sábado, 6 de maio de 2023

Heinrich von Graf (Heinrich Graf) - Pintor alemão que assinou a obra doada ao Museu de Arte de Blumenau em 2023 - Um pouco sobre sua Vida e Obra








No momento do lançamento do livro Fragmentos Históricos - Colônia Blumenau - Arquitetura ° Cidade ° Sociedade ° Cultura - Volume 1 em 9 de março de 2023, soubemos que o Museu de Arte de Blumenau - MAB estava recebendo a doação de um dos quadros mais incríveis que vimos em Blumenau e região. Em 2024 estará completando 100 anos e obra de arte mostra a reprodução do local onde está instalada a fecularia Lorenz e seu edifício, na comunidade de Encano Indaial. Indaial SC. 
A obra, óleo sobre tela, foi pintada pelo artista nascido na Alemanha, Heinrich Graf e que, na verdade, trata-se de Heinrich von Graf.

Explicando o "von" do nome do artista Heinrich. A nobreza alemã era formada por um conjunto de pessoas que, até 1919, tinham privilégios em relação as demais pessoas da sociedade, submetidos a legislação de cada localidade de regiões que atualmente pertence ao território da Alemanha. A partir de 1919, no período da República de Weimar (1919-1933), os privilégios da nobreza foram oficialmente abolidos. A nobreza passa a não ser reconhecida pela República Federal da Alemanha. A partir desta data, antigos títulos hereditários são permitidos como parte de um sobrenome, como o von do nome do artista, aqui apresentado. 

Em 9 de março de 2023, no MAB.
A obra foi doada pelo bisneto de Hedwig Lorenz e de Johannes Friedrerich Lorenz, irmão de Fritz Lorenz, o fundador da Cia Lorenz e com quem trabalhou. O bisneto é o  Victor Bona. Sua bisavó Hedwig encomendou a obra a Heinrich von Graf, que ficou pronta em 1924.
Os dois irmãos Lorenz. Fritz (Friedrich) fundou a firma Lorenz e Johannes casou-se com Hedwig que encomendou o quadro da firma ao pintor alemão.
A genealogia da Família Bona e Lorenz. Leandro e Edda, são os pais de Victor Bona.










O quadro pintado por Heinrich Grafa e doado pela família Bona ao Museu de Arte de Blumenau MAB - Cia Lorenz, Encano, Indaial. Em 09 de março de 2023.

Residência de Axel Deeke e de Herta Deeke (Solteira Lorenz),
 onde o quadro de Graf doado ao MAB, permaneceu por décadas.
O quadro esteve com a filha de  Hedwig e Johannes, avó de Victor Bona, Hertha Lorenz que se  casou com Axel Deeke, por muito tempo. A família residia na Rua Sete de Setembro, no local onde atualmente está instalada uma clínica.
A sua única filha, Hedda Deeke (casada com Leandro Victor Bona) permaneceu com a obra, que posteriormente foi  herdada por Victor Bona, que a doou para o MAB, em 9 de março de 2023. 





Casamento dos pais de Victor Bona - doador do quadro de Heinrich Graf ao MAB.
Em 4 de maio de 2023 retornamos ao MAB, e estudamos a obra, o que despertou em nós a curiosidade de conhecer mais sobre a história do quadro e de seu pintor. Nesse momento no Museu de Arte de Blumenau -  MAB, eram mostradas 28 obras de seu acervo restauradas, muitas com novas molduras, graças ao projeto  de Arian Grasmuk, o proponente do mesmo, cujo objeto era a recuperação das obras de arte. Estas foram transferidas em 2020, do acervo do Museu da Família Colonial para o Museu de Arte de Blumenau - MAB. Dentro desse processo viabilizado pelo projeto de Grasmuk, as obras também passaram pela limpeza mecânica, remoção de chassis e molduras contaminadas por insetos xilófagos, construção de novos chassis e emolduramento. E junto das obras apresentadas estava a obra de Heinrich Graf, doada por Victor Bona ao museu e sobre a qual vamos conversar. A obra mostra a Cia Lorenz na década de 1920, em óleo sobre tela.



Companhia Lorenz
Companhia Lorenz -  uma das beneficiadoras de mandioca da indústria de fécula, com sede administrativa à Rua São Paulo - Blumenau, cujo diretor Rolf Schindler que residia defronte, bairro Itoupava Seca. Outubro de 1962.


