sexta-feira, 7 de março de 2025

Agenda cultural - Blumenau - Final de Semana

Mais uma vez a Secretaria de Turismo e Lazer compartilha a agenda cultural para o final de semana na cidade de Blumenau, para sua programação.
Neste final de semana será lembrado a passagem do 9º aniversário do título conquistado por Blumenau como a Capital Brasileira da Cerveja, data responsável pelo surgimento do Festival Brasileiro da Cerveja, que hoje é propagado que acontecerá na cidade de Balneário Camboriú, no domingo próximo, dia 9. 
O Museu da Cerveja, espaço privado instalado na Praça Hercílio Luz, espaço público e histórico, que também impactou o Monumento dos Voluntários da Pátria, neste dia, em espacial, terá o acesso gratuito, com uma programação contendo atividades para comemorar a data aniversariante, sancionada sob a Lei Federal 13.418/2017.
Fotografias, em três momentos históricos, do monumento “Voluntários da Pátria” localizado na praça Hercílio Luz, onde está o Museu da Cerveja, instituição privada – com a escultura de Miguel Barba, inaugurada em 5 de outubro de 1965, marcando o centenário da Guerra do Paraguai.





Neste dia em espacial,  as visitas acontecerão, gratuitamente, das 9h30 às 16h. As pessoas poderão  visitar oito ambientes. 
Acreditem, atendendo o perfil cultural da histórica cidade - no outro espaço privado sobre a praça histórica e pública, antigo porto de Blumenau, porta de entrada do Médio e Alto Vale do Itajaí no século XIX, haverá um show da dupla Nathan e Jerusa, das 12h às 16h. 
Vapor Progresso - 09 de setembro de 1904 - Porto - Atual Praça Hercílio Luz.
Seguindo a agenda cultural do final de semana na cidade de Blumenau, ainda no domingo acontecerá a feira Brique de Blumenau, na Rua Floriano Peixoto. O evento inicia às 9h e ocorre até às 16h. Na feira, será disponibilizado ao visitante: gastronomia, artesanato, artigos em madeira, roupas, acessórios, com música ao vivo.
A Rota do Lazer, acontece, também no domingo, na Rua XV de Novembro, com espaço para ciclistas e pedestres, sem a presença do automóveis e motocicletas (que permanecem sem uma opção alternativa para circular no "estrangulada área central). O evento inicia às 8h e ocorre até às 19h..
Rota de Lazer em 2017.
Eventos na cidade no final de semana:
Evento: Cafuné Apapacho
Local: Auditório Carlos Jardim na Secretaria Municipal de Cultura e Relações Institucionais – Rua 15 de Novembro - Centro
Dias: 7 e 8/3
Horário: 20h

Evento: Slaughterhouse Sessions Vol. 2
Local: Box Club - Rua São Paulo - Victor Konder
Dias: 7 e 8/3
Horário: 21h

Evento: Patrulha Canina – Novo show 2025
Local: Teatro Carlos Gomes - Pequeno Auditório Willy Sievert - Rua XV de Novembro - Centro
Dia: 8/3
Horário:  1ª Sessão às 14h e 2ª Sessão às 15h30

Evento: 2º Encontro de Mulheres Alliance Diamonds
Local: Deep Academy/Alliance Blumenau - Rua Jacó Brueckheimer - Velha
Dia: 8/3
Horário: 10h às 12h

Evento: Festa das cores | Edição carnaval
Local:  Shopping Park Europeu - Rodovia Paul Fritz Kuehnrich - Itoupava Norte
Dia: 8/3
Horário: 16h

Evento: Mega Revival – Anos 80/90/2000
Local: Rivage - Espaço Classic - Rua 25 de Julho - Itoupava Norte
Dia: 8/3
Horário: 22h

Evento: “O Presente é Feminino” | Palestra com Hortência Marcari
Local: Teatro Carlos Gomes - Auditório Heinz Geyer - Rua 15 de Novembro - Centro
Dia: 11/3 
Horário: 19h30

Evento: Palestra Gratuita – Sincronicidades: Desvendando os Sinais Espirituais
Local: Hubcons Blumenau - Avenida Martin Luther - Itoupava Seca
Dia: 11/3 
Horário: 19h

Evento: Carnaval do nosso jeito 
Local:  Shopping Park Europeu - Rodovia Paul Fritz Kuehnrich - Itoupava Norte
Dia: 1º a 16/3 
Horário: 10h30

Evento: Temporada de Concertos – Igreja do Espírito Santo
Local:  Igreja do Espírito Santo - Rua Amazonas - Garcia
Dia:  1º a 31/3
Horário: 10h30
Utilidade Pública.

