segunda-feira, 20 de agosto de 2018

Escola Alemã Altona - Sua História e o Registro das comemorações 90 anos - E.B.M. Machado de Assis


Um bom motivo para esta postagem - há exatos 22 anos atrás - registramos em vídeo, as comemorações de 90 anos de fundação da Escola Alemã Altona - ou - Escola Básica Municipal Machado de Assis. 
Antes de apresentar as imagens inédias, vamos relembrar um pouco desta história com a ajuda do relato do professor Max Humpl.

Era uma vez...

Uma nucleação urbana autossuficiente e que buscava as soluções de seus desafios e melhorias independentemente do Stadtplatz da Colônia Blumenau - o qual era muito próximo de sua lozalização. Seu nome era Altona - nome do local na Alemanha de onde vieram os primeiros pioneiros - próximo a Hamburg, e que no dialeto  local (hamburgues) significava All-zu-nah.
Quando a comunidade de Altona estava razoavelmente estruturada - denominada "vilarejo" pelo Professor Max Humpl em sua publicação escrita em 1918 - atual Itoupava Seca, seus residentes sentiam-se independente de Blumenau - economicamente e culturalmente. Possuíam lideranças, suas firmas, sua nucleação urbana, sua igreja, sua estação, casas comerciais e sua escola.

Antes de mencionarmos a escola e sua história, lembramos que a primeira linha de ônibus inaugurada em Blumenau foi entre o Stadtplatz da Colônia Blumenau e a comunidade de Altona - Itoupava Seca. A primeira linha de ônibus até o Stadtplatz da Colônia Blumenau, a partir da Altona foi inaugurada em 1914. Esta foi, também, a primeira linha de ônibus no Estado de Santa Catarina.
O primeiro trecho ferroviário da EFSC terminado e construído entre os dois portos,  porto fluvial do Stadplatz e um segundo, de cargas, de Altona - atual bairro de Itoupava Seca - Onde, também, eram desembarcados materiais para a construção da ferrovia EFSC.
Porto  Fluvial de Cargas - Rio Itajaí Açu - Antiga Altona 
Uma ótima fonte bibliográfica - cujo auto foi
professor da Escola Alemã Altona.
Leitura maravilhosa e uma viagem pela história.
E não faltou motivos e assunto para que o Professor Max Humpl escrevesse o livro sobre Itoupava Seca - Crônica do Vilarejo Itoupava Seca - Altona - no início do Século XX, cuja publicação foi feita pela organização da pesquisadora Meri Frotcher Kramer e sua equipe que decidiram trazer à luz e a disposição de quem desejasse ler e pesquisar sobre este registro histórico feito no local da Escola Alemã Altona no ano de 1918, de autoria de um de seus professores.
A Escola Alemã Altona sobreviveu ao Nacionalismo na região, mesmo que tenha trocado de nome - e nos seus espaços estudaram gerações de familiais residentes na região.
A família Wittmann - teve 3 gerações frequentando a escola, sendo que Johanna Wittmann (Solteira Goll) estudou na Escola Alemã Altona. Atualmente a escola é conhecida como Escola Básica Municipal Machado de Assis e nós registramos as comemorações de 90 anos da escola, no mês de agosto de 1996 e registramos imagens deste momento em fita VHS, a qual digitalizamos e apresentamos aqui neste espaço - compartilhando um pouco desta história. Apresentamos este vídeo no mês que o edifício próprio da escola completou 110 anos de história.
Alunos e o professor na frente da Escola Alemã. Do livro: Itoupava Seca - Crônica do Vilarejo Itoupava Seca - Altona


