terça-feira, 26 de janeiro de 2021

Casarão Fiedler de Itoupavazinha - Localizado na Estrada da Cachaça - Schnapsstrasse - Patrimônio Histórico Arquitetônico de Blumenau

Casarão de Itoupavazinha localizado na rodovia Frederico Jensen, antiga estrada que ligava o Vale do Itoupava ao Vale do Testo - conhecida como Estrada da Cachaça, ou como era chamada no final do século XIX e início do século XX: Schnapsstrasse.








Há muitos anos esta tipologia pertencente ao Patrimônio Histórico Arquitetônico de Blumenau e de Santa Catarina se encontra em estado de abandono e ruinificação por parte de seus responsáveis formais
Mesmo neste estado, reside no local e continua residindo, a família de Seu Pedro Vieira de Freitas que, junto de sua esposa Cenilda e de seus filhos, e  com a renda que a família possui, mantêm o local. Não conhecem o proprietário. Depois do acidente do desabamento parcial do telhado ocorrido em 23 de janeiro de 2021, a família continua residindo na outra parte da casa que está em pé, independentemente do perigo eminente, a partir da instabilidade de sua estrutura e cobertura. A família vive na propriedade e pratica atividades de uma propriedade rural.
Para completar esta pesquisa, gentilmente a família nos permitiu adentrar os ambientes do Casarão de Itoupavazinha - sua casa. 
A edificação foi tombada pelo Município de Blumenau em 1° de julho de 2009, por seu valor histórico, cultural e arquitetônico, conforme cópia do Livro Tombo da Municipalidade e está localizada na Rua Frederico Jensen - antiga Estrada da Cachaça - sob o número 3587, bairro Itoupavazinha - Blumenau SC.
Para registro, o Casarão de Itoupavazinha teve seu telhado danificado parcialmente  em 23 de janeiro de 2021, o que foi amplamente noticiado, diferentemente da ausência espaço nesta mesma mídia (com exceções) para  seu estado ruim de conservação, por mais de 3 décadas. Surgiram familiares distantes de ex proprietários interessados em recuperá-lo, cuja intenção foi propagada nas redes sociais em 25 de janeiro de 2021, o que seria excelente e torcemos para isso. 
Nosso registro em 2018 - telhado já estava comprometido na parte que ruiu.



Nosso registro em 2014. Trânsito "pesado" junto a edificação histórica.
Um pouco de História...

Koszalin - Polônia.
A localização do Casarão de Itoupavazinha remonta o período, no qual a Colônia Blumenau apresentava suas regiões - as mais próximas do Stadtplatz - demarcadas em lotes coloniais. Encontramos o lote colonial onde foi edificada o casarão histórico em um mapa de 1872, sendo que consta em muitos registros, que o mesmo foi construído em 1888 pelo imigrante pomerano (Alemanha surgiu como país em 1871)  August Friedrich Carl Fiedler - vendeiro em Itoupavazinha. Fiedler nasceu em 6 de outubro de 1838 na cidade pomerana - Coeslin / Pommern - atualmente é a cidade polonesa de Koszalin e faleceu em 03 de novembro de 1898. Ele teve três filhos: Ida Fiedler, nascida em 13 de Outubro de 1869, em Coeslin / Pommern - filha de Henriette, nascida Teske; Oscar Friedrich Albert Fiedler, nascido em 5 de abril de 1872 em Itoupavazinha -  filho  de Henriette, nascida Geske, Emilie Bertha Albertine Fiedler, nascida em 25 de setembro de 1873 e Hermann Emil Albert Otto Friedrich Fiedler, nascido em 18 de dezembro de 1877, em Itoupavazinha - filho de Emilie, nascida Piske. Seus filhos são nascidos - pelos menos aqueles que nasceram em Itoupavazinha, antes da construção do Casarão.
Cemitério de Itoupavazinha - Blumenau.












