segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Subida SC - Resgate de um Trecho da ferrovia EFSC e sua comunidade e paisagem

Embarque e desembarque do trem - Resgate do pequeno trecho ferroviário - Subida - Apiúna SC - Máquina à vapor 232. Equipamentos construídos a partir de trabalho voluntário de um grupo de pessoas  ( residentes de várias cidades da região) que fazem acontecer o resgate ferroviário local e regional.





O Estado de Santa Catarina teve a primeira e única ferrovia construída com capital e tecnologia alemãs, a qual teve um papel importante para o surgimento de algumas das principais cidades do Vale do Itajaí. Em torno das estações surgiram embriões de nucleações urbanas com pequena infraestrutura e vida social, onde as pessoas sabiam que a estação ferroviária de pessoas promovia a fácil ligação com outros centros, religiosamente alinhada às partidas e chegadas de trens do e ao local.
Imagens de Blumenau - Ferrovias da EFSC, do folder comemorativo da visita dos oficiais e tripulação da esquadra alemã, maio de 1914.

A construção da ferrovia teve início no ano de 1908, e o projeto nunca foi totalmente concluído. O primeiro trecho ferroviário foi inaugurado no dia 3 de maio de 1909 e promovia a ligação entre Blumenau à Warnow (localidade da cidade de Indaial), num trajeto de 30 quilômetros. 
O último trecho ferroviário da EFSC, de 18 quilômetros, entre Trombudo Central e São João, foi inaugurado no dia 22 de junho de 1964. A extensão total, sem contar com o Ramal de Ibirama, inaugurado em 1934, foi de aproximadamente 180 quilômetros.
Chegada do trem à estação de Warnow, dia 3 de maio de 1909.
Os meninos que testemunharam outrora, a última viagem de trem da ferrovia  EFSC no dia 12 de março de 1971, nunca esqueceram-na e muitos desses, estão à frente do trabalho voluntário, no resgate de um pequeno trecho ferroviário - na localidade de Subida - Apiúna SC. Esse trecho tem boa parte do trajeto localizado dentro da propriedade da Usina Hidrelétrica de Salto Pilão.


Ponte ferroviária (Ver no mapa acima) histórica - no meio do mato - poderia ter sido aproveitada pela administração pública para uso na comunidade - com privilegiada vista para a Foz do ribeirão subida no Rio Itajaí Açu - linda paisagem.
Nós conhecemos muitos desses voluntários do patrimônio ferroviário local - liderados por Luiz Carlos Henkels, durante nossa pesquisa - que iniciou na FURB - Blumenau - década de 1990 e continuou na Universidade Federal de Santa Catarina  UFSC - Florianópolis, a partir do ano de 2005, culminando com a publicação - A Ferrovia no Vale do Itajaí - Estrada de Ferro Santa Catarina, no ano de 2010.
Nesse mesmo ano - 2010, participamos de um momento histórico na região, principalmente na comunidade de Subida - Apiúna, na qual houve a inauguração da reativação de um pequeno trecho ferroviário - parte dos 180 km da ferrovia EFSC. O evento aconteceu mais ou menos no 39° aniversário da última viagem de trem feita nessa ferrovia. 
 Estação de Indaial - Última viagem de trem na EFSC - março de 1971.

No dia 14 de março de 2010, às 10:15h, a locomotiva nº 232 voltou a apitar, ao percorrer 3,2 Km  do trecho ferroviário localizado na serra de Subida. Estivemos junto com aproximados 80 passageiros que participaram dessa primeira viagem desse dia histórico na época. Nesse momento essa trecho ferroviário foi batizado com o nome de Ferrovia das Bromélias, cujo projeto original previa 28 Km e se estendia até Rio do Sul. Fizemos o registro histórico desse momento - segue:
Vídeo
Esse trabalho de resgate ferroviário ocorrido no ano de 2010somente foi possível, graças a uma parceria celebrada entre lideranças locais, Consórcio Empresarial da Usina Helétrica Salto Pilão, ABPF, Tremtur e o apoio de uma senadora catarinense que também participou do evento.
Luiz Carlos Henkels (ABPF), Angelina Wittmann, Carlos Ramiro da Silva (Tremtur), Evanio T. p. lopes (Usina Salto Pilão), Germano Purnhagen (Empresário - auxiliou na recuperação da máquina) - No evento da primeira viagem do resgate do Trecho ferroviário de Subida - EFSC.

