quarta-feira, 28 de junho de 2017

O Brasil na imprensa alemã (28/06) - Deutsche Welle

Deutsche Welle
Jornais destacam acusação de corrupção contra Temer apresentada pelo procurador-geral da República. "Alguém ainda se surpreende se brasileiros estão perdendo a confiança na democracia?", pergunta o "Süddeutsche Zeitung".
A assombração dos charlatães – Süddeutsche Zeitung, 28.06.2017
"O local onde Michel Temer exercita suas artes governamentais chama-se Palácio do Jaburu. Trata-se da residência do vice-presidente brasileiro. Só que o Brasil não tem mais um vice-presidente desde que Temer, no ano passado, derrubou sua antecessora, Dilma Rousseff. Ele ocupou o cargo dela, mas não a residência, porque é da opinião de que ela é mal-assombrada. Já nisso é possível reconhecer que alguma coisa está errada na maior democracia da América Latina. Agora, pela primeira vez na história do Brasil, um chefe de Estado no exercício do cargo é confrontado com uma denúncia da Justiça. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, acusa Michel Temer de corrupção.
Desde o fim da ditadura militar, em 1985, houve seis presidentes e uma presidente. Todos estão, um pouco mais, um pouco menos, sob suspeita de corrupção. Dois foram derrubados por impeachment, dois outros estão sendo acusados. Alguém ainda se surpreende se os brasileiros estão perdendo a confiança na democracia? Surpreendente é que não haja milhões nas ruas para exigir a retirada de Temer. Por simpatia não pode ser, pois a popularidade dele anda em 7% – um recorde negativo. Por que, então, a população não se vira contra ele? Talvez porque não saiba o que ganharia com isso. Muitos têm a sensação de que, se expulsarem um charlatão, outro virá para o lugar dele."
Melhor um poder grande do que um gesto de grandeza - Frankfurter Allgemeine Zeitung, 28.06.2017
"Agora FHC se oferece como salvador da pátria. Pode até ser que o antigo presidente Fernando Henrique Cardoso, que todo mundo no Brasil conhece pelas suas iniciais, de fato seja a melhor opção do país para superar uma crise de corrupção que já dura três anos. Cardoso, do conservador PSDB, sugeriu que o presidente Michel Temer renuncie para abrir caminho para um recomeço político.  Ele está disponível para agir como intermediário e levar o presidente a esse 'gesto de grandeza'.
Temer já saiu várias vezes de uma enrascada e é bem possível que ele de fato fique no cargo até o fim do seu mandato, em dezembro de 2018. Incerto, porém, é se o presidente, em permanente luta pela sobrevivência política, e sua coalizão, cada vez mais frágil, ainda conseguem reunir as forças para impor as reformas necessárias para superar a recessão. Talvez seja mais fácil reunir a força para o 'gesto de grandeza' sugerido por FHC."
Fim de jogo para Temer joga Brasil em definitivo no caos – Die Welt, 27.06.2017
"O próximo capítulo da telenovela política sem fim está aberto, e o suposto maior vilão da história do país deverá finalmente ser chamado a prestar contas. Temer lidera "a maior e mais perigosa organização criminosa do país", declarou o empresário Joesley Batista, que fugiu para os EUA.
As novas acusações são mais um golpe para a economia brasileira. Entre os investidores internacionais, as turbulências políticas espalham a insegurança.
Um velho conhecido pode acabar lucrando com a desastrosa imagem de Temer: o ex-presidente Lula da Silva ganharia a eleição presidencial de 2018, segundo uma pesquisa. Depois dele vêm a ativista ambiental Marina Silva e o candidato de direita Jair Bolsonaro. Não está claro, porém, se Lula poderá concorrer. Ele também é alvo de investigações por corrupção pela Justiça brasileira."
AS/ots



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