domingo, 11 de outubro de 2020

Helmut Högl Parte 1/2 - Não aceitou tocar somente música alemã no Oktoberfest Blumenau -1989

Em ritmo de Oktoberfest Blumenau 2020.




Outubro de 1987.

Uma das grandes estrelas da História do Oktoberfest Blumenau, ao longo destes mais de 35 anos de história, foi o maestro bávaro  Helmut Högl, sobre o qual falamos para o microfone da repórter Danúbia de Souza da NDTV Blumenau em 8 de outubro de 2020. No momento que narrávamos alguma coisa sobre  Helmut Högl, com receio de falhar em dizer o nome correto Secretário de Turismo de Blumenau, Antônio Pedro Nunes, responsável por trazer Helmut Högl para a Oktoberfest Blumenau. Quem decidiu e quem trouxe o maestro alemão e banda  foi Antônio Pedro Nunes, que tinha parceria com a Lufthansa do Brasil - por conta de sua empresa de turismo. Em 1985, a Lufthansa, através de Fred Ulrich, entrou em contato com o Secretário de Turismo de Blumenau e comunicou que a banda alemã estava em  São Paulo, e se fosse sua vontade, poderia estar no Oktoberfest de Blumenau antes de retornar para a Alemanha e assim aconteceu. 
Várias imagens da matéria mencionada da DNTV de Souza foram retirada deste Blog .
O maestro Helmut Högl esteve no Oktoberfest Blumenau, em 1985, 1986, 1987, 1988, 1989, 1990 e 1994. Destes anos, o ano de 1989 foi movimentado e com grande debates sobre o que tocar ou não no Oktoberfest Blumenau. Neste ano, Helmut Högl foi contestado por muitos blumenauenses e, pela organização do Oktoberfest Blumenau, sobre o repertório da banda que sendo apresentado no Oktoberfest Blumenau. A explicação para isso, pode ter relação com a possível interferência cultural de sua esposa Sonir Högl, brasileira nascida no Rio de Janeiro. 
Em um quinta feira de outubro aconteceu um "desentendimento" entre o maestro alemão e a organização do Oktoberfest Blumenau, deste ano de 1989, e também, com parte do público pertencente ao grupo predominante do perfil da festa. Na sexta feira, Helmut Högl se posiciona, quando está no palco do Pavilhão "C" e no sábado, tentam um entendimento. 

Em 11 de outubro de 1989, entre outras coisas, o jornal publicou

"(...) apesar do grande sucesso junto ao público, algumas pessoas estão descontentes com o show que o 'superstar' Helmuth Högl vem realizando no pavilhão 'c' da PROEB. O artista e sua mulher Sonir, incluiriam alguns sambas e sucesso da Xuxa Meneghel, no espetáculo, (...). 
O protesto contra o samba e a música populesca do 'Xou da Xuxa' revoltaram alguns tradicionalistas, que entendem não ser um momento oportuno sua execução dentro de uma festa típica alemã. Mesmo assim Helmuth e Sonir Högl não modificaram seu repertório, a mercê de muito pedidos para a manutenção  de uma linha mais germânica na apresentação.
Ontem de madrugada, por exemplo, a reportagem do Zeitung acompanhou uma cena que até então havia-se procurado manter em sigilo: o secretário de Turismo Manfredo Bubeck chegou um pouco tarde nos camarotes do pavilhão 'C', recebendo uma bateria de reclamações.
Bubeck procurou amenizar a situação diante  da presença da imprensa, mesmo porque outras pessoas reclamavam do alto volume da aparelhagem do astro alemão. E considerou a situação muito delicada, revelando que dias antes já havia conversado com Högl sobre o assunto.
Insistindo-se junto a Manfredo Bubeck ele não escondeu sua surpresa com tantas manifestações. 'A festa nasceu dentro de espírito germânico; não temos nada contra outros estilos, mas pelo menos gostaríamos de preservar as atrações que trazem milhares de pessoas a Blumenau'. 
O Secretário de Turismo chegou inclusive a conversar rapidamente co o diretor da Ceval, patrocinador da banda, Vilmar de Oliveira Schürmann, nos corredores de acesso aos camarotes. a resposta não poderia ser outra: 'O povo quer isso também. tudo é festa, afinal'. Logo em seguida já corria a informação que o grupo alemão estaria praticamente acertado com empresa de Gaspar, para o próximo ano. Conforme alguns observadores e disponibilidade  não poderia de qualquer forma, ser rejeitada, entendo-se a maneira de evita qualquer impasse neste sentido a realização de uma reunião prévia ou estabelecimento de critérios, para não vulgarizar o estilo da festa, nem mesmo prejudicar a apresentação de Högl e sua esposa Sonir."
 
Participamos de todas as edições do Oktoberfest Blumenau e acompanhamos estes tipos de debates. As pessoas que reclamavam (e reclamam até os dias atuais) e a organização do Oktoberfest Blumenau 1989 tinham plena razão ao chamar a atenção sobre a questão do repertório tocado na festa - assunto muito atual no Oktoberfest Blumenau. Existe o público do samba e outro tipo musical, que não confere com o perfil cultural  do Oktoberfest. As pessoas que solicitavam, e solicitam, este tipo de música estavam (estão) na festa errada. Estranho é ter a presença de uma banda alemã no palco do Oktoberfest Blumenau, com samba e outras melodias, que não a música alemã. 
Muitas pessoas vinham de longe para assistir, para ouvir música  alemã e não músicas da Xuxa e samba. Lembramos sempre o exemplo cultura da cidade de Salvador, na Bahia. Só tocam sua música, sempre. E vem pessoas de todos os lados do planeta prestigiar. Nunca assistiremos um Trio elétrico tocar outro tipo qualquer de música, pois ouvirão a música baiana
.
Para ler sobre, acessar a postagem: A Cultura alemã na Alemanha e no Brasil
Nosso registro da Banda Nulssbergbuan de Bavaria - Banda da qual tocava o músico Alois Hoffmann. Na frente a vocalista Sabine

