Bradley & Rulofson. Pedro II, Imperador do Brasil, 1876. São Francisco, EUA / Acervo Biblioteca Nacional FBN. |
D. Pedro II no colo da Imperatriz do Brasil, a princesa austríaca Dona Maria Leopoldina. |
com a história das cidades do Vale do Itajaí. Trata-se da data do aniversário de nascimento do Imperador D. Pedro II, formado para ocupar o trono do Brasil, desde seus 5 anos de idade, quando ficou sob a tutela de José Bonifácio. Foi instruído e educado para isto, tornando-se um mecenas das artes, da cultura e da educação. Este perfil teve reflexos também, na educação de suas filhas, à frente de seu tempo histórico, que teve reflexos em fatos históricos brasileiros, como a libertação da escravatura, motivada por uma iniciativa de sua filha mais velha, a Princesa Isabel. Infelizmente este ato citado foi usado pelos golpistas de 15 de novembro, militares do Rio de Janeiro, que estiveram na Guerra do Paraguai. Sendo que, muitos deles, foram amigos pessoais do Imperador. Despacharam D. Pedro II e a família imperial para a Europa, na madrugada do golpe - sem aguardar o amanhecer, pois temiam a reação dos brasileiros que o amavam com devoção e, alguns até perderam suas vidas por isto, após este fato histórico.
Igualmente, na Colônia Blumenau, D. Pedro II era amado e respeitado, não somente pela simpatia que seus residentes nutriam pelo Imperador brasileiro, mas porque, estes, imigrantes alemães fundadores desta colônia, em seu "Heimat", tinham muito respeito ao seu Rei ou Imperador. Culturalmente, a Alemanha se formou a partir da sociedade Feudal, o que explica os famoso contos dos Irmãos Grimm.
No final desta postagem - disponibilizado leitura sobre os Ducados e também, sobre os Irmãos Grimm.
Tanto isto é fato, que 9 anos após a fundação da Colônia Blumenau, no dia do aniversário do Imperador, em 2 de dezembro de 1859, aconteceu a fundação da Sociedade de Atiradores de Blumenau - Schützengesellshaft Blumenau - atual clube Tabajara Tênis Clube, que trocou o seu nome no período do Nacionalismo.
A Homenagem é algo cultural e inerente aos imigrantes alemães, que vinham de um sistema que teve origem no feudalismo e naturalmente nutriam respeito ao líder maior dentro do sistema feudal. O Imperador era o senhor máximo.
Schützengesellshaft Blumenau fundado no dia do aniversário do Imperador D. Pedro II de 1859. |
Schützengesellshaft Blumenau fundado no dia do aniversário do Imperador D.Pedro II, em 2 de dezembro de 1859 - Comemoração do 75° aniversário. |
Na Colônia Blumenau, a agenda oficial do dia 2 de dezembro, continha o evento do aniversário do Imperador - o Baile do Imperador, no qual os súditos de D. Pedro II, que falavam alemão como sua mãe Dona Leopoldina, festivamente emitiam um "Viva ao Imperador!".
Sobre Kulturverain - a primeira sociedade de cultura - da Colônia Blumenau - leitura no final da postagem. |
Curiosidade - a qual reflete sua popularidade na região. |
Também, Hermann Blumenau, batizou uma das novas vias traçadas em Blumenau com o nome Keiserstrasser - a Rua do Imperador, atual Alameda Rio Branco ou somente Alameda, cujo nome foi imposto durante o período do Nacionalismo. Estes nomes histórico poderiam retornar.
Resquício deste tempo, também é a existência do busto do Imperador D. Pedro II, locado em uma pequena praça, no Bairro Bom Retiro - Blumenau - no início da Rua Hermann Hering. Não teve o mesmo destino de outros bustos que sumiram na cidade, como por exemplo: o busto do Coronel Peter Christian Feddersen e do Peter Wagner (link's no final desta postagem).
