segunda-feira, 24 de agosto de 2020

Casa Enxaimel - Espólio de Abelardo Vianna - Casa Vianna - Patrimônio em Risco

A Casa Vianna é um  exemplar de uma tipologia regional rara presente na paisagem atual da cidade, entre as poucas tipologias construídas com estrutura enxaimel e fechamento em madeira, nas proximidades do Stadplatz da Colônia Blumenau - onde no mapa de 1864 - ilustra o local onde foi construída a edificação como parte desta primeira centralidade, com a denominação número I (em romano). 

Sua localização atual está na Rua Itajaí/ Jorge Lacerda - N° 574 - Bairro Vorstadt - que significa antes do centro - traduzindo do alemão. Observar a imagem abaixo, onde é possível ver sua localização próxima  à ponte ferroviária conhecida Ponte do Arcos e na frente do Hospital Santo Antônio. 

Morou na edificação histórica, por um bom período, a família do médico gasparense Abelardo Vianna, que por certo tinha certa vantagem, pois a residência está localizada em frente ao Hospital Santo Antônio e nas proximidades do Hospital Santa Catarina, localizado no lado oposto do Stadtplatz de Blumenau (Centro histórico) - sentido Sul.

De acordo com o cadastro efetuado no Projeto Memorvale - da década de 1990, a edificação foi construída em 1913 e seu primeiro proprietário foi "Waldemar Kropp". No momento do cadastro, a edificação era propriedade do ex Prefeito Renato de Melo Vianna e o local era usado como comitê de seu partido PMDB.

Ficha do Projeto  Memorvale.
Propriedade do Ex Prefeito de Blumenau Renato de Melo Vianna - 
filho de Abelardo Vianna e sede do Partido Político do qual foi filiado na 
época que foi prefeito de Blumenau - Foto do Cadastro Memorvale - 
que apresenta alguns dados diferentes daqueles registrados oficialmente.
 Link Ficha Projeto Memorvale - Clicar Sobre: 
Encontramos outras fontes com informações diferentes sobre o primeiro proprietário, que teria sido membro da família Gropp. De acordo com a pesquisa desenvolvida pela historiadora Ana Maria Ludwig Moraes, o primeiro morador da edificação histórica, foi Ricardo Gropp, filho de Emil Gropp, que possuía uma marcenaria nas proximidades da propriedade, o que justificaria a execução e construção desta, em madeira ricamente detalhada e ornada com uma linguagem arquitetônica, diferente daquela que vinha sendo  construída na Colônia Blumenau.
Certificado de Marceneiro de Emil Gropp - documento original  disponível no Arquivo Histórico José Ferreira da Silva em Blumenau SCF. Família Gropp. Acervo da historiadora Ana Maria Ludwig Moraes - Este Gropp seria pai do Gropp que residia na Casa Gropp, junto a Ponte dos Arcos - sobre a qual escrevemos - link no final desta postagem.
A historiadora Ana Maria Ludwig Moraes nos repassou a cópia digitalizada de um documento produzido,  a pedido da Promotora de Justiça Monika Pabst ao 1° Ofício de Registro de Imóveis de Blumenau, onde consta informações e dados importantes sobe a Casa Vianna e o terreno onde está construída. Quem assinou o documento foi escrevente substituto Roberto Baier em 18 de dezembro de 2015.

De acordo com este documento oficial 1° Ofício de Registro de Imóveis de Blumenau, a Casa Vianna, foi adquirida pelo médico de Gaspar Abelardo Vianna em 10 de agosto de 1954, sendo este feito sob o registro N° 34.618 do Livro de Transcrições das Transmissões, na página 226. A propriedade foi vendida por Erich Gropp e Siegried Francisca Gropp, residentes na cidade de Rio do Sul. A transação foi registrada em escritura pública lavrada e 24 de junho de 1954, na Notas do tabelião João Gomes da Nóbrega. O terreno da Casa Vianna, de acordo com este documento, o terreno tem 22,92 m junto a Rua Itajaí, que é a frente. Os fundos, também tem 22, 92m junto a Estrada do Morro do Aipim extremando em um lado, com 51,00m com as terras de Waldemar Gropp, o que de acordo com o Memorvale, seria o nome do proprietário. Houve um engano. No outro lado, com 52m, fazia divisa com as terras de Delírio Russi.

