domingo, 8 de agosto de 2021

Livro on Line - "Colonisação Alemã de São Pedro de Alcantara - Comemoração do Centenário da Colonização de Santa Catharina 1829 - 1929"

 Recebemos esta interessante fonte de Pesquisa de Gustavo Roberge Goedert e disponibilizamos neste espaço de pesquisa.  O livro digitalizado foi uma doação do embaixador Edmundo Pinto da Luz ao acervo da Biblioteca Central da UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina - Florianópolis SC.

Uma publicação da Typographia Moderna - Florianópolis, 1929.
São Pedro de Alcântara SC - aos fundos - Igreja Matriz

Há descrições importantes da organização espacial e social de uma das primeiras colônias alemãs assentadas em território catarinense, como por exemplo, o texto que segue:

Descripção physica do arraial de São Pedro de Alcântara

A 26 de Maio de 1845 fizemos alli a nossa primeira visita parochial, e no espaço de seis dias tivemos occasião de examinar minuciosamente o estabelecimento e admirar os costumes d ’esses homens, nascidos na antiga Germania, e por um capricho de fortuna arrojados aos sertões e florestas do vasto Império de Santa Cruz. O viajante que se dirige a esta colonia goza de todas as delicias que podem tornar agradavel o passeio em uma manhã de primavera. Na distancia de uma légua da villa de São José, depois de caminhar por uma estrada guarnecida de aprazíveis chacaras, encontra o rio Maruhy, e dando-lhe a esquerda, jamais o perde de vista, nem deixa de ouvir seu doce e brando murmurio. Este rio, na distancia de duas léguas e meia de sua fóz, fórma um salto com grande estampido sobre alcantillada pedreira; e o viajante n’este sitio vê-se forçado a parar enquanto contempla tão maravilhoso quadro com primor desenhado pela natureza. Depois de quatro léguas de bom caminho, posto que ás vezes se torne pantanoso por occasião de chuvas consecutivas, ao tocar o alto do morro do Cunha, divisa a pequena capella, hoje matriz, edificada sobre elevada collina, e algumas das casas que se  acham á margem do rio. A o entrar no arraial da colonia, não se offerece outra vista além de uma larga rua, que conterá vinte edificios, e cujo intervallo serve de praça; porquanto os allemães, apartando-se do risco que lhes déra o inspector Passos, julgaram mais conveniente estender-se pela margem do Maruhy. Comtudo, amda que pequeno, o arraial apresenta um agradavel e interessante aspecto, maximè nos dias em que os colonos ahi concorrem para a celebração dos ofíicios divinos. Por occasiões de solenmdades religiosas, apenas o sino da capella convida os fieis ao augusto sacrifício da missa, todos os colonos honestamente vestidos alli se dirigem. O interior da igreja é ornado com simplicidade, mas decentemente. Na distancia de dois passos da porta principal deixa-se ver uma pequena columna de madeira sustentando uma pia de agua benta, e junto d ’esta um pequeno cofre onde se recolhem as esmolas para a cêra e mais despezas do altar. A o lado do Evangelho, desde a porta até á grade que defende o altar-mór, vê-se uma ordem de banquinhos baixos, sobre os quaes as mulheres se ajoelham durante a oração: e ao lado da Epistola outra do mesmo modo para os homens, ficando adiante os meninos de um e outro sexo. Aqui rema o mais profundo e inalteravel silencio, ainda mesmo nos dias de maior concurso de fieis. Durante este sacrifício da missa os colonos entoam certos cantos em estylo religioso, porém variado. Então não pude deixar de sensibilisar-me ao ver até os meninos de seis annos cantar de cór muitos dos Psalmos, pronunciando admiravelmente as palavras latinas. A um dos lados da igreja está o cemiterio, onde, além de uma grande cruz plantada pelos padres missionários quando ahi estiveram, observei outras muitas, porém pequenas, fincadas sobre cada sepultura, e todas enfeitadas de flores e festões de papel picado, muito principalmente as que assignalavam os jazigos de innocentes. Emquanto dura a visita parochial, principalmente na quaresma, os colonos, ainda que a maior parte oriundos da Prússia, mas catholicos romanos, á excepção de tres ou quatro familias lutheranas, não um só dia de missa, e nenhum deixa de procurar os sacramentos da penitencia e eucharistia, para o que desprezam a longitude de très e quatro léguas, muitas vezes por caminhos intransitaveis. E ’ paia sentir que estes homens venham de tão longe exprobrar-nos a nossa mdifferença pela religião, dando-nos solidos exemplos da observancia que devemos aos seus preceitos, umcos e preciosos laços que unem a sociedade humana.Por uma resolução da assembléa provincial em 1844, a colonia de São Pedro foi elevada a freguezia sob a mesma denominação;e o Exm. e Revm. Sr. bispo diocesano em sua visita a esta provincia confirmou a resolução na parte espiritual, e encarregou-nos o regimento da nova parcchia. Neste tempo os colonos, querendo tambem partilhar da munificência de S. M. o Imperador, dirigiram-lhe um requerimento, pedindo-lhe uma esmola para a reedificação da nova matriz: o digno monarcha, prompto sempre a fazer generosos donativos em prol dos templos e estabelecimentos pios, os acolheu favoravelmente, indagou com interesse ácêrca do estado da colonia, e mandou entregar ao presidente da provincia certa quantia para ser applicada ao concerto da matriz de São Pedro de Alcantara. Os allemães ficaram encantados da affabilidade com que o Imperador os recebeu, e não cessaram de fallar com louvor do augusto filho da archiduqueza Leopoldina : assim se exprimiam em referencia á virtuosa e primeira imperatriz do Brasil, de saudosa recordação.

