sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Fachwerkbau in Südbrasilien - A Técnica Construtiva Enxaimel - Revista Weltruf

Capa 
Rua XV de Novembro – antiga Wurtstrasse.
No final do Século XIX , tinham muitas edificações enxaimel na antiga Wurtstrasse. No início do século XX, por ser uma rua comercial, as edificações enxaimel foram substituídas por edificações que seguiam a tendência internacional – o art decó. Muitas vezes, a fachada da edificação enxaimel era “transformada” em art decó, para seguir a tendência atual na época. Não houve preocupação em preservar a história. Na década de 1980, foi feito o “cenário” para atrair visitantes e turistas, conhecido falso enxaimel. As edificações eram feitas com estrutura de concreto com aplicação de sarrafos fixados na fachada para que visualmente lembrasse os enxaimeis da Alemanha.  

Rua XV de Novembro - die Frühere Wurstrasse
Am Ende des 19. Jahrhunderts gab es viele Fachwerkbauten an der früheren Wurststrasse entlang. Am Anfang des 20. Jahrhunderts, da sie eine Geschäftsstrasse war, wurden die Fachwerkbauten durch Bauten ersetzt, die der internationalen Tendenz folgten - die art decó. Oft wurde die Fassade der Fachwerkbauten in art decó imgewandelt, damit sie der Fachwerkbauten durch Bauten ersetzt, die der internationalen Tendenz Folgten - die art decó. Oft wurde die Fassade der Fachwerkbauten in art decó umgewandelt, damit sie der Neigung der modernen Zeit entsprach. Es Bestand keine Sorge, die Geschichte zu bewahren. In der Dekade 1980 wuede das "Bühnenbild" aufgebaut, als das falsche Fachwerk bekannt, um Besucher und Touristen zu locken. Die Gebäude wurden mit Betonstrukturen hergestellt und die Fassade mit Latten verziert, so dass es wenigstens dem Ansehen nach an die deutschen Fachwerkbauten erinnerten.
Apresentamos  a palestra proferida no XIII CAAL - Encontro das Comunidades de Língua Alemã na América Latina -  sobre a arquitetura construída pelo imigrantes alemães no Brasil e naturalmente surgiram questionamentos os quais buscamos elucidar através e ao longo da pesquisa.
A técnica construtiva enxaimel veio com imigrante alemão para o Brasil. Foi construído em algumas regiões do Brasil, como: Espírito Santo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Entre si apresentam características próprias regionais – responsáveis pelas diferenças encontradas nas construções dos três estados brasileiros, contudo não deixam de ser legítimos enxaimeis. Estas diferenças, também ocorreram em outras partes do mundo, dentro dos distintos recortes de tempo, isto contribui muito para a complexidade de se estudar esta técnica construtiva milenar, como se fosse algo único e homogêneo definido por muitos como – uma estrutura de madeira encaixada, contraventada e com pregos de madeira. Será?

Este trabalho, em formato de artigo, foi publicado na última edição da revista alemã Weltruf.

Na sequência, postaremos as páginas da Weltruf com a versão do artigo no idioma alemão - traduzido, do texto original português, pelo Pastor Hugo Westphal.
Na sequência, está o texto original em português.
Anexamos mais imagens, além daquelas publicadas no artigo, por entender que estas facilitam a compreensão do texto. As imagens são originárias da palestra que preparamos e ministramos e que, deu origem ao presente artigo. Foram poucas na publicação por limitação do espaço. Nós acreditamos que as imagens comunicam.

Artigo publicado na Weltruf
Nota do tradutor: Eu sou Hugo Solano Westphal, brasileiro, Pastor da Igreja Evangélica de Confissão Luterana do Brasil aposentado.Eu tive um pouco de dificuldade, pois muitas das expressões, nomes técnicos, detalhes de edifícios e da arquitetura não são muito conhecidos para mim. Para poder traduzir esta obra de Angelina Wittmann para o português, tive o auxílio de alguns dicionários e do Google. Fiquei muito feliz com esta tradução. Eu aprendi muito sobre enxaimel.










