A História da Firma Renaux é a continuação de um dos braços "da Família do pioneiro Peter Wagner, o pioneiro que hospedou Hermann Blumenau durante sua primeira estada, quando esteve pela primeira vez na região do Vale do Itajaí, para estudar a possibilidade de fundar sua colônia, na primeira metade do século XIX. O link está no final desta postagem. Após tomou rumo próprio e fez parte da História de Brusque, de Santa Catarina e do Brasil.
Karl Christian Renaux e Selma Wagner. |
Comercial Sprengel, atualmente faz parte do patrimônio da Instituição Kroton/Uniasselvi e está situada na Rua Bahia, N° 4975. O fundador do Comercial Sprengel era irmão primeiro agente ferroviário Rodolf Sprengel, nascido em 1886, portanto contemporâneos a Karl Christian Renaux e onde este pode ter exercido a atividade de caixeiro. |
Igreja Luterana de Blumenau - Presente na paisagem do Centro Histórico no momento atual. |
Quem celebrou o casamento da filha de Johann Peter Wagner / Pedro Wagner com Carl Christian Renaux foi o Pastor Heirich Sandreczki, enviado pela missão evangélica de Basel.
Pastor Sandreczki |
Johann Peter Wagner / Pedro Wagner presenteou sua filha Selma, escolhida entre todos os demais filhos, dos dois casamentos, para receber o jogo de porcelana branca timbrada que pertenceu a sua mãe Maria Wgner e que foi trazido da Alemanha.
Imagem ilustrativa - Jogo de porcelana antigo - alemão. |
Após o casamento, o casal se mudou para Brusque, graça a Wilhelm Asseburg - parente de Selma Wagner, possibilitando que Karl Renaux começasse a gerenciar uma pequena venda de Germano Willerding, sócio de Asseburg e filial, de Brusque.
Passado algum tempo, Karl Christian adquiriu este negócio. A exemplo dos Irmãos Hering de Blumenau, mudou o ramo do negócio para o ramo têxtil, após adquirir 8 teares manuais usados e que foram instalados no depósito de mercadorias da venda do Renaux, quando iniciou a produção de tecidos, com o objetivo de fabricar o produto para as famílias de Brusque e região. A fábrica foi fundada oficialmente em 11 de março de 1892.
Sua fábrica de tecidos foi a primeira de Santa Catarina e no início de sua produção fabril, teve como sócios: o agricultor e comerciante Augusto Klappoth e Paul Hoepcke, também comerciante de Nossa Senhora do Desterro. O local de sua fábrica é o mesmo local que visitamos em 2019 e 2021. Ali, adquiriu o terreno, na época conhecida estrada dos Pomeranos, atual Rua 1° de Maio, em Brusque. Criou o parque fabril da Fábrica de Tecidos Carlos Renaux. Seu antigo sócio Hoepecke, atuava em Nossa Senhora do Desterro, Florianópolis, onde Karl possuía estreitos contatos. O pioneiro da Família Hoepcke, também foi um colono proprietário de uma colônia na Colônia Blumenau do século XIX. Escrevemos sobre - link no final desta postagem.
A pequena empresa começou a funcionar no dia 11 de março de 1892, dia do aniversário de Carlos Renaux, em instalações improvisadas ao lado da sua casa. |
Karl Christian Renaux Deputado da Primeira Assembléia Constituinte de Santa Catarina (1889). |
Selma faleceu em 1912 e Karl se casou novamente com Johanna Maria von Schoenenbeck.
Construção da ampliação da fábrica. |
Conjunto das edificações de Carlos. Renaux S/A. Desenho do
arquiteto alemão Eugen Rombach. Tradução do texto ao lado: "Gesamtanlagen
der C. Renaux S.A.. Bild von Rombach." Eugen von Rombach, o arquiteto alemão,foi
contratado pelo Cônsul Carlos Renaux em Baden Baden, na Alemanha, quando lá
atuou como Cônsul Honorário do Brasil. Rombach elaborou uma planta que continha
as diferentes edificações relacionadas com o nosso grande benfeitor. Observa-se
embaixo o Palacete Renaux. Também aparecem prédios da Indústria Renaux, a
Fecularia e a Maternidade, mas sem fidelidade às suas posições originais, por
se tratar de uma perspectiva humanizada. Fonte: Brusque Memória. |
Em 1918 a empresa foi transformada em uma sociedade anônima, sob o nome de Fábrica de Tecidos Carlos Renaux S.A., tendo os filhos e filhas de Carlos Renaux, e respectivos sogros, como acionistas. Seu filho Otto Renaux foi eleito presidente. Ainda em 1918 recebeu o título de Cônsul Honorário do Brasil em Arnhem, na Holanda. Com o filho na presidência da firma, em 1920 partiu para a Holanda, residindo na cidade de Arnheim, como Cônsul do Brasil, onde faleceu sua segunda esposa Johanna. Após, residiu na Alemanha, como Cônsul do Brasil, e encontrou sua terceira esposa, Maria Luiz Auguste Lienhaerts, que era sua funcionária, naquele país. No início da década de 1930, retornou para Brusque encontrou sua casa quase pronta. Seu filho mais velho Otto Renaux foi o responsável pelas obras, as quais tiveram início em 1932.
