Angelina Wittmann - Arte-Cultura-História e Antropologia : Cemitério XXIX - Cemitério Luterano Comunidade Ribeirão Liberdade

Como mencionamos dentro desta contínua pesquisa, há muita vida pulsando nos cemitérios: seja nas obras de arte, ou nas informações sobre a história de uma comunidade, pois a partir destes, podemos identificar elementos que ilustram a história social e artística da região no qual o mesmo está localizado, através de sua estatuária, obras arquitetônicas, epitáfios, símbolos variados. Estes vistos na comunidade de Ribeirão Liberdade é muito semelhante aqueles encontrados em toda a região do Vale do Itajaí. Estivemos no local registrando em 28 de outubro de 2021.

Localização da Comunidade, igreja e cemitério Ribeirão Liberdade.

A comunidade Ribeirão Liberdade, pertencente ao território do município de Benedito Novo e que já pertenceu a Colônia Blumenau, cujo cemitério está junto a sua igreja, a qual surgiu pela necessidade de atender espiritualmente as pessoas deste nucleação urbana. A colonização desta comunidade se deu a partir da migração interna, de filhos e netos de pioneiros da Colônias Blumenau e pioneiros desta região. A primeira igreja foi constituída em 1914, como uma comunidade da Paróquia de Timbó que era parte do território da Colônia Blumenau. Junto a igreja foi implantada uma escola para os filhos e netos das famílias imigrantes. O projeto teve apoio da Sociedade para Alemães no Exterior, que tinha sede em Hamburg, Alemanha. A segunda igreja teve sua construção iniciada em 1917 e foi construída com a técnica construtiva enxaimel. Foi inaugurada somente em 1927, como vimos uma placa metálica marcando esta data, junto a cumeeira da igreja.

As telhas tipo francesa, também não reporta a originalidade de edificações desta tipologia, de estrutura enxaimel regional. Geralmente são adotadas telhas tipo planas ou de zinco.

Achamos interessante que o Site Luterano descreve que esta igreja foi construída sem o campanário tal como ocorria antes da Proclamação da República, quando somente as igrejas católicas poderiam ter a torre/campanário. Mas foi nos informado no local que a torre/campanário foi construída junto com a igreja, de outra maneira, em alvenaria autoportante e esta composição foi modificado na década de 1970. A torre/campanário recebeu modificações, bem como partes da igreja. O espaço do sino, foi construído salientemente, sobreposto sobre a fachada frontal, em enxaimel da igreja e foi incorporado através de construções, modular de uma parede nova frontal, encobrindo a torre e criando dois ambientes em cada lateral da torre. A intervenção ocorreu em 1975 e foi feito com todo o cuidado e que pode passar, de fato, a ideia de que assim era a igreja original, ao leigo, não para nós.

A torre de alvenaria de alvenaria autoportante com "ripas na fachada", criando o fake a partir do fachadismo. Ou seja, a torre original foi maquiada com tijoletas, bem como a fixação de sarrafos na fachada, que transmitem, através do decorativismo, a falsa ideia de acabamento de tijolos maciços aparentes. As abertura existentes, onde se poderia ver o sino, foram retiradas e criada um pano com tijolos vazados em todas as fachadas da torre/campanário, na altura do sino.

Torre/campanário de alvenaria maquiada.

A igreja apresenta indícios que na reforma de de 1975 foi ampliada e conta com a presença de mais um Strebe - caibro inclinado, em cada lateral. Esta intervenção apresenta a execução da ampliação com a estrutura enxaimel muito bem feito, perceptível somente, pelo tom diferenciado do tijolos e algum ou outro detalhe de fixação e emenda da nova e antiga estrutura. Percebemos a preocupação dos executores em reproduzir os detalhes dentro do Backsteinimpressiunimus sem levantar suspeita dos anexos a mais, em cada lado da torre/campanário. Também é perceptível, através de uma modulação da estrutura, pois o conjunto apresenta um Strebe extra, bem como, a diferença na coloração do fechamento em tijolos maciços e os detalhes do Backsteinexpressiunimus - o decorativismo a partir do assentamento dos tijolos na parede, com cores diferente, formando um desenho.

Observar o desenho na fotografia.

Tijolos dispostos como no Backsteinimpressiunimus.

Esta ampliação da área da igreja coincide com a extrema da fachada posterior da torre/campanário. Há menção de que existia uma torre/campanário de madeira antes da atual de alvenaria. Os sinos vieram da Alemanha, doados por Gustav Adolf.

Aos fundos da igreja, como era comum, estava o cemitério luterano da Comunidade Ribeirão Liberdade, onde podemos vislumbrar os nomes dos pioneiros do local e datas.

Observem.

Arte de Erwin Curt Teichmann - Porcelana Schmidt.

Arte de Erwin Curt Teichmann, produzido pela Porcelana Schmidt.

A seguir, estão listadas as postagens de pesquisas relacionadas a cemitérios, principalmente, em cemitérios da região do Vale do Itajaí e depois do Estado de Santa Catarina, em nossos momentos de descanso. Para acessar, escolha um dos títulos e Clique duas vezes sobre o mesmo.

Referências

PORTAL LUTERANOS. Ribeirão Liberdade completa 103 anos da Comunidade e 90 anos do templo. 21/05/2017. Disponível em: https://www.luteranos.com.br/conteudo/ribeirao-liberdade-completa-103-anos-da-comunidade-e-90-anos-do-templo. Acesso em: 27/10/2021.

WETTSTEIN, Phil. Brasilien und die Deutsch-brasilieniche Kolonie Blumenau. Leipzig, Verlag von Friedrich Engelmann, 1907.

WITTMANN, Angelina C.R. Fachwerk: A Técnica Construtiva Enxaimel / Angelina C. R. Wittmann. - 1.ed. - Blumenau, SC : AmoLer, 2019. - 405 p. : il.

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Sou Angelina Wittmann, Arquiteta e Mestre em Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade.

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Em breve – Estaremos lançando o livro: “Fragmentos Históricos - Colônia Blumenau”

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sexta-feira, 30 de setembro de 2022

Cemitério XXIX - Cemitério Luterano Comunidade Ribeirão Liberdade - Benedito Novo SC

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