Foto do Site da Prefeitura Municipal de Iomerê. |
Se emancipou de Videira. Laços tão estreito que o nome da Praça da cidade tem o nome do Ex-prefeito de Videira, iniciativa de um Vereador de Iomerê. |
Na sequencia de cidades que visitamos em novembro de 2022, localizadas no Vale do Rio do Peixe, apresentamos a cidade de Iomerê, palavra de origem tupi-guarani, cujo significado reporta à uma "Clareira Branca" ou Faxinal Branco. Iomerê é o terceiro nome histórico da comunidade. O primeiro nome foi Faxinal Branco, batizado pela Companhia Colonizadora Selbach & Kröef, depois mudou para São Luiz, uma homenagem ao primeiro colonizador e o terceiro e atual nome é Iomerê. Seria muito bom conhecer o nome completo do pioneiro Luiz.
A primeira ocupação de Iomerê foi através de migração interna oriunda do Rio Grande do Sul, semelhante ao que ocorreu com outras cidades da região, por descendentes de imigrantes italianos, em um primeiro momento. Geralmente eram famílias católicas dotadas de grande religiosidade, como também era as famílias pioneiras alemãs.
Atestado de óbito do pioneiro Luis Lazzari. |
Padres Camilos. |
Em 1935, chegam à comunidade, que agora era denominada São Luiz, os padres Camilianos, ou padres Camilos, padres de uma ordem religiosa católica fundada em 1590 pelo religioso italiano São Camilo de Lellis e voltada à assistência espiritual e corporal dos doentes. Logo depois vieram as Irmãs Marcelinas.
Em 1º de maio de 1944, a comunidade resgata o nome Faxinal Branco, que em Tupi Guarani significa Iomerê. Semelhantemente, aconteceu com a cidade do Alto Vale do Itajaí, Ituporanga, que tinha o nome de Salto Grande, traduzindo para o nome tupi guarani, recebeu o nome como é conhecido atualmente.
Uma das primeiras iniciativas dessas primeiras famílias foi a construção de um monumento em homenagem a São Cristóvão, padroeiro dos motoristas. A obra construída por José Alberto Fappi e Jaime Perguer, observada pelo padre Jarcy Antônio Demartini e pela comunidade, durou aproximadamente dois meses para ser concluída.
Caminhoneiros históricos de Iomerê, quando ainda era Distrito de Videira. |
Iomerê. |
No final da década de 1980, com uma boa infraestrutura regional a partir da rodovias pavimentadas com asfalto que interligavam Videira, Arroio Trinta e Salto Veloso, começou-se a cogitar a emancipação da comunidade de Videira. Para isso foi feito um plebiscito para decidir a partir da vontade popular sobre a emancipação do distrito de Iomerê de Videira. O "sim" venceu e a emancipação aconteceu em 19 de março de 1995 e em 20 de julho, a Lei Estadual nº 9.898 criava o município de Iomerê.
Com passar do tempo, outras famílias mudaram-se para a localidade. Praticaram o extrativismo - como ocorreu em todo o estado de Santa Catarina, no ciclo madeireiro.
Antes da emancipação, Iomerê pertenceu a Porto União, depois Campos Novos, mais tarde a Joaçaba e finalmente a Videira, desmembrado em 1995.
O maior evento da comunidade de Iomerê é a Festa Julina, realizada sempre no final de semana próximo ao aniversário do município que é comemorado no dia 20 de julho. A Festa Julina foi oficializada através de Lei Municipal de 12 de março de 1997. Atrai cerca de 20 mil visitantes durante os três dias de festa. Conta atrações, como shows nacionais e regionais, show de fogos, acendimento da fogueira, gastronomia e bebida típica de festa Julina. Paralelamente à Festa Julina é realizada a Feira da Indústria e do Comércio, além de etapas catarinense do Enduro de Regularidade e o Encontro de Tropeiros.
Iomerê IBGE
- População: 2.962 habitantes IBGE/2019;
- Área territorial: Iomerê ocupa uma área de 114 km²;
- Altitude: Acima de 847 m de altitude;
- Municípios limítrofes: Ibicaré, Treze Tílias, Arroio Trinta, Videira e Pinheiro Preto
Pontos focais
Igreja São Luiz Gonzaga
Igreja de Lamon, Província de Belluno - Itália. |
Em 4 de julho de 1948 iniciou a construção da nova Igreja e atual igreja que foi concluída em 19 de abril de 1953. Sua arquitetura foi inspirada em uma igreja existente na Itália, da cidade de Lamon, na Província de Belluno. Receberam contribuição de mão de obra vinda da Itália para sua execução.
