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Nossa palestra, dentro da programação do XX CAAL, foi ministrada no Palácio Barbosa Lima - Câmara Municipal de Juiz de Fora, no qual abordamos parte da história do Museu Mariano Procópio. |
Dando sequência à programação da XX CAAL (Encontro das Comunidades de Língua Alemã da América Latina), ocorrida em Juiz de Fora, Minas Gerais, com palestras na parte da manhã de 5 de setembro e à tarde, período reservado para atividades culturais livres. Muitos participantes, após alguma atividade na cidade, seguiram para a 36ª Deutsches Fest.
Nós, contudo, optamos por aprimorar o material de nossa palestra com base em pesquisas locais adicionais. A palestra seria ministrada na manhã seguinte, dia 6 de setembro, às 9h, no Palácio Barbosa Lima – Câmara Municipal de Juiz de Fora, próximo ao nosso local de hospedagem. O tema central era a presença da técnica construtiva enxaimel em Juiz de Fora, cidade que recebeu um grande fluxo de imigração alemã, no final do século XX.
Visita (gentilmente) guiada ao Museu Mariano Procópio pela arquiteta e professora Lina Malta Stephan, na tarde de 5 de setembro. |
Conversando com a professora e arquiteta Lina Malta Stephan — pesquisadora do Museu Mariano Procópio e docente da Faculdade Metodista Granbery e da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), ela gentilmente nos convidou para uma visita ao museu, cujo edifício possui paredes internas estruturadas em enxaimel. Fomos ao seu encontro, no museu, na tarde de 6 de setembro.
Logicamente, dedicamos a noite à organização e inclusão desse novo material na palestra, o que nos impediu de comparecer à festa.
Palácio Barbosa Lima - Câmara Municipal de Juiz de Fora, local onde seguiu a programação do XX CAAL - Encontro das Comunidade de Língua Alemã da América Latina, na manhã de 6 de setembro. |
O Palácio Barbosa Lima é a sede da Câmara Municipal de Juiz de Fora, localizado no Parque Halfeld. O edifício foi inaugurado em 1878, com a presença do imperador Dom Pedro II, e foi o primeiro bem cultural tombado da cidade em 1983. Após um extenso processo de requalificação e reforma, o palácio foi reaberto ao público em dezembro de 2022.
Está localizada dentro do Parque Halfeld.![]() |
Parque Halfeld. |
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Interior da Igreja São Sebastião. |
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Interior da Igreja São Sebastião. |
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Interior da Igreja São Sebastião. |
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Patrimônio no entorno da igreja São Sebastião e do parque. |
Palacete construído em Backstein, que foi residência da família Lage. Atualmente faz parte do Museu Procópio Mariano. |
Chegamos ao Museu Mariano Procópio às 15h e fomos recebidos pela arquiteta Lina Malta Stephan, que imediatamente iniciou a excursão. O percurso começou pela área externa, nos jardins que complementam a arquitetura da antiga residência e museu da Família Ferreira Lage.
Jardins junto a um dos caminhos de acesso às construções que pertencem ao complexo histórico. |
História
O Museu Mariano Procópio, o primeiro museu criado em Minas Gerais, foi fundado em 1915 por Alfredo Ferreira Lage. Ele abriga um dos principais acervos do país, com aproximadamente 50 mil peças.
O complexo do museu é composto por dois edifícios: a Villa Ferreira Lage (construída entre 1856 e 1861) e o Prédio Mariano Procópio (inaugurado em 1922).
O Prédio Mariano Procópio, que abriga a Galeria Maria Amália, está disponível para visitação com as exposições “Rememorar o Brasil: a independência e a construção do Estado-Nação” e “Fios de Memória: a formação das coleções do Museu Mariano Procópio”, ambas inauguradas em 6 de setembro de 2022. A Villa Ferreira Lage, residência da família, foi reaberta ao público em 31 de maio de 2023.
Localização da Villa Ferreira Lage, no final do século XIX. |
Além do conjunto histórico, o museu conta com um acervo natural de grande importância ecológica, formando o Parque Museu Mariano Procópio, que funciona de terça a domingo, das 8h às 17h.