O primeiro passeio do resgate ferroviário no trecho ferroviário da serra de Subida da EFSC começou no início da linha, junto ao acesso asfaltado - km 117 da BR-470. Percorreu um trajeto de 3,2Km, passando pelo túnel, pela Ponte-Viaduto de Dois Arcos, sob a antiga estrada de Blumenau, atrás da Igreja Nossa Senhora do Caravaggio (foto - ao lado), e seguiu por um remanescente de Mata Atlântica, com vista para o Rio Itajaí-Açu, até o pátio de manobras do AHE Salto Pilão.

Passados mais de 7 anos,  e com a  continuidade dos trabalhos na localidade de Subida, percebemos que centenas de pessoas se deslocam de suas cidades e regiões para conhecer um pouco desse museu ferroviário móvel. Encontramos muitas das mesmas pessoas que trabalhavam em 2010 com a memória ferroviária no local e muitos outros, que se engajaram posteriormente. Todos trabalham com dedicação, disciplina e determinação em prol da manutenção, valorização e resgate da história ferroviária no local.  
Igualmente observamos o quanto uma atividade de resgate histórico e cultural pode interferir positivamente dento de uma comunidade, como é o caso do resgate do trecho ferroviário em Subida.
Como mencionado, um dos grupos que contribuiu para a efetivação prático desse resgate da memória ferroviária local tinha ligação com a construção da Usina Hidrelétrica de Salto Pilão. Havia o local, o alojamento dos trabalhadores e da administração da obra da usina. Essa estrutura ficou sem uso após a inauguração da usina. Famílias da comunidade de Subida, com intuito de preservar, também essa parte da história local, e com muita consciência, não modificaram a estrutura original do local e nela encontraram o espaço para servir o almoço e também, no período da tarde, o café colonial, pela falta desse conforto ao visitante que chegava para fazer o passeio com a Maria Fumaça. Dentro desse espaço, que noutrora era local de uma empresa ligada a construção da usina hidrelétrica, resgataram a história da ferrovia através de imagens e fotografias, bem como, disponibilizaram artesanato, doces, entre outros produtos, tal como era muito conhecida - Estação de Subida, sempre muito referenciada e lembrada durante narrativas e lembranças de quem viveu no tempo que funcionava o modal ferroviário em toda região.
Antiga espaço da Empresa que construiu a Usina Hidrelétrica  do Salto Pilão - Atualmente é a sede da Villa Franzói
Imagens da Villa Franzói
















Livro de visitas

É interessante observar de como uma atividade, como o resgate histórico do trecho ferroviário da EFSC interfere de maneira positiva e nos permite ter uma amostra do significado real da presença de uma estação ferroviária dentro de uma região - como ocorreu no início do Século XX (época da inauguração dos trechos da EFSC), desencadeando também, o surgimento e o desenvolvimento de comunidades em torno de suas estações. 
Na localidade de Subida surgiu a Villa Franzói, instalada - no histórico - alojamento daqueles que construíram a Usina Hidrelétrica de Salto Pilão
O local é conhecido por possuir uma das paisagens naturais mais bonitas do Vale do Itajaí, e também, tal como era sua estação ferroviária, comentado por aqueles que tiveram o privilégio de viajar pelo trajeto maior da EFSC, antes de 1971, quando a ferrovia foi erradicada.
A ferrovia, o rio, a serra, a Mata Atlântica, local para lanchar, almoçar, contemplar entre outros tantos. A parte do resgate ferroviário local está em pleno funcionamento  mais de 7 anos, com viagens programadas para o segundo domingo de cada mês
A paisagem? Depende das pessoas e da administração pública local e de como optarem participar desse projeto -  projeto que é um exemplo dentro do Estado de Santa Catarina e região. Um dos motivos que nos inspira a fazer esses registros - escrevendo parte da história atual e deixando o exemplo para futuras gerações de um capítulo escrito feito no tempo presente. 
Quem conhece, Gosta. E quem gosta, Cuida.
No dia 17 de setembro de 2017, retornamos ao local e também voltamos a fazer uma das inúmeras viagens de trem nesse pequeno trecho resgatado da EFSC. Viajamos junto com a equipe técnica que punha a pequena máquina vapor em movimento naquele momento: Charles Thurow e James Ilg.
Vídeo
Após esse período de 7 anos passados após dia de inauguração desse trecho ferroviário, observamos melhorias no entorno de seu entorno - através da presença de equipamentos feitos sem a participação do Estado e nem pela administração pública local, mas a partir do trabalho voluntário. Isso nos reporta à história, nas primeiras décadas de Colônia Blumenau, onde o colono dividia seu tempo de trabalho, entre o plantio da roça, construção de sua casa e melhorias na comunidade, ajudando nas construções de infra estrutura.
Beneficiando madeira para construção de casas e galpãos