Localização do Casarão na época dos lotes coloniais - na Estrada da Cachaça, em alemão: Schnapsstrasse.
A edificação histórica está localizada em um dos primeiros e antigos caminhos coloniais da Colônia Blumenau, como se pode observar no mapa histórico apresentado. Era o caminho  existentes entre os dois vale: Itoupava e Testo, traçado paralelamente à estrada da margem esquerda do Rio Itajaí Açú.  As pessoas encurtavam o caminho e não precisavam ir até o vale principal do Itajaí Açu para acessarem as localidades. No início era somente uma picada. Depois tornou-se estrada a foram construídos muitos alambiques - pequenas fábricas de cachação ao longo desta estrada que ficou conhecido como  “Estrada da Cachaça”, atual Rua Frederico Jensen. Recebeu este nome  em 13 de outubro de 1975.
Empiricamente há afirmativas em fontes oficiais de que o Casarão de Itoupavazinha foi construído em 1888, no entanto sem comprovação documental. Temos ressalvas e dúvidas, pois casarões importantes na área urbana da cidade de Blumenau foram construídos bem depois desta data. Outra questão é que o local do Casarão de Itoupavazinha era estritamente rural até meados da década de 1970, que adotava outra técnica construtiva, ainda o enxaimel.  Com o surgimento de outras classe sociais na região, estes adotaram outra forma de construir alinha à arquitetura internacional. Estas mudanças aconteceram pela primeira vez no Stadtplatz (centralidade - Rua das Palmeiras) e na Rua do Comércio - Wurststrasse - atual Rua XV de Novembro no final do  século XIX e início do século XX. Na área rural, continuava a ser construída com a técnica construtiva enxaimel, também no caso de Itoupavazinha. Foi somente no final do século XIX e início do século XX, que alguns poucos comerciantes regionais, como Leopold Hoeschel em Warnow, construíram sua casa comercial dentro do novo estilo internacional. Em todo o Vale do Itajaí estas casas, tem uma certa semelhança e são pontos focais importantes dentro do seu entorno imediato e região.
Os novos e bem sucedidos comerciantes da região do Vale do Itajaí do início do século XX,  adotavam em suas novas construções, os novos estilos internacionais - art decó e o eclético - vigentes. Muitas vezes, quando não construíam o novo, maquiavam, ou, rebocavam suas casas urbanas (em enxaimel aparente) e algumas no interior da colônia, criando a falsa afirmativa de que essas edificações eram tipicamente rurais e não urbanas e eram usadas exclusivamente por "C o l o n o s". As novas construções, que geralmente não eram aquelas construídas em 1888 em áreas rurais, como é o caso do Casarão de Itoupavazinha, feitas pelos comerciantes, seguiam a nova tendencia internacional vigente da arte e da arquitetura - na virada do século XIX para o século XX. Esta questão é muito intrigante.
No caso do Casarão de Itoupavazinha, dotado de uma linguagem eclética, com fortes traços neoclássicos, tal como muitas outras edificações, construídas com tipologia semelhante, reporta ao período da virada dos século XIX para o XX, mais para o início do século XX, nunca antes, por estar localizado em uma área rural  da Colônia Blumenau, onde neste tempo, não se construía desta maneira nem na sua centralidade - no Stadtplatz e na “Wurtstrasse”, atual Rua XV de Novembro. É uma análise nossa a partir de nosso conhecimentos. Mas, ao visitar o túmulo de seu construtor, averiguamos que este faleceu em 1898, ainda no século XIX e somente 10 anos após a construção do casarão, o que nos intriga mais ainda, pois tem melhor acabamento, refinamento e delicadeza na ornamentação do aquela presente na casa comercial do Cônsul alemão em Blumenau -  Deputado Estadual Coronel Peter Christian Feddersen, por exemplo - entre outras construídas na área urbana. É um assunto que deveria ser melhor estudado.
Blumenau em 1915 a partir de uma fotografia publicada no Blog Brasiliana Fotográfica Digital.Link no final da postagem - em leituras complementares.