Não é uma praça turística, mas um local de lazer da comunidade tendo um parquinho anexo a praça. Recomendo a visitação do bairro Bom Retiro em especial o museu da fabrica Hering e o seu pelo jardim, bem como os restaurantes da região que são muito bons. Alex Sandro J
O Monumento é algo importante para a cidade mas precisa de mais cuidados, uma melhor conservação contra o tempo e algumas pessoas. Erci Jr.
Localização do busto no centro da cidade de Blumenau - Mapa Google. |
Entre tantos outros exemplos de homenagens ao Imperador D. Pedro II, vamos terminar com alista de alguns exemplos, citando o nome de uma escola. Mais um exemplo, que também carateriza as transformações sociais e políticas pelas quais passaram a Colônia Blumenau, ao longo de sua história sem no entanto, esquecer o Imperador, que também fez parte da história da fundação e formação de muitas cidades na região.
Também, durante o período do nacionalismo, mudaram o nome da Neue Deutsche Schule (Nova Escola Alemã, fundada em 1° de maio de 1889, onde um dos fundadores e idealizadores, foi Rudolf Damm, poeta, tradutor, jornalista, escritor, cantor, compositor, tradutor, entre tantas coisas. Sua biografia está no final da postagem, lembrado como fundador do centenário Coro Masculino Liederkranz. O nome "brasileiro" para a escola, também foi escolhido como uma homenagem a D. Pedro II, que comemorou seus 130 anos de existência em 2019, com homenagens na ALESC - Assembléia Legislativa de Santa Catarina.
Em 1º de maio de 1889, Neue Deutsche Schule iniciou as atividades na Rua das Palmeiras, como foi registrado em foto de alunos e professores por um grupo de franceses que visitaram a Colônia Blumenau, ainda no século XIX, foto anterior. Em 1915 foi adquirido um terreno na rua Floriano Peixoto, na entrada do Bom Retiro e nove anos depois, em 1924, foi inaugurado o novo prédio, que abriga parte da escola atualmente. Em 1942, em pleno período do Nacionalismo, mais uma vez, a escola particular, construída pela comunidade, foi "encampada" pelo estado e passou a se chamar Grupo Escolar Modelo Pedro II. Em 1946 foi criada a Escola Normal Pedro II.
Ginásio de Esporte do Pedro II - construído no início do século XX - Construção autoportante - com linhas ecléticas. Estado ruim de conservação em 2014, quando fizemos esta fotografia. |
D. Pedro II
Primeira bandeira do Brasil confeccionada pela Imperatriz Dona Maria Leopoldina. |
Seus pais, D. Pedro I e Dona Maria Leopoldina eram europeus - ele, português e ela, austríaca. A bandeira do Brasil tinha as cores das duas famílias européias. Dona Leopoldina a idealizou e a costurou com a cor verde - símbolo da casa real dos Bragança e com a cor amarelo, da casa real austríaca dos Habsburg.
Portanto, o Imperador do Brasil, D. Pedro II foi filho de "imigrantes", como muitos que habitam o país ainda, no tempo presente e de famílias que fundaram inúmeras cidades em todas as regiões do país, até mesmo, no Vale do Itajaí.
Por ter iniciado sua formação desde tenra idade tornou um erudito renomado. Mantinha contato com nomes que se destacavam no mundo, como: Graham Bell, Charles Darwin, Victor Hugo e Friedrich Nietzsche, e foi amigo de Richard Wagner, Louis Pasteur e Henry Wadsworth Longfellow, dentre outros. Auxiliou Wagner a construir seu teatro, comprou a lâmpada de Graham Bell. Com isto, tinha reputação realmente de um mecenas do conhecimento, da cultura e das ciências e conquistou o respeito e admiração destes estudiosos e pensadores do mundo.
Em 15 de novembro de 1889, foi lhe tirada a coroa e destituído do cargo de Imperador do Brasil de forma truculenta e desrespeitosa, na calada da noite, a partir de Fake News. A História é contada no link, postado no final desta postagem. Foi obrigado a deixar o Brasil na calada da noite como um fugitivo.