O altar da Igreja, que foi confeccionado de madeira, foi avariado por um incêndio. Foi reconstruído e recebeu a imagem sacra esculpido em mármore italiano.
Naves laterais na basílica de Roma. |
Igreja São Paulo
Igreja São Paulo |
Em 1924, o visitante gaúcho João Volpato presenteou a comunidade com a imagem de São Paulo, que desde então, passou a ser o santo padroeiro da comunidade. Mais tarde foi construída a atual igreja, inaugurada em 3 de dezembro de 1961, fazendo parte da Paróquia de Iomerê.
A arquitetura de Igreja São Paulo segue a tipologia da arquitetura religiosa do pioneiro alemão, ilustrando o intercâmbio das duas culturas em solo brasileiro. Apresenta as linhas do neogótico que junto do gótico, é o estilo nacional na Alemanha. Onde há a comunidade alemã em solo brasileiro, existe uma igreja com estas características arquitetônicas, perceptível ao olhar do leigo se a comparar com a igreja Matriz de Iomerê, que é clássica.
Seguindo estas características, a igreja é dotada de uma nave, cobertura com dois panos de telhados com a presença de uma torre frontal onde também está o campanário. Na base da torre está o alpendre que protege a porta principal.
Museu
Foto Site da Prefeitura de Iomerê. |
O museu possui setecentas e cinquenta peças, relacionadas principalmente à região do Alto Vale do Rio do Peixe, como por exemplo: o cocho contando o início da história da comunidade, a réplica dos engenhos movidos a tração animal, fotos dos pioneiros e de seus descendentes, quadros históricos, objetos vindos da Itália, ferramentas, pedras indígenas, louças, entre outros. Seu acervo também contém peças como: soque de erva-mate, implementos agrícolas, arados, carroça, trilhadeira. O museu complementa atividades escolares e a aplicabilidade do programa de ensino de determinadas turmas. Quando estivemos na cidade não encontramos alertas sobre sua existência, pois teríamos grande alegria em registrar seu ambiente.
Gruta dos Quatro Pedidos
Projeto idealizado pela comunidade de Bom Sucesso, instalada dentro do Parque Santa Paulina. O projeto foi executado na forma de mutirão contando com apoio de professores, alunos, pais de alunos e da Prefeitura Municipal de Iomerê.
Juvenato Santa Marcelina
Iomerê têm relações de amizade com a cidade italiana de Lamon. A bandeira das duas cidades. |
O trabalho das Irmãs Marcelinas na comunidade é voltado à educação através de sua coordenação à frente da Escola Estadual Frei Evaristo e da Escola Particular São Camilo, no Hospital São Camilo, executando trabalhos na cozinha, enfermaria, farmácia e também em grupos religiosos, como Apostolado da Oração, os Cruzadinhos, coordenação de missas, catequese. Além disso, ministravam aulas de bordado e depois de datilografia. Muita coisa.
O Juvenato Santa Marcelina é um marco na história de Iomerê. É tão importante que a figura da arquitetura de sua sede está na bandeira de Iomerê. Mesmo que atualmente não há mais as juvenistas, o colégio ainda possui seu legado e tem o apoio incondicional da comunidade como marco histórico e ponto focal na paisagem.
Praça Prefeito Waldemar Kleinubing
É a praça principal, localizada na frente da Igreja São Luiz Gonzaga.
O terreno para a construção da praça foi doado pela Companhia Colonizadora Selbach Kröeff, que inicialmente ficou como um espaço aberto, onde, em anexo, foi construída a primeiramente a capela que depois foi substituída pela nova igreja, atualmente conhecida como Igreja São Luiz Gonzaga.
Antes de ser especializada pela praça, era usado literalmente para lazer e interatividade, sendo portanto sempre um espaço público, lembrando os ágoras gregos. No local, a comunidade - jogava futebol, vôlei, treinava cavalos, acontecia festas, local de circos, entre outros usos. A escola se apropriava do espaço para suas atividades esportivas e cívicas, durante os eventos de 7 de Setembro e gincanas. Tambérm era local do jogo bocha. Na frente do local da praça, um tempo atrás estava o bar de João Penso Sobrinho, conhecido como o "Barulho".
Este local faz parte da memória coletiva de Iomerê, pois era um ponto de encontro da comunidade. Tão pouco tempo de história e não existe mais, nem como espaço. O que Iomerê está guardando de história para as futuras gerações? Para comemorar 100 anos de história é preciso salvaguardar 10, 20, 30 e mais anos.
Em 20 de agosto de 1965, nevou em lomerê. Foi construído um boneco de neve entre a praça e a escola.
