sexta-feira, 15 de março de 2019

Paisagem Urbana - Por Gordon Cullen

Do livro: Paisagem Urbana.

Um dos principais livros relacionado ao Urbanismo é a obra Paisagem Urbana e seu autor - um dos importantes teóricos, o inglês Gordon Cullen, o qual sugere, de maneira muito simples e através dos passos de um pedestre, que assimilemos a paisagem da cidade a cada "novo quadro", através de nossas percepções sensoriais - como se estivéssemos  em frente a uma obra de arte, sugerindo que tenhamos uma nova obra de arte a cada novo passo dentro da paisagem urbana - a qual transmite harmonia e equilíbrio estático através da organização dos elementos que compõem essa paisagem. Enaltece relatividade do observador a cada ponto diferente da paisagem, com um novíssimo enfoque.
Talvez por esse mesmo motivo, apreciamos tanto a fotografia, pois ela nos permite essa mesma análise, até mesmo do espaço tridimensional da paisagem urbana - em outro momento e lugar. 
Alguns podem sentir o retorno dessas percepções e não compreender o porque de sua "irritação" sensação boa ou não tão boa. Sente, somente que o local faz bem e é agradável ou não. Relacionamos  muito disso, ao Feng Shui, filosofia oriental, que também busca e harmonia a partir de uma técnica, que nada mais que a harmonia a partir da organização dos elementos que compõem o espaço. Nada mais é que isso. O leigo pode sentir e o técnico pode burilar essas questões para deixar esse espaço mais agradável, como as indicações e observações de Gordon Cullen ou mesmo, do Feng Shui.

Escrevemos sobre o Feng Shui em  maio de 2014 - para ler - Clicar sobre: Feng Shui e Arquitetura

Como a nossa aula é feita para uma turma de Arquitetura e Urbanismo de Rio do Sul, portanto, as imagens usadas, são naturalmente da cidade de Rio do Sul.

Do livro Paisagem Urbana - a composição de elementos
arquitetônicos e a paisagem.
Para o Urbanismo e seus estudiosos e técnicos, o trabalho de Gordon Cullen é muito importante como instrumento de observação, diagnóstico e prognóstico para elaboração de projetos de intervenções e estudos de arquitetura, urbanismo e meio ambiente.
Por isso é afirmado que o conceito de paisagem urbana de Gordon Cullen, por sua simplicidade e objetividade, é uma das propostas mais difundidas como instrumento de avaliação do espaço urbano e talvez seja uma das formas de compreender e analisar o espaço, intuitivamente ou não, mais usadas por especialistas – de maneira consciente ou não.
Propostas de completar esta composição de elementos da paisagem urbana - através de um pré projeto - turma 7°  2  2018 - UNIDAVI - Rio do Sul.
Estas observação estão nas obras dos nomes da arquiteturas - à direita
 caminho da edificação projetada por Hans Broos - Rio do Sul.
Demolida para dar espaço para duas torres - as únicas nas imediações.
De acordo com Cullen, a Paisagem Urbana é a arte de tornar coerente e organizado, visualmente, o emaranhado de edifícios, ruas e espaços que constituem o ambiente urbano. Esse conceito de paisagem, elaborado nos anos de 1960, exerce forte influência nos arquitetos e urbanistas exatamente porque possibilita análises sequenciais e dinâmicas da paisagem a partir de premissas estéticas, isto é, quando os elementos e jogos urbanos provocam impactos de ordem emocional.
Nessa época não tínhamos a informação de que são duas torres.

