sábado, 9 de março de 2024

A Bíblia de Alice (Hoeschl) Altenburg - filha de Leopold Franz Hoeschl - Projeto Memorvale - Demolida

Bíblia de Alice (Hoeschl) Altenburg.

Publicamos a história do primeiro Cônsul Honorário do Império Austro-Húngaro em Blumenau, Leopold Hoeschl. O casal Leopold Franz Hoeschl e sua esposa Helene tiveram cinco filhos:
  • Rudolf - 10/09/1876;
  • Alice (Altenburg - casada) - 06/12/1878;
  • Arthur Ferdinand - 06/09/1880;
  • Stephanny (Weitneur- casada) - 25/02/1883;
  • Walter Leopold - 10/12/1885.

Descendentes de sua filha Alice, sua netas Vera Alice e Marlene Gertrud, nos escolheram para ser guardiã da Bíblia de sua avó, a segunda filha dos Hoeschl, até o momento que possamos concretizar e materializar o Museu Municipal de Blumenau, como um espaço real na cidade de Blumenau. Agradecemos a confiança e guardaremos esse valoroso material da história de Blumenau, Indaial e de Gaspar, um tempo atrás, parte do grande território de Blumenau.

Um pouco sobre a história de Alice Hoeschl

Lazer e amigos da jovem Alice Hoeschl.
Leopold Franz Hoeschl, pai de Alice em sua residência
 de Blumenau.
A segunda filha de Leopold e Helene Hoeschl, Alice foi a primeira a se casar, na família.  As famílias Hoeschl de Warnow/Blumenau e de Gaspar tinham grande amizade com a família Altenburg. Alice Hoeschl e Adolf Altenburg tinham a mesma idade. Quando completaram 22 anos de idade, noivaram e se casaram em 10 de maio de 1900. Consta no livro de registro de casamento da Comunidade Evangélica de  Blumenau (1896-1930) - página 58. Nº 19: como sendo a "data de nascimento de Alice: 06 de dezembro de 1878; de seu batismo: 03 de maio de 1894. Casou-se com Adolf Altenburg em 10 de maio de 1900. Foram padrinhos do casamento: Rudolf e Arthur Hoeschl (irmãos da noiva), Franz Hoeschl e Elier Ebert (tio da noiva), Christian Peter Feddersen e Victor Gaertner, amigos da família. 
"A nova família" formada por Alice e Adolf Altenburg fixou residência em Gaspar, onde trabalharam na atividade comercial dos Altenburg. A primeira filha do casal nasceu no dia 14 de abril de 1901 e recebeu, como sua tia, o nome da princesa do Império Austro-Húngaro - Stephanny. 
Em Gaspar, o casal encontrava problemas a partir das diferenças de fé religiosa entre os familiares. A família do irmão de Leopold - Karl Hoeschl permaneceu na fé católica e surgiram problemas a partir das práticas luteranas do novo casal, Alice e Adolf. 
Alice ficou viúva em 18 de abril de 1921. Quando o pai ficou viúvo em 21 de janeiro de 1922, vendeu a propriedade e foi residir com ele e seus filhos: 
  • Stephanny Altenburg (1901);
  • Felix Altenburg (1907–1961) e 
  • Inge Alice Waltraud Altenburg (24 de maio de 1916) - mãe de Vera Alice e Marlene Gertrud.
A residência do Cônsul Honorário do Império Austro-Húngaro, Leopold Franz Hoeschl, em Blumenau, estava localizada na Alameda Rio Branco - Nº264, Blumenau.
A residência de Leopold Franz Hoeschl em Blumenau foi projetada por seu genro, o Engenheiro Arquiteto Albert Weitnaeur e a família se mudou no ano de 1915. A nova residência Hoeschl estava localizada na esquina da Alameda Rio Branco - N° 264, esquina com a Rua Dr. Luiz de Freitas Melro - Blumenau.
Residência Hoeschl de Blumenau, projeto do  
Engenheiro Arquiteto Albert Weitnaeur. 
A residência Hoeschl, onde Alice foi residir com seus filhos, junto com seu pai Leopold Hoeschl, possuía um caramanchão de alvenaria, coberta com um pergolado de madeira envernizadas que receberam  trepadeiras de algumas espécies. Próximo folhagens e flores variadas, na sequencia, um pequeno jardim. A casa foi construída sobre pilotis e possuía um certo afastamento da rua. Possuía, na parte da frente, uma monumental escadaria, que acessava uma grande varanda, para a qual se abria as portas da sala de estar. Essa possuía, entre outros mobiliários, ainda construídos na sua marcenaria de Warnow, um grande piano. Tinha uma segunda porta, que acessava o escritório de Leopold Franz Hoeschl. A casa possuía também uma grande sala de jantar, uma saleta, na qual se faziam trabalhos rotineiros de costura, remendo e bordados. Junto a esses ambientes estavam a cozinha e a dispensa, com uma escada que acessava ao quintal e a outra varanda sobre pilotis, na qual estava o espaço  para lavar, estender e passar roupas. Ao lado, estava o quarto de banho e a privada, tal qual percebemos na residência de Warnow, que ao observamos essa descrição tem certa semelhança, com a diferença que lá existia em anexo, a fábrica e o comércio. Rotineiramente, a primeira "toilette" era feita nos quarto, com o uso de bacias, jarras e baldes. Também eram usados urinóis. A exemplo da casa da família localizada em Warnow, no corpo central da casa existia uma grande escada de madeira com corrimão que conduzia aos quartos dos familiares e de hospedes. Observando a descrição, há muita semelhança entre os programas de necessidade e layout entre as residências  de Warnow e de Blumenau. 
Residência Hoeschl de Blumenau, projeto do  Engenheiro Arquiteto Albert Weitnaeur. 


