Brutalismo de Hans Broos - Caminhada Cultural - Blumenau
Estivemos participando da 3° Caminhada Cultural pelo Bom Retiro no dia 24 de junho de 2017, organizada pela Fundação Hering e Secretaria do Turismo de Blumenau.
Burle Marx e Hans Broos
Foi mais uma oportunidade de podermos estar em contato com a arquitetura e o paisagismo dos amigos - arquiteto Hans Broos e paisagista Burle Marx.
Ao contemplar novamente a obra, sempre a vemos com um novo olhar e nesse momento, concluímos algo novo. A arquitetura brutalista de Hans Broos é complementada pela exuberante paisagem natural do vale do Bom Retiro, como também pela obra de Burle Marx, que por sua vez, "apara" as arestas e suaviza o conjunto. Fornece um toque de delicadeza às linhas do brutalismo racional de sua arquitetura. Em contrapartida, sua arquitetura de concreto armado "pede licença" e se integra de maneira harmônica à paisagem natural, como o mesmo efeito de uma grande "pedra natural" esculpida (como o corcovado no Rio de Janeiro) na paisagem, sem criar informações que "briguem" com o entorno. O resultado é harmonia entre a paisagem construída e a paisagem natural.
Paisagismo de Burle Max - uma de suas os poucas obras conservadas em sua originalidade - no Brasil. Somente com vegetação da flora nacional. Cobertura de uma edificação projetada pelo arquiteto Hans Broos - Harmonia. A vista é da ala administrativa - onde o jardim suspenso é visto como uma "continuidade" do Vale - criteriosamente estudado.
Local da vista do jardim suspenso para o vale.
Em maio de 2017, quando estivemos nesse local com a equipe eslovaca que está produzindo o Documentário da vida e obra do arquiteto Hans Broos, ouvimos algo de um dos entrevistados sobre essa obra - que não concordamos muito.
Equipe eslovaca de filmagem do Documentário da vida e obra de Hans Broos. Maio de 2017
Sede Hering Nordeste - Projeto Hans Broos
Durante nossas conversas com o arquiteto Hans Broos, esse nos afirmou que a paisagem natural do vale do Bom Retiro foi determinante para a definição do partido arquitetônico da expansão do parque fabril da Cia Hering. No momento que o arquiteto estudou o local, sabia que não poderia fazer toda a expansão solicitada, a partir de novas edificações, no local, com risco de agredir o meio natural. Com isso elaborou, como chamava, um plano piloto onde sugeriu o projeto de inúmeros pequenos parques fabris - com o argumento que fossem próximos à mão de obra e não no local da sede da matriz da empresa - vale do Bom Retiro. Defendeu sua ideia diplomaticamente e convenceu os gestores da "firma" de que essa seria a melhor solução. Foi construído Cia Hering até mesmo no nordeste do Brasil, cujo projeto foi assinado por Hans Broos e o local da Matriz recebeu menos impacto.
Como já mencionamos, em maio de 2017 - ouvimos outra história que difere dessa e não concordamos muito, pois somos testemunha das palavras de Broos quando falava de sua arquitetura.
Encontramos entre os livros do arquiteto Vilmar Vidor uma pequena publicação de cunho publicitário, feita pela Cia Hering - O desafio ambiental : Hering Têxtil - nos anos de 1990 que tem a seguinte citação:
A empresa e sua integração com o meio
Arquitetura e ecologia
Para a Hering Têxtil, a expansão física integrada harmonicamente com o meio não é uma coincidência. Trata-se do resultado objetivo da uma filosofia de concepção arquitetônica, que foi aplicada sob a consultoria do arquiteto Hans Broos. Na concepção dos projetos das edificações da Hering, a preservação da natureza e o conforto ambiental dos usuários foram sempre fatores determinantes. Mesmo nos ambientes construídos para a produção industrial, buscou-se abandonar uma visão puramente funcionalista e racional e incorporar conceitos mais abrangentes, que respeitassem as características naturais, sociais e culturais das pessoas que ali iriam viver. Página 21
A necessidade de expansão
Apesar de suas dimensões, a área do vale do Bom Retiro não dispunha de espaço plano suficiente para acompanhar a expansão fabril. Essa limitação física motivou a política de construção de unidades satélites, aproximando os locais de trabalho da população operária. A proximidade entre moradia e fábrica e a integração entre colaboradores e dirigentes foram valores mantidos com carinho. Da mesma forma que preservaram as paisagens, foi preservado o desejo de desenvolvimento individual e profissional de cada empregado. Página 24
O arquiteto Hans Broos - é um dos nomes da arquitetura brutalista no Brasil. Muitos desconhecem as características e o que fez surgir essa linguagem arquitetônica.