Quando retornou da Alemanha em 1932 - Cônsul Karl Christian Renaux em pintura do artista de Blumenau - Lobe. |
Efetuamos registros da casa do Cônsul - a partir da rua - parte externa, em 2019 e 2021, durante o processo de restauro e depois, concluído.
A casa foi esvaziada de sua história e da vida privada de uma das personalidades da História de Santa Catarina. Poderia ter sido um museu de excelência, da cidade de Brusque e do estado. Observar que a foto do pioneiro Peter Wagner fazia parte do Studio do Cônsul. Como tínhamos dificuldades de encontrar um fotografia do Wagner.
Visita a Villa Renaux - Retrato do Cônsul e de Peter Wagner ma parede - Foto: Colégio Carlos Renaux. |
Palavras da Bisneta de Karl e Selma Renaux, escritora e pesquisidora Maria Luiza Renaux...
Amor pelo platônico
Maria Luíza se orgulha da missão que assumiu: manter preservada a história de sua família e, consequente, de Brusque, "para mim, isso é muito natural. Não é difícil manter, mas é preciso ter recursos", diz.A vontade da bisneta do Cônsul é, um dia, abrir a casa para visitação e, assim, mostrar o trabalho que tem realizado ao longo dos anos. "Por enquanto, me atenho a projetos escolares porque não dá para abrir de vez. Estou selecionando toda a documentação, quero ter um Blog para matar a curiosidade das pessoas. Como não serei eterna, minha vontade é transformar tudo isso em museu. O que havia de diferente entre as duas casas do Cônsul é que nesta colina não havia nada além de árvores, principalmente a canela preta, que serviu de base para a madeira da casa". diz. A construção ficou pronta em 1935, quando Karl Renaux voltou a Brusque. a casa foi habitada, então, pelo Cônsul e pela sua terceira esposa. "Os filhos já eram todos grandes. A casa era do casal e, como de costume, toda quarta feira eles recebiam a família", destaca Maria Luiza. O Múnicípio.
Maria Luiza Renaux, uma erudita, pesquisadora, escritora e vanguarda no que tange a pesquisa cultural e social. Nasceu em 30 de setembro de 1946 e faleceu em 5 de janeiro de 2017 sem poder concretizar sua vontade. A casa foi "esvaziada" da aura da história e vendida em setembro do mesmo ano que faleceu.
Perguntamos: Onde ficou o jogo de jantar que pertenceu a Friederike Metzner e Peter Wagner e que foi trazido da Alemanha, presente de casamento para o casal Renaux.
Em 1939 faleceu a terceira esposa e Karl não casou mais, vivendo na casa só, até partir em 28 de janeiro de 1945. Todos os seus filhos foram filhos de Selma Wagner.
Com a aplicação da farsa da Proclamação da República, e como republicano que era, Karl Renaux foi o primeiro administrador público de Brusque, na República, logo sendo eleito deputado da primeira assembléia constituinte estadual. Em 1890, foi nomeado pelo governo estadual republicano, superintendente (prefeito municipal) de Brusque, cargo que ocupou por várias gestões e como partidário republicano de Lauro Müller e Felipe Schmidt, Karl Renaux também foi eleito para compor a Assembleia Constituinte de Santa Catarina, em 1891.
Nesse período de transição politica, no Brasil, lutou ao lado dos legalistas contra os revoltosos em Florianópolis. Chegou a ser preso em Blumenau e condenado à morte a mando do General Gumercindo Saraiva, comandante das tropas rebeldes (maragatos), durante a Revolução Federalista e foi salvo por Elesbão Pinto da Luz, chefe do partido federalista blumenauense que atuara em Brusque e chefe de polícia no município. Elesbão não teve a mesma sorte e foi morto fuzilado na Ilha de Anhatomirim, ordem direta de Antônio Moreira César que, no governo de Santa Catarina, promoveu prisões e fuzilamentos sumários de militares e civis, inclusive o fuzilamento do marechal Manuel de Almeida Lobo d'Eça, o primeiro e único barão de Batovi, sendo que o coronel Moreira César recebeu ordens diretas do republicano e golpista Floriano Peixoto para assim proceder. Postagem sobre no final desta.
A partir deste período, historicamente, a empresa de tecidos de Karl Christian Renaux se tornou um império da indústria têxtil. Até o final da década de 1940, a firma, agora conhecida nacionalmente, teve um novo avanço tecnológico. Instalou a primeira unidade na região, capaz de girar o fio penteado, transformando-o capaz de fabricar tecidos de textura de alta qualidade. Em 1937, Karl
se retirou, definitivamente, da direção de Renaux.
