quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

Arquitetura Religiosa - Santuário Nossa Senhora dos Navegantes - Navegantes/SC

Santuário Nossa Senhora dos Navegantes - Navegantes/SC
Escrevemos sobre a arquitetura religiosa de um lugar, porque é uma amostra de importantes questões que podem caracterizar o perfil de uma sociedade, dentro de um recorte de tempo histórico, a partir de suas atividades sociais até, às econômicas e culturais. 
Iniciamos esta postagem explicando este fato, porque nos perguntaram se
éramos religiosos desta ou daquela religião, por nossa insistência sobre as igrejas em nossas pautas. Lembramos também, do ocorrido no curso de Arquitetura e Urbanismo, de uma cidade do interior, onde colegas docentes, por algum motivo, tentaram demover a ideia do tema escolhido por uma  formanda do curso para trabalhar desenvolver no seu TCC, alegando de que este não tinha alinhamento com a Arquitetura. O tema era o projeto de uma igreja. Não só discordamos desta afirmativa, como aceitamos a orientação desta acadêmica para desenvolver seu trabalho de TCC/Igreja, que esteve na berlinda e de certa maneira, foi perseguida, no semestre anterior, mediante a insistência de que o tema não fosse passível de atenção sob a ótica da arquitetura e também, do urbanismo
Acabamos de escrever sobre a origem da cidade de Itajaí, cujo embrião nasceu e se desenvolveu em torno do curato, fundado, para este fim, no início do seculo XIX. Não foi diferente em inúmeras cidades do Vale do Itajaí. As cidades se desenvolviam em torno da igreja. Também lembramos os períodos da história da arte, onde o templo religioso era o cenário e o espaço bancado pelos mecenas da arte. E no tempo contemporâneo, projetar uma igreja, é o maior desafio dos grandes nomes da arquitetura. Como não ter nossa atenção voltada para esta arquitetura, nas cidades que visitamos?
O vídeo do projeto final humanizado do TCC/igreja de Joana Cristina do Nascimento, orientado  por nós, idealizado para o município de Lontras/SC.
Oportunizamos, a visita em Navegantes/SC e, também, na cidade de Itajaí/SC, duas cidades portuárias limítrofes e onde está localizada a foz do grande Rio Itajaí Açu que faz parte de seu limite e apresentamos a arquitetura do Santuário Nossa Senhora dos Navegantes, cuja arquitetura religiosa difere de tudo o que vimos até então, em nossas pesquisas.

A Padroeira - Nossa Senhora dos Navegantes - Maris Stella  
Santuário Nossa Senhora dos Navegantes teve sua fachada original  modificada.

Igreja de Navegantes/SC.
A origem do significado "padroeira" usada na religião católica ocidental, como muitas outras questões nesta senda, tem origem na religião pagã, existente antes do Cristianismo. Uma Casa de um patrício, até as cidades, existiam os deuses protetores, para os quais, existiam a Chama sagrada, que queimava dia e noite, para sua homenagem e luz guia. Esta simbologia também criou a tocha olímpica, também no período clássico. A chama é a alma e o espírito dos jogos olímpicos. Dizem que Prometeu conseguiu roubar o fogo sagrado da casa do deus Zeus, o maior deus do panteon da Grécia clássica. Todos os deuses protetores (de uma casa ou uma cidade), tinham uma chama acessa à sua consagração.
A primeira grande massa de imigração formadora da população brasileira multicultural, foi a portuguesa. Nossa Senhora dos Navegantes é a padroeira da Marinha Portuguesa.
A História de Nossa Senhora dos Navegantes teve início no século XV, no momento histórico que iniciaram as navegações europeias e onde Portugal teve grande importância
Neste tempo a sociedade volitava em torno das práticas religiosas e a igreja católica tinha muito poder e força nas sociedades europeias e nas suas colônias. As pessoas que viajavam pelo mar pediam proteção à Nossa Senhora para retornarem para suas casas. 
Nossa Senhora da Boa Esperança de Cabral.
A figura da mulher vinha recebendo mais espaço dentro das práticas religiosas masculinos desde é século V, na igreja católica, após o Primeiro Concílio de Éfeso em 431. Maria, mãe de Jesus, passou a ser vista como eram os deuses e deusas pagãs, também, como uma protetora. No caso, de Nossa senhora dos Navegantes, protetora das tempestades e demais perigos que o mar e os rios ofereciam. Na religião pagã ocidental, o protetor das tempestades e demais perigos que o mar e os rios, na Grécia Clássica era o Poseidon e em Roma Clássica, era o Netuno.
A primeira imagem de Nossa Senhora protetora dos mares, foi trazida da Espanha, com os navegadores. Contam que D. Pedro Álvares Cabral levava em seu navio, uma imagem de Nossa Senhora da Boa Esperança, a qual viajou até a Índia, e onde foi construída uma capela em sua homenagem e permaneceu ali até o século XVII, sob os cuidados dos franciscanos. Atualmente, a imagem está na Igreja da Sagrada Família, em Belmonte, Portugal. Nossa Senhora dos Navegantes também é chamada pelo nome de Nossa Senhora das Candeias, Nossa senhora Maris Stella, Nossa Senhora da Boa Viagem, Nossa Senhora da Boa Esperança e Nossa Senhora da Esperança.
Igreja da Sagrada Família, em Belmonte, Portugal.
Fonte: All About Portugal.
Nossa Senhora dos Navegantes, em Portugal, também tem sua imagem associada ao mar e à proteção dos marinheiros, com a diferença que os portugueses a associam, também às comunidades de pescadores. Sua festa, em Portugal, acontece em 15 de Agosto com procissões em várias comunidades de pescadores, em todo o país. 
Nossa Senhora dos Navegantes chegou ao Brasil junto com os navegadores portugueses e espanhóis. Em Porto Alegre, cidade de colonização açoriana, Nossa Senhora dos Navegantes foi declarada a padroeira da cidade. Todos os anos é realizada na cidade, uma procissão fluvial no Rio Guaíba, realizada em 2 de fevereiro. Também acontece esta festa na cidade catarinense de Navegantes, que além da padroeira, tem seu nome na cidade. A festa acontece em 2 de fevereiro. Quando tivermos oportunidade registraremos e colocaremos as imagens desta festa, nesta postagem.
Também em solo brasileiro aconteceu o sincretismo religioso envolvendo Nossa Senhora dos Navegantes. Para compreensão, o sincretismo é a reunião de doutrinas de culturas diferentes, com a manutenção de traços perceptíveis das doutrinas originais. Com a presença da cultura portuguesa e também, da cultura africana, cultura que foi escravizada pela portuguesa, houve a junção de práticas religiosas, com as mesmas divindades e respectivas proteção, porém com representações diferentes. Nossa Senhora dos Navegantes, nas religiões originárias entre a cultura africana e depois compartilhada por muitos é  Iyemanjá, Yemanjá, Yemaya, Iemoja "Iemanjá" ou Yemoja. Iemanja e todos os significados é um orixá africano, cujo nome deriva da expressão Iorubá "Yèyé omo ejá" - Mãe cujos filhos são peixes. No Brasil, a orixá tem grande popularidade entre os seguidores de religiões afro-brasileiras, e até por membros de religiões distintas. Em Salvador, primeira capital do Brasil e onde a população escravizada pelos portugueses no Brasil colonial foi maior, ocorre anualmente, em 2 de fevereiro - dia de Nossa Senhora dos Navegantes, a maior festa do país em homenagem à Rainha do Mar. Na Umbanda, é considerada a divindade do mar, além de ser a deusa padroeira dos náufragos.
Sincretismo - Iemanjá e Nossa Senhora dos Navegantes - Brasil.


O início da história da  povoação de Navegantes/SC se confunde com a História de Itajaí, até a chegada dos primeiros representantes brancos no local, as tribos Carijós, como eram denominados os tupi-guaranis por aqueles imigrantes que chegaram a partir do século XVI

Índios Carijós de Santa Catarina retratados em uma gravura de Ulrich Schmidl - 1559.
O primeiro homem branco que chegou no Vale do Itajaí, como já apontamos em postagens anteriores, foi bandeirante paulista João Dias de Arzão que chegou na foz do Rio Itajaí Açu, em 1658. Sua fazenda estava localizada na frente do ancoradouro onde ficava a embarcação dos primeiros imigrantes chegantes à região, que foi ocupada pelo  Administrador e fundador da Freguesia do Santíssimo Sacramento do ItajaíMajor Agostinho Alves Ramos, imigrante português que quando conheceu o local - nas proximidades da foz do Rio Itajaí-Açumudou-se para o local e requereu ao Bispo do Rio de Janeiro, a fundação de um Curato que aconteceu em 31 de março de 1824. O que de fato aconteceu, com a criação do Curato do Santíssimo Sacramento, estava fundada Itajaí e indiretamente, também, o embrião de Navegantes, localizado à margem direita do Rio Itajaí Açu. No ano de fundação da Colônia Blumenau, em 1850, a nucleação urbana de Navegantes ainda não possuía sua igreja. Atravessavam a foz e iam na centralidade de Itajaí, existente até o tempo presente. A comunidade reunida faziam orações, reza do terço, novenas, cantos, procissões e fandangos, homenageando Santo Amaro e São Sebastião. Em 1895, 45 anos depois, decidiram construir uma capela. Se comparado às comunidades do Médio Itajaí, demoraram muito, pois a edificação da igreja/escola era a primeira edificação comunitária a ser construída nestas comunidades. O casal Antônio Cardoso Sacavém e Maria Rita Sacavén doaram um terreno nas imediações do ponto de desembarque da passagem, na foz do Rio Itajaí Açú para a construção da capela. Foi criada uma comissão e esta solicitou ao Bispo de Curitiba  a permissão para a construção que foi concedida em 1896 e determinava que a Padroeira da nova capela seria Nossa Senhora dos Navegantes ou Maris Stella, São Sebastião e Santo Amaro, justificando que Santo Amaro e São Sebastião eram da devoção dos primeiros habitantes e a Nossa Senhora dos Navegantes/Stella Maris seria a protetora dos marítimos e pescadores que constituíam a principal profissão exercida na povoação, informação que discordamos ao observarmos fotografias históricas e a arquitetura da capela, que remonta as igrejas construídas pelo pioneiro alemão, com características do neogótico, avizinhada com edificações com volumetria da casa do pioneiro residente no Vale do Itajaí. Seria as famílias mais "fortes", politicamente que determinava a história, pois haviam imigrantes alemães desde o início da povoação de Itajaí e de Navegantes, dentro da história no local.
Nesta época,  a nucleação urbana de Navegantes era um distrito do município de Itajaí, localizado na outra margem da foz do grande rio e a região já era povoada desde o início do século XVIII. A povoação de Navegantes, como Distrito era chamado de povoado de Santo Amaro. 
As obras da capela iniciaram em 1897 e foi inaugurada em 2 de fevereiro de 1898 (inacabada), no dia da festa de Nossa Senhora dos Navegantes. As missas e sacramentos eram ministrados por padres que atravessavam a foz do Rio Itajaí Açu, residentes na paróquia Centro de Itajaí, sendo que esta nucleação fazia parte de Itajaí. Até início da década de 1960 - Navegantes era uma povoação ligada a centralidade de Itajaí, localizada na outra margem do rio, onde estavam as agências bancárias e toda infraestrutura urbana e serviços.
A capela foi concluída em 1907 e dedicada a Nossa Senhora dos Navegantes ou a Stella Maris. Logo explicamos. A  imagem de Nossa Senhora dos Navegantes foi trazida do Rio de Janeiro - na embarcação de seu doador em 1896, Manoel Galego ou, Manoel dos Santos Gaya, que era um pescador local e foi recebida dentro de uma festa da comunidade, pelos demais residentes e tornou-se uma prática anual e parte do calendário do município de Navegantes até os dias atuais. A partir daí, surgiu a cultura da procissão terrestre e fluvial que é realizada durante os dias de festa religiosa em homenagem à padroeira.
A partir de 1912, a nucleação urbana  passou a se chamar de Arraial de Navegantes.
A igreja que fotografamos e atual Matriz, teve sua construção iniciada em 8 de novembro de 1959, quando houve o lançamento da pedra fundamental. Foi inaugurada em 26 de agosto de 1962 quando foi criada a Paróquia de Nossa Senhora dos Navegantes ou Maris Stella - por Carta-Decreto de Dom Joaquim Domingues de Oliveira, Arcebispo Metropolitano da Arquidiocese de Florianópolis e o distrito foi elevado à categoria de Município, portanto está para completar 60 anos em 2022.
A travessia Ferry Boat  da foz do Rio Itajaí Açu, atualmente tem um grande caráter simbólico, sendo nos primeiros momentos histórico feita a remo ou à vela, pelos proprietários ou pelo “passageiro” Francisco Leite que fazia a condução da pequena população em um bote ou barcaça, aguardando-os em uma casinha de palha à margem do Rio Itajaí Açu, que era munida de uma praia com trapiche, porque ainda não havia cais. Em 1911, João Sacavém adquiriu o direito de manter a passagem de pessoas e cargas em barcaças pelo rio. Posteriormente, a passagem do rio foi passada para outros proprietários e, em 1950, os botes foram substituídos por uma barca nova, coberta e motorizada. Em 1979, este serviço de navegação passa a ser por meio de ferry-boat. 
A festa de Nossa Senhora dos Navegantes se concentra na Praça de Nossa Senhora dos Navegantes e na Igreja, locada ao lado da praça. A praça e a igreja não estão na centralidades, como habitualmente acontece na estrutura morfológica desta. Sua importância tem relação direta com a histórica da cidade de Navegantes e às atividades e apropriações que nela aconteçam. As procissões com a estátua de Nossa Senhora dos Navegantes são realizadas por meio terrestre, com os fiéis percorrendo a Avenida João Sacavém e em meio fluvial, com embarcações percorrendo o Rio Itajaí-Açu. 
Em 1996, aniversário de 100 anos da chegada da imagem da padroeira, por iniciativa do Padre  Alvino Broering, a Igreja Matriz foi elevada à condição de Santuário, por Decreto do Arcebispo Metropolitano D. Eusébio Oscar Scheid, em 18 de agosto de 1996. O Padre Broering recebeu o título de 1º Reitor do Santuário.

 O Padre Alvino Broering nasceu em Anitápolis em 2 de março de 1963 e partiu em 14 de dezembro de 2009. Foi membro da Academia Itajaiense de Letras, onde ocupou a cadeira de nº 36. Estudou filosofia com a Ordem Franciscana, depois foi transferido para a Arquidiocese de Florianópolis, onde cursou teologia. Foi ordenado padre em 7 de outubro de 1989, na cidade de Navegantes. Trabalhou  nas paróquias Nossa Senhora dos Navegantes, em Navegantes  de 1989 até 1997 e no Santíssimo Sacramento, em Itajaí , entre  1997 e 2005. Também foi capelão na Spiritus Veritatis, da Univali -Universidade do Vale do Itajaí. Fundou e dirigiu a Rádio Comunitária Conceição, em Itajaí. 
Padre Alvino Broering foi assassinado na madrugada do dia 14 de dezembro de 2009.

Os Padres que trabalharam na comunidade de Navegantes foram: Gilberto Luiz Gonzaga (1962/...); Valdir Stähelin (1971-1983); Hélio da Cunha (1983-1989); Alvino Broering (1989-1909); Idonizete Kruger (1998- 2001); Lauro Nunes (2002-2008); Antonio Leite Barbosa Filho (abril 2008- fev 2009); Paulo Sérgio Marques (2009-2012); Fabian Marcelo Capistrano (2012-2015).