Também, os registros oficiais afirmam que seu segundo proprietário foi Arnold Müller. Não encontramos comprovação. Esta postagem ficará aberta para receber mais informações.
Em registros, também encontramos sem evidencias materiais, de que esta edificação foi a primeira casa de carnes e a primeira loja de tecidos da região de Itoupavazinha o que faz sentido, uma vez que Fiedler foi registrado em anotações da igreja, como vendeiro na região.
Cemitério de Itoupava Central.
Interessante é a localização, boa localização para instalar a casa comercial, pois está situada no ponto que iniciava um caminho novo localizado entre duas fileiras de lotes, sentido norte sul - se observar o desenho de lotes coloniais, onde surgiu a Rua Jakob Ineichen (Antigas Tatutibas - explicações em um link na lista do final), nome de um professor local sepultado no cemitério de Itoupava Central e que durante uma pesquisa, fotogramas sua lápide em estado ruim de manutenção e colocada no meio de um arbusto de mato. Por isso, adotamos escrever seu nome desta maneira, diferentemente daquele que é geralmente usual. 
O local do casarão seria um entreposto de caminhos - raros caminhos na época - e portanto, local de movimentação de pessoas. Geralmente, as casas comerciais do início da colonização  da Colônia Blumenau tinham como característica predominante, a opção por sua implantação no entroncamento de caminhos, tal como este. 
Conhecemos o Casarão de Itoupavazinha em 1994, quando efetuamos uma pesquisa de faculdade do curso de Arquitetura e Urbanismo na Rua Jakob Ineichen. 
Em maio de 2015 o Casarão de Itoupavazinha sofreu um incêndio com origem em um dos quartos. Durante esta pesquisa no local, ficamos sabendo que foi a neta de Dona Cenilta e do Seu Pedro, que brincava com fogo e quase incendiou um colchão. A Família Vieira de Freitas já residia no local desde 2008, quando houve a tragédia natural em Blumenau.
Também fotografamos o Casarão em 2018, onde flagramos sua realidade mediante o tráfego de trânsito de grandes veículos como por exemplo o de transporte público, demonstrando sua realidade dentro da sociedade. 
Trânsito de veículos pesados passando muito próximo de suas paredes - ações determinadas pelo poder público. Isso acontece, atualmente, também no Centro Histórico de Blumenau - junto à Rua das Palmeiras. Já alertamos sobre essa questão.  Nosso registro de 2014
Arquitetura
Casarão de Itoupavazinha.
A linguagem artística arquitetônica predominante do Casarão de Itoupavazinha reporta à arquitetura adotada pelos comerciantes e industriais que se destacaram dentro da comunidade colonial e entre os colonos da Colônia Blumenau do início do século XX, que é a arquitetura internacional eclética, com a predominância de traços do neoclassicismo. A casa possui um decorativismo que não encontramos na casa do Primeiro Cônsul do Império Austro Húngaro, construído em Warnow, por exemplo - casa de Leopold Hoeschel, e também em outros exemplos, anteriormente citados. Há apliques delicado de rendilhados - conhecido como lambrequins, junto ao telhado, o que lhe confere um certo requinte e singularidade.
As linhas são retas com destaque para a simetria clássica. Sua fachada frontal é marcada pela presença de uma monumental escada com dois acessos às duas portas centrais. Estas, ladeadas, aos dois lados, por um par de janelas, decoradas pelas características cimalhas do classicismo. As portas, de madeira entalhada, possuem bandeiras - meio para o acesso da luz natural ao meio interno e também para compor proporções dos elementos formadores das fachadas. O vão do grande patamar da escada, central, bem com as escadas, são cobertos pela extensão do telhado na parte frontal - sentido frente, sustentado por duas colunas com capitéis belamente ornados, não deixando nada a desejar a qualquer edifício de uma grande cidade construído neste mesmo período do início do século XX - com linhas do classicismo.
As
demais fachadas, também são munidas de simetria. A cumeeira do telhado, característico duas águas com inclinação usual das construções pioneiras (45%) é alinhada paralelamente a estrada, outra características da construção pioneira alemã, na região. Telhado coberto com telhas cerâmicas planas - ou conhecida rabo de castor. Há a presença da mansarda (link sobre - final desta postagem), que é o aproveitamento do sótão, igualmente características das edificações construídas pelos imigrantes alemães e de seus descendentes, como também há a presença do Keller - o porão. Supõe-se que eram espaços indispensáveis para guardar o estoque do estabelecimento comercial.
 Durante a pesquisa no local detectamos que a edificação é dotada de
estrutura mista: autoportante e enxaimel rebocado.
Paredes internas - algumas são feitas com estrutura de enxaimel, perceptível na movimentação e umidade nestas. Encaixes desfeitos.