A história do museu está ligada ao surgimento da Estrada União e Indústria, que liga Juiz de Fora a Petrópolis. Mariano Procópio, engenheiro e responsável pela estrada, mandou construir a Villa Ferreira Lage para abrigar Dom Pedro II, que inauguraria a rota.
Mariano escolheu um terreno situado no coração da nova povoação que surgiu no local, em frente ao hotel que atenderia os usuários da União e Indústria. Como a construção não foi concluída a tempo, ele teve de hospedar a família imperial em sua própria residência, de modo que Dom Pedro II pôde conhecer a Villa apenas em sua segunda visita à cidade, em 1869.
Na época, a construção contava com luxo e tecnologia de ponta para o século XIX, como iluminação a querosene e banheiros internos com água encanada.
O projeto foi assinado e construído pelo alemão Carlos Augusto Gambs, chefe dos engenheiros e arquitetos da União e Indústria. Usou a técnica construtiva do Backstein, com tijolos autoportante a vista, cozidos duas vezes, arquitetura oriunda do norte da Alemanha. A técnica construtiva faz uso, de forma artística, a partir do assentamento dos tijolos criando "movimento nas fachas e também usando outros elemento em cerâmica cozida com os medalhões aplicados nas fachadas.
O edifício conserva até os dias atuais suas características originais, inclusive no interior, decorado com paredes revestidas de papel e pinturas, forro em estuque e lambris de madeira de lei decorados. Guarda também um importante acervo mobiliário.
Com a morte de Mariano Procópio em 14 de fevereiro de 1872, o terreno foi herdado por seus dois filhos: Frederico e Alfredo Ferreira Lage.
Na porção que lhe coube, Frederico construiu um imenso palacete, utilizando material integralmente importado da Europa. Contudo, após sua morte repentina, aos 39 anos de idade, em 1901, as dívidas oriundas das obras resultaram na venda do imóvel à Estrada de Ferro Central do Brasil. O palacete foi posteriormente transferido para o Ministério da Guerra, que instalou no local a sede da Quarta Região Militar.
Complexo da Villa com os jardins - Século XIX. |
A Villa Ferreira Lage e a parte superior do terreno foram herdadas por Alfredo Ferreira Lage, que demonstrou a intenção de abrigar ali um acervo que vinha colecionando desde a juventude. Com o aumento gradual de sua coleção — por meio de aquisições em leilões (no Brasil e, principalmente, no exterior) e de doações de figuras importantes (como Duque de Caxias, Afonso Arinos, Rodolfo Bernardelli e Amélia Machado Cavalcanti de Albuquerque, esposa do Visconde de Cavalcanti) —, Alfredo viu-se obrigado a ampliar o edifício original, iniciando a construção de um prédio anexo.
Em 23 de junho de 1921, marcando o centenário de nascimento de Mariano Procópio, Alfredo Ferreira Lage inaugurou oficialmente o museu na Villa. No mesmo ano, com o fim do decreto de banimento da Família Real, a Princesa Isabel e o Conde D'Eu puderam retornar ao Brasil e visitaram o local na cidade. Foi nessa ocasião que Alfredo revelou, pela primeira vez, sua intenção de doar todo o acervo ao município.
Em 13 de maio de 1922, o Museu Mariano Procópio foi oficialmente aberto ao público, inaugurado com um acervo que ocupava tanto a Villa Ferreira Lage quanto o prédio anexo.
Em torno da Villa, foi projetado um imenso jardim. Mariano Procópio reuniu ali diversas árvores, arbustos e espécies vegetais brasileiras — muitas delas atualmente ameaçadas de extinção, como o Pinheiro do Paraná. Essa flora, hoje centenária, abriga uma variada fauna de pássaros, macacos e preguiças, e foi considerada pelo naturalista suíço Jean Louis Rodolphe Agassiz como "o paraíso dos trópicos".
Do enorme terreno arborizado que englobava a área onde hoje se localizam a Quarta Região Militar e o bairro Vale do Ipê — a chamada "Chácara de Mariano Procópio" — restam cerca de 88.200 m².
Com um lago, bosque e espaço recreativo, o parque foi aberto à visitação pública gratuita em 31 de maio de 1934. Nessa data, iniciou-se a transferência da área das mãos de seu proprietário, Alfredo Ferreira Lage, para o controle da administração pública. É notável como a gestão atual preserva este patrimônio; conhecemos lugares com situação semelhante onde a administração dilapida o acervo, firma parcerias questionáveis com o setor privado ou, ainda, vende o patrimônio. (há registros detalhados sobre essas situações neste Blog).