Postada em  06/03/2025 17h02 - Página da Secretaria de Turismo e Lazer de Blumenau

Eu sou Angelina Wittmann, Arquiteta e Mestre em Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade.
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terça-feira, 4 de março de 2025

Carta de Hermann Blumenau a August Johann Ludolf von Eye - Julho de 1869

Palmenallee - Boulevard Hermann Wendeburg, Rua das Palmeiras, início do século XX.
Por que o pesquisador August Johann Ludolf von Eye não aceitou o convite de Hermann Blumenau para migrar para sua colônia, no Vale do Itajaí. Ele migrou para o Rio Grande do Sul.
Do livro:  "Colônia Blumenau - no Sul do Brasil" -  Gilberto
Schmidt Gerlach - Bruno Kilian Kadletz - Marcondes Marchetti.
Como fonte de dados históricos, sem dúvida, algumas cartas e discursos são fontes inquestionáveis. Apresentamos a carta de Hermann Bruno Otto Blumenau enviada para August Johann Ludolf von Eye. Ele também é conhecido como Johann Ludolph August von Eye Von. A carta está publicada no livro Colônia Blumenau - no Sul do Brasil,na página 225 do Tomo I.
Eye nasceu em 24 de maio de 1825 na cidade de Fürstenau, distrito de Osnabrück, Baixa Saxônia - no  território da atual Alemanha. August Johann Ludolf von Eye foi poeta, filósofo, escritor, historiador e pintor cultural e de arte.
Eye nasceu em uma família nobre da Baixa Saxônia. Era o filho mais velho do secretário municipal Friedrich Ludwig Von Eye e de Justine Marie Agnese Von Eye. Em 1845, Eye ingressou na Universidade de Göttingen para estudar direito, mas logo se voltou para estudos filosóficos e históricos, os quais  prosseguiu na Universidade de Berlim. Durante seus estudos, em 1845, ele se tornou membro da Old Berlin Burschenschaft Germania.
O mais conhecido de seus livros: Leben und Wirken Albrecht Dürers - Vida e obra de Albrecht Dürer (Nördlingen 1860), esta uma publicação de 1889.
Em 1853, August Johann Ludolf von Eye foi nomeado por Hans Philipp Werner von und zu Aufseß (1801–1872) para o cargo de chefe das coleções de arte e antiguidades no Germanisches Museum em Nuremberg. No cargo, ele organizou, catalogou e aumentou as coleções, as quais, ao mesmo tempo, lhe forneceram material para pesquisa de história da arte e da cultura.
Barão Hans Philipp Werner von und zu Aufseß (1801- 1872), arqueólogo alemão e fundador do Germanisches Museum, atual Museu Nacional Germânico, em Nuremberg.
Ainda em Nuremberg, em 17 de fevereiro de 1856, Eye se casou com Friederika Christiana Eugenia Wilhelmina Ludmilla Wasser. No final da década de 1860, trocou correspondência com Hermann Blumenau. Em 1875, Eye aceitou um cargo na Escola de Artes e Ofícios de Dresden, até que, em 1879, se mudou para o Brasil, onde se dedicou aos esforços de colonização alemã, passagem registrada no livro Der Auswanderer, O Emigrante, Berlim 1885. Até que ponto houve influência de Hermann Blumenau para Eye migrar para a América do Sul?
Uma das cartas do fundador da Colônia Blumenau, Hermann Blumenau para o pesquisador da Alemanha, August Johann Ludolf von Eye. Detalhe: a troca de cartas foi feitas quando Hermann Blumenau se encontrava na Alemanha. Quem administrava a Colônia Blumenau neste período, por 4 anos, era Hermann Wendeburg.
De acordo com José Ferreira da Silva, na página 85 de sua publicação - História de Blumenau, Hermann Blumenau embarcou para a Europa - sem previsão de retorno - como representante do governo brasileiro, para contornar as denúncias de maus-tratos ao imigrante "alemão", principalmente nas fazendas de café, onde este vinha ocupando paulatinamente o lugar da mão de obra escrava. E também para apresentar, através de propaganda de convencimento, as "vantagens" para que os "alemães" migrassem para o Brasil e para a Colônia Blumenau. Hermann Blumenau partiu para Europa em 18 de março de 1865, onde permaneceu por 4 anos. neste intervalo de tempo trocou correspondência com Von Eye, sendo esta aqui publicado trocada no ano que retornou para o Brasil.
Hermann Bruno Otto Blumenau escreveu para  August Johann Ludolf von Eye  do território onde está a atual Alemanha.
Hamburg, 31.07.1869.