De acordo com documento oficial, o terreno da Casa Vianna, o qual pertencia a Ricardo Gropp originalmente e em nome deste  estava registrado no Livro N° 3-A, sob N° 7.838, nas páginas 199, foi averbado em 26 de janeiro de 1943.

Isso foi feito  -  30 anos depois da construção da casa? 

Nessa averbação foi feito o registro da construção de uma casa de madeira. De acordo com este documento, há o registro de que  Erich Gropp, adquiriu o imóvel, registrado sob o N° 18.458, páginas 205, do livro N° 3-P, em fevereiro de 1943, através de doação e partilha feito por Ricardo Gropp e sua esposa, Else Gropp, que residiam em Blumenau. Esse procedimento foi oficializado através da escritura pública lavrada em 21 de janeiro de 1943, nas Notas do 1° Tabelionato da Comarca de Blumenau Otto Abry, onde ficou especificado o uso de usufruto, registrado em 10 de fevereiro de 1943, no Livro 4, sob o N° 81, nas páginas 29 e cancelada no falecimento Ricardo e Else Gropp em 20 de dezembro de 1951, em um contexto maior, em um total de 3.608,44m2, destes, uma parte foi transferida e foi  propriedade do médico gasparense Abelardo Vianna e, a outra parte, transferida para Vilma Corbani, conforme registro feitos no Livro N° 3-AU, N° 29.632, nas páginas 227.

Retirado -  parte de mapa original de 1864 - acervo da Fundação José Ferreira da Silva e
 modificado por nós

Neste relatório oficial do 1° Ofício de Registro de Imóveis de Blumenau apresentado a promotora Pabst, ainda esclarece, que no Livro N° 3-A, N° 4.520, nas paginas 60, há o registro da configuração total deste imóvel de Ricardo Gropp que parte deste, curiosamente, havia sido adquirido da Sociedade Maçônica Friedenspame, sobre a qual já escrevemos neste Blog - cuja link desta postagem, está no final desta. Esta propriedade é assim descrita: Um terreno na cidade de Blumenau que faz frente a Rua 13 de Maio (posteriormente tornou-se a Rua Mato Grosso e depois, Rua Itajaí), com 148 1/2 palmos (medidas corporais usados pelos primeiros imigrantes, que na Alemanha ainda não tinham contato com o sistema métrico , cuja origem se deu na França - e esta, no período neolítico) de fundos, com as benfeitorias - que poderia ser a Casa Vianna e os ranchos inerente a uma propriedade deste tipo e neste tempo, comprados da Sociedade Maçônica, da qual Hermann Blumenau fazia parte e foi um de seus fundadores. Fazendo parte desta propriedade, também tinha outro terreno que continha 12 palmos junto à Rua 13 de Maio (atual Rua Itajaí), com 148 1/2 palmos - de fundos, com mais 1800m de terra no Morro do Aipim, adquiridos de Carolina Schneider e filhos - registrado no Livro N° 3-A, sob N° 7.838, nas páginas 199, em 2 de janeiro de 1915 - data que a Casa Vianna tinha 2 anos de construção e, não compreendemos, como isso poderia acontecer depois desta composição da propriedade. Estes dois Registros foram assinados pelo Oficial Fides Deeke.

Esta postagem permanece aberta para que receba mais informações e que as conclusões sejam plenas a partir de sua evolução e no decorrer da pesquisa - a qual prossegue. Agradecemos de maneira muito especial, a contribuição da Historiadora Ana Maria Ludwig Moraes, que muito contribuiu para essa postagem.

Prosseguindo...

Também, no decorrer desta pesquisa, recebemos a informação da filha de Walter Kaeser - fundador do Chocolate Saturno, a violoncelista Nelly  Pericas, que seus pais - recém casados e chegados da Alemanha - residiram na Casa Vianna  nos anos de 1938, pelo tempo de um ano. 
Pretendemos encontrar outros registros da história e das pessoas que residiram nesta tipologia pertencente ao patrimônio histórico arquitetônico regional.

A Casa Vianna foi tombada em  31 de março de 2000, através do Decreto Estadual N° 1070, registrado em Blumenau por Otto Baier em AV-1-30.618 - Prenotação, N° 93231, certificando-se à vista do ofício N° 388/008 em 8 de maio de 2000.

