terça-feira, 13 de abril de 2021

Rio do Testo II - Colônia Blumenau - Artigo Prof. João Ehlert - Tradução do alemão Lauro Harbs

Imagem original do Artigo de Professor João com a seguinte legenda: "Igreja Evangélica de Rio do Têsto - o aprazível distrito Blumenauense, objeto do presente artigo".

Apresentamos mais um texto do primeiro Professor nascido em Pomerode - João Ehlert - formado na Neu Deutsche Schule localizada no Stadtplatz de Blumenau - dirigida pelo Professor Rudolf Damm e pelo  Pastor Faulhaber, ambos eram professores da escola
O Professor Ehlert, de Pomerode, mais uma vez narra fatos históricos ocorridos em Rio do Testo - então distrito de Blumenau, que reporta à comunidade luterana do centro de Pomerode - na época também chamada de Pommeroder (Pommer Oder), que até então não era assim denominado, mas nominadas pelas muitas comunidades situadas ao longo do Vale do Testo e de acordo com a posição geográfica, recebiam uma acréscimo ao nome "Testo". O primeiro artigo do Professor  Ehlert está lancada no final desta postagem e disserta sobre a arquitetura da Igreja da Paz, projetada pelo Engenheiro Heinrinch Krohberger - pai de criação e responsável pela formação do Engenheiro José Deeke.
Escola Alemã localizada no Stadplatz da Colônia Blumenau - Boulevar Hemann Wandeburg - atual Rua das Palmeiras - Centro de toda a colônia Blumenau no Século XIX - O edifício é a Nova Escola Alemã fotografada por um grupo de franceses que visitaram a colônia na época. Posam na frente da Escola, além do Professor Rudolf Damm, outros professores, os alunos e o Pastor Faulhaber. A Neue Deutsche Schule foi fundada no ano de 1889 - 35 anos após o assentamento das primeiras famílias de imigrantes na colônia. O Professor João Ehlert de Pommeroder se formou nesta escola.


