quinta-feira, 23 de setembro de 2021

Casa Feller - Construída em 1927 - Rodeio SC

Edificação pertencente ao patrimônio histórico arquitetônico de Rodeio demolido em 2021 - Casa Feller.
Fizemos os registros da Casa Feller, em Rodeio, no dia 21 de julho de 2017. Chamou-nos a atenção, sua arquitetura construída em 1927, com a técnica do Backsteinexpressionismus - Arquitetura Expressionista com tijolos, surgida no norte da Alemanha nas primeiras décadas do século XX. Portanto algo muito contemporâneo para a época de sua construção.
Tercílio Feller em 2017. Nasceu e sempre residiu nesta casa.
No local conversamos com os irmãos Tercílio e João Feller, que gentilmente nos permitiram conhecer a casa que seus pais construíram no início do século XX, com muito sacrifício. A família era composta por 8 filhos (5 tinham falecidos - eram 13 filhos) e o casal. Contou Tercílio Feller, que ele foi o único que nasceu na casa nova. Os demais irmãos nasceram na edificação, que neste momento era o estábulo da propriedade.
A Casa Feller estava localizada na Rua Barão do Rio Branco, N° 601 - Rodeio SC. A edificação Histórica de Rodeio, após a morte dos Irmãos Feller, foi demolida em 16 de setembro de 2021. Alguem nos avisou e por isso a existência desta postagem, um registro para a história.

 Geraldino José Ochner
Em
2017, quando estivemos no local, residiam na casa, os dois irmãos Feller, Tercílio e o João, que era o mais velho. Seu pai,  Ernesto Feller, era imigrante do Tirol italiano, cujo nome poderia ser Ernest Feller, família descendente do Império Austro Húngaro e sua mãe era Carolina Protegher Feller.
Os irmãos Feller, após a morte da mãe, continuaram a residir no local e a cuidar da casa e da propriedade. Carolina, sua mãe, nasceu em 1900 e em 1988, contava com 88 anos, pois concedeu uma entrevista ao professor Geraldino José Ochner, a qual foi publicada na página 8 da Folha Trentina. Esta publicação fotografamos emoldurada, pendurada na parede da residência dos  Feller, com muito capricho.
Mencionaram, que havia um outro irmão que vivia e residia em Curitiba (advogado).
Neste diálogo com os Feller, também soubemos que sua mãe, Carolina Protegher Feller foi filha dos imigrantes italianos Domenico Protegher e Maria Manfrini. Carolina ficou viúva muito jovem, com 8 filhos com idades entre 16 e 4 meses. Seu marido Ernesto faleceu com 42 anos com peritonite. Em sua idade avançada, seus dois filhos Tercílio e João e um outro filho, tomaram conta da mãe. Carolina gostava de pescar e lia nos idiomas português e italiano. Com a idade de 40 anos, Carolina começou a falar as primeiras palavras em português, devido exigências do período do Nacionalismo, com a proibição de falar em italiano. Ernesto Feller faleceu com 42 anos de idade quando tinham 17 anos de matrimônio. Carolina ficou viúva com 8 filhos pequenos, onde o mais velho contava com 16 anos.
Ernesto e Carolina Feller - pais de 13 filhos. Destes - somete Tercílio nasceu na nova casa.
A Casa Feller foi construída com tijolos autoportantes aparentes adotando a técnica do Backsteinexpressionismus contendo as linhas do classicismo italiano, com a simetria das fachadas e a presença da mansarda - aproveitamento do sótão. A edificação foi construída no meio da propriedade. Com isto, a existência de um amplo jardim, recortado por um caminho retilíneo ligando a casa à rua
Um jardim muito bem cuidado pelos dois irmãos que em 2017, contavam com mais de 75 anos e nunca se casaram. O telhado era composto de duas águas, com a cumeeira em paralelo com a rua. Coberto com telhas planas ou germânicas de barro. Aberturas  - janelas com duas folhas envidraçadas e também, a porta conta com duas folhas em madeira e a presença de bandeira envidraçada. 

O vídeo - os irmãos falavam sobre a casa.
Em setembro de 2021, recebemos a notícia de que a Casa Feller foi demolida e esta história foi retirada da paisagem da cidade de Rodeio. Deixamos este registro para a história da cidade e de Santa Catarina, ilustrando que neste lugar, um dia vimos dois senhores tomando conta da propriedade de seus pais. Construíram uma arquitetura de qualidade e com muito sacrifício.