Arquitetura

A edificação pertencente ao patrimônio histórico arquitetônico de Blumenau e de Santa Catarina foi construída em 1913, período no qual já não se construía mais edificações com a técnica enxaimel, na centralidade da Colônia Blumenau. Como também, não se construiria toda a casa de madeira, de sua estrutura, fechamento, aberturas e detalhes, com um certo requinte e esmero no que tange o decorativismo, como é o caso da Casa Vianna. Esta edificação possui estrutura enxaimel e também, seu fechamento, aberturas e estrutura de telhado.  
Neste período, a tendência na centralidade da Colônia Blumenau era de construir no estilo neoclássico/barroco, por influencia do que vinha ocorrendo na Europa, e principalmente, na Alemanha. 
No final do alto barroco alemão, em boa parte do território da Alemanha, surgiram restrições construtivas em algumas das principais cidades - quanto ao uso do enxaimel. Por cuidados preservacionistas contra incêndios foi criado várias medidas quanto ao uso da estrutura enxaimel, que teve início com a obrigatoriedade do reboco nas fachadas frontais em edificações com estrutura enxaimel e, com o passar do tempo, foi proibido toda construção enxaimel. No barroco, que teve início com a contra reforma, na Itália, naturalmente foi resgatado o neoclássico, enquanto linguagem arquitetônico, e também amplamente construído pelos novos comerciantes e industriais do início do século, na Colônia Blumenau. Quando não se podia construir com esse estilo, muitas edificações com estrutura enxaimel da Rua XV de Novembro, por exemplo, teve suas paredes rebocadas e sua estrutura  coberta. Indo contra este movimento, foi construída a Casa Vianna no Bairro Vorstadt, em frente ao hospital Santo Antônio. 
Curiosamente o IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional, em sua publicação de 2011, classifica a Casa Vianna como uma edificação de madeira, fora da classificação das Casas Enxaimel, denotando o desconhecimento abrangente sobre o tema. Junto deste espaço de sua publicação menciona as casa de madeira do norte do estado, como Rio Negrinho, Mafra e Itaiópolis. A Casa Vianna é uma tipologia enxaimel e quase certeza de que, aquelas citadas, também o são.
Fotografia publicação do IPHAN  - O Patrimônio do Imigrante - pagina 156 - A edificação era ocupada por um restaurante.
Um dos diferenciais da arquitetura da Casa Vianna é o decorativismo e a presença de arabescos feitos em madeira nas suas principais fachadas. 
O volume da edificação reporta ao volume da casa rural do pioneiro, pela presença da varanda e também, pela presença do anexo, no entanto, também conta com a presença do Dachgaube da casa urbana enxaimel, como classificamos em nosso livro Fachwerck - a Técnica Construtiva Enxaimel. 
Encontramos fotografias do século XIX, do Stadtplatz da Colônia Blumenau com edificações enxaimel dotadas de fachadas frontais rebocadas, construídas no PalmeStrasse - Rua das Palmeiras.
O que levou e como aconteceu a construção da Casa Vianna após esse momento, no qual se mudava a maneira de construir na centralidade da Colônia Blumenau? Curioso.
Paredes frontais de edificações com estrutura enxaimel rebocadas e dotadas de elementos da arquitetura neoclássica - Rua das Palmeiras  - Colônia Blumenau, com a presenças estas recém plantadas.

Quanto a análise de sua arquitetura, a Casa Vianna segue a volumetria e proporções da casa do pioneiro alemão que chegou à região do Vale do Itajaí, durante a transição entre os séculos XIX e XX. A tipologia prima pela simetria exata da fachada principal, que a exemplo da casa permanente rural regional - apresenta a varanda alinhada  de maneira paralela a estrada. Esta conta com uma arcada de 5 arcos plenos - o que reporta ao estilo que se desenvolvia na região neste período, com a técnica construtiva autoportante no estilo neoclássico, decorados com arabescos que se repetem em outras partes da edificação. O arco central é aquele que demarca a entrada. Nas laterais da varanda, também, há a presença do arco, aparentemente com as mesmas dimensões dos frontais. 
Compondo com esta fachada frontal, está o Dachgaube, elemento da casa enxaimel permanente urbana localizado na mansarda - sendo que este, possui a varanda com o mesmo tipo de arco da varanda térrea e igualmente decorado e localizado de maneira simétrica com a presença de  arcos nos cantos desta varanda. 