Qual é a paisagem predominante a partir da composição dos elementos que formam nossas cidades?
Rio do Sul - Acesso à Rodoviária.
Gordon Cullen fornece alguns exemplos desse conceito - uma rua ou avenida em linha reta, cuja perspectiva visual seja assimilada rapidamente, torna-se monótona. O Feng Shui não considera este tipo de espaço em seus ambientes bem harmonizados, pois diz que a energia vital "escoa" de maneira célere. Sempre sugere caminhos orgânicos como existem na natureza.
alameda Aristiliano Ramos - pelo que soubemos, perderá uma faixa de estacionamentos - para criar mais espaço de pistas para automóveis. totalmente desprovida de de vegetação.  uma das principais via da cidade de Rio do Sul.
Cullen também cita a experiência da tela de Corot na qual uma paisagem monocromática em verde possui uma minúscula figura vermelha, que, segundo ele, “é talvez a coisa mais vermelha que eu já vi” (idem, p. 14, 1971).
Os tons quentes presentes na natureza em harmonia tem este efeito, também explicado pelo Feng Shui. Nada é mais ou menos que o natural. Qual a porcentagem dos tons quentes na paisagem natural? Seria nas pequenas frutas, ou nos canteiros do jardim? Ou ainda, no final de tarde de um dia de verão, somente por alguns minutos? 
É a proporção do equilíbrio. Tal como este trigal que nos chamou a atenção e fotografamos no norte da Bayrn - como quadro de Corot, citado por Cullen. O contraste da tulipa no mar verde é delicado e faz bem. E por que esse exemplo não pode ser resgatado no meio ambiente através da paisagem construída, integrada à paisagem natural, resgatando exatamente essa sensação e percepção
Integração e Harmonia.
Trigal em Rödelsee - Norte de Beyrn.

Um exemplo que nos foi mostrado por Taís Fontanive - o qual ilustra a sensibilidade dos orientais quanto ao equilíbrio natural de sua paisagem.

Parque Red Ribbon / Turenscape.
Arquitetos: Turenscape. 
Localização: Qinhuangdao, Hebei, China. 
Área: 200000.0 m2 .
Ano do projeto: 2007.

Para estruturar esse conceito de paisagem – Cullen -  considerou 3 aspectos:

1° Ótica - visão serial propriamente dita e formada por percepções sequenciais dos espaços urbanos, primeiro se avista uma rua, em seguida, se entra em um pátio, que sugere um novo ponto de vista de um monumento e assim por diante.
É o que se entende por Visão Serial.

Antes - sequência do caminho

































Atual - sem uso algo positivo para a paisagem
Um caminho da cidade de Rio do Sul que já foi muito importante e usado - atualmente é esquecido porque as pessoas optaram para ir até a Igreja luterana de Rio do Sul de carro. Seguia-se o caminho a pé, a na virada da curva tinha-se a imagem da pequena igreja neogótica - ponto focal importante - em outros tempos na paisagem da cidade - hoje escondida pelas novas construções - foto abaixo.


No ponto mais elevado - A Igreja Luterana Neogótica - cuja vista para a cidade foi "bloqueada" - foto abaixo - e quebrou a sequencia de Cullen que já existia em outro período histórico.

Os caminhos no espaço urbano - apontado por Gordon Cullen em seu livro Paisagem Urbana.
Confusão de vias e caminhos de pedestre ao lado de um dos espaços mais importantes da cidade - Fundação Cultural de Rio do Sul - na sequencia, outro monumento que perdeu a visibilidade no meio da confusão e ocupação do espaço - a ponte ferroviária dos Arcos.
Ponte ferroviária dos Arcos sem a visibilidade que sua beleza plástica requer (e descaracterizada - como elemento).
2° Local – Tem ligação com as reações da pessoa com relação a sua posição no espaço, vulgarmente denominado sentido de localização, “estou aqui fora”, e posteriormente, “vou entrar em um novo espaço”, e finalmente, “estou cá, dentro”; esse aspecto refere-se às sensações provocadas pelos espaços; abertos, fechados, altos, baixos etc.
Calçadão - visto da Rua Carlos Gomes - "Fora do espaço".
"Dentro do espaço".
Estação Ferroviária - Patrimônio histórico Arquitetônico de Rio do Sul - até um tempo atrás ainda tinha o direito do "Estar fora" através do jardim  - hoje não existe mais o "estar fora".
O ambiente é outro - é estar na rua - asfalto, local de automóveis.
A edificação do Armazém - também - ilhado por rodovias - Sem o direito de "estar fora" - somente na rua.
3° Conteúdo – Tem relação com os elementos que compõem a paisagem da cidade e contribui para sua identidade – como cores, texturas, escalas, estilos que caracterizam edifícios e setores da malha urbana.
Ambas composições de elementos urbanos na cidade de Rio do Sul.