Arquitetura Santuário Nossa Senhora dos Navegantes

Observando fotografias históricas, afirmamos que a fachada principal original da igreja de Navegantes foi alterada e de acordo com a fotografia publicada em um jornal local de 1987, esta alteração foi efetuada antes desta data, pois a publicação apresentava a igreja com está atualmente. 
Antes de observarmos a fachada e observando a fachada original percebemos que os homenageados de certa, maneira eram outros. A pintura da empena, não é a apresentação da imagem de Nossa Senhora, mas sim, de uma embarcação e na base da empena havia uma grande inscrição: "Maris Stella ". 
Vamos compreender o seu significado, aparentemente "esquecido" pela comunidade.
As alterações ocorreram antes de 1987.

Ave Maris Stella - Stella Maris - Estrela do Mar

Como explicar esta inscrição na empena da nova Matriz? Por que foi retirada? Por que as modificações da fachada? Quem coordenou este trabalho?
Explicando sobre Stella Maris, usado comumente como nome próprio feminino, também. 

Nossa Senhora dos Navegantes tem entre seus fiéis o significado de ser a Estrela que conduz no mar, muitas vezes tempestuoso e sombrio, marujos e suas Naus de volta ao porto seguro.

A devoção à Nossa Senhora dos Navegantes remonta a Idade Média, época das Cruzadas, e está relacionada ao nome composto “Estrela do Mar”, conhecida como aquela que protegia os navegantes, mostrando-lhes sempre o melhor caminho e um porto seguro. Nossa Senhora dos Navegantes é a Estrela que conduz no mar, ... O hino litúrgico em latim “Ave maris stella”, pode ser traduzido por “Ave...Estrela do Mar".
Houve, pelo que compreendemos, há aproximadamente um século, uma missão denominada Stella Maris,  o apostolado da Igreja no mar. Este, esteve presente em mais de 300 portos, de 41 países, iniciativa esta confiada à intercessão de Nossa Senhora e realiza ações caritativas e de espiritualidade com os navegantes. aparentemente a igreja de Navegantes fazia parte destes 300 porto ligada a Stella Maris.
A história conta que há 100 anos, um pequeno grupo de leigos do Apostolado da Oração resolveu estender sua solidariedade pastoral e espiritual às pessoas que trabalham no mar. O primeiro encontro do então chamado Apostolado do Mar ocorreu em 4 de outubro de 1920, em Glasgow, na Escócia. Em 1922, o Papa Pio XI aprovou e abençoou o Apostolado do Mar e exortou que fosse difundido em todo o mundo.
A pastoral foi definida como “uma sociedade de homens e mulheres católicos unidos em oração e trabalho para a maior glória de Deus e o bem-estar espiritual dos marítimos em todo o mundo”.
Em 1997, São João Paulo II, por meio da carta apostólica em forma de motu proprio Stella Maris, instituiu o regulamento do Apostolado do Mar e atualizou as normas emanadas ao longo dos anos de atuação.
Desde que surgiu, capelães, agentes pastorais e voluntários fazem visitas diárias aos navios atracados nos portos internacionais para distribuir literatura católica, orações e livros, além de oferecer aos marinheiros, amizade por meio da escuta.
Há um século, o ministério marítimo da Igreja Católica, que tem Nossa Senhora, a Estrela do Mar, como intercessora, leva conforto e acolhimento fraterno e solidário às tripulações de navios de diferentes países. Atualmente, Stella Maris é a maior rede de visitantes de navios do mundo e conta com mais de mil capelães e voluntários. Dizem que a missão Stella Maris é um apostolado da Igreja do Mar. Aparentemente, Navegantes apagou esta inscrição da fachada do Santuário Nossa Senhora dos Navegantes e não temos certeza desta significado.
Em 2020, ao falar sobre o centenário da Stella Maris, o Papa Francisco alertou sobre as dificuldades enfrentadas pelos marinheiros, pescadores e suas famílias, e os colocou em intenção. “Rezemos por todas as pessoas que trabalham e vivem do mar, entre eles os marinheiros, os pescadores e suas famílias.”
Em setembro 2021, o nome do Apostolado do Mar foi atualizado para Stella Maris, com o objetivo de unificar a denominação do ministério internacionalmente.