Na propriedade de Blumenau, também possuía uma horta, um pomar, jardim e um pequeno estábulo, onde tinha uma vaca para o leite consumido diariamente, na propriedade. Isso era  na segunda década do século XX, na Alameda Rio Branco, em Blumenau, onde igualmente residiu Alice (Hoeschl) Altenburg
Residência Hoeschl de Blumenau, projeto do  Engenheiro Arquiteto Albert Weitnaeur. 
Essa edificação foi demolida, e quando pertencia a família de  Ruy Eduardo Willecke foi cadastrada no Projeto Memorvale, 1987.
Em 1987, quando cadastrado no projeto Memorvale, a residência era de propriedade de Ruy Eduardo Willecke. 
Abaixo, depoimento de sua sobrinha Lieselotte (Hoeschl) Ornellas casada com o baiano, Alfredo Ornellas.

Alice (Hoeschl) Altenburg faleceu em 10 de junho de 1970. 

Bíblia de  Alice (Hoeschl) Altenburg 
Documento que está no interior da histórica bíblia.

Encadernamento com capa de couro com arabescos em alto relevo publicada em Stuttgart, 1912.

Menciona ser uma publicação da Bíblia original traduzida por Dr. Martin Luthers.


No interior da bíblia de Alice (Hoeschl) Altenburg está uma programação do ano de 1971, do Culto de páscoa na Igreja Espírito Santo - Comunidade Luterana Centro de Blumenau.


Projeto Cadastramento do Patrimônio Arquitetônico Memorvale

O projeto Cadastramento do Patrimônio Arquitetônico – Memorvale foi a efetivação do cadastramento das principais tipologias pertencentes ao patrimônio histórico arquitetônico de Blumenau e região, nas décadas de 1980 e 1990 e, que teve como epílogo, o tombamento, pela Fundação Catarinense de Cultura, de vários imóveis no centro de Blumenau e outros restaurados. Professor Vilmar Vidor foi o idealizador e proponente do projeto, tendo em sua equipe, dentre outras pessoas, a professora Amábile M. T. Dorigatti, que também coordenou o projeto, em determinada época.
Para a efetivação prática do projeto, Professor Vilmar Vidor contou com o apoio da FURB, através da participação de estagiários acadêmicos da instituição, que elaboraram o cadastro de imóveis antigos, de todos os tipos, linguagem e técnicas construtivas, entre os quais, aqueles construídos com a técnica construtiva enxaimel. O cadastro individual de cada tipologia, continha um pequeno relatório técnico, descrição, planta baixa, elevações e fotografias dos imóveis selecionados.