Composições de elementos urbanos na cidade de Rio do Sul.
Praça Emmembergo Pellizzetti - espaço nobre - PÚBLICO -  preparada para eventuais eventos de algumas "tribos urbanas". Qual a composição de elementos urbanos a partir de,  e sua relação com o resto da paisagem da cidade?
Composições de elementos urbanos na cidade de Rio do Sul.





Composições de elementos urbanos na cidade de Rio do Sul.
Composições de elementos urbanos na cidade de Rio do Sul.
Composições de elementos urbanos na cidade de Rio do Sul.
Composições de elementos urbanos na cidade de Rio do Sul.
Qual é a paisagem urbana predominante de cidade que ficará para as próximas gerações, em Rio do Sul?



Com base no conceito de paisagem como elemento organizador - Cullen apresenta vários temas para as paisagens urbanas. 
Esta soma entre imagens e teor conceitual é justamente o que caracteriza a proposta do autor em análise.

a) Recintos, pátios e pracetas – são espaços urbanos interiores caracterizados pelo sossego e a tranquilidade, em que o vai e vem das ruas não é tão notado, a praceta (ou recinto, ou pátio) tem escala humana e geralmente é um espaço pontuado por árvores e bancos, que permitem descanso e contato humano.
O local da primeira estação rodoviária da cidade tem a potencialidade para este valoroso espaço e no entanto, tem seu espaço em sub uso e sem qualquer referencia histórica, no presente.
b) Ponto focal – é um símbolo de convergência, que define a situação urbana. Cullen reforça esta ideia e diz que em geral as pessoas diante de um ponto focal afirmam: “É aqui”, “Pare”. 
É um elemento de força que se materializa de forma isolada e por vezes, marca pela verticalidade, peculiaridade, valor histórico, ou gosto duvidoso - este último, quando não existe legislação adequada ou mesmo, fiscalização - faz com que comerciantes usem da cor "amarela" para chamar atenção sobre seu negócio - dentro da paisagem urbana de todos. Em quase todas as cidades do Brasil existe esta prática.
Um fato ficou muito conhecido na Alemanha, quando um brasileiro desavisado, pretendeu fazer esta prática por lá. Colocou a cor em um dia e no outro, a polícia estava à sua porta. É fato.
c) Perspectiva grandiosa – é um descortino imediato entre o “aqui e o além”, como a perspectiva visual dos eixos monumentais, dos grandes bulevares. Essa paisagem funde o primeiro plano ao longínquo, produzindo sensação de imensidão, grandiosidade e onipresença.
Rua do Colégio Dom Bosco e da Catedral - mais tranquila , até a esquina quando dá-se com a "imensidão".
Alameda Aristiliano Ramos - a "imensidão".
d) Animismo – é uma configuração poética em que “isto é aquilo”, ou seja, a sugestão de que a porta é um rosto, ou de que a fachada tem uma face na qual a porta é a boca, as janelas os olhos, etc. As manifestações de animismo transmitem sensação de estranheza e até irritação. É um artifício por vezes usado no expressionismo.


Referências:
CULLEN, Gordon. Paisagem Urbana. São Paulo: Martins Fontes, 1971. 
DEL RIO, V. ; OLIVEIRA, L. Percepção ambiental: a experiência brasileira. São Paulo: Studio Nobel; São Carlos, Universidade de São Carlos, 1996.  
KOHLSDORF, Maria Elaine. A apreensão da forma da cidade. Brasilia, D.F. : Ed. da UnB, 1996. - 253p. :il. 
LYNCH, Kevin. A Imagem da Cidade. São Paulo: Martins Fontes, 1982. 











































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