Um pouco de História da Escola Alemã Altona
Atual E.B.M Machado de Assis

De acordo com professor Max Humpl em suas páginas do Crônica - Vilarejo de Altona, a Escola Alemã Altona fundada em 1906, foi realmente a primeira escola da localidade, mesmo existindo outras células e tentativas desde o final do século XIX.
Em maio de 1906, reuniram-se no Hotel Danker, de Altona, lideranças da comunidade e definiram a fundação da Escola Alemã Altona. 
Lembramos que nestas primeiras décadas, na Colônia Blumenau, as nucleações urbanas (Embriões das atuais cidades) do Vale do Itajaí, praticamente não contavam com a presença do estado brasileiro, sendo que os imigrantes foram aliciados na Europa, para manter a segurança e povoar o sul do país. As famílias construíram pontes, igreja, escolas e outros, nas suas horas de folga do trabalho e lida na propriedade colonial, que também tinha tudo por fazer, desde a plantação do alimento de subsistência da família e algum excedente para praticar o escambo ou até mesmo comercializar com o vizinho próximo, bem como, a construção de casa e galpões. Uma das primeiras iniciativas sempre foi construir o edifício da escola/igreja e não foi diferente, em Altona.
Para efetivar de fato o início dos trabalho com a escola de Altona, contrataram o professor Wetzel, que trabalhava como professor no Stadtplatz de Blumenau desde 1898. O professor Wetzel teve 22 alunos iniciais e lecionava na sede provisória - na casa Danker.
Escola Alemã Altona no local onde atualmente
 está a E.B.M. Machado de Assis
As pessoas de Altona que participaram da fundação da Escola Alemã Altona foram: Luiz Böttger, Reinhold Butzke, luiz Roths, Georg Penkuhn, Hans Lorenz, Fried Specht, Herm. Herbst, Herm Manrau e Marie Schönau. A primeira diretoria foi composta por Freid. Specht (Presidente), Hans Lorenz (Escrivão), Georg Penkuhn (Tesoureiro).
No ano de 1907, foi comprado de Luiz Böttger por 1.000.000 de réis, o terreno, onde a escola funciona até hoje como E.B.M Machado de Assis. O terreno estava localizado atrás do Hotel Marx e a direita do Ribeirão do Tigre, totalmente canalizado nos dias atuais e referencia neste tempo (memória do menino Roberto Wittmann - na década de 1960/1970 - onde conta que tinham tartaruguinhas e muitos peixes no ribeirão -importante para Altona, cuja foz acontece no grande Rio Itajaí Açu).
Com o terreno adquirido, os responsáveis focaram na construção do prédio da escola. Em novembro de  1907 - Christian Lüders iniciou os trabalhos com madeira, pois se tratava de uma edificação com estrutura em enxaimel. Em abril de 1908 iniciaram os trabalhos com o pedreiro Jork e em maio de 1908, Oscar Busch iniciou os trabalhos de carpintaria na sede da nova escola que, em agosto de 1908 estava concluída - completando exatos 110 anos - nesse mês de agosto de 2018. De acordo com o Professor Max Humpl, a comunidade fez uma dívida de 5.566.000 réis.
A nova sede da Escola Alemã Altona foi festivamente inaugurada no dia 29 de agosto de 1908, e também, neste momento a festa arrecadou  fundos para sanar parte da dívida.
Desde janeiro deste ano de 1908, havia sido contratado o professor Franz Gottschalt, que se mudou para a nova escola  no dia 29 de agosto e onde passou a lecionar para as crianças, que passaram a usar a nova sede.
Ler obre o Casarão do Machado - no final da  postagem.
Leituras complementares.
No final do ano de 1908, um amigo da escola, trouxe, partir de uma viagem para a Alemanha, um estandarte e também, neste tempo, foi mandado construir  a janela de sacada envidraçada, com o projeto de construir um museu - que poderia ter se tornado realidade quando, muitos anos depois desta data, foi aprovado um projeto de lei Ruanet (Mecenato) - a primeira aprovada em Blumenau - para fundar o museu da  Escola. Infelizmente, a  diretoria da escola da época mandou demolir o edifício histórico destinado ao museu para, no local, funcionar um estacionamento.

Ler sobre, no final desta postagem - Clicado sobre o link Casarão da Escola Municipal Machado de Assis.

Em março de 1909, no campinho de jogos da escola, houve uma grande festa em favor da escola, sob barracas e tendas, que posteriormente foram leiloadas. No dia 4 de novembro de 1909, foi registrado que  as dívidas reduziram para 4.000.000 réis.
"Em 4 de novembro de 1908, a composição da diretoria sofreu, neste sentido, uma alteração, quando Hans Lorenz se tornou presidente e Hermann Dietrichkeit, escrivão. Em 17 de janeiro de 1911, Luiz Abry assumiu a presidência, que até o presente momento ele exerceu de forma decidida em favor da escola, nos bons e maus dias." Humpl, 1918.
Em 1908, a Escola Alemã Altona contava com 52 alunos matriculados, e a tinham contratada a Professora Lingner por um salário de 30.000 réis, que sofreu um reajuste, juntamente com os demais professores para 50.000 réis. O professor Gottschalk residia gratuitamente na residencia de Luiz Böttger e de acordo com o professor Humpl, o professor também não pagava a alimentação quando dava aulas particulares. Em 1910, foi contratado o professor Joh Winterberger, que também recebia 50.000 réis.
Nos últimos meses  de 1910, os professores da "Nova Escola Alemã', como era chamada a Escola  Alemã Altona na comunidade, receberam um professor normalista da Alemanha - o professor Wilheim Frank, que chegou em Altona no dia 15 de dezembro de 1910. Recebia um salário de 100.000 réis.
No início de 1913, chegou para lecionar na Escola Alemã Altona - o professor Max Humpl, nascido em München - Baviera - Alemanha, no dia 24 de janeiro de 1877. Neste tempo, estavam matriculados 86 alunos na escola. A professora Margarete Suiter von Sellin conduziu os trabalho até a chegada do Professor Humpl, e a Professora Maria Wohlmuth ministrava aulas de trabalhos manuais (desde 1914).
Do livro: Do livro: Itoupava Seca - Crônica do Vilarejo Itoupava Seca - Altona - Na frente da Escola Alemã Altona

