Casa Malburg - de Nikolaus Malburg, pai de Bruno Fernando Malburg. |
A conhecida Casa Malburg, localizado na Rua Dr. Pedro Ferreira, esquina com a Praça Vidal Ramos, construída de frente para o rio Itajaí-Açu e como empresa foi fundada no século XIX. A casa histórica foi construída em 1915, com o trabalho de Bruno Fernando Malburg, filho do pioneiro Nikolaus Malburg. Bruno Fernando, além de administrar a obra, também foi o responsável por contratar o arquiteto alemão.
Lembramos que a Companhia Malburg S/A foi fundada em 1860, por Nikolaus Malburg, imigrante alemão, pai de Bruno Fernando e avô de Bruno Arthur.
Para ler mais mais sobre o Comércio Malburg - Clicar sobre: A Tradicional Casa Malburg - Itajaí SC - Parte da História da Colônia Blumenau
Muitos dos comerciantes da região da Colônia Blumenau trabalharam na Malburg e para a família com o mesmo nome. Nesse época, a família Marlburg era formada pelos pais: Nikolaus Malburg e Catharina Häendchen e por mais 13 filhos. Nikolaus Malburg, conhecido em Itajaí e Blumenau por Nicolau, nasceu em 25 de janeiro de 1832 - na cidade de Schweich, na região do Mosela - Alemanha. Casou-se em 4 de outubro de 1858, em Itajaí, com Catharina Häendchen nascida em São Pedro de Alcântara, em 1848. Os filhos do casal foram: Marcus Malburg (1846– X ); Nicolau Malburg Junior (1860–1904); Adélia Malburg (1861– X ); Carl Malburg (1861–1927); Leopoldo Malburg (1861– X ); Emilia Malburg (1863– X); Hulda Malburg (1869–1916); Carlos Frederico Malburg (1870– X ); Emília Malburg (1873–1935); Bruno Fernando Malburg (1873–1918); Haendehen Mallurg ( - - ); Nicolao Malburg ( - - ); Olga Malburg ( - - ).
Em alguns documentos seu nome é Maria Elizabeth Malburg. Em famílias alemãs, geralmente eram usados o segundo nome, quando havia dois nomes. |
Entre os filhos do casal pioneiro, o Bruno Fernando Malburg, teve participação importante na construção da Casa Malburg e seu filho Bruno Arthur construiu o casarão que apresentamos nesse momento. Uma curiosidade: As três personalidades mencionadas, de duas gerações distintas da família Malburg, dois irmãos e o pai, não completaram 50 anos de vida.
A matriarca - mãe de Elizabeth Malburg. |
O projeto da Casa Mallburg, construída em 1915, foi assinado pelo arquiteto alemão Reinhold Erdmann Rönick, que projetou outras casas de famílias pioneiras alemãs, na cidade de Itajaí. O arquiteto foi contratado por Bruno Fernando Malburg. Assim que a obra foi terminada em 1915, a família de Bruno Fernando Malburg se mudou para o local e foi residência da família até 1937. Bruno Fernando faleceu em 1918. Ele nasceu em Itajaí em 25 de outubro de 1873. Casou-se, também em Itajaí, com Maria Elizabeth Reiser em 19 de abril de 1898, contando 24 anos de idade. Elizabeth era filha de Alexius Reiser, nascido em 1829 em Karlsruhe de Baden-Württemberg, sendo que a partir de 1871, passou a fazer parte do território da Alemanha unificada. A mãe de Elizabeth também se chamava Elizabeth - Elizabeth Mohr Reise. Seus irmãos foram: Felippe Reiser; Martina Reiser; Alexius Reiser, Jr; Jose Reiser; Maria Reiser; Clara Ana Reiser e Francisca Reiser.
O filho de Bruno Fernando e Elizabeth, Bruno Arthur Malburg, nasceu em 8 de agosto de 1899, portando tinha a idade 16 anos quando foi residir com sua família na Casa Malburg.
Passando-se 6 anos, o jovem Bruno Arthur, com 22 anos de idade, se casou com Maria Salomé Dutra (1899 - 1991), de família itajaiense.
No início da década de 1930, começa a construção do Casarão Bruno Arthur Malburg, localizado na esquina formada pelas ruas Dr. José Bonifácio Malburg e Cônego Thomaz Fontes.
Área do terreno onde está o casarão histórico. |
Localização - Casarão Bruno Arthur Malburg. |
Bruno Arthur não contou com o assessoramento de seu pai, como teve seu avô, durante a construção da Casa Malburg (1912), e seu pai Bruno Fernando faleceu em 1918. Curiosamente, como seu pai Bruno Fernando, Bruno Arthur faleceu muito jovem, com apenas 34 anos. Ele nasceu em 8 de agosto de 1899 e faleceu em 24 de junho de 1934, residindo no casarão por somente 4 anos.
Em 1953, a família de Bruno Arthur Malburg vendeu a casa ao outro filho de Bruno Fernando Malburg e irmão de Bruno Arthur, 16 anos mais jovem que esse, José Bonifácio Malburg, que contava, então, com 38 anos de idade.
Seu nome foi dado à um das ruas que forma a esquina do local onde está situado o casarão. Também faleceu com pouca idade e residiu somente 10 anos no casarão. Nasceu em Itajaí em 5 de março de 1915 e faleceu, também na cidade, em 1° de março de 1963, com 48 anos de idade. José Bonifácio se casou com Celeste Pereira.