Artigo em Português
A Técnica Construtiva Enxaimel - Fachwerk

Edificação localizada na Itoupava Central - Blumenau - com paredes a partir da estrutura em enxaimel com fechamento feito e taipa ou pau a pique como eram feito a centenas de anos atrás na Alemanha
O método construtivo enxaimel é a denominação dada à estrutura de madeira, que articulada horizontal, vertical e inclinada formam um conjunto rígido e acabado através do encaixe dos caibros de madeira. Somente. É o conceito atual e pode mudar de acordo com o recorte do período histórico, ou mesmo de acordo com o conceito do termo alemão - Fachwerk.
Fachwerk significa textualmente “treliça” - Espaço de uma parede feita a partir da estrutura de caibros preenchida com material entrelaçado e posteriormente preenchido com barro. O termo não está relacionado somente ao tipo de encaixe com a presença ou não de pregos de metal ou de madeira. É necessário conceituar o termo dentro de cada recorte histórico. Foi encontrado edificações Fachwerk em sítios neolítico da Europa e também em outros continentes, como no Japão, onde é muito comum o uso da madeira na construção das casas. 
Muitos concluem erroneamente, ou definem conceitos, considerando somente um recorte de tempo dentro da evolução de experimentos e tecnologia construtiva, definindo como a verdade, por exemplo, que o enxaimel é feito de caibros de madeira encaixados com o uso de pregos de madeira e não prego metálico – definição do recorte de tempo histórico relacionado a idade média – período das guildas.
1 – Rothenburg ob der Tauber - Deutschland





























O enxaimel é uma técnica construtiva e não um estilo, como muitos denominam. Surgiu a partir da construção de edificações feitas de toras e troncos de árvores beneficiados sem a tecnologia das máquinas modernas, mas sim com machados, enxós, facões feitos, geralmente, por artesões, ou agricultores, a partir de uma estrutura de madeira pronta para suportar grandes cargas. Anterior ao tempo destas ferramentas eram feitas com pedras e outras ferramentas rudimentares. A técnica construtiva tem sido usada por milênios, em vários locais do planeta. Há várias maneiras de se construir o enxaimel. Geralmente são classificados pelo tipo de fundação, paredes, como e onde são feitos os elementos de contraventamento (caibros inclinados), o uso de caibros de madeira em curva, e os detalhes de enquadramento dos telhados.
2 - Rothenburg ob der Tauber - Deutschland




A técnica construtiva enxaimel veio com imigrante alemão para o Brasil. Foi construída em algumas regiões do Brasil, como: Espírito Santo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Entre si, apresentam características próprias regionais – responsáveis pelas diferenças encontradas nas construções dos três estados brasileiros. Contudo, não deixam de ser legítimos enxaimeis.
Estas diferenças, também ocorreram em outras partes do mundo, dentro dos distintos recortes de tempo, isto contribui muito para a complexidade de se estudar esta técnica construtiva milenar, como se fosse algo único e homogêneo definido por muitos como – uma estrutura de madeira encaixada, contraventada e com pregos de madeira. Será que é assim rão simples?

O que é Enxaimel?

O termo alemão - Fachwerk - significa Treliça.

É um conjunto estrutural de elementos ordenados e ligados entre si em ambas as extremidades. Cada haste é um componente de pelo menos um compartimento, ou seja, um polígono. Este princípio só é possível a partir do equilíbrio da distribuição de forças de pressão e tração – cargas e independe do modo que é fixado – não perderá a característica de uma treliça. Também independe do material usado. Pode ser madeira ou não. Na publicidade isto está para aquele produto, que recebe como sinônimo, a marca - que o supera. No Brasil, por exemplo – palha de aço pode ser Bombril. Ou seja, define-se enxaimel somente como aquele Fachwerk feito de madeira com pregos de madeira e o resto mais, não o é. A partir da revolução industrial com início na Inglaterra, passou-se a usar metal para construir estruturas em treliças – Seriam também consideradas enxaimel? – Estas construídas desde o período neolítico, com madeiras toscas e amarradas entre si.
3 – Construção torre Eiffel – 1889 - Fonte: www.parisdigest.com