O Oktoberzeitung,  do final de semana após o ocorrido, abriu novamente espaço para o assunto. O jornal publica a "resposta" de Helmut Högl e sua opinião sobre tocar outro estilo de música no Oktoberfest de Blumenau, que não, a alemã, mesmo que em várias linguagens. Lembramos que no Oktoberfest de sua cidade - München e a primeira, há regras a seguir sob vários aspectos e também, para a apresentação musical, e temos quase certeza, de que não permitiriam determinado tipo de música.
Helmut Högl, um pouco arrogante, falou aos blumenauenses e à organização do Oktoberfest Blumenau, quando subiu ao palco do Pavilhão "C", em um sexta feira por volta das 21:30h. Deu um recado àqueles que "ousaram" questionar o seu repertório "brasileiro", cujo teor foi publicado no jornal Oktoberzeitung daquele final de semana. 
Ele disse:
"- Eu estou aqui para tocar para vocês e não para Manfredo Bubeck"
No momento desta fala, muitas pessoas não compreenderam o que aquilo significava e sequer se deram conta. Mas aqueles que reclamaram, sabiam do que se tratava e, também, o Secretário de Turismo de Blumenau, o qual foi mencionado de maneira desrespeitosa pelo artista de München, agindo de maneira destoante das pessoas que conhecemos, daquela cidade e região. Estas pessoas são conhecidas por respeitar normas e regras de maneira muito natural.
Naquela noite, na hora de solicitar "bis" ao maestro alemão, no momento da banda sair do palco, o então, diretor da Ceval, Firma que patrocinava a vinda de Helmut Högl e sua banda, Vilmar de Oliveira Schürmann, pediu que Helmuth Högl tocasse mais uma hora, declarando, desafiadoramente, de que era a favor da inclusão de músicas de outros estilos no palco do Oktoberfest Blumenau. Nesse momento, Helmuth Högl, de maneira "elegante", disse:
"Isso tudo é uma palhaçada. Foram me chamar em Munique e agora estão querendo cuspir no meu prato. Deixem-nos sossegados para trabalharmos"  Högl - Oktoberzeitung, outubro de 1989.
Manfredo Bubeck sendo homenageado no
 C.C. 25 de Julho de Blumenau em maio de 2019
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Lamentamos  que
Manfredo Bubeck, que se encontrava com a razão, sendo um dos ícones culturais no Vale do Itajaí e na cidade de Blumenau, foi tão  desrespeitado, fazendo de maneira brilhante, o seu trabalho no Oktoberfest Blumenau que, como em München, possuía e possui regras. 
"O Secretário de Turismo chegou a camarote do Santa, onde estava se desenrolando uma entrevista e o encontro dos dois foi bastante constrangedor.
Depois de trocarem algumas palavras em separado, o músico se retirou e mesmo com uma expressão de estar chateado pediu um cigarro para o secretário que gentilmente ofereceu. Visivelmente abatido com o resultado de seu pedido, Bubeck apenas limitou-se a dizer que procuraria o músico no sábado para acertar as coisas. Depois, em conversa com os amigos, chegou a falar que 'as pessoas que vem aqui querem ver coisas novas, assim com quando eu vou a Florianópolis ou Rio de Janeiro, gosto de ver carnaval." Oktoberzeitung 1989.

Não temos conhecimento, o que de fato motivou Helmut Högl, fazer a música Hallo Blumenau e apresentá-la neste mesmo ano de 1989.
A maioria das bandas que se apresentam nos palcos do Oktoberfest Blumenau a tocam. Tivemos o privilegio de fazer o registro em vídeo do VoxxClub tocando Hallo Blumenau, no Oktoberfest Blumenau em outubro de 2016.

VoxxClub
E Banda Deggendorf Stadl Musikanten, em 2017.
 
Hallo Blumenau

Hallo Blumenau
Bom dia Brasil
17 dias de folia
Música, cerveja e alegria

Hallo Blumenau
Bom dia Brasil
Schön ist wieder hier bei Euch zu sein
Hier lacht auch bei Regen Sonnenschein

Hallo Blumenau
Bom dia Brasil
Festa para o povo da cidade
Música para nossa mocidade

Hallo Blumenau
Bom dia Brasil
Onde todo…
Na letra da canção "Hallo Blumenau" quando menciona "17 dias de 'folia'", momento totalmente equivocada e com certeza, influência de algum brasileiro de sua proximidade, onde muitos imaginam que a festa de Blumenau se confunda ao carnaval do Brasil e do Rio de Janeiro,  onde a expressão "folia' é comum. Que não era, e não é, o caso do Oktoberfest Blumenau, que não  é uma festa de carnaval.
Esta canção, por incrível que pareça, tornou se o "Hino" da Oktoberfest Blumenau, adotado de maneira espontânea, pelos músicos, pelo público e pelo blumenauense.

Não é interessante?

Helmut Högl retornou para Blumenau, somente mais uma vez depois de 1990. Retornou em 1994, e escreveremos mais sobre, na próxima postagem.
Para conferir  - a  canção Hallo Blumenau

Leituras Complementares - Para ler - Clicar sobre o título escolhido:

Última publicação do Zeitung - amenizando o ocorrido.


Na sequência - canção inédita para Oktoberfest Blumenau - de Helmut Högl - Parte 2/2, próxima postagem.

Ein Prosit!!

Referências

  • Encarte do Jornal de Santa Catarina - Oktoberzeitung - outubro de 1989. Blumenau. JSC.















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