 Imagens de seus detalhes arquitetônicos retirados do Google Earth 2021 - para registro.

Fachada lateral esquerda com a presença da simetria clássica. Detalha para monumental escadaria com acesso às duas portas.

Decorativismo - cimalhas e adornos junto ao empena. Aberturas do sótão - lateral  esquerda. A presença de detalhes delicados junto ao conjunto das telhas, planas ou tipo rabo de castor.

Janelas descaracterizadas - adequações feitas pela família Vieira de Freitas, que reside no local desde 2008.

Colunas que sustentam o telhado dotadas de capitéis decorados.

Detalhe do rendilhado do elemento que faz a transição entre o telhado e as coluna - lambrequim.

Há muito tempo este telhado se encontrava em estado ruim..

Imagens feitas em 25 de janeiro de 2021.































Cemitério de Itoupavazinha - Construtor do Casarão de Itoupavazinha

Vídeo em 25 de janeiro de 2021

Foto de Patrick Rodrigues alguns meses depois que fotografamos.































"Há uma luz no fim do túnel para evitar o completo desaparecimento do imóvel histórico que fica no número 3.587 da Rua Frederico Jensen, no bairro Itoupavazinha, em Blumenau. Em ação movida pelo Ministério Público contra a empresa proprietária do casarão, a Justiça concedeu liminar determinando o restauro do imóvel que foi erguido em 1888, há 130 anos portanto.
O único problema é que o serviço é caro e a empresa dona da casa não tem como arcar com a despesa. Há uma conversa com a prefeitura de Blumenau para tentar mudar o tipo de tombamento. Se a alteração for permitida, o custo do restauro pode cair. Isso porque hoje é necessário o restauro total da casa, por dentro e por fora. Se houver a mudança, o restauro seria apenas da fachada, permitindo alterações na parte de dentro do imóvel. O advogado da empresa proprietária do imóvel diz que espera uma solução até o fim do ano." FRESARD

Depoimento, um dia após o desmoronamento parcial do telhado da tipologia histórica pertencente ao Patrimônio Histórico Arquitetônico de Blumenau - Casarão de Itoupavazinha, nas redes sociais:

"Quando o proprietário não tem meios econômicos, quem tem que preservar é o poder público. É uma lástima que um patrimônio arquitetônico desse valor não seja importante para a população nem para a Prefeitura, que tem o dever constitucional de preservar o patrimônio histórico do município, e nem o Estado procura preservar esse patrimônio importantíssimo para os Catarinenses. Muito triste!" Arquiteta Fátima Regina Althoff