Boneco de neve construído junto à praça em 1965. |
Local onde foi feito o boneco de neve - entre a praça e a escola. |
Nesse local, também, aconteciam as festas da comunidade, geralmente animadas por canções tiradas do violão, gaita e violino sob a luz de uma grande fogueira, onde os mais corajosos passavam por uma esteira de brasas com pés descalçados. Também passaram a contracenar "casamentos caipiras", de maneira teatral para levar alegria a quem assistisse e principalmente, para quem participava, lazer através da cultura. Nestes eventos acontecia muita dança- destacando a dança de quadrilha.
Na administração do ex-prefeito Prefeito de Videira, César Augusto Filho, a praça recebeu intervenção urbana através de uma revitalização, atendendo solicitação do Intendente de Iomerê Avelino Panazzollo (nascido em Bento Gonçalves em 1912). Nesta revitalização espacial foi construído o muro no entorno do terreno da praça. Em 1956 a praça foi nomeada de "Praça Pública da Vila do Distrito de lomerê".
Na administração do ex-prefeito de Videira Waldemar Kleinübing no final da década de 1960, (de família que migrou de Monte Negro - RGS), a praça recebeu um caminhos um monumento em homenagem ao colono. Em 1970, por indicação do ex-vereador de Iomerê Dorício Faccin, o nome da praça foi mudado para "Praça da Unidade" e em 1971, por indicação do mesmo vereador dentro de uma ação política, a praça recebeu o nome do ex-prefeito de Videira - "Praça Prefeito Waldemar Kleinübing", lembrando que seu filho Vilson Kleinubing, também nascido em Montenegro RGS, estava na política, no cenário de Santa Catarina. Deveria ser respeitada a vontade daqueles que estavam lá quando a praça foi idealizada e seu nome deveria continuar sendo "Praça Pública de lomerê".
Praça Praça Prefeito Waldemar kleinubing, Igreja São Luiz Gonzaga, Prefeitura Municipal |
As imagens comunicam
Uma das poucas tipologias históricas que encontramos da primeira metade do século XX. |
Arquitetura do pioneiro alemão, bem como da igreja. Esta comunidade de Iomerê foi colonizada por descendentes de imigrantes alemães. |
Até a próxima cidade da rota de pesquisa.
Está sob revisão.Leituras Complementare - Para ler: Clicar sobre o título:
- A ponte construída com a Técnica Construtiva Enxaimel - Ponte Luiz Kellermann - Videira SC
- Monte Carlo - Cidades de Santa Catarina - Pesquisa in loco
- Pinheiro Preto SC - Um Registro de sua História do Momento Presente - Para a História.
- São José do Cedro - Extremo Oeste de Santa Catarina - Um pouco de História de Santa Catarina
- Monte Carlo - Cidades de Santa Catarina - Pesquisa in loco
- Igreja de Presidente Getúlio-SC - Projeto do Arquiteto alemão Dominikus Böhm - Em franco processo de descaracterização
- Videira - Cidade, cujo embrião surgiu com a construção da Ferrovia e se desenvolveu com a migração interna oriunda do Rio Grande do Sul
- Casarão Hennings - Indaial SC - Parte de sua História e um pouco sobre sua Arquitetura.
- Fraiburgo SC - Butiá Verde e Campo da Dúvida - embrião urbano originário nas fazendas da época da construção da Ferrovia - Disputas fundiárias
Um Registro para a História.
Sou Angelina Wittmann, Arquiteta e Mestre em Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade.
Contatos:
@angewittmann (Instagram)
@AngelWittmann (Twiter)
Agenda:
Dia 10 de maio estaremos lançando o Livro “Fragmentos Históricos Colônia Blumenau – Arquitetura * Cidade * Sociedade * Cultura Volume 1" no espaço Cultural da Assembleia Legislativa de Santa Catarina - ALESC, Florianópolis.
Fiquei impressionado e muito contente com o conteúdo deste verdadeiro documento de Iomerê, cidade onde nasci. Sou Neto do Sr. Joao Penso Sobrinho (Mais conhecido como Véio Barulho) e em algumas fotos localizei meu Pai Onorino e meu Tio Alécio, além dos meus avos maternos e meus Tios da família Colle. No texto você comenta sobre o Bar do Sr, Joao Penso Sobrinho, este bar aparece na foto que esta marcada como 'ESTA CASA NAO DEVERIA TER SIDO DEMOLIDA"
ResponderExcluirExiste uma foto onde aparece meu Tio Alecio que tem as anotações dos nomes trocadas e a Primina que consta como mae do Alecio é na verdade esposa dele. Minha Nonna chamava-se TEODORA BORSOI PENSO
Tenho fotos de Iomere antiga que poderiam entrar nesse documento.
Que bom que o material publicado o fez contente. São pedacinhos de história de nosso Estado.
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