Fichas do Cadastro do Patrimônio Arquitetônico - Memorvale 

Tivemos acessos a mais de 1100 fichas pertencentes ao Cadastro do Patrimônio Arquitetônico – Memorvale (E que apresentaremos de modo individual - listada neste espaço), semelhantes a esta pequena amostra apresentada abaixo, onde estão listadas algumas das centenas de tipologias construídas com a técnica construtiva enxaimel, autoportante, e outras técnicas, dentro de diferentes estilos e recortes de tempo, que existem e existiam na cidade de Blumenau região. O modelo da ficha foi criado pelo Professor Vilmar Vidor e sua equipe e usado para elaborar o pioneiro cadastro do Patrimônio Histórico Arquitetônico, conhecido como Memorvale. De acordo com o Professor Vidor, pioneiro nesta pesquisa no Vale do Itajaí, em entrevista cedida ao jornalista Altair Pimpão, em 2 de março de 2014, 2/3 das edificações cadastradas de Blumenau, foram demolidas. Atualmente, mais, com certeza.
O assunto patrimônio e este trabalho eram tão novos dentro da academia, na cidade de Blumenau e região, que em algumas fichas, as casas foram definidas como “enchaimel”

O acervo e seu destino

Ainda na entrevista cedida ao jornalista Altair Carlos Pimpão em 2 de março de 2014, o Professor Vilmar Vidor explicou que o fichário dos imóveis foi repassado para a Fundação Cultural de Blumenau, para o Instituto de Pesquisas e Planejamento de Blumenau – IPPUB e para a FURB, onde pesquisamos o acervoO trabalho foi desenvolvido em parceria, entre a FURB e o IPPUB, foi muito facilitado e viabilizado, porque o Professor Vidor era Presidente do IPPUB, e simultaneamente, professor da FURB, o que lhe permitiu "diminuir distâncias" e a burocracia para o êxito do projeto.
A partir do projeto de Cadastramento do Patrimônio Arquitetônico, conhecido como Memorvale, a Professora do Curso de Serviço Social da FURB – Amábile M. T. Dorigatti, criou a Associação dos Proprietários de Imóveis Antigos; importante para o êxito do projeto, sua fluidez, levantamentos e efetivação dos cadastramentos das edificações históricas, viabilizando diálogos, projetos e parcerias entre proprietáriospesquisadores e poder público. 
Desta forma, a equipe de pesquisas coordenada pelo Professor Vilmar Vidor mantinha um diálogo permanente com os proprietários de imóveis antigos, através da associação que tinha uma cadeira no Conselho do Patrimônio Histórico de Blumenau, e também, no Conselho de Planejamento Urbano de Blumenau. Nas assembleias desta Associação, a municipalidade e os proprietários debatiam sobre a manutenção do patrimônio e sobre possíveis políticas preservacionistas. Existia um Estatuto e as reuniões eram periódicas.
Este material da Memorvale que pesquisamos, acessamos o Setor de Documentos Especiais da Biblioteca da FURB.

Um registro para a História.