Nos primórdios eram usadas ferramentas de pedras; depois, ferramentas de bronze. No Império Romano - os romanos tinham machados especiais para trabalhar a madeira. Com a produção industrial do ferro - para fabricação de armas e ferramentas - aperfeiçoadas e com um grau de grande desenvolvimento na idade média, surgiu o enxó, usado até os dias atuais.
O enxó (em alemão - Breitbeil) é uma ferramenta da carpintaria usada para plainar toras de madeira, transformando-as em tábuas e caibros. Há versão direita e esquerda. A aresta de corte é afiada de um lado sobre o lado voltado para o eixo. Na Alemanha há carpinteiros que primam pela originalidade e retornaram a utilizar a ferramenta na atualidade.
A técnica enxaimel evoluiu – no ocidente - originárias das mais antigas construções pré-históricas – palafitas – e eram usadas por motivos de segurança. Foram encontradas vilas inteiras construídas com a técnica – rudimentar - ao pé dos Alpes. A partir destas edificações palafitas do neolítico – evoluiu sua maneira de construir na região ao norte do Alpes, que irradiou pela Europa Central e para a Inglaterra. Estudos apontam que estas palafitas em enxaimel foram construídas entre os anos de 4.300 a.C. e 800 aC. Os sítios encontrados - vilarejos de palafitas dos Alpes e entorno foram incluídos na lista do Patrimônio da Humanidade da Unesco. Os 111 sítios estão localizados na Alemanha, Áustria, França, Suíça, Itália e Eslovênia.
4 – Vila Em Palafitas, onde usavam treliça madeira em forma rudimentar para construir palafitas - Deutschland.

No Neolítico os troncos de árvores abatidas foram trabalhados com machados de pedra para a construção da edificação.


Os romanos tinham machados especiais para trabalhar a madeira.


O enxó (em alemão - Breitbeil Observar a proteção das pernas, caso o enxó "escape".

A evolução técnica das construções neolíticas dos Alpes culminou com a técnica do Fachwerk - com o uso predominante da madeira e do barro. 
O termo Enxaimel provavelmente deriva do alto - alemão Mittelhochdeutsch – em uma fase que a língua era mais antiga – por volta de 1050-1350 originado do Vach – que significa pau.
Na idade média até os dias atuais, a madeira era e é o principal material usado pelos carpinteiros – Zimmermann – em alemão. No tempo das guildas, optavam por usar somente a madeira – evitando qualquer tipo de crava, prego ou parafuso de metal na construção de uma edificação Fachwerk – se usasse isto não significaria que deixaria de ser um Fachwerk – mas a “reputação” do artesão poderia ser comprometida, pois os ferreiros pertenciam a outra guilda.
Historicamente, como conhecemos atualmente, as primeiras edificações eram construídas em uma elevação ou Aufschnürung, depois passou a ser construído e um galpão de produção e atualmente, geralmente fazem parte de uma linha de produção (aos moldes modernos) coordenada por profissionais da arquitetura e engenharia, que desenvolvem projetos criando os mais variados volumes e sugerindo os mais variados materiais de fechamento. Os projetos atuais são desenhados a partir de programas de Arquitetura. Nunca deixou de ser construído e faz parte da identidade de várias regiões, principalmente na Europa.
Materiais de fechamento como por exemplo – uma tipologia Egerlander – Enxaimel do Alto Palatinado. Se resume em uma estrutura exposta com compartimentos fechados com trança de madeira e pique (Pau a pique) - taipa de mão - taipa de sopapo - taipa de sebe - Flechtwerk und Lehm. É uma técnica construtiva muito antiga – época neolítica - a partir do entrelaçamento de madeiras verticais fixadas no solo, com vigas horizontais, geralmente de bambu amarradas entre si por cipós, dando origem a um grande painel perfurado que, após ter os vãos preenchidos com barro, transformava-se em parede. 
A técnica construtiva atual – sob o conceito de técnica enxaimel se resume em um conjunto de caibros verticais, que são usados como apoios e que receberão os esforços dos caibros inclinados, horizontais e das terças. Elementos usados em ângulos 45° são usados para o contraventamento transversal integrados aos elementos perpendiculares. Os Strebe (Caibros inclinados) quase sempre são posicionados simetricamente e deve enrijecer o conjunto para suportar as forças dos ventos. Os caibros articulados através de encaixes, são presos com “pregos de madeira”, ou Holznägeln. Os Holznägeln têm aproximadamente 2 cm de diâmetro. A técnica construtiva enxaimel se solidificou na idade média nas cidades medievais intramuros, onde a sociedade se organizava dentro da estrutura feudal. Nesta estrutura social existiam as guildas. A guilda dos carpinteiros não usaria material manuseado por outra guilda – do ferreiro e criou seus próprios pegos – de madeira ou Holznägeln. Também quando os caibros e a estrutura são construídos e montada no local da fabricação – recebem marcações – conhecidas por Abbundzeichen, para facilitar a montagem do conjunto no local definitivo. São usados diversas marcações, mas a mais usual em nossa região foram os números romanos criados na verdade, pelos etruscos que foi apropriada pelos romanos.
A madeira usada na estrutura enxaimel no passado - na Alemanha, foi o carvalho. Atualmente continuam construindo edificações enxaimel com madeira, porém utilizam madeira de reflorestamento. No Brasil, no passado usavam canela preta e atualmente continuam usando madeira nobre, mas não de reflorestamento, mas retirada da floresta.
O material utilizado para efetuar o fechamento intercaibros ordenados estruturalmente (Gefach), podem ser usados a partir de pau a pique ou taipa, alvenaria de tijolos ou de pedras rebocados ou não, madeira, vidro, ou qualquer outro material que a criatividade permita (Nos moldes atuais).
O pau a pique é confeccionado de madeira maciça articulada (Lehmstaken). 
5 – Blumenau SC - Brasilien - Diferentes tipos de Fechamento.