Anônimo. O Imperador D. Pedro II, Imperatriz e comitiva a bordo do vapor "Congo", de volta da Europa: foto 2, 1888. Acervo Biblioteca Nacional FBN. |
No exílio - escreveu a seguinte poesia:
Ingratos
Não maldigo o rigor da iníqua sorte,
Por mais atroz que fosse e sem piedade,
Arrancando-me o trono e a majestade,
Quando a dous passos só estou da morte.
Do jogo das paixões minha alma forte
Conhece bem a estulta variedade,
Que hoje nos dá contínua f'licidade
E amanhã nem — um bem que nos conforte.
Mas a dor que excrucia e que maltrata,
A dor cruel que o ânimo deplora,
Que fere o coração e pronto mata,
É ver na mão cuspir a extrema hora
A mesma boca aduladora e ingrata,
Que tantos beijos nela pôs — outrora.
Do livro Poesias completas de D. Pedro II: originais e traduções, sonetos do exílio, autênticas e apócrifas. Prefácio de Medeiros e Albuquerque, 1932, RJ. Poema integrante da série Produções Apócrifas: Sonetos do Exílio.
Revert Heinrich Klumb. |
D. Pedro II, como nós, só que no século XIX, foi um entusiasta por fotografia, seja como fotografo - o primeiro do Brasil, mecenas ou colecionar. Isso explica porque foi o primeiro brasileiro a possuir um daguerreótipo e incentivador da fotografia no país. Sua filha mais velha - a Princesa Isabel teve aulas com o fotógrafo alemão Revert Heinrich Klumb - autor dos livro de fotografias Doze Horas em Diligência e Guia do Viajante de Petrópolis a Juiz de Fora, o que o fez um dos pioneiros da edição de livros de fotografia no Brasil. O Imperador doou à Biblioteca Nacional sua coleção com cerca de 25 mil fotografias, no momento que foi expulso do país pelos republicanos. Esta coleção é conhecida como Coleção Dona Tereza Christina Maria, de onde separamos algumas imagens para ilustrar esta singela homenagem de aniversário.
A Coleção Dona Tereza Christina Maria é “o mais diversificado e precioso acervo dos primórdios da fotografia brasileira jamais reunido por um particular, e tampouco por uma instituição pública” - Pedro Vasquez.
Em seu diário de 1862, Pedro II escreveu:
“Nasci para consagrar-me às letras e às ciências, e, a ocupar posição política, preferia a de presidente da República ou ministro a imperador”.
D. Pedro II, completaria 195 anos, que é a idade de seu nascimento, na data de 2 de dezembro de 2020. Faleceu longe do país que ajudou a construir, em 5 de dezembro de 1891 - na cidade de Paris, na França.
“A notícia do passamento de S. M. o Imperador D. Pedro II vem pôr à prova os sentimentos da nação brasileira com a dinastia Imperial. A consternação tem sido geral”.
“A República se calou diante da força e do impacto das manifestações”. Diário Imperial
Felix Nadar, reprodução da fotografia original por Pacheco & Filho. D. Pedro II, Imperador do Brasil : retrato, 1891. Paris, França / Acervo Biblioteca Nacional FBN. |
Entre tantas questões, lembramos este dia festivo, o qual, também a Colônia Blumenau do século XIX comemorava esta data festivamente, tal como, os súditos alemães faziam em relação ao seu Keiser, em seu Heimat. Consideravam D. Pedro II, seu Imperador. A data era comemorada com um baile de gala, com música de orquestra, comida e bebida, contando com a presença dos nomes da História da Colônia Blumenau, os quais emitiam uma "Viva ao Imperador!" com um brinde solene e festivo.
Algumas de fotos de sua coleção, que faziam parte de seu acervo, doado Biblioteca Nacional.