As varandas, da mansarda e do térreo, são decoradas com arabescos, que apresentam um acabamento na forma de um "rendilhado" feito delicadamente na madeira do fechamento superior e do guarda corpo que lembra muito os detalhes das edificações em madeira construídas por pioneiros poloneses, eslavos e ucranianos, construídas na região de Itaiópolis SC. 
Haveria a alguma ligação com esta linha migratória? 
As casas destes pioneiros apresentam lambrequins ricamente detalhados na madeira. Sabemos que na região de Blumenau, muitas cidades de origem de imigrantes, como pomeranos e prussianos, atualmente se encontram em território polonês, por exemplo. 
Nossa opinião é de que não há ligação da arquitetura da Casa Vianna com estilos como Art Decó e Art Nuveau, como há estudos na região, um destes é a pesquisa da historiadora Ana Maria Ludwig Moraes.
"O Art Nouveau tirou do estilo neogótico vitoriano, a sisudez, e trouxe a leveza e a graça através da presença do vidro e do ferro, materiais industrializados para a aplicação em grandes, janelas, mobiliário, etc. Os recortes, os detalhes fluídos e delicados em madeira.
Blumenau nesta época, vivia o momento em que a produção agrícola, industrial e de transformação atingiam seu ápice e com isto, fazia surgir uma elite que enriquecera com o resultado do investimento de trabalho e recursos financeiros, praticamente cinco décadas após a chegada dos primeiros imigrantes. Este imóvel pode fornecer dados sobre a elite burguesa de Blumenau no início do século XX, que acompanhava os movimentos de vanguarda que ocorriam na Europa, praticamente concomitantemente, se conferir os períodos em que ocorreram." MORAES
Exatamente, por ser um estilo seguido pela elite e novos ricos, é que não concordamos com esta afirmativa - de que a linguagem da Casa Vianna possua elementos do Art Nuveau, uma vez que os novos ricos de Blumenau do início do século XX, tentavam esconder suas casas de madeira e enxaimel, para mostrar os novos estilo: neoclássico e eclético construídos com a técnica construtiva autoportante e quem podia, construía um edifício novo, a partir de. Foi daí que nasceu a lenda de que a casa enxaimel regional é coisa de colono e rural o que não procede, pois a Rua XV de Novembro até então, era cheia destas tipologias.
Rua XV de Novembro em uma fotografia de 1915 (Dois anos após a construção da Casa Vianna) mostrando sua transformação - das casas construídas com a técnica construtiva enxaimel e as novas construções alinhadas ao novo estilo adotada pelos novos ricos de Blumenau - a partir dos comerciantes que tinham seus negócios nesta rua.Muitas destas tipologia enxaimel foram rebocadas para tornarem-se semelhante à nova tendência desta elite.
Angelina Wittmann - Arte-Cultura-História e Antropologia : Casarão ...
Casarão Sachtleben, localizado no Stadplatz da Colônia Blumenau - construído, com outras casas comerciais seguindo as novas tendências arquitetônicas.
As figuras e espacializações são muito diferentes destes apresentados nesta arquitetura dos Art Nuveau e Art Decó. Somente para orientação, Art Decó é um estilo de artes visuais, arquitetura e design que teve início em 1910, praticamente junto com a construção da Casa Viana. E teve seu apogeu entre os anos de 1920 e 1930, bem depois de sua construção. O uso do estilo buscava mostrar luxo, glamour, fartura por conta do desenvolvimento social e tecnológico, que não é o caso da Casa Vianna. Esta edificação foi construída em um período, que madeira era considerada material barato e pobre, construção que não era usual e bem aceita na centralidade da Colônia Blumenau do início do século XX, com o diferencial de que esta, foi construído com madeira -  com muito esmero e capricho.
Já o Art Nuveau surgiu ainda no século XIX e foi até os anos 20 do século XX. A Arte Nova - que em alemão foi chamada de   Jugendstil tem como principal característica,  as formas e estruturas naturais, não somente de flores e plantas, mas também de linhas curvas, também na planta, o que leva as pessoas imaginarem que os arabescos da Casa Viana têm ligação com estas linhas artísticas, o que, em nossa opinião, não procede, mesmo que aparentemente, o guarda corpo das varandas lembrem tulipas estilizadas. Os florais e curvas utilizadas nestas representações, dentro do estilo, eram mais objetivos e realistas.
Vemos esta arte na madeira ligada com a cultura dos povos oriundos do norte do continente, daqueles povos que viviam próximos ao Báltico, cujo território atual está na Polônia, ou até mesmo, na Croácia - ao leste deste país. Em nossas pesquisas, já encontramos outras edificações com este decorativismo, com menor quantidade. 
Edificação de Itaiópolis - influência da arquitetura croata e polonesa em madeira - muito característico nos Lambrequins.
Todas as fachadas primam pelo simetria e as abertura equidistantemente distribuídas. Este detalhe está alinhado ao neoclássico - que vinha sendo construído nesse momento na Colônia Blumenau e que tinha neste detalhe, uma de suas principais características - a partir da técnica construtiva de alvenaria autoportante. 
As aberturas apresentam o modelo característico das primeiras tipologias em enxaimel na área urbana e rural da Colônia Blumenau. Na fachada posterior, havia um anexo construído posteriormente, um tipo de ampliação, que atualmente não existe mais.
Quanto a planta da edificação histórica, ela foi descaracterizada pela retirada das divisórias internas na parte térrea. Ainda é possível identificar a estrutura enxaimel, mas não sua espacialização interna. As divisórias da mansarda ainda existem. O piso está em bom estado de conservação com tábuas de boa madeiras de outros tempos. A escada igualmente, mesmo um pouco danificada, nada que uma boa reforma não resgate, pautado na qualidade de madeira que foi composta. Apresenta guarda corpo torneados e está localizada no centro da edificação. 
Térreo, somente com a estrutura enxaimel- sem o fechamento e divisórias.