Fonte: Portal da Havan. |
Como ocorreu com inúmeras empresas familiar no Vale do Itajaí, também a Renaux fechou suas portas. Novos tempos, abertura comercial e influencia do oriente e dos produtos chineses, principalmente tecidos, comercializados em grande escala, com preço inferior e e mais opções, por outra empresa de Brusque que despontava, a Havan.
Em 1994, o portal da Loja enaltece que a Havan já é destaque no varejo regional. Acontece a construção do primeiro grande prédio de 7 mil m² com a volumetria Kitsch da Casa Branca, sede do governo dos Estados Unidos. A loja é inaugurada em 25 de julho de 1994 e comercializava muito tecido chines.
Primeira loja da Havan, fundada em 1986, que se desenvolveu, entre outras coisas, comercializando tecido chines, por preço inferior ao do produto nacional. |
Em 15 de julho de 2013, a Fábrica de Tecidos Carlos Renaux teve falência decretada, encerrando uma história de 121 anos.
Em 27 de setembro de 2017, a Brashop, empresa ligada à Havan, venceu o procedimento de venda direta dos bens da Fábrica de Tecidos Carlos Renaux, realizado no Fórum de Brusque. A Havan, segundo o site O Município, ofertou R$ 37 milhões – sendo R$ 15 milhões de entrada e outra 22 parcelas de R$ 1 milhão.
A bisneta de Karl Christien Ranaux e Selma Wagner Renaux, Maria Luiza Renaux, não conseguiu realizar seu desejo de tornar o lugar um museu, de grande importância para o Estado de Santa Catarina.
Aparentemente, no local, alguma coisa do espaço está sendo usado para produção de fábrica. Há movimentações e também, o conjunto recebeu um banho de tinta, sem no entanto resolver alguns problemas estruturais de manutenção da arquitetura fabril. As imagens comunicam.
Temíamos pelo patrimônio arquitetônico construído no Vale e na antiga Estrada dos Pomeranos, em Brusque. Fizemos dois registros. O primeiro em 2019, somente da estrada e o segundo, também somente da estrada, em 2021.
Vimos um patrimônio correr riscos, mas a casa de Karl Christian Renaux sendo restaurada, no alto na colina com vista para o parque fabril.
Quem faz e patrocina esta obra é a mesma pessoa que deseja instalar sua arquitetura Kitsch, no seio do Centro Histórico de Blumenau. Controvérsias. O link está no final desta.
As imagens do Parque Fabril em 2019 e 2021.
Vista da antiga Estrada dos Pomeranos - (Data do registro sobre a foto).
Para a História - momentos escritos no tempos atuais...
- BORGES, Marcos. O Município. Havan vence disputa pelos bens da Fábrica Renaux. 27/09/2017. Disponível em: https://omunicipio.com.br/havan-vence-disputa-pelos-bens-da-fabrica-renaux/. Acesso em: 25/05/2021 - 21:57h.
- Brusque Memória. Fábrica Renaux. Disponível em: https://www.brusquememoria.com.br/site/local/34/Fabrica-Renaux. Acesso em: 25 de maio de 2021 - 1:13h.
- WITTMANN, Angelina. Bairro Salto Weissbach - Blumenau - SC - 13 de abril de 2015. Disponível em: https://angelinawittmann.blogspot.com/2015/04/um-pouco-sobre-o-bairro-de-salto.html. Acesso em: 25 de maio de 2021 - 9:05h.
- WITTMANN, Angelina. Carl Franz Albert Hoepcke - Uma personalidade da História Catarinense - 11 de dezembro de 2014. Disponível em: https://angelinawittmann.blogspot.com/2014/12/carl-hoepcke-um-personalidade-da.html. Acesso em: 25 de maio de 2021 - 16:15h.
- WITTMANN, Angelina. Uma História que iniciou muito antes da chegada de Hermann Blumenau - Johann Peter Wagner / Pedro Wagner - O pioneiro - 19 de agosto de 2016. Disponível em: https://angelinawittmann.blogspot.com/2016/08/uma-historia-que-iniciou-muito-antes-da.html. Acesso em: 24 de maio de 2021 - 20:15h.
- SALES, Bárbara. O Município. A Casa do Cônsul. 23/12/2017. Disponível em : https://omunicipio.com.br/a-casa-do-consul/. Acesso em: 25 de maio de 2021 - 18:36h.
Leituras Complementares - Clicar sobre - para ler:
- Havan - A "CASA BRANCA" no Centro Histórico de Blumenau - mais de 170 anos de História
- Bairro Salto Weissbach - Blumenau - SC
- Johann Peter Wagner / Pedro Wagner - O pioneiro
- Carl Franz Albert Hoepcke - Uma personalidade da História Catarinense
- Elesbão Pinto da Luz - Comissário de Polícia de Blumenau - fuzilado na Fortaleza de Santa Cruz de Anhatomirim
- O Centro Histórico de Blumenau - Seu papel na cidade de Blumenau dentro dos períodos Históricos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário