quarta-feira, 21 de junho de 2017

Histórias do Professor Max Humpl - Altona - Atual bairro de Itoupava Seca




Casal Kramer
Há um tempo atrás participamos do lançamento de um verdadeiro documento histórico. A pesquisadora Meri Frotcher Kramer (Foto ao lado) e sua equipe decidiram trazer à luz e a disposição de quem desejasse ler e pesquisar, um tipo de relatório que o Professor Max Humpl, como um bom e culto alemão da época, produziu abordando passagens sociais, econômicas, políticas e culturais em torno do desenvolvimento do "vilarejo" - como ele chamava a localidade de Altona, atual bairro de Itoupava Seca - Blumenau.
Fez vários apontamentos que transcorreram desde a segunda metade do Século XIX até início do Século XX.

Para ler mais sobre o lançamento - Clicar  sobre: Livro sobre Altona - Momentos do Lançamento
Professor Max Humpl nasceu na cidade de Munique - Baviera em 1877, onde trabalhava como professor desde 1895. Migrou para o Brasil em 1912, quando em 1913 começou a lecionar na escola Alemã Altona. Na foto da capa - com a esposa e a filha junto a uma charrete - meio de transporte na época. A filha da filha - menina da foto esteve presente no lançamento do livro.
Também já escrevemos sobre o Bairro de Itoupava Seca, que ao longo de sua história, deixou de ser um vilarejo e passou a ser o primeiro bairro de Blumenau. Possuía autonomia de uma vila e independência econômica. 
O Bairro de Itoupava Seca - antigo Bairro Altona - sempre foi muito importante dentro na municipalidade e Colônia Blumenau a partir de sua história e localização. Historicamente, Itoupava Seca teve um período áureo, com a presença de grandes casas comerciais e industrias, como: Comercial Paul, Comercial Salinger, Fábrica de Gaitas Hering, Eletro Aço Altona, Chocolate Sander, Bebidas Thonsen entre outros.
Fotografia no acervo da família que gentilmente nos ofertou esta cópia - Bisneta do Sr. Paul - Sra. Hela. Neste comercial - comercializava-se de bananas a automóvel. Durante a Segunda Guerra mundial - os antigos contam que "homens da lei" que fiscalizavam para não falar o idioma alemão, encostavam os caminhões na porta do comercial e mandavam encher sob pena de prisão a quem negasse fazer o ordenado.
Em 1914, foi inaugurada a primeira linha de ônibus até o Stadtplatz da Colônia Blumenau, a partir do Bairro Altona.
Primeiro ônibus circular de Santa Catarina e da Colônia Blumenau













1932
Existia um porto de cargas interligado com a Ferrovia EFSC, cujas oficinas, também estavam no bairro. Soubemos, através do relato do Professor Humpl que o porto de cargas já existia no Século XIX, muitos antes de ser inaugurado o primeiro trecho ferroviário da EFSC.
Em torno desse importante bairro, há o depoimento publicado no livro Vivendo a história da Comunicação, em um período histórico posterior, de autoria de Valmira Siemann que viveu sua infância no bairro Altona/Itoupava Seca.
Porto  Fluvial de Cargas 
O livro do Professor Max Humpl -  Crônica do Vilarejo Itoupava Seca - Altona - é um documento histórico que mostra o comprometimento do professor, um pioneiro de fato, pois, além de ter feito parte dos primeiros grupos de imigrantes que chegaram à região, registrou os fatos históricos contemporâneos -  em tempo real - dos primeiros momentos históricos de Blumenau, enquanto Colônia Blumenau. Escreveu o documento em alemão gótico com texto produzidos até o ano de 1918. Muitos fatos históricos são esclarecidos em seu texto histórico, como por exemplo o nome da localidade - Altona - mais tarde tornou-se o bairro de Blumenau -Itoupava Seca.

Paraler e ver mais sobre o bairro de Itoupava Seca - Clicar sobre: Um passeio pelo Bairro de Itoupava Seca e um pouco de sua História

Escolhemos uma página do documento histórico produzido pelo Professor Max Humpl e publicado em 2915.