"Nessa época, também foram realizadas várias festas escolares e excursões, que tiveram bastante êxito. Em agosto de 1915, a escola inteira pode visitar, no Garcia, as interessantes fábricas de fiação e de tecelagem, bem como a igreja evangélica , graças à bondade  do dono de coches daqui. Em 19 de dezembro de 1914, foi realizada no Teutônia um tributo bastante sério, na qual se recordou de modo solene, através de canções e poemas, da partida, da luta, da morte, do retorno e da vitória dos soldados, e também se expressou a esperança de que a guerra acabasse logo.Quantas decepções amargas os anos seguintes ofereceram." Humpl, 1918.
Acontece a Guerra - Primeira Guerra Mundial. No dia 27 de outubro de 1917, todas as escolas como esta, construídas e custeadas pelas comunidades, também as municipais - que era poucas, são fechadas. Crianças sem escolas e professores sem emprego, principalmente os professores alemães - os Reichsdeitsch. De acordo com o professor Max Humpl, a Escola Alemã Altona e sua comunidade não desamparam seus professores e continuaram pagando seus salários.
A pressão para que o governo permitisse a abertura das escolas foi grande. Foi feito mediante a contratação de professores brasileiros que falavam alemão, pois a comunidade - não falava o português. Estes fizeram um teste - eram bilíngues.
No dia 4 de abril de 1918 foi reaberta a Escola Alemã Altona e o professor gasparense Herbert Biegig assume as turmas de alunos e o professor Humpl foi contratado para ministrar algumas matérias em uma sala isolada.
Durante a guerra, a comunidade contava com 18 sócios, que pagaram 50.000 réis para ingressar na sociedade - com direito à propriedade e mais 13 sócios, com direito à voto que entraram sob o valor de 10.000 réis. Na verdade, eram as pessoas que mantinham a escola que não recebia dinheiro do governo e nenhum apoio. Durante a guerra, a escola tinha 60 alunos. 
Muitos representantes, de pelo menos 5 gerações, frequentaram esta escola, que durante o período de Nacionalismo na região, sofreu mais revezes e novamente teve que trocar de nome e encampada pelo Estado - patrimônio das pessoas. 
Durante o período do Nacionalismo na região, houve muita perseguição, bulling oficial por parte do governo estadual e federal e apropriação indevida do patrimônio construído por famílias alemãs na região. Escrevemos sobre estas questões em outra postagem e o link está no final desta.
Os respingos do Nacionalismo também caíram sobre a Escola Alemã Altona. 
Assinado o Decreto Lei N° 88 no dia 31 de março de 1938, no dia 25 de fevereiro de 1939, escola foi incorporada à rede de ensino municipal, tonando-se Grupo Escolar Machado de Assis. O patrimônio construído na forma de mutirão por um grupo de pessoas, a partir de festas e doações foi, como tantas outras coisas, "roubada" de maneira oficial, mesmo antes do início da 2° Guerra Mundial, que poderia ter sido o "pretexto" para o ato arbitrário.
A força e a vontade de manter a educação e o ensino, dos antepassados, permaneceram no ambiente da escola, sendo ela: Nova Escola Alemã,  Escola Alemã Altona ou a E.B.M. Machado de Assis. Durante os anos seguintes, a escola manteve acesa a chama e o objetivo daqueles que a construíram, tornando parte das atividades praticadas em seus espaços e daqueles que ali passaram, parte da história da cidade de Blumenau.
Em 1996, sob a direção da Professora Maria Luíza de Oliveira, aconteceu um grande desfile comemorativo na Rua XV de Novembro pela passagem dos 90 anos de fundação da escola. Nós registramos parte destes momentos em filme e disponibilizamos hoje, na mesma data - após 22 anos. As imagens foram digitalizadas a partir de fitas VHS feitas em uma filmadora Sony. Disponibilizamos parte desta história, que teve continuação, à comunidade e à história de Blumenau, registradas no momento que a escola comemorava os 90 anos de sua fundação, feita por pessoas da comunidade através de mutirões e festas.
Bolo comemorativo de 90 anos de fundação da escola - sob a direção da Professora Maria Luíza de Oliveira
Escola inicialmente chamada de Escola Alemã Altona ou Nova escola Alemã e depois - no período de Nacionalismo mudou seu nome para E.B.M.Machado de Assis.

Grande evento de comemorações de 90 anos de fundação da Escola Alemã Altona/E.B.M. Machado de Assis





As imagens comunicam 
Vídeo do Desfile 90 anos (19 de agosto de 1996) - e ato festivo no pátio da escola (20 de agosto de 1996)

história da escola continua e é muito recente, se comparada a história milenar dos locais de onde vieram os pioneiros que fundaram esta escola e as cidades da região da antiga Colônia Blumenau. Esta história é de nossa responsabilidade.
Leituras complementares



Referências

Max Humpl - Crônica do vilarejo de Itoupava Seca : Altona: desde a origem até a incorporação à área urbana de Blumenau 1.ed.





Em construção!! 



























2 comentários:

  1. Iniciei a minha carreira estudantil no Machado de Assis em 1946. Morávamos na Rua Coronel Fertesen. Quase no final da rua tenha um curtume onde meu pai trabalhava.

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    1. Muito bom. Parte da história de Blumenau e parte da história das famílias.
      Abraço grande.

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