"Sempre sonhei torná-lo uma linda casa de cultura com alas como um pequeno museu sobre a residência e a colonização local da Schnapsstrasse, ala de biblioteca pública e alas para encontros de grupos comunitários... 35 anos de abandono... Ícones de tempos de pujança que a ganância de uns e o descaso de muitos que, nem governos ...Nem políticos ... Nem pobres e nem os ricos aprenderam valorizar.
Hoje quando suas ripas gritam ao romper-se lançando as peles esquecidas deste lindo exemplar urbano ao chão...Chora nossa cultura...Chora nossa história... Chora todos que entendem que desenvolvimento, patrimônio e cultura são pilares de qualquer sociedade que almeje equidade em suas relações!
A casa está localizada em um dos mais antigos caminhos da época da colonização, conhecida na época como Estrada da Cachaça. O imóvel foi erguido por August Friedrich Carl Fiedler e depois passou para a família de Arnold Muller. Ainda segundo os registros oficiais, o casarão foi sede da primeira loja de tecidos da região. Ele foi tombado pelo município em 2009, mas a situação piora a cada ano.
Espero que algo ainda possa ser refeito. Pois há tempos nossa Blumenau perde suas marcas culturais tão intensas para o Kitsh.... Para o trivial... Para o básico do capital moderno imediato...Enquanto ícones urbanos deste porte continuam a serem vistos como elefantes no meio urbano, infelizmente!" Historiador Ricardo Guilherme
Enquanto isso...
Atualmente, noticiaram que o projeto vencedor para a construção de um edifício em uma das poucas praças em Blumenau (junto à Prefeitura Municipal) - prática antiga em Blumenau, se lembramos a praça do porto fluvial - Praça Hercílio Luz e seu Biergarten, que também recebeu uma edificação sobre si em 1995, sob a batuta do Secretário de Turismo de Blumenau da época, Norbert Mette (lá, ao menos, a arquitetura era uma arquitetura de fato e de gosto que reporta ao estilo do Backsteinexpressiunimus - arquitetura alemã do norte do início do século XX.), mas também não justifica, pois cobriu uma das paisagens mais bonitas do Rio Itajaí Açu, a curva do rio, a partir da Praça Hercílio Luz, que está, nesse momento recebendo, a companhia de uma ponte, cobrindo sistematicamente, a foz do Ribeirão Garcia, tão apreciado em tempos passados. 

Biergarten na Praça Hercílio Luz - Porto Fluvial - em Blumenau em 1995. 

Atualmente, novamente surge a proposta de um Biegarten sobre uma praça, somente que o diferencial é o projeto. O projeto vencedor propõe a construção de algo que lembre a antiga estação ferroviária de Blumenau, cuja tipologia é uma tipologia com estrutura enxaimel de fato, um das mais lindas da história da cidade e que foi demolida para a construção da Prefeitura Municipal de Blumenau, tipologia Fake, comentada amplamente por visitantes alemães com os quais conversamos e que já foi publicada em jornal da cidade, como enxaimel no período das comemorações de 150 anos da cidade. Vergonha. 
Não bastasse, pretendem com isso, construir outra edificação Fake, mais vergonha para Blumenau. Por que não adotar um casarão histórico e transformá-lo ao uso turístico pretendido?
Onde estão as árvores que existem neste local no tempo presente, neste croqui?

Exemplos que também acontecem e refletem sensibilidade, inteligência e cultura daqueles que adotam estas práticas. Isto também é em Blumenau e será um Biergarten. Original.
Epílogo - em 27 de janeiro de 2021

Em 27 de janeiro, conversamos com Dona Cenilda, por telefone, para saber notícias e ela nos informou que a Prefeitura de Blumenau, através da Secretaria de Defesa Civil (Sedeci), esteve no local e determinou a desocupação do Casarão de Itoupavazinha. 
Dona Cenilda em seu quarto - Casarão de Itoupavazinha.
Também foi determinado que o proprietário do Casarão de Itoupavazinha inicie imediatamente a reforma ou a demolição da edificação histórica. 
De acordo com o Jornal Pomerano, em 2019, a Sedeci inspecionou edificação e apontou a necessidade de obras de manutenção, evidencia existente há décadas, conforme esta postagem. 
Também, a casa está em processo judicial por duas questões: por ser considerado Patrimônio Histórico Arquitetônico tombado e a outra, envolve a família Vieira de Freitas que ocupa o Casarão de Itoupavazinha, através de uma invasão, por não ter onde morar e que está em processo de usucapião, desde 2008. Situação que também aconteceu por descaso.  
"No sábado e domingo, os agentes da Defesa Civil estiveram no local vistoriando o imóvel. Nesta segunda-feira, dia 25, os agentes fizeram uma nova avaliação do imóvel e um laudo com duas determinações foi emitido. A primeira ação estabelece a retirada imediata do casal que ocupa o imóvel. A Secretaria de Desenvolvimento Social (Semudes) tenta convencer as pessoas a saírem de forma voluntária, do contrário, o município terá que fazer a retirada compulsória dos moradores com objetivo de preservar vidas.
A Defesa Civil encaminhou o caso para que Justiça determine o início imediato das obras de recuperação pelos proprietários, ou para que seja feita a demolição do imóvel. Assim que ocorrer a desocupação da casa, a calçada em frente ao imóvel será isolada e um tapume deverá ser colocado para proteger pedestres e motoristas que trafegam no local." Jornal Pomerano 