Alto Mafra SC - Residência Saade 1900 - Foto: Clic RioMafra.
Lembramos, contrariando inúmeras fontes, que afirmam que São Pedro de Alcântara é a primeira colônia alemã de Santa Catarina, o que não confere. A primeira colônia alemã de Santa catarina foi Mafra. Para ler mais sobre clicar sobre:  Mafra SC - Um pouco de sua História - cidade que que recebeu o 1° grupo de imigrantes "alemães" organizados no Estado de Santa Catarina



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  1. Livro on Line - "Colonisação Alemã de São Pedro de Alcantara - Comemoração do Centenário da Colonisação de Santa Catharina 1829 - 1929"
  2. Colhedores de café - Cartas dos imigrantes alemães publicadas nos jornais da Turíngia - de Débora Bendocchi Alves
  3. Navegadores e Exploradores em Santa Catarina de 1525 a 1839 - Retratados em Selos
  4. "Morar na Colônia: A Arquitetura da Imigração em Testo Alto e Rio da Luz" e "Histórias à mesa: Memórias e Sabores do Rio da Luz e Testo Alto" - Projeto Lumiar
  5. O Livro - Fritz Müller 200 anos - Legado que Ultrapassa Fronteiras
  6. "Colônia Blumenau - no Sul do Brasil" - Tomos 1 e 2
  7. A Ferrovia no Vale do Itajaí - Estrada de Ferro Santa Catarina
  8. Brasilien Und Die Deutsch-brasilianische Kolonie Blumenau - Dr. Phil Wettstein
  9. Germânia - Tácito
  10. Artigo - Hermann Bruno Otto Blumenau - Primeiro Negociante de Terras no Vale do Itajaí
  11. Livro sobre o Vale do Itajaí sob aspectos sócio-econômico - "Santa Catarina - A terra - o Homem e a Economia" - Paulo Fernando Lago
  12. Artigo: Neoenxaimel - Pseudoenxaimel e Enxaimel - Publicado no livro: "Patrimônio Arquitetônico: Debates Contemporâneos".














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