Escada na área central da edificação histórica.

Mansarda com a presença dos divisórias.

A característica da presença da grande inclinação dos planos de telhados com a cumeeira em paralelo à estrada e a quebra da inclinação em função da presença da varanda  e do anexo faz com que, seu conjunto seja identificado com a edificação construída pelos primeiros pioneiro na região. A cobertura é feita com telhas planas ou germânicas.
Quanto ao fechamento, o qual também confunde muitos, por acreditarem que uma casa enxaimel, seja somente aquela que possua fechamento com tijolos aparentes, por desconhecerem que esta expressão reporta à sua estrutura de madeira, é feito com tábuas de madeira tipo "macho-fêmea" aplicadas em diferente orientações formando desenhos e criando movimento nas fachadas.
A edificação histórica é um exemplo raro da técnica enxaimel local inserida em um entorno descaracterizado, com as atividades e relacionadas às atividades do hospital, localizado no outro lado da via na qual está localizada. Encontra-se "espremida", em local que por certo, em outro momento foi dotada de ranchos, pasto, jardim, pomar, animais, etc.
A Casa Vianna com jardim - como eram os jardins de Blumenau - Cartão postal da década de 1970 - MORAES, 2016
A edificação histórica, mesmo com aparente decadência, ainda tem uma chance. Seu material predominante - a madeira - não se encontra deteriorado, por ser construída com uma boa madeira, e conta com  quase total presença dos detalhes de ornamentos. É preciso que as pessoas de Blumenau se unam para que esta tipologia histórica tenha chance de ser apresentada às novas gerações.
Que os homens que decidam entrem em um acordo e façam alguma coisa prática. E precisa ser logo.
A partir do registro no Projeto Memorvale, muitas edificações históricas da cidade de Blumenau foram tombadas como Patrimônio Histórico de Santa Catarina e não foi diferente com esta tipologia que foi registrada em 2000, como tal.
Há algum tempo, a Casa Vianna se encontra desocupada, sendo que parte de seu quintal já utilizado como estacionamento pago, para atender a demanda deste uso em função da presença do hospital. 
Em julho de 2018 o Ministério Público ingressou com uma ação civil pública contra os proprietários, cobrando a sua conservação. O promotor André Indalêncio solicitou à Justiça que  os proprietários - espólio  Abelardo Vianna, a restaurá-lo dentro de um prazo de seis meses, o que não aconteceu. Na época foi determinado que o  descumprimento geraria uma multa diária de R$ 1.000,00 e também que os proprietários pagassem uma indenização pelos danos imateriais causados ao patrimônio histórico local. De acordo com o promotor, neste período foram feitas tratativas com a família do espólio  Abelardo Vianna.
Conforme os autos do inquérito, chegou-se a cogitar a transferência da edificação de madeira para outra área histórica, próximo ao Museu da Família Colonial, na Palmestrasse - Rua das Palmeiras, o que não seria totalmente ruim, uma vez que o entorno da Casa Vianna está totalmente descaracterizado e esta ficaria muito bonita naquele conjunto histórico, que não é muito distante do local original da edificação histórica.
A família proprietária da casa, pretende doar a edificação histórica ao município de Blumenau, mas não se está encontrando um caminho e acordo de maneira prática. Mediante ao impasse, a edificação pertencente ao patrimônio histórico arquitetônico local, e também, ao patrimônio histórico arquitetônico de Santa Catarina, localizada no bairro Vorstadt, pode ruir por impasse e burocracia. É necessário mais objetividade e ação. Onde está o papel do poder público para alinhavar todos os trâmites que envolvem o caso? Blumenau já contou com uma Associação do Proprietários de Imóveis Antigos que dialogavam muito bem com o poder público e recebia apoio deste - trabalho do Professor Vilmar Vidor. Leitura no final desta postagem.
Acervo de Luciano Bernardo.
Nós, registramos para a história.
As imagens comunicam...





Local onde existia um anexo que foi retirado. Presença de uma janela guilhotina. Nesta parte posterior que reporta ao anexo do fogão, havia realmente no local - o fogão. Há o local da chaminé no forro.






Lambrequim com detalhes, encantando a empena.












Edificação elevada do solo sobre baldrames de pedras rebocadas com uma altura aproximada de 40cm.









Mão francesa ornada.
















Entorno descaracterizado.




Escada.













Assoalho em estado.





Janela Guilhotina.



Janela com folhas munidas parcialmente de venezianas.







Elementos torneados - madeira.



Detalhes - decoração em madeira.


Detalhes do Lambrequins.

Detalhes janelas - ferragens.

Ferragens.


Fachada frontal - Simetria.


Volumetria da casa do pioneiro - mesmo que seja um construção do início do século XX.



Simetria.




Do livro: "Fachwerk - A Técnica Construtiva Enxaimel"

 Projeto Cadastramento do Patrimônio  Arquitetônico – Memorvale
"O projeto Cadastramento do Patrimônio Arquitetônico – MEMORVALE foi a efetivação do cadastramento das principais tipologias pertencentes ao patrimônio histórico arquitetônico de Blumenau e região, nas décadas de 1980 e 1990 e, que teve como epílogo, o tombamento, pela Fundação Catarinense de Cultura, de vários imóveis no centro de Blumenau e outros restaurados. Professor Vilmar Vidor foi o idealizador e proponente do projeto, tendo em sua equipe, dentre outras pessoas, a professora Amábile M. T. Dorigatti, que também coordenou o projeto, em determinada época.
Para a efetivação prática do projeto, Professor Vilmar Vidor contou com o apoio da FURB, através da participação de estagiários acadêmicos da instituição, que elaboraram o cadastro de imóveis antigos, de todos os tipos, linguagem e técnicas construtivas, entre os quais, aqueles construídos com a técnica construtiva enxaimel. O cadastro individual de cada tipologia, continha um pequeno relatório técnico, descrição, planta baixa, elevações e fotografias dos imóveis selecionados.
Tivemos acessos a mais de 1100 fichas pertencentes ao Cadastro do Patrimônio Arquitetônico – MEMORVALE, semelhantes a esta pequena amostra apresentada na sequência, onde estão listadas algumas das centenas de tipologias construídas com a técnica construtiva enxaimel que existiam na cidade de Blumenau e região, no momento deste levantamento. O modelo da ficha foi criado pelo Professor Vilmar Vidor e sua equipe e usado para elaborar o cadastro do Patrimônio Histórico Arquitetônico, conhecido como MEMORVALE. De acordo com o Professor Vidor, em entrevista cedida ao jornalista Altair Pimpão, em 2 de março de 2014, 2/3 das edificações cadastradas de Blumenau, já foram demolidas."
Vídeo
Há questões abordadas e ditas no vídeo, que devem ser reconsideradas, pois o mesmo foi feito, antes desta pesquisa.
Fotografia de 2015 de Felipe Abreu - Restaurante
Enviada em 15 de janeiro de 2021.