Dona Cenilda comentou que a família está procurando um imóvel que possa pagar o aluguel, nas imediações do Casarão de Itoupavazinha. Ao mesmo tempo, estão construindo uma casa provisória no mesmo terreno do casarão, o qual apresenta uma topografia acidentada e foi esta questão que nos fez encontrar, com facilidade, o lote colonial do casarão em mapas de lotes do século XIX, pois a área era bem maior. A família está com dificuldades financeiras
Dona Cenilda pretende levar parte dos pertences para o imóvel alugado e outra parte, será transferida para a casa provisória que está sendo construída por Seu Pedro e um ajudante, que cobra R$ 100,00 diário pelo trabalho.
Dona Cenilda e Seu Pedro.

Gostaríamos muito que alguém sensível, de visão e inteligente observasse o valor deste imóvel sob vários aspectos e investisse na sua reconstrução, que se for demolido, nunca mais poderá ser resgatado. Valor, não somente para esta paisagem, que já foi rural e atualmente é caótica com a presença de um trânsito irracional e absurdo, com riscos para as pessoas, na sua frente, mas também, para a cidade e para o estado de Santa Catarina. Ainda se pode resgatá-lo. O poder público de Blumenau e do Estado de Santa Catarina, poeriam se mobilizar e coordenar esta tentativa em nome da História e da Cultura. Há um dívida destes órgãos com esta causa.

Dia 3 de Fevereiro de 2021

Dona Cenilda saiu da casa, e mudou-se para uma casa de aluguel nas proximidades do Casarão de Itoupavazinha em 27 de janeiro com poucos pertences. O resto de sua mudança ficou em um anexo construído junto ao casarão para serem removidos para uma nova casa que a família está construindo na parte dos fundos do casarão - na parte mais elevada do terreno - aparentemente área de APP. Estão recebendo auxilio de algum órgão público para terminarem o quanto antes a construção nova. Os dois filhos do casal também auxiliam na obra.
Nesse ínterim, o casarão foi interditado pela Defesa Civil.
Uma das duas portas de acesso principal -  Foto: Fresard
Segundo a coluna do jornalista Francisco Fresard, a Justiça autorizou reintegração de posse e o casarão de Itoupavazinha passará por reparos emergenciais para evitar que outras partes desmoronem. Para isso, foi isolado a área. Ainda de acordo com a coluna de Fresard, através desta reintegração de posse pelos proprietários e a saída da família do local (mesmo que a família esteja construindo sua casa nova nos fundos), os proprietários do casarão pretendem retomar o projeto de restauro do imóvel. De acordo com Fresard (2021) Há uma expectativa para que a recuperação do casarão possa sair do papel nos próximos meses. 

Nós só acreditamos vendo, como é o caso do Casarão Salinger, que é de propriedade da FURB (Link no final) e está caindo sozinho, no bairro de Itoupava Seca.