Segue:
"Uma importante riqueza de Altona e de todo o Vale do Itajaí são as magnificas árvores frutíferas e os diversos tipos de frutas. Em novembro, assim que são consumidos os últimos pêssegos e tiradas as cerejas pretas, surgem os saborosos figos e uma infinidade de frutas silvestres como goiabas, etc. Em janeiro o delicioso vinho e o suculento abacaxi nos deleita. Logo os pés de carambola se ostentam, repletos de frutos amarelos; a bela época de amadurecimento das laranjas e das tangerinas de maio a agosto, alegra a todos. Além disso, durante praticamente todo o ano há as nutritivas bananas, bem como o mamão, e também framboesas, etc., de modo que a mesa sempre está posta também para os pássaros. - Em Altona, Ernst Siebert e Luiz Probst produzem a partir de laranja e da carambola grandes quantidade de vinho e vinagre. antigamente Ernst Grassmann tinha aqui a sua famosa vinícola.
Aqui, os tubérculos e as raízes constituem um produto particularmente importante para a alimentação humana e para a forragem dos animais. Aipim, mandioca e araruta são bastante plantadas em Altona e em todas as partes do município, e aproveitadas das mais diversas formas. Um cidadão de Altona, Hans Lorenz, possui em Encano, uma grande fábrica, na qual os produtos mencionado acima são transformados em uma farinha fina.
Remontando ao desenvolvimento histórico do município, através do qual a situação agrícola em geral, o comércio, o tráfego e a exportação foram sensivelmente influenciados, observe-se aqui que, em 1860, a colônia privada do Dr. Blumenau foi a pedido dele próprio, assumida e administrada pelo governo imperial do Brasil. O Dr. Blumenau recebeu uma compensação e ficou com uma parte das terras como propriedade particular. Na mesma época, ele foi nomeado diretor da hodierna colônia estatal, em reconhecimento pelos seus grandes méritos como colonizador.
No ano de 1874 foi construída a estrada para os planaltos, para os vilarejos de Curitibanos, Lages, Corisco e Campos, depois que ela havia sido explorada e projetada pelos engenheiros Emil Odebrecht e Heinz Krohberger. a estrada fora construída apenas para o tráfego com animais de carga e de sela. No final dos anos de 1870 já vieram por essa estrada tropas de animais de carga, gado, cavalos e burros para a colônia. Das terras altas, os animais de cargas traziam queijo, charque, rolos de fumo, peles e erva mate. Como carga de retorno era carregado açúcar, cachaça, arroz, farinha de mandioca e sobretudo, sal.
Dessa forma, o tráfego na estrada se desenvolveu cada vez mais, e principalmente o vilarejo de Altona se tornou mais movimentado. O cais de embarque, que era usado para expostação de determinadas tábuas e pranchas, ficava no lugar de travessia para margem oposta. As tábuas, que eram trazidas por caminhões, eram reunidas  rm grandes jangadas de madeira e transportadas rio abaixo até o porto de Itajaí.
Em Blumenau e em Itajaí havia se formado uma sociedade anônima para a aquisição de um barco a vapor, que seria usado no rio para frete e transporte de passageiros. o barco a vapor chamado "Progresso", construído na Alemanha, começou a fazer, no fim de 1879, as suas viagens regulares entre Blumenau e Itajaí. se necessário, ele também ia até Altona para pegar carregamentos. Página 55
Do livro:

HUMPL, Max - 1877-1964. autor secundário: KRAMER. Méri Frotcher. Crônica do vilarejo de Itoupava Seca :Altona desde a origem até a incorporação à área urbana de Blumenau /Max Humpl ; Méri Frotscher Kramer e Johannes Kramer (orgs.). -Blumenau (SC) : Edifurb, 2015. - 226 p. :il.

















Na primeira parte do texto escolhido por nós do livro de Max Humpl, percebemos um pouco do que era Blumenau do Século XIX, autossuficiente e com fartura de frutas de época no pomar e nos quintais, as quais eram aproveitadas para fazer doces, compotas e geleias, além de apreciar in natura.
O vinho de laranja mencionado pelo Professor Humpl era muito comum nesse tempo em toda a colônia. Conhecemos famílias que ainda na década de 1980 produziam o vinho de laranja. Era feito para consumo próprio e mais uma vez, é comprovando que o alemão não bebe somente chope e cerveja, como ouvimos um vereador de Blumenau mencionar um tempo atrás, dentro de um evento cultural.
Percebemos que o texto menciona que plantavam aipim, mandioca e araruta. Talvez houve um erro de tradução. A Fecularia Lorenz foi muito conhecida em toda região do Vale do Itajaí, que teve os negócios melhorados com aberturas de filiais no Alto Vale - a partir da implantação da ferrovia EFSC um pouco tempo depois.
Fecularia Lorenz - Trombudo Central
Muito curioso também, foi como o Professor deixou claro que Hermann Blumenau foi um negociante de terras. Entregou a colônia para o Império do Brasil e ainda recebeu dinheiro e terras com a troca. Ocupou também, o cargo de Administrador, como já havíamos mencionado em outras postagens.

E para terminar nossos comentários, mencionamos que a rede de caminhos abertas pelos primeiros pioneiros e que interligaram regiões do estado de Santa Catarina delineou projetos dos pioneiros. Trouxeram esses planos quando chegaram, para que a produção da empresa colonial familiar pudessem ser levados a outras regiões, como aconteceu de maneira primitiva e é narrado pelo Professor Humpl.

Conhecer é importante...
Através da história.

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