Foi o primeiro âncora do jornal televisivo em Blumenau. Carlos Braga Müller. |
É uma honra para esse canal de pesquisa e cultura receber e poder compartilhar um material produzido pelo lendário jornalista e escritor Carlos Braga Müller.
Müller foi um dos pioneiros das comunicações no estado de Santa Catarina, personagem de uma história de família que muito contribuiu para a história de Blumenau. Residíamos com nossa família, no extremo Oeste do estado de Santa Catarina, por volta de 1973, e acompanhávamos através da TV Coligadas, o Jornal, transmitido por ele, antes de entrar o Jornal Nacional - transmitido por seus colegas Sérgio Chapelin e Cid Moreira. Carlos Braga Mueller nasceu em Blumenau, em 5 de maio de 1939. Estudou no Colégio Sagrada Família e no Colégio Pedro II, onde concluiu o ginasial. No Colégio Santo Antônio, prosseguiu seus estudos e se formou contador. Como escritor faz parte da Academia de Letras Blumenauense e da Sociedade Escritores de Blumenau. Foi presidente do Conselho Municipal de Cultura de Blumenau e escreveu durante muito tempo sobre cinema, no Jornal de Santa Catarina. Cid Moreira e Sérgio Schapelin - Jornal Nacional - Década de 1970. |
Carlos Braga Müller foi neto de Carl Müller, que vendeu a casa para Bruno Koser, em 1944, Bruno Koser. Carl Müller migrou para o Brasil em 1923 com sua esposa Maria Graf Müller e filho Carlos Müller Filho (nascido em München em 1915 - em plena 1° Guerra Mundial) e que foram os pais do jornalista Braga Müller.
Ele, pessoalmente, conta essa história nesse "bata-papo" conosco.
Sua contribuição para a história.
Lembranças do Rádio de Antigamente em Blumenau
Por Carlos Baga Müller*
Na década de 50 do século passado a televisão ainda estava engatinhando no Brasil.O que dominava mesmo a opinião pública eram as emissoras de rádio, principalmente as que possuíam transmissores de ondas curtas e frequência modulada.Naquela época a Rádio Nacional do Rio de Janeiro era a campeã de audiência no interior do país, seguida de emissoras paulistas como a Tupi e a Tamoio, dos Diários Associados, e a PRA-5 Rádio Clube de São Paulo, cujo forte eram as novelas.O Brasil inteiro acompanhava "O Direito de Nascer", novela de autoria do cubano Félix Caignet, que podia ser sintonizada às segundas, quartas e sextas-feiras na Rádio Nacional do Rio no horário nobre das novelas do rádio: 20 horas, logo após "A Hora do Brasil" e o noticiário de 5 minutos do Reporter Esso.O papel-chave de Albertinho Limonta, em "O Direito de Nascer", era interpretado por Paulo Gracindo.E BLUMENAU ?Pioneira de Santa Catarina, no início dos anos 50 do século 20 só existia em Blumenau a PRC-4 - Rádio Clube.A Difusora chegaria em 1957, seguida da Rádio Nereu Ramos em 1958. Vieram depois a Alvorada e a Blumenau. Eram as 5 AMs de Blumenau.A PRC-4 tinha dois importantes programas diários de segunda a sexta: "A Marcha do Esporte", às 12,40h, e "O Repórter Catarinense" às 19 horas.Também era moda, a exemplo das emissoras dos grandes centros, os programas de auditório com cantores locais. Se na Nacional programas como o de César de Alencar enchiam o auditório da emissora carioca, em Blumenau a PRC-4 também produzia aos domingos pela manhã, às 10 horas, o Big Show Dominical, que começava logo após a irradiação da missa dominical das 9 horas, diretamente da igreja matriz São Paulo Apóstolo.A emissora blumenauense possuía também um auditório próprio com 80 poltronas.Ficava no segundo andar do prédio das lojas "A Capital", na Rua XV de Novembro, esquina com a Rua Nereu Ramos.Ali se apresentavam cantores e cantoras, como Daura Maria, Dalmo Suarez, Vitório Pfiffer e muitos outros artistas blumenauenses .Se houvesse uma atração maior, um cantor de fama nacional que viesse a Blumenau, o programa era irradiado diretamente do Cine Busch para abrigar um público maior.Durante muito tempo as manhãs da PRC-4 eram caracterizadas, a partir das seis horas, por um programa de estilo caipira, organizado e apresentado por Tangará que, com suas duas filhas, formavam