Casarão Salinger - propriedade da FURB - Itoupava Seca.
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Dia 20 de Fevereiro de 2022

Praticamente um ano depois, fomos alertado por Felipe Lorenzo, que também enviou imagens do casarão, de que o mesmo estava em estado muito ruim e sendo desmontado. As imagens de Lorenzo nos apresentou a realidade do casarão no  momento presente. 
De acordo com Felipe Lorenzo, houve uma audiência pública para a viabilização de um projeto de loteamento no local, sendo que nos fundos do terreno há uma topografia acentuada.
Fomos ao local. Não comentaremos e deixaremos o registro para a história.

Registros de Felipe Lorenzo enviados para nós.








Registros que fizemos em 20 de fevereiro de 2022
Foto antes do incêndio.

Foto antes do incêndio.
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"A minha falecida avó materna comentou q sua mãe, minha Bisa Oma Michel (nascida Kirsten que se casou com um irmão do Julius Michel, e que foi mãe também da Sra. Helga Cicatto, que doou o terreno para a construção do Terminal Urbano Fortaleza que leva seu nome), trabalhou em um açougue que produzia também defumados suínos ali no casarão. Daí, aquela construção em tijolos q fica ao lado." Maro Ivan Birkner



































Depois de mais de 100 anos, esta esquina não será mais a mesma, sem o casarão da Itoupavazinha. Era uma referência urbana, al´m e da referência história, para o local, para a cidade e para a região.












Vídeo
Um registro para a História!

Referências:

  • FRESARD, Francisco. Justiça pede restauro de casarão de 130 anos no bairro Itoupavazinha. Patrimônio histórico NSC Total. Blumenau, 2018. Disponível em: https://www.nsctotal.com.br/colunistas/pancho/justica-pede-restauro-de-casarao-de-130-anos-no-bairro-itoupavazinha. Acesso em: 25/01/2021 - 1:40h.
  • FRESARD, Francisco. Justiça autoriza reintegração de posse e casarão da Itoupavazinha passará por reparos emergenciais. Pancho.com.br. Blumenau, 2021. Disponível em: https://pancho.com.br/justica-autoriza-reintegracao-de-posse-e-casarao-da-itoupavazinha-passara-por-reparos-emergenciais/. Acesso em: 03/02/2021 - 15:14h.
  • ________. Bairro Itoupavazinha. Secretaria de Planejamento Urbano. Prefeitura de Blumenau. Disponível em: https://www.blumenau.sc.gov.br/governo/secretaria-de-desenvolvimento-urbano/pagina/historia-sobre-municipio/divisa-administrativa-bairros/bairro-itoupavazinha-seplan. Acesso em: 25/01/2021, 9:39h.
  • KRUMMENAUER, Vera R. M. M. Rua Frederico Jensen, Nº 3587.Página 28.  Livro Tombo. Município de Blumenau - Patrmônio Histórico, Arquitetônico, Paisagístico e Cultural . Volume I. Blumenau. 2008.
  • Rádio Sentinela. Incêndio destrói casarão tombado no bairro Itoupavazinha em Blumenau. Disponível em: http://radiosentinela.com.br/?incendio-destroi-casarao-tombado-no-bairro-itoupavazinha-em-blumenau&ctd=15797. Acesso em 25/01/2021, 10:50h.
  • _________. Defesa Civil determina desocupação, reforma ou demolição de casarão em Blumenau. Jornal Pomerano. Pomerode - Publicado em 26/01/2021 08:51. Disponível em: https://www.jornaldepomerode.com.br/noticia.php?url=defesa-civil-determina-desocupacao-reforma-ou-demolicao-de-casarao-em-blumenau-73694&fbclid=IwAR1IntJuTj1qvjjBGw-X8bbwaghXeMjNOUd25aBaAQ1IReHYSAVz6rlCM-M. Acesso em: 27/01/2021, 11:30h.


Em Construção e sob revisão.....

Eu sou Angelina Wittmann, Arquiteta e Mestre em Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade.
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2 comentários:

  1. Obrigado por deixar viva a história do meu tataravô.

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    1. É triste, mas seria mais triste se não deixasse este registro. Preferia ver esta história na arquitetura. Como é seu nome?
      Abraços...

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