Construção da primeira estação ferroviária de Blumenau - 1908. Técnica construtiva: Enxaimel - Do livro - A Ferrovia no Vale do Itajaí - Estrada de Ferro Santa Catarina. |
Para relembrar, o método construtivo enxaimel é a denominação dada a uma especial construção da edificação a partir da estrutura de madeira que articulada horizontal, vertical e inclinadas formam um conjunto rígido, acabado, pronto para receber a cobertura e vedações ou fechamento (paredes). A técnica era e é feita, a partir do encaixe dos caibros de madeira, sem o uso de pregos. Quanto a estação ferroviária em questão, sua tipologia é composta com base na integração de vários volumes e diferentes inclinações do telhado, dando-lhe movimento em suas fachadas, e seus espaços foram distribuídos em dois pavimentos, com aproveitamento do sótão. O fechamento foi feito em tijolos maciços, reboco e caiação branca. A estrutura do telhado também executada em madeira - material abundante na região - com telhas planas, do tipo germânico, de barro cozido. As aberturas foram feitas em madeira com janelas de folhas almofadadas com vidro. Há a presença de sacadas superiores com balaústres feitas a partir de tábuas de madeiras recortadas, como era usual na Colônia Blumenau, na época. O pavimento térreo central é fechado com paredes autoportantes, executado com tijolos maciços.
No terreno da primeira estação foi construída a nova sede da Prefeitura Municipal de Blumenau, com uma "arquitetura cênica" a partir da "estampa", em suas fachadas, do cenário do que seria uma edificação enxaimel. Este cenário foi construído a partir de fixação de ripas de madeira em sua fachada, lembrando uma edificação construída com a técnica enxaimel, como era, originalmente, a primeira estação ferroviária de Blumenau.
Equívocos que constrangem e envergonham. Enxaimel Não é Estilo!!!! |
Edifício com ripas coladas nas paredes de alvenaria.
A técnica construtiva enxaimel “chegou” ao Brasil pelas mãos dos imigrantes alemães em diferentes regiões, e nestas adquiriu a forma adequada a um conjunto de elementos inerente e característico a cada espaço e à sociedade que nele vive dentro de um recorte de tempo.Com a presença do pesquisador Vilmar Vidor na cidade de Blumenau, houve o início da pesquisa pioneira sobre o enxaimel, nunca vista antes no País, a qual norteou outras semelhantes em outras regiões com a presença desta arquitetura. Dentro da escola de arquitetura fundada por Vidor na cidade, surgiu também a pesquisa que opunha este cenário fake mencionado por pesquisadores que desconhecem e defendem a existência do neoenxaimel, como algo isolado e fruto de um processo único, desconsiderando o trabalho de pesquisa pioneiro. Ao contrário da expressão surgida na década de 1980 - pseudoenxaimel ou enxaimelóide que se opunha à forma de construir e partia de cenários e imitações visuais destoantes da originalidade da arquitetura do pioneiro a partir da técnica construtiva enxaimel, a expressão recentemente adotada - neoenxaimel, mais parece uma especulação que pode tomar diferentes formas, dependendo da intenção daquele que a usa oportunisticamente.Pode ser usada de maneira paliativa ou não, demarcando algo que difere da originalidade da técnica construtiva em madeira, ainda muito atual e contemporânea na Alemanha, utilizando tecnologias e materiais de ponta. Vamos falar sobre isso, no 27° Congresso Internacional dos Arquitetos, em 2021, no Rio de Janeiro.Ressaltemos a definição estética de Veiga 2014 para a edificação, com técnica construtiva diferente do enxaimel que recebe o decorativismo, para que de alguma maneira lembre a sua originalidade, como Kitsch.
“Preservar a herança cultural da cidade é uma intenção louvável, mas fantasiar os prédios com roupas típicas não parece ser a maneira mais adequada de fazê-lo. Melhor seria que se dirigisse os esforços para a preservação das construções originais dos imigrantes.” VIDOR (1983).
Do livro: Patrimônio Arquitetônico - Debates Contemporâneos
O Projeto da Praça - Segundo Pancho
"Esta é a segunda vez que a prefeitura tenta conceder o espaço para a iniciativa privada. Na primeira não houve interessados. Mudanças no edital tornaram o negócio mais atraente e agora duas empresas mostraram interesse na concessão." Pancho
Coluna do Pancho
Mais de 20 árvores são cortadas na Praça Victor Konder para dar lugar a empreendimento turístico
Segundo um dos sócios da empresa, o processo de licitação para a concessão do espaço já previa o corte de 17 árvores para a ocupação de um determinado espaço. Outras quatro foram cortadas porque a empresa vai aproveitar a área máxima permitida pelo contrato de concessão.