Técnicas construtivas e intervenções na Villa Ferreira LageA Villa Ferreira Lage é um palacete de curiosidades. O estilo da construção é eclético, baseado no Renascimento italiano, com sistema construtivo caracterizado por: fundação em cantaria (pedra), paredes em alvenaria (tijolos) autoportante (que dispensam o auxilio de outras estruturas), pisos de ladrilho hidráulico no porão, assoalho de madeira nos demais pavimentos; laje de tijolaria no porão, forro de estuque ornamentado e com douramento nos demais pavimentos, portas de madeira (algumas com pintura artística) e janelas de madeira e vidro. As paredes do corredor são pintadas com a técnica de escaiola que imita mármore. A cobertura original é de estrutura de madeira e telhas de barroNas fachadas, os tijolos são aparentes, e o torreão marca a assimetria da volumetria. O passadiço conecta a Villa Ferreira Lage à galeria Mana Amália, no Prédio Mariano Procópio, edifício construído para abrigar o acervo do colecionador Alfredo Ferreira LageEntre a tijolaria do porão e o piso assoalhado de madeira do terreno, existe um preenchimento de "colchão de ar" com areia (camada de areia) A técnica foi utilizada para permitir o isolamento acústico e garantir privacidade aos moradoresNa década de 1970, a decoração da Villa foi renovada com papeis de parede Em 2014, os papeis foram removidos. Durante o processo, encontraram se jornais aplicados sob o revestimento das paredes. A última intervenção nas paredes foi realizada em 2023, com pintura em tinta mineral. Respeitaram se os materiais originais, deixando à vista "janelas" com os jornais e os esboços feitos à mão livre à época da construção. A intenção dessas "janelas" é permitir que parte da história da construção seja acessada.As paredes internas estão estruturadas pelo sistema de amarração, conhecido como "gaiola" de madeira. Esse processo consiste em dispor peças longitudinais e transversais que sustentam os tijolos. Essa estrutura é suspensa, apoiada nas paredes autoportantes e no nível da coberturaNa década de 1970, foi realizada uma reforma, na qual o telhado original de telha cerâmica plana foi substituído por telha de aço zincado. Em 2006, foi realizado um diagnóstico da estrutura do telhado, o que indicou várias situações de risco à integridade física do imóvel degradações pontuais, estrutura de madeira comprometida e acréscimo da caixa d'água apoiada sobre os barrotes de madeira que sustentam o forro. Nessas condições, o edifício permaneceu por décadas (até 2011), quando foi realizada a obra de restauração, em que a cobertura foi substituída por estrutura metálica e por telhas cerâmicasA partir de 2008, a Villa passou por intermitentes etapas de restauração. E, em 2023, volta a fazer parte da vida da cidade, como um presente dado por Mariano Procópio para Juiz de ForaLina Malta Stephan
As imagens desse lugar - que fez uso da técnica construtiva enxaimel em suas paredes internas.
Caminho do bosque com pavimentação original do século XIX. |
Caminho que liga a construção mais antiga à nova, respeitando a linguagem predominante. |
Arte a partir do tipo de uso dos tijolos. |
Traços, detalhes do projeto, feitos na parede. Estava sob o revestimento. |
Traços, na parede, de arabescos que seriam executados no local. |
Traços, na parede, de arabescos que seriam executados no local. |
Pé direito muito alto. |
Banheiro com água encanada e sistema de esgoto. Casa inaugurada na década de 1860. |
Entregando o livro "Fachwerk - A Técnica Construtiva Enxaimel" à professora e arquiteta Lina Malta Stephan, após nossa visita ao Museu Mariano Procópio. |
Programa dia 6 de setembro de 2025 - XX CAAL Juiz de Fora/MG
Local: Palácio Barbosa Lima - Câmara Municipal de Juiz de Fora / MG
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Palácio Barbosa Lima - Câmara Municipal de Juiz de Fora / MG |
Ciclo 4
8h30 - Receptivo e Credenciamento.
9h - Palestra de abertura: A Técnica Construtiva Enxaimel e sua presença na arquitetura –Juiz de Fora e Região.