Friederich Fritz Carl Lorenz.
O fundador da Companhia Lorenz foi o neto de  Fritz Müller, ou de Johann Friedrich Theodor Müller - o Fritz Lorenz - ou Friederich Fritz Carl Lorenz. Lorenz nasceu na localidade de Tatutiba, localizada no atual município de Massaranduba, em 16 agosto 1882 - filho de  Robert Lorenz e Thusnelda Lorenz (solteira Müller). Com cinco anos de idade Lorenz foi morar com os avós Fritz Müller e Karoline Müller, que foram responsáveis por sua educação e criação, até quando Lorenz tinha 14 anos de idade. Com 20 anos de idade, Lorenz viajou para a  Alemanha. Quando retornou e seguindo o exemplo de muitos dos pioneiros do Vale do Itajaí, trabalhou na Firma de Koehler & Asseburg, no Paraná. Casou-se em 1909 com Marie e, mais tarde, assumiu, em companhia de seu irmão Johannes Hans Lorenz, a direção da firma de seu meio irmão, Richard Paul, em Timbó, lembrando que todas estas localidades faziam parte do grande território da Colônia Blumenau. Os irmãos Lorenz compraram a firma do meio irmão, Paul e então, fundaram a primeira fecularia de um total de 12, no Vale do Itajaí, na comunidade de Encano e uma outra em Campo Alegre. Produziam maisena e fécula de batatas. Johannes Friedrich Lorenz que também é chamado de Johannes Hans Lorenz, se mudou para Blumenau, para se dedicar inteiramente às indústrias de fécula - na Altona. Friederich Fritz Carl Lorenz, o Fritz, ficou com a direção da firma em Timbó, adquirindo posteriormente a parte do irmão. Investiu em produtos e beneficiamento (criação de porcos, banha, fumo, arroz, queijos, conservas e serraria). Mantinha seu centro industrial no bairro Encano (divisa com Indaial) e tinha diversas beneficiadoras. Faleceu em Blumenau em 22 Abril 1959  e foi sepultado no cemitério luterano de Timbó. 
Fritz Lorenz, que nasceu em Massaranduba, morou em Blumenau, tinha firma em Indaial e foi sepultado em Timbó. Esta era a Colônia Blumenau do início do século XX. 
Lembramos que 1959, quando Lorenz faleceu, Getúlio Vargas já havia retalhado territorialmente  a grande colônia, fazendo surgir 31 novos municípios e enfraquecendo politicamente o município fundados por alemães.

A Obra - Cia Lorenz - 1924.

Contam que a obra foi feita a partir de um postal existente com a imagem da construção fabril da Cia Lorenz de Encano. Se assim foi realmente, o artista foi genial, pois conseguiu mudar o local do ponto focal e "retirar" os bloqueios visuais, como árvores e arbustivas para enaltecer e destacar o rio Itajaí Açu e a foz do ribeirão Encano, com sua flora rasteira e fauna. Conseguiu isso pintando em óleo sobre tela a partir do realismo a partir de uma perspectiva em dois ponto de fugas, chamada de exata, com informações matemáticas, como a distância e altura do observador.
A obra e o postal que inspirou. a obra está com alguns cuidados tomados pelo artista que apresenta a Lorenz através de uma melhor ótica.






















Foto da obra exposta no Museu. É maravilhosa.
Lorenz e Cia - Fecularia Encano - sagu - dextrina - araruta - goma.


Arcos plenos feitos com tijolos maciços para efeitos estruturais e estético receberam destaque na composição.




As borboletas às margens do grande rio Itajaí Açu.

Casa enxaimel rebocada com linhas do neoclássico, marcando as construções urbanas com as principais características das casas rurais, que é a varanda e a cumeeira paralela a estrada.

Detalhes dos arcos plenos estruturais feitos em tijolos maciços ao lado das corredeiras no Itajaí Açu.

Borboletas na margem do Rio Itajaí Açu amostra - através do olhar de Graf.


Ponte  de madeira coberta sobre o Ribeirão Encano. 






