontece o que aconteceu com tudo o mais em outras regiões - degradação. 

O local deve ser de contemplação e encontro. Pode também ter espaços de esportes junto ao mar, como futebol de areia, vôlei, entre outros. Percebemos que o SESC vem fazendo um trabalho legal com a comunidade. 

Não se pode tirar a vocação natural de contemplação para o espetáculo que assistimos - por do sol.

Imagens do local - dia 17 de janeiro de 2017.

Cine Theatro Manoel Cruz - restaurado com dinheiro público  e se encontra nesse estado - localizado ao lado da BR 101.
Pelo que vimos colhemos material para escrever uma postagem - em breve.

Olhando para a Foz do Rio Tijucas

Olhando para a Foz do Rio Tijucas

Olhando para a Foz do Rio Tijucas

Foto tirada da Ponte sobre o Rio Tijucas - BR 101.
Cine Theatro Manoel Cruz 

Igreja da Comunidade - Nossa Senhora dos Navegantes

Monumento ao pescador

Igreja da Comunidade - Nossa Senhora dos Navegantes com a embarcação - meio de
transporte trabalho do homem da  comunidade

Igreja da Comunidade - Nossa Senhora dos Navegantes com a embarcação - meio de  transporte trabalho do homem da  comunidade

Rua da comunidade

 Indo a beira mar e à foz do Rio Tijucas

Local muito natural e sem muita interferência dos feitos do Homem.

Natural - "Terra de Lama" - Tijucas em Tupi-guarani

Cadeira para contemplar

Muito bem!

Gostamos muito de conhecer um pouco mais sobre Tijucas...

Para ler sobre o  Cine Theatro Manoel Cruz - Clicar sobre:

Cine Theatro Manoel Cruz - Patrimônio Histórico Arquitetônico