Construção de pontes
Melhorias feitas pelos voluntários - Subida 2017




Deixaremos que as imagens "comuniquem" nossa percepção. Percebemos que algumas pessoas da comunidade, como dona Josefina Franzói e família, tiveram o mesmo objetivo dos voluntários ferroviários e demonstraram comprometimento e consciência, entre outros, de que têm o compromisso - a partir de suas atividades - trazer mais melhorias a todos da comunidade. Observamos que a administração pública tem sido alheia quanto ao processo iniciado, de ocupação das encostas que vem, acontecendo lentamente, mas que é perceptível, colocando em risco todo esse trabalho em equipe e do qual poderia fazer parte, de maneira prática, sustentável e inteligente.

Ficamos impressionados com o grande números de visitantes que chegam à localidade para "passear de trem", que chegam de carros com placas de inúmeras cidades e de ônibus de turismo. Todos alegres e ansiosos para ver, ouvir e estar no trem, máquina à vapor N° 232.





As imagens comunicam:
Ribeirão subida - perto da foz no Rio Itajaí Açu


Realeza da festa da Tangerina - Apiúna












Voluntário e sua credencial - Veio passear de trem e tornou-se
 um dos muitos voluntários








Maquinista James Ilg






Maquinista Charles Thurow - nesse momento cuidado do fogo


































































Luiz Carlos Henkels












Ponte ferroviária da Linha Baixa - Ramal  Ibirama - sobre o rio Subida - próximo a Foz no Rio Itajaí Açu







Rio Itajaí Açu - período de Seca



Ponte ferroviária da Linha Baixa - Ramal  Ibirama - sobre o rio Subida - próximo a Foz no Rio Itajaí Açu


Paisagem dos fundos do Ginásio de esportes de Subida - Foz do ribeirão Subida no Rio Itajaí Açu
Fundos do Ginásio de Esportes






Antigo leito ferroviário - ocupado por rodovia - observar corte na rocha - Subida


Antigo leito ferroviário - ocupado por rodovia - observar corte na rocha - Subida

Rodovia Br 470 - ponte sobre o Rio Itajaí Açu


Observar os pilares da ponte da BR 470 - Subida.  Obra rodoviária que substituiu a obra ferroviária, presente na paisagem até os dias atuais. essa ponte é de grande importância na dentro da malha rodoviária estadual e bastou a seca, para mostrar o mal feito.









Família Ilg


























Passeio Histórico Cultural de Maria Fumaça
Subida – Apiúna SC


Segundo domingo de cada mês
8:30h às 17:30 h
Almoço e café Colonial - Villa Franzói -  Subida

Informações sobre:
Trem
efsc@abpfsc.com.br
(47)3353-6090 e (47) 9 8894-5517
(das 8:00h as 12:00h e 13:30h 'as 17:00h)

Villa Franzói:
47 8861 34 61
47 8861 34 54
47 8861 34 53
marileusa@franzoi.ind.br
facebook: Villa Franzoi
www.tremapiuna.blogspot.com


Leituras complementares - Clicar sobre o título escolhido
  1. A Ferrovia - EFSC
  2. Da Estrada de Ferro Santa Catarina à Ferrovia da Integração
  3. Primeiro Diretor da EFSC - Entrevista ao Sr. Frederico Kilian
  4. EFSC - Antigos artigos publicados sobre a ferrovia inspiram novas publicações
  5. Estação Ferroviária da EFSC - Cidade de Rio do Sul
  6. Um passeio no Trem da EFSC - Estrada de Ferro Santa Catarina
  7. Estrada de Ferro Santa Catarina - Há 45 anos que foi erradicada da paisagem do Vale do Itajaí
  8. Santa Catarina teve única ferrovia brasileira construída com tecnologia alemã
Em construção!




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