Cia Hering Blumenau - Projeto Hans Broos
Arquitetura brutalista
A arquitetura brutalista destaca a verdade estrutural da edificação, enaltecendo seus elementos estruturais - conseguido com o uso do concreto armado aparente e destacando suas marcas, criadas durante sua execução, como as marcas das madeiras de caixaria. Também destacando os perfis metálicos de vigas e pilares.
O percursor da linguagem arquitetônica foi o arquiteto franco-suíço Le Corbusier (1887-1965), que delineou o brutalismo em seus últimos projetos, bem característico na Unité d´Habitation de Marselha construída no período ente 1945 e 1949. A arquitetura brutalista dentro do conceito da arquitetura moderna - foi o desnudar de todo o decorativismo usado até então, e o resultado de uma arquitetura estandardizada ou industrializada (com o menor custo possível), para suprir o déficit habitacional durante a reconstrução das cidades na Europa - período pós guerra. A construção maciça, sem com isso, se afastar do gosto e da arte de maneira sistematizada - tal como vem ocorrendo hoje nas cidades do Brasil.
Unité d´Habitation de Marselha (1945-1949) - projeto de Le Corbusier
Os nomes da arquitetura brutalista no Brasil ao lado do nome do arquiteto Hans Broos, foram: João Batista Vilanova Artigas e Paulo Mendes da Rocha.
A arquitetura brutalista surge no Brasil a partir do início da década de 1950 em obras na capital nacional - Rio de Janeiro e também, em São Paulo - período que também o arquiteto Hans Broos a conheceu a partir de Nova York. Sua produção foi contemporânea e não posterior ao concurso e construção da nova capital do Brasil - Brasília, ganhando mais destaque na década de 1960. A nova tendência teve grande expansão nos anos 1970, em
todo o mundo.
O brutalismo se adéqua muito bem ao meio natural, como é o caso da expansão da Cia Hering, pois "brinca" com a justaposição e integração dos opostos. É preciso ter muita sensibilidade e maestria para compor - de maneira equilibrada - a arquitetura e o meio natural, criando uma unidade plástica e funcional, o que denota o grande valor da obra do arquiteto Hans Broos ao atingir esse resultado em sua arquitetura diante do meio e no meio construído.
Vale do Bom Retiro
Apresentamos momentos da Caminhada Cultural - dia 24 de junho de 2017, transcorrida, em sua totalidade - no parque fabril da Cia Hering, onde pudemos contemplar, mais uma vez, a obra do Arquiteto Hans Broos, integrada à arquitetura histórica e à paisagem natural local. Vídeo
As imagens comunicam...
Rua "privatizada"
A partir do uso das edificações, também ocorrem mudanças no desenho da cidade. Observamos que no interior do parque fabril atual da Cia Hering há espaços "privatizados", como ruas, nas quais estavam as residências de membros da família Hering e que provavelmente eram espaços públicos e atualmente, estão inseridos parte do patrimônio da "firma", sem acesso público. Seria interessante saber como isso foi possível.
Arquitetura brutalista - parte de parede do edifício novo do parque fabril Cia Hering - projeto assinado pelo arquiteto Hans Broos.
Cobertura verde - jardins suspenso e para da ala nova - aos fundos - com a ala histórica.
Cobertura verde - jardins suspenso e para da ala nova - aos fundos - com a ala histórica.
Cobertura verde - jardins suspenso e para da ala nova - aos fundos - com a ala histórica.
Sobre a cobertura verde - jardins suspenso - projeto de Burle Marx.
Jardins suspenso - aos fundos - cobertura da edificação - arquitetura brutalista - projeto do arquiteto Hans Broos.
Sobre a cobertura verde - jardins suspenso - projeto de Burle Marx.
Cobertura - Jardim suspenso - projeto de Burle Marx - iniciado nos anos de 1970
Telhado projetado por Hans Broos e Burle Marx na década de 1970 - Blumenau, quando não existia o produto "sustentabilidade" no Brasil. Isso era de fato, consciência.
Telhado projetado por Hans Broos e Burle Marx na década de 1970 - Blumenau, quando não existia o produto "sustentabilidade" no Brasil. Isso era de fato, consciência.
Arquitetura brutalista
Arquitetura brutalista
Arquitetura brutalista
Sede da fundação Hering - Museu Hering
Contato com a História - antiga Fiação e Tecelagem
Parque fabril da Cia Hering no Vale do Bom Retiro - Blumenau
Contato com a História - antiga Fiação e Tecelagem
Contato com a História - antiga Fiação e Tecelagem
História da Arquitetura - História das cidades...
História de Blumenau...
3° Caminhada Cultural no Bom Retiro - Blumenau SC
Leituras Complementares - Clicar sobre o link escolhido:
Nenhum comentário:
Postar um comentário