Heinrich von Graf

O pintor Heinrich von Graf nasceu na Alemanha no ano de  1859. De seu primeiro casamento com Emmy Graf (1863-1907), na Alemanha, Heinrich teve duas filhas, Eugenie Rosa (1896) e Elsa (1907). Sua primeira esposa faleceu em 1907. Em 1910, Heinrich, casado com Elizabeth Zimmermann, viaja para  o Brasil. Chega em São José da Terra Firme, Santa Catarina, nesse mesmo ano de 1910. Em São José, o pintor produziu várias obras. Entre 1917 e 1918 esteve internado no setor psiquiátrico do Hospício de Azambuja - Hospital Diocesano de Brusque, onde também produziu obras riquíssimas em detalhes e entre estas, pintou uma das obras de Heinrich Krohberger, que não tínhamos encontrado imagens.
Algumas de suas seis obras feitas na cidade de Brusque.
Ponte Vidal Ramos retratada por Heinrich von Graf, em 1917, quando esteve internado na cidade.

Vista de Brusque pintada por Heinrich von Graf em meados de 1917. Local não identificado. Fonte: BRUSQUE MEMÓRIA .
Centro de Brusque retratado por Heinrich von Graf em meados de 1917.  Fonte: BRUSQUE MEMÓRIA.

Vista de Brusque a partir do interior da Igreja Luterana, com parte do Colégio Cônsul e da Igreja Matriz do lado direito.  Fonte: BRUSQUE MEMÓRIA.

Igreja Luterana de Brusque retratada por Heinrich von Graf em meados de 1917. Fonte: BRUSQUE MEMÓRIA.
Heinrich von Graf e a filha. 1908. Fonte:  BRUSQUE MEMÓRIA.
Enquanto esteve em Brusque, Heinrich von Graf produziu seis obras, das quais, três estão no Museu A. Dom Joaquim e as outras três, em um acervo particular.
Em 1919 esteve um período em Blumenau, onde também produziu obras meticulosamente detalhadas, como as duas que retratam a Igreja Luterana Centro - Igreja Espírito Santo, a Casa Rosada, “Pôr do Sol na Velha” e a “Fecularia Encano”, a obra doada ao MAB em 9 de março de 2023
Em 1924, o pintor recebeu a Medalha de Prata da Academia Imperial de Belas Artes, por uma paisagem de Brusque (desconhecida). 
Heinrich von Graf é visto em um auto-retrato que fez com a filha, em 1908, antes de embarcar para o Brasil. 
Croqui da do Hospital Santa Catarina em sua inauguração.

Uma pintura que veio do Rio de Janeiro. um presente de D. Pedro II a Blumenau. Igreja luterana Centro e a residência do pastor.

Igreja católica de Blumenau, onde a igreja construída e projetada por Heinrich Krohberger já havia passado por duas revitalizações. Nessa caso recebeu  as capelas laterais, o órgão e a elevação da torre. aos fundos o bairro Vorstadt.

 1920. "Pôr do Sol na Velha".

Essa foi uma das obras recuperadas. Foi colocado um vidro  e nova moldura. Presente de D. Pedro II.

Sua obra  é composta de aproximadamente 70 pinturas entre retratos, paisagens, miniaturas e cenas diversas. 
Heinrich von Graf faleceu em Niterói, Rio de Janeiro, em 1934, com 75 anos. 

Referências

  • BRUSQUE MEMÓRIA. Acervo: Autorretrato de Heinrich von Graf com sua filha.  Data aproximada: Entre 1917 - 1918  Acervo: AJOM - Acervo Jornal O Município (Acervo Particular de Doris E. Bartorelli). Disponível em: Disponível: https://www.brusquememoria.com.br/acervo-imagem/1906  . Acesso: 5 de maio de 2023 - 14h19.
  • GERLACH, Gilberto Schmidt. Colônia Blumenau no sul do Brasil.  Gilberto Schmidt-Gerlach, Bruno Kilian Kadletz, Marcondes Marchetti, pesquisa; Gilberto Schmidt-Gerlach, organização; tradução Pedro Jungmann. – São José : Clube de Cinema Nossa Senhora do Desterro, 2019. 2 t. (400 p.) : il., retrs.
  • MAISTERDRUCKE, Kunstreproduktionen Fine Art Prints. Heinrich Graf. Artistas não classificados - 2 Obras de arte descobertas

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Eu sou Angelina Wittmann, Arquiteta e Mestre em Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade.
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Agenda:

  • Dia 10 de maio estaremos lançando o Livro “Fragmentos Históricos Colônia Blumenau – Arquitetura * Cidade * Sociedade * Cultura Volume 1″ no espaço Cultural da Assembleia Legislativa de Santa Catarina – ALESC, Florianópolis.


















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