A publicação assinada pelo professor Geraldino José Ochner e publicada na  Folha Trentina.
Matéria caprichosamente emoldurado e pendurada na parede no interior da casa cuidadosamente guardado pelos dois filhos.
Folha Trentina – 1988
Página 8
Destaques Sociais
Carolina Protegher Feller
Carolina nasceu no dia 11 de maio de 1900. Casou com Ernesto Feller. Teve 13 filhos. 5 estão mortos e 8 vivos (Nadalin – Advogado em Curitiba, Hugo – Advogado em Curitiba, Elvira, João, Tercílio, Clara, Edviges e Euclides – contados em Curitiba.
Seus pais: Domênico Plotegher e Maria Manfrini vieram da Itália.
Sempre trabalhou em casa e na roça. Durante mais de 20 anos ajudou nas festas de igreja como cozinheira. Era convidada nas redondezas para ser a “coga” nas festas de casamentos e aniversários.
Foi sempre uma exímia pescadora. Chegou a pescar carpas de até 5 kg e muitos foram os cascudos pegos com anzol.
Lê todos os dias em português e italiano. Foi para a escola durante 4 anos. 2 anos de manhã e 2 anos de tarde. As aulas eram administradas todas em italiano gramatical. Suas professoras foram as Irmãs Gertrudes e Clemência. Aos 40 anos começou a falar as primeiras palavras em português devido à proibição da língua italiana. Recebe revistas e jornais italianos através do Círcolo Trentino, que lhe chegam às mãos quando da visita da Professora Iracema.
Faz suas rezas sempre ao meio dia.
Assiste TV – Jornal Nacional. Não gosta de novelas. Escuta rádio todos os dias. (Rádio aparecida)  às 15 horas quando é dada a benção de Nossa Senhora Aparecida e a Rádio Clube Paranaense, às 18 horas, quando é rezado o Anjo do Senhor.
Acha o mundo de hoje tão diferente! Não é mais como antigamente em que as pessoas se ajudavam. Hoje quase todos vivem só para si.
Nunca participou de qualquer campanha política e mesmo não gosta de política. Como sempre está em casa, pouco pode dizer das mudanças de Rodeio, o que sente é que as pessoas mudaram pois falta união e há pouca caridade. 
Crê em Deus, pois ele é Onipotente e comanda o mundo. Reza para a paz do mundo. Reza para a paz do mundo e das pessoas.
O prato que mais aprecia é polenta fresca com queijo e leite. Gosta de preparar uma macarronada. Nas festas ela era encarregada do macarrão. Ainda hoje mexe nas panelas, embora a comida está sob a responsabilidade da Vige.
O segredo para ter uma longa vida: muito trabalho. “Trabalhei como ninguém”. “El laoro no cola”. Comeu sempre bem.
Nunca entrou no mar. Viu apenas uma só vez o mar e de longe. Não sabe o que é Praia. O fato que mais a marcou foi a morte do marido aos 42 anos de vida e 17 anos de casada. Seu esposo morreu de peritonite. Ficou com 8 filhos para criar sozinha. O mais velho tinha 16 anos e o menor 4 meses.
Está bem de saúde. Tem problemas no joelho da perna direita e para melhor se movimentar usa uma bengala. Toma chá de folhas de ameixa para combater o colesterol e alguns comprimidos para a circulação do sangue.
Deita logo após o Jornal Nacional e levanta às 7hs30min.
Carolina recebe quase todos os dias visitas em sua casa. Sente-se bem quando chega alguém.
Com seus 88 anos não tem cabelos brancos. Receita: lava-os com água e uma pitada de sal de cozinha. Nunca teve qualquer doença na cabeça.
Está bem auxiliada pelos três filhos que moram com ela (Vige, Jani e Clio). Atendem a tudo que ela pede.
É com prazer que fiz esta reportagem, ao redor do fogão, num dia frio, com uma fina chuva lá fora. “La nona Carolina”, como sempre chamei, é minha madrinha de batismo.
Prof Geraldino José Ochner 

As imagens da propriedade em 21 de julho de 2017

 João Feller, na lida. Propriedade muito bem cuidada.













João Feller.


Sótão.

Espingarda antiga.


          



João e Tercílio Feller.

João e Tercílio Feller.




Demolição do Patrimônio em 16 de setembro de 2021
A demolição da edificação Histórica do Patrimônio Histórico Arquitetônico de Rodeio foi demolida no dia 16 de setembro de 2021 com registro de imagens de Marcelo Moser. Também foram demolidos os ranchos, que foi a primeira casa de família Feller, onde nasceram 7, dos 8 filhos que sobreviveram  a infância.







                            Um registro para a História! 











































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