o trio "Tangará e as Irmãs Pera".Aproveitando os discos 78 rpm da discoteca da PRC-4, durante o dia eram apresentados programas cujos títulos eram "Canta Brasil", "Músicas do Velho Mundo", "Valsa, Divina Valsa". À, tarde prevalecia o "Peça a sua Música":. A pessoa pagava uma pequena quantia e uma musica era apresentada com uma dedicatória para determinada pessoa.NOVELAS NA PRC-4Um grupo de voluntários havia introduzido algumas novelas na PRC-4, contando com o auxílio de blumenauenses que faziam teatro.Em determinado momento, por volta de 1959, chegou a Blumenau o radialista Diógenes Greco, que havia atuado em novelas na Rádio PRA-5 de São Paulo.Além de radio ator, Diógenes também montou uma alfaiataria na Rua 15 de Novembro.E foi então que, com a "prata da casa", que já existia, a PRC-4 de Blumenau levou ao ar, nos sábados a tarde, a novela "Juramento", de autoria do radio ator paulista. Ele escrevia, ensaiava os artistas e depois dirigia o pessoal durante a apresentação. Tendo como prefixo o tango "Jurame", a novela marcou época no rádio blumenauense e ficou na lembrança de muitos que a acompanharam, ou que nela atuaram.ARTISTAS NACIONAISArtistas de renome nacional faziam turnês pelo país e quando vinham ao sul quase sempre se apresentavam em Blumenau. E a PRC-4 transmitia os shows que geralmente aconteciam no Cinema Busch, que possuía 1.200 poltronas. Como a distância entre o estúdio da PRC-4 e o Cinema Busch não era grande, cerca de 100 metros, foi estendida entre estes locais uma linha física que permitia reproduzir ao vivo, pelo som, as apresentações no palco daquele cinema.Toni Campello, ídolo da juventude, esteve em Blumenau; Silvio Caldas, o "seresteiro do Brasil" também.Peri Ribeiro, cantor e filho da famosa dupla Dalva de Oliveira e Herivelto Martins foi aplaudido pelos blumenauenses (Dalva e Herivelto, juntamente com Nilo Chagas, formaram durante muito tempo o "Trio de Ouro" original.)Nilo Chagas também esteve em Blumenau e apresentou-se para os ouvintes da PRC-4. Ele havia se separado do Trio de Ouro e formado a Dupla Ouro e Prata com uma jovem cantora como parceira. Mesmo com o seleto timbre de voz que imprimia ao Trio de Ouro, em dupla sua carreira parece não ter deslanchado.CONTATOS PROFISSIONAIS COM OS ASTROS DA MÚSICADesde 1954, então nos meus 15 anos, comecei a trabalhar na PRC-4, Rádio Clube de Blumenau, onde fazia a apresentação dos anúncios comerciais, sempre ao vivo. Também ajudava Tesoura Jr. e José Gonçalves a apresentarem "A Marcha do Esporte". Com Reynaldo Ferreira apresentava o "Repórter Catarinense". E com Jener Reinert, cujo nome artístico no rádio era Carlos Fernando, eu era apresentador, uma vez por semana, do programa "Cine Atualidades", que comentava os filmes em cartaz nos cinemas de Blumenau.Como era comum naqueles áureos tempos o uso de nome artístico, no rádio fiquei conhecido durante quase 10 anos como Charles Neto.Assim, acabei me relacionando profissionalmente com muitos dos cantores nacionais que se apresentavam em Blumenau.Durante o dia, já que a apresentação sempre era à noite, eles passavam pelos estúdios da PRC-4 no segundo andar do prédio das lojas A Capital. Era comum descer as escadas para tomar um cafezinho no Pinguim ou no Bar Flórida.Nunca me esqueço do dia em que houve a apresentação de Silvio Caldas no Cine Busch. Seu empresário ficou conosco no estúdio e travamos uma excelente conversa. Ao final, fiquei sabendo que meu interlocutor era, nada mais nada menos, que Murilo Caldas (1905/1999), irmão de Silvio (1905/1998), que havia sido também cantor de muito sucesso nos anos 30 e 40, inclusive tendo gravado com Carmen Miranda.Os fatos narrados neste relato abrangem o período compreendido entre os anos de 1954 e 1963.(*) Carlos Braga Mueller é jornalista e escritor.Dezembro de 2023
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Eu sou Angelina Wittmann, Arquiteta e Mestre em Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade.
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