O corte teve autorização da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semmas) e foi acompanhado, segundo a empresa, por integrantes da Associação Catarinense de Preservação da Natureza (Acaprena). Técnicos da Semmas fizeram uma vistoria e comprovaram que o serviço foi executado de acordo com a licença concedida.A maior parte das árvores cortadas não era nativa ou estava condenada. No local restaram cinco das grandes árvores." Pancho
Não justifica!
"Uma das árvores condenadas era uma grande figueira que ficava ao lado do quiosque usado pela Polícia Militar. Só a raiz da árvore pesava quatro toneladas e exigiu mais trabalho do que estava previsto.Os empresários também pediram que a nova figueira, plantada anos atrás em frente ao acesso principal da prefeitura, fosse transplantada para um local mais adequado, mas o pedido foi negado. O temor é de que, em alguns anos, a raiz da planta possa quebrar o piso da praça. E ela está na área concedida.Compensações
A autorização de corte foi concedida com a condição de que a Insight plante 50 novas árvores na cidade. Seis serão plantadas na própria praça, em locais definidos pelo projeto de arborização do empreendimento. Quatro serão plantadas no entorno da prefeitura." Pancho
"As outras 40 serão plantadas em local a ser definido pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semmas). Além de plantar, a empresa terá que monitorar as mudas por dois anos para garantir que elas cresçam e floresçam.Obra
O terreno do espaço concedido da praça, hoje cercado por tapumes, está praticamente pronto para receber a construção. Para obter a autorização de obra falta um parecer jurídico da Procuradoria do Município. Uma vez concedido o parecer, os trabalhos poderão começar.A Praça da Estação será um empreendimento cuja atração principal será a construção de uma cópia da estação de trem que até a década de 1970 ficava no terreno que hoje é ocupado pela prefeitura. Nessa construção funcionará um restaurante, cafeteria, choperia e loja de souvenirs.A Macuca, locomotiva que hoje está em frente à prefeitura, será restaurada e levada para um espaço em frente ao novo empreendimento. " Pancho
- Primeira Estação Ferroviária de Blumenau foi demolida e deu lugar a edificação da Prefeitura Municipal de Blumenau
- Construção sobre Antigo Porto Fluvial em Blumenau - Não é Patrimônio Histórico Arquitetônico
- O Casarão de Itoupavazinha - Localizado na Estrada da Cachaça - Schnapsstrasse
- Patrimônio Arquitetônico - Debates Contemporâneos.
PANCHO. Prefeitura de Blumenau lança concorrência para conceder praças do Centro à iniciativa privada. 01/09/2020. Disponível em: https://pancho.com.br/prefeitura-de-blumenau-lanca-concorrencia-para-conceder-pracas-do-centro-a-iniciativa-privada/. Acessado em: 23/02/2021 - 00:25h.
PANCHO. Cervejaria e empresa de engenharia disputam concessão de praça que fica junto à prefeitura de Blumenau. 21/12/202. Disponível em: https://pancho.com.br/cervejaria-e-empresa-de-engenharia-disputam-cencessao-de-praca-que-fica-junto-a-prefeitura-de-blumenau/. Acessado em: 22/02/2021 - 23:08h.WITTMANN, Angelina C.R.. Do livro Patrimônio Arquitetônico - Debates Contemporâneos - Artigo - Neoenxaimel - Pseudoenxaimel e Enxaimel (Atual) - Página 44. Organizadores: Adalberto Vilela, Alessandro Alves, Andriele da Silva Panosso, Douglas Orestes Franzen. – Itapiranga : Schreiben, 2021. 276 p.: il.; e-book E-book no formato PDF. EISBN: 978-65-993519-2-1. Disponível em: https://drive.google.com/drive/u/0/my-drive. Acesso em 23/02/2021 - 00:02h.
Em Construção e sob Revisão....
Cortam as árvores e fazem grandes espaços vazios com paver para ficar manchado com chicletes. A cidade esquenta e os turistas vão tomar sorvete ou chope antes de embarcar no ônibus para irem ao Litoral.
ResponderExcluirO turismo do futuro é sustentável, histórico, de lazer e pede arborização, museus que mostram o passado preservado, pontos históricos originais.
Obrigada por seu comentário muito pontual e equilibrado. Grande contribuição à reflexão. Abraço grande.
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