Sou Angelina Wittmann, Arquiteta e Mestre em Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade.
Contatos:
@angewittmann (Instagram)
@AngelWittmann (Twitter)

Leitura Complementar:
Clicar sobre o título
Na sequência os link's das Edificações Históricas, demolidas ou não, seus estudos, fotografias e a ficha do Memorvale. 
Para acessar, basta clicar sobre o Link, na edificação/ficha escolhida.
  1. Projeto Memorvale - Casarão Scardueli - Construído por Gustav Salinger - Blumenau - e o Fundo de Apoio aos Proprietários de Imóveis Antigos
  2. Projeto Memorvale - Edifício do antigo Correios e Telégrafos - Blumenau - Projeto de Robert Holzmann - Execução Jacob Brueckheimer
  3. Projeto Memorvale - Casa Peter Forbici - Rua Amazonas 1680 - Garcia - Na Paisagem
  4. Johannastift, o Hotel Alameda, a Turismo Holzmann, Zum Weissen Rössel (Cavalinho Branco), a Escola do SENAC Bistrô Johannastift, a Casa de Comércio de Blumenau - 100 anos de História e uso em 2023 - Arquitetura de Blumenau
  5. Projeto Memorvale - Casa Paul Lang - Rua São Paulo 1731 - Demolida!
  6. Projeto Memorvale - Casa Soares - Rua São Paulo  1729
  7. Casa Rischbieter - Ficha Rua São Paulo 1960
  8. Casa Ingrid Friedler Ficha Rua Paraíba N° 281 (DEMOLIDA!!)
  9. Casa Renato Vianna Ficha Rua Itajaí N° 574
  10. Casa Gropp - Ficha Rua Itajaí N° 667 (DEMOLIDA!!)
  11. Casa Gropp - Ficha Rua Itajaí N° 799 (DEMOLIDA!!)
  12. Projeto Memorvale - Refrigeração Martendal Ltda. - Rua São Paulo N° 1410 - DEMOLIDA em 1988
  13. Projeto Memorvale - Casa Spernau - Rua Bahia N° 1281 - DEMOLIDA em  27 de maio de 2022 -  com autorização da Prefeitura Municipal de Blumenau
  14. Da Associação dos Proprietários de Imóveis Antigos - Instituto Bertha Blumenau - Instituto Histórico de Blumenau - IHB
  15. Da Associação dos Proprietários de Imóveis Antigos - Instituto Bertha Blumenau - Instituto Histórico de Blumenau - IHB
  16. A Bíblia de Alice (Hoeschl) Altenburg - filha de Leopold Franz Hoeschl - Sua Residência parte do Projeto Memorvale - Demolida
Referências
  • GERLACH, Gilberto Schmidt. Colônia Blumenau no Sul do Brasil / Gilberto Schmidt-Gerlach, Bruno Kilian Kadletz, Marcondes Marchetti, pesquisa; Gilberto Schmidt-Gerlach, organização; tradução Pedro Jungmann. – São José: Clube de Cinema Nossa Senhora do Desterro, 2019. 2 t. (400 p.): il., retrs.
  • HUMPL, Max. Crônica do vilarejo de Itoupava Seca: Altona: desde a origem até a incorporação à área urbana de Blumenau; Méri Frotscher Kramer e Johannes Kramer (orgs.). – 1.ed. – Blumenau (SC): Edifurb, 2015. – 226 p.: il.
  • SILVA, José Ferreira. História de Blumenau. -2. ed. – Blumenau: Fundação “Casa Dr. Blumenau”, 1988. – 299 P.
  • WITTMANN, Angelina. Andreas Hofer. 21 de maio de 2017. Disponível em: https://angelinawittmann.blogspot.com/2017/05/andreas-hofer.html
  • WITTMANN, Angelina. Colônia Blumenau – Blumenau – Desde 1846 – Um pouco desta História. 1 de setembro de 2016. Disponível em: https://angelinawittmann.blogspot.com/2016/09/colonia-blumenau-blumenau-desde-1846-um.html
  • WITTMANN, Angelina. Leopold Franz Hoeschl – 1° Cônsul Honorário do Império Austro-Húngaro na Colônia Blumenau. 8 de janeiro de 2018. Disponível em: https://angelinawittmann.blogspot.com/2018/01/leopold-franz-hoeschl-1-consul.html.







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