Prezado senhor!
A sua preciosa carta do dia 8 deste mês eu me apresso em me desculpar que somente hoje a respondo. Já há mais tempo me sinto bastante mal e todo esforço mental me cansa muito. Por outro lado, eu tinha, embora não quisesse, muitas outras obrigações a fazer.
Em consideração a isto, espero que o senhor perdoe o meu longo silêncio. Atualmente nem consigo mais escrever “manu própria”, mas sou obrigado a ditar; tenho muito trabalho e complicações contra as quais há mais tempo enfrento e que há uns 8 - 9 meses, me prejudicaram muito e no final me esgotaram, tanto mentalmente como fisicamente. Não fosse este o caso, eu teria que embarcar o mais tardar no dia 15 de agosto para o Brasil. Não foi possível e agora, infelizmente, isto acontecerá no dia 15 de setembro. Sobre a sua honrada missiva, lhe agradeço de coração pela maneira amigável e sábia com a qual o senhor outra vez me conduziu ao sentimento estimulante de justiça. Cartas como a sua, são um real raio de luz na luta contra a burrice e as limitações - principalmente com a baixeza por outro lado, com as quais Sturz e os redatores do jornal por ele influenciados, há mais tempo me denegriram e não deixaram nenhum cabelo bom em mim. Em última instância, isto não lhes ajudou muito. A emigração alemã para o sul do Brasil está crescendo consideravelmente e seria ainda maior no futuro se o Ministro da Agricultura regente ou por cegueira incompreensível ou por motivos políticos não tivesse desencadeado perseguições, provavelmente por carência no conhecimento sobre tudo relacionado com colonização não teria virado de cabeça para baixo todas as medidas imigratórias e colonizadoras, empurrando o Brasil para mãos inimigas e dando um pontapé nas florescentes colônias alemãs. 
Os raros e venenosos ataques e os infames meios odiosos com os quais - nominalmente diversos folhetins de Berlin aceitaram as mais palpáveis mentiras de Sturz, que foram consequentemente revidados por mim. 
Johann Jacob Sturz, Cônsul Geral do
Brasil na Prússia - 1878.
Isto é apropriado para me amargurar a vida e
  continuar a luta por mais tempo. Eu ficarei feliz - estiver novamente em Blumenau, pois se lá nunca me faltaram duras lutas, do mesmo não me faltará árduo trabalho. Não serão estas miseráveis provocações, com a qual uma parte da Imprensa alemã perseguiu a mim e à boa causa, que me farão desistir. 
Mas o senhor, prezado senhor, denomina Sturz um pedante amargurado, ele é mais do que isso e um dos piores caracteres que durante minha muito movimentada vida pude encontrar, um perfeito jesuíta e fingido, para quem qualquer meio é útil para espraiar o seu narcisismo e ânsia de vingança - duas de suas qualidades mais salientes. Isto muitos poucos sabem, e talvez muitos não o queiram saber, para não terem que confessar que se enganaram assustadoramente e que foram dopados. Se o senhor ler as coisas que lhe envio encadernadas e observar profundamente as ações de Sturz, o senhor chegará convicto à conclusão de que eu não exagero. Contudo, isto é profundamente lamentável, que uma tão enorme capacidade de trabalho esteja ligada a significativos, e também desordenados, conhecimentos e inteligência de seus proprietários e que de maneira tão asquerosa são difundidos, sendo usados somente para atrapalhar e destruir, e nunca de maneira continuada produzir algo de bom. 
Com a sua enorme capacidade de trabalho e carisma, Sturz poderia ter feito coisas enormes, mas preferiu se exibir em jornais para ser citado. Em vez de perseguir um plano, com persistência e calado para realmente realizar algo de grande. Com isto, ele chegou onde ele está, um produtor de projetos falidos, e que sobre tudo aquilo que não lhe serve lança bile e veneno. De momento, ele se ocupa em esclarecer aos berlinenses, que fortunas se poderiam produzir garimpando ouro no Paraguai. Eles mesmo quer ir para lá, como no passado foi para Dahomey. Eu posso lhe dar a certeza que a atual crua e simples atividade agrícola que o senhor conhece do passado, no Brasil dificilmente corresponderá as suas aspirações e não lhe serão suficientes para uma futura industrialização dos produtos para que lhe possam satisfazer as suas necessidades de subsistência e bem estar.
Antes de mais nada, são necessárias empresas para a fabricação do açúcar de cana e depois necessitam-se de máquinas para os moinhos, descascadores de arroz, serrarias, outros moinhos, olarias, máquinas para descaroçar  algodão, compra e elaboração de tabaco para a exportação, máquinas para descascar e moer a mandioca, etc.
Saliento que recomendo, aos que pretendem emigrar, que antes se aperfeiçoem em primeira linha na fabricação de açúcar de beterraba, principalmente para os que já tenham, ou ainda possam adquirir, conhecimentos químicos e técnicos e só depois de um ano e meio emigrem. Infelizmente o número de homens jovens, que estejam propensos a abraçar tais atividades rurais técnicas e que estejam capazes não é grande. Os que no Brasil poderiam fazer os melhores negócios, raramente emigram, também é necessário algum capital para assumir tais empreendimentos ou conseguirem capitalistas dispostos a investir. 
Estes costumam resistir, depois de algumas vezes terem sido enganados por conversadores, vigaristas ou incompetentes e por terem perdido seus investimentos. Quase todos empresários, tanto jovens como velhos, que investiram seus bens em tais empresas esperando sucesso e lucros, com os quais até agora tive contato, não conseguiram sair dos conflitos econômicos ou administrativos por terem sido muito bobos ou preguiçosos para com conhecimento fundarem empresas, dirigirem com proveito e não o fizeram melhor que qualquer colono da Pommern o faria, às vezes até de modo muito pior ou tentam se dedicar a outras maneiras de produzir.
Outros técnicos, num total, até o momento, muitos poucos vieram para cá, embora para muitos destes, nas nossas colônias alemãs exista um território amplo e inexplorado. Por exemplo, em diversas colônias instalações para descaroçar o algodão bruto, para a fiação do mesmo a fim de transformá-lo em material para produção de sacos ou outros tecidos brutos, seria certamente um negócio rendoso e poderia com relativamente poucos recursos ser mantido porque no início pouca coisa necessita ser investida.