Confirmando de Navegantes não mais participa do Apostolado, é confirmado que no Brasil, há três casas de acolhimento da Stella Maris. A de Santos (SP), fundada em 1970, é a mais antiga do país. Há outra no porto do Rio de Janeiro e mais uma, no Rio Grande do Sul.
A igreja original - Matriz de Navegante/SC teve sua fachada frontal modificada e também houve a retirada da inscrição Maris Stella. Também foi modificada a pintura da empena, onde foi trocada a imagem de uma embarcação pela figura de Nossa Senhora dos Navegantes. Não temos a informação do nome do artista e nem da data que que esta mudança ocorreu. Também foram retiradas os detalhes decorativos neoclássicos sobre as portas de acesso principal e anexada um alpendre sobre as mesmas com pilares com seção quadradas. A retirado do letreiro, fez com que a empena aparentasse ser maior.
A arquitetura segue a planta retangular da basílica romana, no entanto somente com uma nave, a volumetria é resultado do ecletismo formado por elementos e características da arquitetura religiosa dos "neos" com predominância do "art decó". O corpo principal, dotado de um grande pé-direito, apresentam janela altas e estreitas dotadas de vitrais, com representação do arco botante, como elemento decorativo, lembrando das igrejas góticas colocadas nas altas paredes externas, podendo até mesmo possuir a função de "sustentação" realmente para estruturar as finas paredes de alvenaria de tijolos. A fachada principal é marcada com uma grande empena decorada - que foi modificada - com elementos clássicos, cimalhas e outros elementos decorativos e dá suporte para uma grande pintura  que tem como motivo Nossa Senhora dos Navegantes. Nem sempre foi assim. Na parte mais alta desta empena, está engastada uma âncora. A porta principal é protegia por um grande alpendre com pilares com seção quadrada. Nem sempre foi assim originalmente concebido. O grande destaque e gostaríamos muito de conhecer o idealizador são as duas torres, que também são os campanários. Quem os idealizou, se preocupou com a simetria da fachada, mas sim com a simbologia dos elementos e signos da própria comunidade, de pescador, representada pela parte mais alta onde se dá o destaque  para Nossa Senhora do Navegantes no outro lado, direito, a igreja apresenta um campanário com a forma de Farol, que dentro desta comunidade pode ter vários significados.
Para completar o conjunto, junto ao salão de festas, foi construída uma embarcação de madeira, quase na escala 1:1,  que completa o conjunto do mar, do farol e da proteção de Nossa Senhora dos Navegantes. O conjunto impacta e é muito diferente.
O seu interior prima pela simplicidade da composição a partir do pé direito alto. Aberturas e mobiliário de madeira, sendo que os bancos aparentam ser de carvalho, semelhante aos bancos de madeira da Catedral de Blumenau. Piso de material granilite com predominância da cor cinza. Paredes de alvenaria de tijolos pintadas com cores claras sem motivos artísticos. Há  presença de esmero e arte, nos quadros da 14 Estações — A Via Crúcis, feitos com diferentes tons de metal alto relevo e com molduras ricamente adornadas.
As imagens
Vídeo





















Referências

  • SCHÄFER, Karine Lise. Forma Urbana e Equipamentos Comunitários como Referências na Elaboração de Projetos Urbanísticos - O Caso Navegantes SC. Orientadora Lisete Assen de Oliveira. Co-Oriente Almir Francisco Reis. Florianópolis SC - 2012. dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC. Centro tecnológico, Programa de Pós Graduação em Urbanismo, história e Arquitetura da Cidade.
  • ZIMMERMANN, Marcos Antônio. A paróquia. Santuário de Nossa Senhora dos Navegantes. Disponível em: https://www.santuariodenavegantes.com.br/a-paroquia    Acesso em 3 de fevereiro de 2022.
Leituras Complementares - Clicar sobre o título escolhido...



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