 A edificação Histórica - ou será demolida, ou realocada



Referências
  • ASSIS, Evando de. Ministério Público tenta obrigar proprietários a recuperar casa histórica de Blumenau. - O Município - Blumenau. Disponível em: https://omunicipioblumenau.com.br/ministerio-publico-tenta-obrigar-proprietarios-recuperar-casa-historica-de-blumenau/. Acessado em: 23 de agosto de 2020, as 22:28h.
  • Projeto Memorvale - Levantamento de Campo do Espaço Construído - 1998.
  • MORAES, Ana Maria Ludwig.  Consideração sobre a casa de Nº 574 da Rua Itajaí de Propriedade do Espólio de Abelardo Vianna. IHB. Blumenau 2016.
 Leituras Complementares - Clicar sobre o título escolhido.
  1. Considerações sobre a casa de N.º 574 da Rua Itajaí de Propriedade do Espólio de Abelardo Vianna Ana Maria Moraes
  2. Casas Gropp's - Demolidas no Bairro Vorstadt - Blumenau SC - Patrimônio e História
  3. Loja Maçônica na Colônia Blumenau - Zur Friendenspalme
  4. Detalhes do Caminho de Blumenau para Itaiópolis SC - Salto Donner - Doutor Pedrinho e Igreja de madeira São Pedro e São Paulo - Distrito de Moema - Outros
  5. Paraguaçu - Arquitetura polonesa e bairro histórico do município de Itaiópolis SC - Igreja de Santo Estanislau
  6. Mafra SC - Um pouco de sua História - cidade que que recebeu o 1° grupo de imigrantes "alemães" organizados no Estado de Santa Catarina
  7. Detalhes do Caminho de Blumenau para Itaiópolis SC - Salto Donner - Doutor Pedrinho e Igreja de madeira São Pedro e São Paulo - Distrito de Moema - Outros
  8. Timbó - SC - Um pouco de história da Colônia Blumenau e paisagem atual
  9. Mafra SC - Primeiro núcleo de colonização alemã de Santa Catarina - fevereiro de 1829
  10. Hermann Bruno Otto Blumenau - Primeiro Negociante de Terras no Vale do Itajaí
  11. Fritz e Hermann - Dois Personagens da História de Santa Catarina
  12. História comum entre as Colônias Blumenau, Pommerroder, Itapocu, Humbold e São Bento - José Deeke
  13. Nacionalismo no Vale do Itajaí - a partir do Governo de Getúlio Vargas
  14. Colono no espaço da Colônia Blumenau.
  15. Centro histórico de Blumenau - Stadtplatz
  16. Nome dos moradores da Colônia Blumenau - Ano 1857
  17. Casarão Sachtleben - Registro para a História - Blumenau
Em Construção....

"Adoro suas matérias.
Li agora sobre a casa Viana.
Meu avô materno foi carpinteiro, eu não sei precisar as datas, mas ele trabalhou em uma reforma desta casa que ficou pra família como um símbolo do trabalho dele. Penso que deve ter sido logo que o Doutor adquiriu a casa, sendo que minha avó contava que foi ele quem fez alguns partos dela.
Mas meu avô entrou para guarda de trânsito logo que ela foi criada juntamente com um irmão.
Em novembro de 1958 meu avô, com 28 anos foi pescar no Rio do Testo com amigos e após uma tempestade caiu do barco e mesmo sendo um atleta e exímio nadador acabou morrendo e sendo encontrado dias depois. Na ocasião minha avó estava grávida da minha mãe.
Sou apaixonada por aquela casa e tenho vontade de chorar quando vejo o estado em que se encontra, pois além do significado afetivo pra mim. Ela é única.
Sou sua fã. Em 5 de novembro de 2021 -  Ana Pinheiro




 










Nenhum comentário:

Postar um comentário