Somente descaroçar e o fiar, poderia ser um negócio magnífico, porque em todas as colônias existem incontáveis tecelões que poderiam com grande vantagem dedicar 6 a 8 horas por dia do tempo que lhes resta da atividade na terra. Eu, infelizmente, não tive o tempo de me dedicar o esforço necessário e conseguir um homem capacitado, que deva entender com profundeza esta atividade, para a instalação de uma pequena fábrica deste ramo.
Com poucos milhares de
Thaleres, o negócio poderia começar a ser organizado. Sim, seria inadequado e incompreensível começar de maneira grande demais. Altos impostos de importação, por antecipação não garantem o lucro.
No ramo da agricultura e principalmente na indústria, necessitamos urgentemente da inteligência e sua representação, por exemplo, para a educação e ensino da juventude.
Também aqui as duas premissas devem ser úteis sendo corretas e práticas. Portanto, eficientes e laboriosos professores primários, os quais para os seus circunstantes e para a juventude ensinar, não somente ensinem a ler, escrever e calcular, mas que também estejam capacitados para atuarem através de seus conhecimentos estejam dispostos a ensinar coisas úteis. Pessoas, por exemplo, que sejam capazes para o ensino e que também entendam algo de apicultura, sericultura, fruticultura e vinicultura para que possam ensinar a vizinhança. Infelizmente estas pessoas não são muitas, raramente emigram e as escolas no Brasil, nem sempre oferecem atraentes vantagens.
Os colonos, que formam a grande massa dos habitantes das colônias, não gostam de gastar muito, costumam gastar muito pouco para o ensino e não valorizam um bom ensino para seus filhos. O professor muitas vezes deve ser formado e encontrado no próprio circulo de influências da colônia. Com o passar do tempo, isto certamente irá melhorar, assim que melhore o bem estar da massa dos colonos muito pobres que para cá vieram. Até agora a frequência escolar na maioria das localidades ainda é muito insatisfatória e principalmente para professores de classes superiores, o terreno das possibilidades é particularmente não recomendável, bem como o é para os Estados Unidos.
Do citado até agora, prezado senhor, poderá mais ou menos, concluir, se uma emigração para uma de nossas colônias lhe servirá. Eu lhe aconselho, pensar profundamente e MUITO bem antes de tomar uma decisão irrevogável.
Sugiro-lhe antes de se decidir fazer uma viagem ao Brasil e observar a coisa no local. É uma terra bela, mas só disso não se pode viver física ou mentalmente, a não ser vegetar. Por outro lado, o convívio com a natureza livre, apesar das atrações que nela se encontra, não oferece com o passar do tempo, uma compensação. Para mim, muitas coisas que  antes me oprimiam e torturavam, fui obrigado a superar. No Brasil encontrei alguns homens que se tinham como muito bem educados, o que em verdade, em parte, realmente o eram, que se sentiram desconfortáveis e infelizes, porque sacrificando a sua comodidade e inércia e nem sempre conseguiam comer e beber tão bem como no passado o faziam muitas vezes às custas de estranhos. Cada um que pretende emigrar deve conhecer a si mesmo, saber do que ele é capaz de fazer ou tolerar. Muitos não compreendem isto, quando finalmente reconhecem isto, regularmente acusam, não a si, mas o país ou a terceiros. Eu tive experiências muito amargas com estas pessoas.