Holznägeln


A decoração e arte de acabamento em uma edificação Fachwerk ou enxaimel, varia de lugar para lugar e também, do recorte de tempo histórico que foi construída. Os elementos podem receber diferentes denominações técnicas, também de acordo com cada região e período histórico.
Algumas denominações conhecidas ao classificar o decorativismo de uma fachada de uma edificação enxaimel histórico alemão:

· Andreaskreuz
· Bundwerk
· Doppelstrebe (Escora duplas)
· Diamantband (als Steigerung des Kettenfrieses)
· Inschriften
· Fächerfries (ca. 1535–1560)
· Figurenfries
· Knaggen
· Kreuzfries
· Laubstab (ca. 1520–1550)
· Treppenfries
· Taustab

Inschriften
· Kreuzfries
 Laubstab



 Fächerfries 



Knaggen













Os resquícios históricos mais antigos, presente na paisagem atual de enxaimel, estão entre os achados nos lagos do norte da Europa. Também foram encontrados em outros locais, submersos – vilas inteiras de palafitas construídas com tecnologia semelhante a arquitetura de treliça –enxaimel. Também é considerado o sítio minoico – no qual foi encontrado moldura de madeira de construção tipo minoica de 1700 AC, em Akrotiri em Santorini. E por último a edificação encontrada na cidade do Golfo de NápolesHerculano - construída a partir de elementos de treliça enxaimel. Herculano, como as cidades de Pompéia e Stabie, também foi atingida pelas larvas do Vesúvio em 79 AC. O arquiteto romano - Marcos Vitrúvio – viveu no século I AC e deixou a obra “De Architectura” - aproximadamente 33AC. Nesta obra mencionou a construção enxaimel da cidade de Herculano. O arquiteto descreve um edifício construído a partir de uma construção enxaimel (Latim – Opus Craticium) naquele local.
Até o início da idade média, em toda a Europa foi construído após Haustechnik. 
A tecnologia truss – comuns construções da Europa Central, começou a ser usada somente na metade do século XII. 

Sítio Arqueológico Herculano - 79 AC
Sítio Arqueológico Herculano - 79 AC

Entre os altos da idade média até o século XIX, iniciou a construção com maior profusão na região norte dos Alpes da Alemanha e parte da França, Inglaterra e Escandinávia.
As edificações enxaimel, também foram encontradas em regiões de floresta e madeira em outras partes do globo, como no antigo Império Otomano – a partir da Bulgária em direção a Síria. Na Alemanha, o Fachwerk foi classificado em: Ständerbau - mais antigo; Rähmbau ou Stockwerksbau – o mais jovem, onde cada pavimento era fabricado como um módulo independentemente. A causa do surgimento desta técnica provavelmente, foi a escassez de madeira nas cidades em desenvolvimento. Também, o desejo de construir edificações mais altas, com elementos de madeiras – caibros menores, para facilitar seu transporte fez surgir o Jettying. Nestas regiões, o material como a argila (Auffachungs) eram abundantes (Aproveitado o barro extraído durante a confecção do poço). Também a madeira era disponível - muito mais que pedras, e também muito mais leve para transportar (Via fluvial – Rafted) e manusear. Em síntese, o Jettying – foi uma técnica construtiva muito usada na idade média, onde o volume do andar superior de uma edificação ia além das dimensões do andar inferior – Isto fazia com que além de assegura a estabilidade uma estrutura pronta – do andar inferior, também aumentava sua área sem interferir na rua. Os caibros que transpassam o andar inferior são muitas vezes reforçados por mão francesas curvas que posteriormente, dependendo a região recebiam adornos característicos de cada região.

Uma reflexão sobre o enxaimel construído no Brasil, nas regiões do: Espírito Santo, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

Por que a técnica construtiva do enxaimel é diferente em três regiões distintas do Brasil, sendo que foram construídas pelos mesmos imigrantes, oriundo das mesmas regiões da Alemanha?

Mediante rápida explanação histórica da evolução da técnica construtiva enxaimel, introduzindo uma reflexão e entendimento sobre o processo histórico evolutivo e uma noção sobre sua complexidade e amplitude, com um nuance de compreensão sobre o enxaimel trazido pelo imigrante alemão na segunda metade do século XIX (História recente) e que conhecemos no Brasil. 
As práticas do homem são cíclicas na escala histórica, somente em outro elo do espiral histórico.
O imigrante alemão atravessou o mar até chegar as três regiões mencionadas do Brasil: Espírito Santo, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Trouxe consigo uma bagagem de conhecimentos técnicos - milenares. Usou este conhecimento e fez uso do material que tinha disponível na região que escolheu para construir sua edificação. Trouxe o modo de fazer o enxaimel, que tivera contato, em sua região, na Europa, nem todos são iguais. Trouxe a técnica construtiva do enxaimel. A exemplo do homem neolítico, buscou no entorno imediato do local da construção de sua casa provisória, no terreno, no sítio, o material disponível e necessário para construir a sua casa. Neste tempo, com a diferença que estava munido da herança técnica da construção.

Por que as edificações enxaimel são diferentes nas três regiões mencionadas?

Porque nestas regiões já existiam fixadas outras culturas com maneiras e idênticas próprias de construir. Com mais ou menos interferências de outras culturas presentes na paisagem de assentamento dos imigrantes alemães. As diferenças tinham relação com o contexto social, geográfico, econômico do local. Também da disponibilidade dos principais materiais, densidade de pessoas, cidades próximas, e disponibilidade e tipo de materiais contribuíram para o resultado final da edificação do imigrante alemão que trouxe em sua bagagem a técnica construtiva do Fachwerk.
Nos primeiros momentos em solo brasileiro, nas três regiões, o imigrante alemão construiu a casa provisória, como no período neolítico, como abrigo e proteção, de pau a pique usando material retirado do sítio. 
Após algum tempo construiu sua casa “permanente” utilizando materiais industrializados na região, com mão de obra da região - específico de cada região. Em função da abundância de madeira no Brasil – no período de chagada dos primeiros imigrantes, foi adotada a estrutura enxaimel, com mais ou menos uso, de acordo com cada e região interferência cultural. Finalmente, início do século XX, o descendente do imigrante alemão se sentiu à vontade e podendo economicamente, seguir a tendência internacional - estilo arquitetônico vigente, adotando uma arquitetura internacional, construída nas capitais dos estados brasileiros e do Brasil e em todos os países da Europa. Alguns passaram a desprezar as edificações enxaimel no Brasil, por considerarem-na a edificação daqueles que chegaram e labutaram na terra – relacionando-a a uma edificação rural do imigrante alemão. Erroneamente afirmaram que o enxaimel foi uma edificação estritamente rural, o que não confere com dados da história e ilustram fotos antigas da Colônia Blumenau, por exemplo, que mostram inúmeras tipologias na área urbana do Stadtplatz. Como mencionado, na Alemanha o enxaimel, em algumas regiões está ligado a identidade local e nunca deixou de ser construído. No Brasil, muitos têm a ideia de que uma edificação enxaimel é algo que reporta ao velho e ao passado, o patrimônio histórico arquitetônico não é tão valorizado e preservado como deveria. Há muitas unidades presentes nas paisagens de cidades do Espírito Santo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, com sua adaptação ao local construídos, perceptível em suas diferenças.
6 – Espírito Santo - Brasilien - Foto: Armin Miertschink und Werner Bruske

7 – Espírito Santo - Brasilien - Foto: Armin Miertschink und Werner Bruske

8 – Rio Grande do Sul - Brasilien - Foto: Gil Jacobus

9 – Nova Petrópolis - Rio Grande do Sul - Brasilien

10 – Águas Mornas - Santa Catarina - Brasilien – Foto: Ricardo Fernandes Braz

11 – Blumenau - Santa Catarina - Brasilien

12 – Blumenau - Santa Catarina - Brasilien

13 – Indaial – Warnow Santa Catarina - Brasilien






















Referências.
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  • BERTUSSI, Paulo Iroquez...[et AL]. A arquitetura no Rio Grande do Sul - Porto Alegre : Mercado Aberto, 1983. - 224 p. :il. -
  • DEEKE, José. O município de Blumenau e a história de seu desenvolvimento. Blumenau : Nova Letra, 1995. 295 p. il.
  • GERNER, Manfred - Fachwerksunden. -2.ed. - Bonn : Deutschen Nationalkomitees fur Denkmalschutz, 1989. - 113p. :il. 
  • WILLIAMS JH. 1971. romanas de materiais de construção no Sudeste da Inglaterra em Britannia, Vol. 2, (1971), pp. 166-195. Sociedade para a Promoção de Estudos romanos. Acessado via jstor.org/stable/525807
  • KLOCKNER, Karl. Alte fachwerkbauten: geschichte einer skelettbauweise - Munchen: Georg D. W. Callwey, 1978. - 190p. :il.
  • PARKER, Joyn Henry, 1875. Dicionário Clássico de Arquitetura, 4 Ed. Fac-símile publicado em 1986 pelas Edições Nova Pomar, Pooole, Dorset, pp. 178-179.
  • SANTOS, Mílton. Pensando o espaço do homem. 3. ed. São Paulo: Hucitec, 1991. 60p. il.
  • VIDOR, Vilmar. Arquitetura, cultura, identidade local /Vilmar Vidor. – Revista de Divulgação Cultural. V. 17, N° 58, p. 47-50, maio 1995/abril 1996
  • VOLCKERS, Otto. Deutsche Hausfibel - Bamberg: Carl Baessler, 1949. - 131p. :il.
  • WEIMER, Günter. Arquitetura popular da imigração alemã -2.ed. - Porto Alegre : UFRGS Ed., 2005. - 431 p. :il.
  • WEIMER, Günter. Arquitetura da imigração alemã :um estudo sobre a adaptação da arquitetura centro-européia ao meio rural do Rio Grande do Sul - Porto Alegre : Ed. da UFRGS ; 1983. - 296 p. :il., plantas;

Angelina Wittmann
Arquiteta e Urbanista - Mestre em Urbanismo, História e Arquitetura das Cidades pela UFSC. Autora dos livros: A Ferrovia no Vale do Itajaí – Estrada de Ferro Santa Catarina – 2010. A Estrada de Ferro no Vale do Itajaí – Resgate do Trecho de Blumenau a Warnow – 2000. Coautora do livro Ferrovia e Desenvolvimento – Este é o Caminho. 

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Hoje definiria Enxaimel...
A definição do Fachwerk - Enxaimel - não é restrito àquele construído em nossa região e não tem relação com o uso ou não do prego de madeira. Este, usado não somente nas edificações, mas também em mobiliário e máquinas feitas de madeira dentro de um período histórico. A definição tem relação à região e ao recorte de tempo. Está relacionado à treliça que dá sustentabilidade à estrutura, geralmente feita de madeira. Angelina Wittmann
Um registro para a História.

 

Eu sou Angelina Wittmann, Arquiteta e Mestre em Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade.
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9 comentários:

  1. Obrigado por usar uma foto minha em seu trabalho e dar o crédito. Vou ler seu trabalho pois tenho curiosidade e objetivo de aliar fotografia com a origem histórica da arquitetura em nosso estado, mais ainda, aliada as histórias vividas em torno delas. Um abraço.

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    1. Ficamos felizes que você tenha visto o artigo. Lindas fotografias e registros de tipologias enxaimel de regiões próxima a grande Florianópolis. Agradecemos por compreender....porque as tomamos "emprestadas". Quanto ao crédito, é o correto e não podria ser diferente. Informalmente, formamos uma grande equipe de pesquisa. Abraços.

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  2. Angelina,
    Precisamos todos os cidadãos de Blumenau e região render gratidão ao seu trabalho maravilhoso de pesquisas. Mesmo não sendo de Blumenau se dedica mais a cidade e sua história que a maioria. Um trabalho digno de registro e apoio.
    Falar e explicar dessa forma tão precisa sobre a Técnica Enxaimel necessita de muitas pesquisas e dados.
    Parabéns por contribuir e adotar nossa cidade como do "coração e amor".
    Adalberto Day cientista social e pesquisador da história.

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    1. Bom dia Sr. Adalberto. Faço este trabalho como pesquisadora e Urbanista. A cidade de Blumenau tem uma identidade e esta corre sérios riscos. Não porque as pessoas assim o que rem, falando de suas consciências. A nossa sociedade não fornece meios para que as pessoas que chegam à cidade, e o fazem desde 1850, tenham meios para conhecer a história pretérita de maneira informal, acessível, divertida, e muitas vezes esta está susceptível as ações daqueles que chegam ao local somente para obter o lucro imediato, não importando e descomprometido com tudo o mais. Em um certo momento poderá ser tarde demais. Sempre lembremos das ações do povo baiano, que tem todos os tipos de turistas em seu solo, sem que estes destoam de suas práticas. Aliás, vemos muitos “gringos” em roda de capoeira…Aqui em Blumenau já chegaram a me perguntar se sou descendente, como se isto fosse a única questão para se respeitar o perfil, identidade e história da cidade e da região.
      O trabalho é um trabalho voluntário (Quando entra a “grana” – corrompe) de uma urbanista muito consciente com o coração de tropeiro (Meu avô foi um tropeiro de Vacaria) que acredita que: Quem conhece gosta e quem gosta cuida. Cria comprometimento. “É responsável por aqueles quem cativas. ”
      Abraços

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    2. Angelina,
      Concordo com suas palavras e assino em baixo.
      Principalmente quando citas que fazemos o trabalho gratuitamente, quando pago, pode se corromper e olha que isso me fez pensar ... nem te conto!
      Adalberto Day cientista social e pesquisador da história em Blumenau

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  3. Meu caro Adalberto,
    E eu que achava que tais construções (enxaiméis) fossem meramente ilustrativas, quando em oerte do texto percebo que se trata de estrutura mesmo,que riqueza de detalhes,e ilustrações. Parabéns.

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  4. Meu caro Adalberto,
    E eu que achava que tais construções (enxaiméis) fossem meramente ilustrativas, quando em oerte do texto percebo que se trata de estrutura mesmo,que riqueza de detalhes,e ilustrações. Parabéns.

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  5. Magnífico trabalho da Angelina Wittmann. Parabéns aos dois!
    Urda A. Kluger

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  6. Que beleza de trabalho. A imagem 7 é bem típica da minha terra. A casa que nasci e vivemos parte de nossas vidas tem estruturas muito parecidas. E ainda a fazenda onde a minha irmã mora é a mesma coisa, até a garagem debaixo da varanda, misturado com arreios etc. Parabéns! Encaminharei ao meu primo e ao meu genro que são também engenheiros.

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