Palestrante: Angelina Wittmann/Blumenau-Santa Catarina-Brasil. Arquiteta,Pesquisadora e Escritora.Mediador: Prof. Antônio Carlos Duarte/ Juiz de Fora-Minas Gerais-Brasil.
9h45h - Café Teuto-Brasileiro.
0h- Mesa 4
Mediador: Prof. Antônio Carlos Duarte/ Juiz de Fora-Minas Gerais-Brasil.
Comunicação 1- A história de Hermann Mathias Goergen - Um amigo do Brasil.Palestrante: Nilo Sérgio Franck/Juiz de Fora-Minas Gerais-Brasil.
Comunicação 2 - Labor socio cultural de la Associón Pozucina em Lima.Palestrante: Alex Schuller/Lima-Peru.
Comunicação 3- Exibição do documentário- O "legado germânico" em Petrópolis”.Palestrante: Elisabeth Graebner e Marcos Carneiro/Petrópolis-Rio de Janeiro-Brasil.11h30 - Apresentação SEDE CAAL 2026 - Argentina.Responsável: Jose Gareis/ Entre Rios-Argentina.11h45 - Apresentação SEDE CAAL 2027 - Paraguai.Responsável: Wieland Woff Wanderer/Hohenau- Itapúa-Paraguay.
As imagens comunicam
Com Maristela Esch, de Petrópolis. |

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Com o Professor e arquiteto Antônio Carlos Duarte/ Juiz de Fora. |
Salcio Del Duca e Prof. Antônio Carlos Duarte/ Juiz de Fora. |
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Nilo Sérgio Franck/Juiz de Fora-Minas Gerais contando a história de Hermann Mathias Goergen - Um amigo do Brasil. |
Jose Gareis/ Entre Rios-Argentina. |
Jose Gareis/ Entre Rios-Argentina. |
Apresentação SEDE CAAL 2026 - Argentina, por Jose Gareis/ Entre Rios-Argentina.
Presente entregue por do representante da Argentina Jose Gareis, aos representantes do Brasil, Chile a Paraguai.
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Nilo Sérgio Franck, do Brasil e José Gareis da Argentina. |
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Jose Gareis da Argentina e Sálcio Del Duca - do Brasil. |
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Arquiteto Sérgio Stange do Chile e Jose Gareis da Argentina. |
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Wieland Woff Wanderer de Hohenau- Itapúa-Paraguay e José Gareis, Argentina. |
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Representante do Perú e José Gareis da Argentina. |
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Wieland Woff Wanderer/Hohenau- Itapúa-Paraguay apresentando sua cidade para sediar o CAAL 2027. |

Vídeo - Nossa Palestra
A técnica construtiva enxaimel sua presença em Juiz de Fora e região
Vídeo - Novas sedes
Vídeo - Novas sedes
Um registro para a História!
Eu sou Angelina Wittmann, Arquiteta e Mestre em Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade.
Contatos:
@angewittmann (Instagram)
@AngelWittmann (X)
Angewitt (You Tube)
AngelinaWittmann (Facebook)
Leituras complementares - Clicar sobre o título escolhido
- XX CAAL - Encontro das Comunidade de Língua Alemã da América Latina - Juiz de Fora/MG - 6 de setembro 2025 - A técnica construtiva enxaimel em Juiz de Fora e região - 4/5
- XX CAAL - Encontro das Comunidade de Língua Alemã da América Latina - Juiz de Fora/MG - 5 de setembro 2025 - 3/5
- XX CAAL - Encontro das Comunidade de Língua Alemã da América Latina - Juiz de Fora/MG - 4 de setembro 2025 - 2/5
- XX CAAL - Encontro das Comunidade de Língua Alemã da América Latina - Juiz de Fora/MG - 36ª Deutsches Fest - 3 de setembro 2025 - 1/5
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- Parte 1 - XII CAAL
- Parte 2 - XII CAAL
- Parte 3 - XII CAAL
- Parte 4 - XII CAAL
- Arquitetura Enxaimel - Palestra do XIII Encontro das Comunidades de Língua Alemã da América Latina
- Fachwerkbau in Südbrasilien - A Técnica Construtiva Enxaimel - Revista Weltruf - publicação revista alemã
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