Rio do Testo - Artigo Professor João Ehlert
Como ocorria nos traçados de lotes coloniais - na Colônia
 Blumenau, desenho dos primeiros agrimensores - e pode-se
dizer, planejamento - também em Pomerode, que fazia parte
 desta  colônia. No desenho, os lotes, ocupavam os  vales
- neste caso do Rio do Testo e de seus afluentes. Estes lotes
 tinham grande profundidade e testada pequena, para que
todos os colonos pudessem ter acesso à água, acessibilidade,
 irrigação e abastecimento às suas propriedades rurais.
"Um panorama fascinante se apresenta hoje àqueles que têm oportunidade de viajar através do Vale do Rio do Testo, com os seus jardins floridos e moradias atraentes, suas plantações bem cuidadas e seus laboriosos e alegres colonos, suas lindas igrejas e escolas, suas casas comerciais e indústrias em pleno desenvolvimento! São fatôres que impulsionam à curiosidade em saber-se também algo do princípio da colonização deste lugar, dos tempos em que o grande D. Pedro II compreendeu que o nosso querido Brasil somente poderia progredir com homens resolutos e decididos ao trabalho, vindo então a facultar e também apoiar ativamente a imigração alemã ao nosso país.
Rio do Têsto, atualmente ainda é distrito da grande colônia, fundada em 1850 pelo Dr. Blumenau e que também tomou o nome de seu fundador. Foi em 1860-1880, que se estabeleceram os primeiros imigrantes-colonizadores no Vale do Rio do Testo. Eram na sua maioria pomeranos, que para cá vieram seguindo o chamado do Dr. Blumenau. Tratava-se de gente simples, operários, que exerciam atividades, as mais diversas, nas propriedades de abastados burgueses, na província alemã da Pomerânia e que não hesitaram em imigrar para o Brasil, sem receio dos perigos e privações com que aqui iriam se defrontar. Vinham com a forte ambição de também se tornarem, na vida, senhores de um chão que lhes pertencesse.
Sem recursos aqui chegaram. As economias de que dispunham, quase
não eram suficientes para a viagem. Penetrava-se agora em plena mata virgem. Não obstante o nosso governo lhes ter fornecido provisões no primeiro tempo, a vida era, a princípio, bastante difícil, porquanto o ambiente que os cercava, lhes era totalmente estranho. Os perigos que enfrentavam nesse novo meio, eram enormes. A derrubada das matas, tarefa bastante difícil, não raras vezes roubava a vida de um pobre colono, deixando seus familiares em situação de dificuldades. Outras vitimas eram provocadas por cobras venenosas, que abundavam na região e contra cuja mordida mortífera ainda não havia soro naquele tempo. Não raras vezes os colonos eram molestados por feras e, uma vez ou outra, chegavam a ser atacados por índios selvagens. Pode-se imaginar de que muitas lágrimas correram naqueles tempos. Grande era o desejo de muitos retornarem à antiga pátria, porém, a falta de recursos, não o permitia. Não havia, assim, outra solução, que ficar aqui e se ambientar da melhor maneira possível ao novo meio. Os homens se acostumaram melhor, porém, as mulheres, para o resto de sua vida, ficaram apegadas de grande saudade à sua antiga pátria.
Por tais privações e dificuldades passaram os nossos antepassados. Embora sua vida pobre e desprovida de prazeres, viviam felizes e tranquilos porque tinham fé profunda em Deus. A educação que possuíam, era severamente religiosa e estavam habituados, ainda de sua antiga pátria, à visitarem aos domingos, o culto religioso, onde, na palavra de Deus, buscavam algum conforto e obtinham novas energias para tornarem a enfrentar a difícil tarefa diária . fosse . costume também aqui foi posto em prática. Os colonizadores tinham grande interesse em transmitir aos seus filhos instrução escolar, porém, não havia professores. Mas compreendendo a importância e necessidade da instrução, nomearam do seu próprio meio, pessoas com alguma capacidade para o cargo de professores, que transmitiam às crianças os conhecimentos que estavam ao seu alcance. Foram assim fundadas as escolas particulares, que ficaram sob orientação e controle dos respectivos professores. Aos domingos, os colonos geralmente se reuniam em grupos para o culto religioso, que era ministrado pelos professores e consistia da leitura de trechos da Bíblia.
Mais tarde, a localidade de Badenfurt recebeu seu primeiro pastor, Sr. Heinrich Runte. Este, durante longos anos, servia a todo o Vale do Rio do Testo, como também controlava as escolas e dava aos professores oportunidade de ampliarem seus conhecimentos para um melhor desempenho do seu encargo. Os primeiros professores, que exerceram sua função durante muitos anos, foram os seguintes: Hermann Rahn em Têsto Central, Carlos Günther em Rio do Testo-Pommerode, Heinrich Hass em Pommerode, Christian Frahm em Têsto Alto, Friedrich Borchardt em Têsto Rega e Albert Frahm em Rega Alto. Digno de nota eram os serviços prestados pelo Pastor Runte à sua comunidade. Infelizmente era de constituição fraca e não raras vezes adoecia em conseqüência do excesso de esfôrço físico. Mesmo nas condições de tempo, as mais desfavoráveis, cumpria suas obrigações para com a sua comunidade. O Pastor Runte pensava no futuro e acolhia em sua própria residência, filhos de professores, a fim de instruí-los da melhor forma possível, ministrando-lhes aulas de música e ensinando a tocar violino, para que mais tarde pudessem transmitir conhecimentos mais amplos aos seus alunos quando destacados para os cargos de professores. Tem-se nota dos senhores Rudolf Guenther e Rudolf Hass, que bem transmitiram aos seus alunos os conhecimentos obtidos por intermédio do Pastor Runte.
No ano de 1884, foi construída a primeira igreja em Rio do Têsto - Pommerode. 