Fotos
H. Delie and E. Bechard. D. Pedro II, D. Teresa Cristina Maria e comitiva junto às pirâmides, 1871. Pirâmides de Gizeh, Egito / Acervo FBN |
Joaquim Insley Pacheco. Pedro II, Imperador do Brasil: retrato. Rio de Janeiro, RJ / Acervo Biblioteca Nacional - FBN. |
Joaquim Insley Pacheco. D.Pedro II, Imperador do Brasil : retrato, 1883. Acervo biblioteca Nacional FBN |
Ludwig Angerer. Pedro II, Imperador do Brasil: retrato, 1877. Viena, Áustria / Acervo Biblioteca Nacional FBN |
A Família Imperial reunida. Da esquerda para a direita: D.
Antônio, em pé, Princesa Isabel, sentada, tendo à sua frente D. Luís, sentado,
D. Pedro de Alcântara, Príncipe do Grão-Pará, e D. Augusto Leopoldo, ambos em
pé; D. Pedro II, sentado, segurando um guarda-chuva, conde d'Eu, em pé, D.
Teresa Cristina e D. Pedro Augusto, ambos sentados. Foto: Henschel, Alberto. Data: 1887. Coleção Dom João de Orleans e Bragança. Local: Rio de Janeiro, Jardim da chácara da marquesa de Itamaraty no Alto da Boa Vista. Fonte: Dom João de Orleans e Bragança. |
C. Morgeon. D. Pedro II: retrato, 1890. Paris, França / Acervo Biblioteca Nacional FBN |
Movimentações na praça que guardava o Busto do Imperador D.PedroII, Blumenau , em 27 de abril de 2023.
Fotografia enviadas por um leitor desse Blog.Referências
Brasiliana Fotgráfica. Dom Pedro II ( RJ, 2/12/1825 – Paris, 5/12/1891), um entusiasta da fotografia. Disponível em: http://brasilianafotografica.bn.br/?p=7183. Acesso em: 2 de dezembro de 2020
Leituras Complementares - para ler - Clicar sobre o título:
- Schützengesellshaft Blumenau
- Kulturverein - Die Kolonie Blumenau - Cooperativismo
- Onde está o busto do Coronel Feddersen? Altona - Atual Itoupava Seca
- Johann Peter Wagner / Pedro Wagner - O pioneiro
- Proclamação da República do Brasil - Golpe Militar no Governo Imperial brasileiro
- Nacionalismo no Vale do Itajaí - a partir do Governo de Getúlio Vargas
- Irmãos Grimm
- Rudolf Damm - Jornalista, poeta, compositor, cantor e tradutor - Professor da Neu Schule
- Coro Masculino Liederkranz - Mannergesangverein - Um pouco desta história
- Os ducados - na Alemanha
- Richard Wagner - Biografia
- Homenagem à cidade de Blumenau - Uma poesia a Blumenau de outro tempo - Por Laerte Tavares
- Diário Imperial - O Funeral de D. Pedro II
Prezada Angelina, minha gratidão por lembrar de meu nome e o classificar como uma das leituras. Tenho o prazer de comunicar que em meu último livro, um romance intitulado UM SOL DADO À LIBERDADE que versa sobra a última guerra, parte dele é ambientado em Blumenau e há um soneto dedicado à terra e Alameda Rio Branco que posto aqui:
ResponderExcluirALAMEDA RIO BRANCO
BLUME, em alemão, é flor.
NAU é nave, em português.
Blumenau, o nobre doutor
Que chegou de nau e fez,
De um sítio no interior,
O seu jardim, com a altivez
Do seu sonho de amor
Plantado nele, talvez.
Como, da flor, a semente
Não dá a flor diferente,
Ela germinou em mim
Blumenau que meu ser sente
Na alma, um amor pungente
Com saudades do jardim!
Minha gratidão, querida amiga! Abraço cordial! Laerte Tavares
Muito linda homenagem na roupagem de poesia. Muito obrigada.
ResponderExcluirAbraço fraterno.