Atualmente, o Casarão Bruno Arthur Malburg pertence à Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição. Não temos conhecimento de como aconteceu esse processo de transferência de propriedade e também, não encontramos informações sobre possíveis descendentes de Bruno Arthur e Celeste.
O Casarão
Visitamos o local e efetuamos registros a partir do espaço público - da rua.
Observamos que o casarão, sob o aspecto estrutural, está em uma conservação satisfatória, ao menos, externamente.
Foram efetuadas reformas que impactaram um pouco - modificando sua arquitetura. A começar pelo telhado, originalmente estruturado em madeira, com panos de telhados, dotados de grandes inclinações coberto com a características telha cerâmica, "rabo de castor", ou plana/germânica. A telha colocada após reforma impacta muito o conjunto, sendo esta usada para coberturas com inclinações menores e nunca em arquitetura do pioneiro ou descendentes de pioneiros alemães.
Também observamos que a estrutura de madeira enxaimel, parte das empenas e também do decorativismo, foram cobertas por reboco pintado. tirou muito da identidade da arquitetura original.
Outras intervenções menos, nas aberturas, com fechamento de algumas e troca de materiais de outras.
Arquitetura
Arquitetura apresentada não tem um estilo definido, o que caracteriza uma arquitetura eclética, composta por muitos elementos mais com a função decorativa do que funcional, o que contribui muito para a monumentalidade do conjunto. Como por exemplo: as cimalhas de diversos tamanhos e formas em torno das aberturas, arcos plenos, e muitos planos de telhado. A casa possui um pavimento, sendo que sua mansarda (sótão usável - ambiente sob o telhado) possui dois pisos. Como uma herança da maneira de construir da Média/ Baixa Alemanha, influência do Sacro Império Romano, a casa possui um "Keller", ou porão. Também influência do tempo do Sacro Império Romano é a mistura da técnica autoportante e o enxaimel, não usado no Norte da Alemanha onde não houve esse domínio, graças ao herói alemão Hermann, que impediu o avanço dos conquistadores.
Uma das influências da casa "brasileira" adotada no Casarão Bruno Arthur Malburg foi o anexo da grande varanda que circunda a parte frontal e lateral direita da construção, protegendo os ambientes internos da insolação forte direta e também, criando um ambiente externo de contemplação, voltado para a rua.
A planta segue o formato em "cruz", apresentado também no conjunto do telhado, que contribui para a organização dos espaços internos.
Por sua implantação no terreno de 2mil metros quadrados, com afastamentos consideráveis para as ruas formadoras da esquina, espaço usado para compor jardins, horta e pomar, pode-se afirmar que desde o início de sua concepção, seu uso foi exclusivamente residencial, ao contrário da Casa Malburg de 1915, que possuía uso misto - comercial e residencial.
As imagens comunicam
Um Registro para a História.
Referências
- MÜLLER, Fernando. Uma Viagem Acidentada. Blumenau em Cadernos. Tomo XI, Setembro de 1970. N° 9.
- Visite Itajaí. Disponível em: https://www.visite.itajai.sc.gov.br/historiaecultura. Acesso em 30 de janeiro de 2022.
- Conclusões do autor - Taunay. Revista Blumenau em Cadernos. Tomo XXIII. N° 7. Juhlo de 1982.
- KONDER, Gustavo. Um Preito de Saudade. Blumenau em Cadernos. Tomo XIII. Março de 1972. N° 3.
- Leopold Hoeschl - Figuras do Passado. Revista Blumenau em Cadernos. Tomo II. N° 12. Dezembro de 1960.
- SEVERING, José Roberto. Itajaí e a Identidade Açoriana: A maquiagem possível. Universidade Federal de Santa Catarina UFSC - 1998. 161p . Bibliografia; p. 147-61 - Orientadora: Maria Bemardete Ramos Flores. Tese (Mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina - Departamento de Historia.
Leituras Complementares - Clicar sobre o link Escolhido:
- A Tradicional Casa Malburg - Itajaí SC - Parte da História da Colônia Blumenau
- Mansarddach - Uma tipologia de telhado trazida pelo imigrante
- Pedro Wagner - O Pioneiro
- Leopold Franz Hoeschl - 1° Cônsul Honorário do Império Austro-Húngaro na Colônia Blumenau
- Legado Hermann Weege - Pomerode
- Carl Franz Albert Hoepcke - Uma personalidade da História Catarinense
- Ituporanga entre regiões - Serra, Litoral e Vale do Itajaí - Um pouco desta História.
- Hermann E. L. Wendeburg - Diretor Interino da Colônia Blumenau
- A verdadeira História de Blumenau
- São Pedro de Alcântara - Recordando...180 anos de Imigração Alemã
- Hermann Bruno Otto Blumenau - De 1819 até 1846 - Sua carta.
- Carl Franz Albert Hoepcke
- Blumenau - do Stadtplatz ao Enxaimel
- Kulturverein
- Fritz e Hermann - Dois Personagens da História
- Os Primeiros Caminhos no Vale do Itajaí e do interior
- As embarcações no Rio Itajaí Açú - Blumenau
- Blumenau - Século XIX até a construção da Ferrovia
- Fundação de Blumenau a partir de seus meios de transportes
Sou Angelina Wittmann, Arquiteta e Mestre em Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade.
Contatos:
@angewittmann (Instagram)
@AngelWittmann (Twitter)
Nenhum comentário:
Postar um comentário