Pausa para Comentário - Já existia a igreja de Testo Alto neste tempo da construção da Igreja do Centro de Pomerode, registrado em fotografia histórica - Ano 1871. Sabia-se, através deste artigo, que houveram muitos atritos entre as comunidades.
Até então, os cultos religiosos eram celebrados nas escolas. Mais tarde, a comunidade de Têsto Alto também construiu a sua igreja.
Grande era o desejo da comunidade de Pommerode, em ornar a sua igreja com uma bonita torre, o que somente em 1900 pôde ser realizado. A torre, excluída a cruz que a encima, alcançou a altura de 35 metros. Três majestosos sinos, fundidos pelo "Brochomer Glockenverein", todos possuindo agradável som, atraem desde 1900 os fiéis do Vale do Rio do Testo e os convidam a ouvirem as palavras do Senhor. O sino maior, traz a seguinte inscrição: "Habt die Brüder lieb". Decorridos muitos anos, a torre da igreja também foi dotada de um relógio. Naqueles tempos, eram membros da diretoria da comunidade de Pommerode as seguintes pessoas: Wilhelm Ziehlsdorff, August Ehlert, August Boeder, Wilhelm Utpadel. Todos eles desempenharam o seu cargo durante muitos anos com o máximo esfôrço e interesse à causa.
Após muitos anos de atividade na comunidade e tendo piorado seu estado de saúde, o Sr. Pastor Runte se viu obrigado a empreender viagem à Alemanha para se tratar, não mais regressando ao Brasil. Substituíram o Pastor Runte na sua missão, os Pastores Missionários Von Gehlen e Hobus. No ano de 1909, Pommerode desligou-se de Badenfurt e, juntamente com Rio da Luz, Alto Rega e Rio do Cêrro, fundou paróquia própria, enquanto que Testo Alto ficou ligado à Badenfurt Naquela época, também foi instalado um local de prédica em Testo Central. Consta que foi uma época de desavenças e durante muitos anos havia inimizade entre as comunidades de Pommerode e Testo Alto, que somente chegou ao término com o falecimento dos veteranos que haviam provocado as intrigas.
A 20 de fevereiro de 1910, a Comunidade de Pommerode recebeu um novo Pastor, Sr. Buerger. Em 1910, a Comunidade construiu uma residência para o pastor. Embora fosse uma casa de material, bastante simples, constituía uma das mais bonitas residências do lugar.
O Pastor Buerger, em suas atividades, bem seguiu o exemplo do seu antecessor. Naquela época, a igreja de Pommerode foi enriquecida com um harmônio, atualmente ainda em uso. Nos cultos, o acompanhamento no harmônio era feito pela esposa do Pastor Buerger. O Sr. Rudolf Hass, que então lecionava na escola de seu pai, em Pommerode, praticou a tocar harmônio e mais tarde, durante muitos anos, fazia o acompanhamento nos cultos e também dirigia o coro da Comunidade de - Pommerode. 
No ano de 1914 o Sr. Pastor Buerger, por motivo de saúde de sua esposa, foi forçado a Viajar à Alemanha. Após restabelecida e o casal pronto para embarcar de retorno ao Brasil, deflagrou a primeira guerra mundial, que veio alterar o seu intento. O Pastor Büerger caiu prisioneiro da França, enquanto a sua esposa voltou só ao Brasil. Admitia-se que a guerra seria de pouca duração e a Senhora Pastor Büerger aqui atendia em parte as atribuições de seu esposo. Os cultos eram celebrados pelo Pastor Radlach de Badenfurt. Como a guerra se prolongasse, a Comunidade de Pommerode se viu forçada a apelar para um outro pastor. Estando então presente, foi eleito, a 27 de dezembro de 1916, o Sr. Pastor Liebhold. Finda a guerra, a Senhora Pastor Büerger retornou à Alemanha, onde chegou gravemente enferma. O seu querido esposo, após 4 anos de separação, teve a infelicidade de encontrar no seu leito de morte.
O Pastor Liebhold, serviu a comunidade até 15 de julho de 1920. Esforçou-se o máximo em prestar serviços à altura de seus antecessores. Dotado de talento musical, ensaiou com os confirmandos da época, canções sacras, em diversas vozes, com grande êxito. Também as suas prédicas ainda continuam na lembrança dos veteranos da comunidade.
Foi substituído, em caráter provisório, pelo idoso e aposentado Pastor Lange. A missão deste, na comunidade, considerando a idade, foi tarefa árdua. Todavia, a contento de toda comunidade, exerceu a missão até 2 de dezembro de 1922.
Quando deixou a comunidade, lhe seguiu o Pastor A. Langbein, que também angariou a simpatia de todos. Como era dotado de conhecimentos de medicina, muito contribuiu em benefício de sua comunidade e consta que, em muitos casos de doença, dava conselhos de real valor aos que o procuravam. No ano de 1925, regressou com a sua família à Alemanha.
Pelo órgão supremo da igreja, foi designado um novo pastor para Pommerode, na pessoa do Pastor Rudolf Friedendorff. Como se tratasse, juntamente com a sua esposa, de um casal ainda jovem, houve acentuada atividade em toda a comunidade. Ambos dotados de talento musical, apoiaram e contribuíram para o aperfeiçoamento dos coros das igrejas de Testo Rega e Pommerode, ambos dirigidos pelo professor Sr. Ehlert. Com o esfôrço em comum, conseguiu-se resultados satisfatórios e as apresentações dos coros, nos cultos. eram amplamente elogiados. Quando, após muitos anos, o organista Sr. Rudolf Hass mudou-se para Rio do Cêrro, esse cargo foi preenchido pela Sra. Pastor Friedendorff. Ao Sr. João Ehlert, que foi formado professor pela escola preparatória "Neue Schule" de Blumenau, e que em matéria de instrumentos tocava somente violino, a Sra. Pastor Friedendorff dava proveitosas aulas de harmônio, porém, somente por curto espaço de tempo. Atacada de violenta febre malária e tendo seu estado de saúde se agravado, com esse mal, os médicos recomendaram sua volta à Alemanha. O casal Pastor R. Friedendorff deixou o Brasil, com destino à Alemanha, no ano de 1932." João Ehlert . 
História Registrada, para a História de Pomerode e Blumenau.











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