O prezado senhor, certamente me acreditará, que, depois de ter, durante quase um quarto de século, trabalhando por minha causa, está no meu interesse, desanimar a alguém adequado e interessado em emigrar e principalmente assustar quem pretende vir para Blumenau. Eu vivi muitas coisas, a emigração decide muitas vezes sobre a felicidade ou infelicidade de uma família e eu posso, devo e quero me responsabilizar por esta decisão. Por isto eu lhe aconselho novamente, examinar a coisa no local para ver como as coisas são. Eu me alegraria imensamente se o senhor quiser me visitar no Brasil. Algumas coisas não servem para todos, o diarista, o pequeno agricultor, o profissional autônomo, e diversos industriais, assim como os jovens fisicamente e mentalmente sadios, de diversos e diferentes ofícios queiram, em nome de Deus, emigrar. Se trabalharem e se movimentarem fisicamente, quase sem exceções farão a sua felicidade. Já pessoas mais velhas, principalmente pais de família, devem  encarar a coisa duas ou três vezes antes de darem o passo definitivo, a não ser que estejam em grande miséria e sejam pressionados pela necessidade.
Talvez, o que lhe escrevi com o meu melhor saber e consciência, não corresponda bem aos seus desejos e tendências, apesar disso  espero e lhe peço de coração encarar a nossa colonização alemã-brasileira com um olho de bondade, e onde lhe seja possível interceder publicamente com a sua palavra. 
A colonização necessita isto urgentemente e por todos os lados, porque tanto na Alemanha como no Brasil, onde muitos amigos, mas não menos inimigos e negativistas, por estreiteza de espírito ou mesquinhez do coração lutam contra a colonização. Ela tem uma muito grande importância futura para a Alemanha e para o seu povo. Isto por seu lado é triste e incompreensível que tantos homens, sob outros aspectos compreensivos, capazes de ver as coisas, bem intencionados não podem ver, ou não conseguem ver a vantagem da colonização, por causa de um enganador e conversador como Sturz. Uma minoria se esforça procurando, após intenso estudo, avaliar as condições, no final endurecem afirmando, mesmo tendo mudado de opinião, que se enganaram ou que foram enganados. Deste tipo é a maioria dos redatores de jornais políticos. Eles estão por demais ocupados para conseguirem se esclarecer profundamente. Devem e querem mesmo assim ter e emitir uma opinião e são por isto uma fácil vítima de um fabulista de sofismas, desde que este tenha o necessário carisma e safadeza para sempre e sempre novamente se insinuarem. 
O Dr. Andrée, no Globus, já criticou diversas vezes, e de maneira bem dura e de modo algum injusto a estes senhores. Eu também teria bons motivos para isto, mas estou cansado destas brigas, deixo acontecer o que não posso evitar. Tenho em mão a carta do Sr. Räthensahner, redator do jornal Fränkischen Kurier de 29.04.1869, o qual, como parece, escreveu para um desejoso de emigrar e que me foi enviado por três ou quatro pessoas. 
Um homem tão bravo e de boa vontade que aparenta ser, revelou a maior ignorância sobre o Brasil. Eu não consigo enfrentar todas estas opiniões tortas e inimizades, mesmo que já esteja melhor do que há 2 ou 3 anos.
Para poder enfrentar eu teria que manter um escritório com milhares de colaboradores capazes à disposição. Mas este não é bem o meu caso, ter tal ocupação que corresponda às minhas tendências e capacidades. Eu prefiro atuar e trabalhar, de preferência nos campos e matos em Blumenau do que na Alemanha, sentado numa escrivaninha onde um pouco de satisfação poderia sentir, mas foi onde perdi minha saúde.
Pela sua gentil e amiga lembrança futura também eu me recomendo. 

Com alta consideração, 
H. Blumenau.
Hermann Blumenau, contrariando teor da carta para Eye, retornou o território da atual Alemanha, definitivamente, em 1884 e viveu mais 15 anos longe dos campos e matos em Blumenau.

Considerando-se o teor da carta e as informações históricas, August Johann Ludolf von Eye se mudou para o Brasil, 6 anos depois. Não para residir na Colônia Blumenau, mas sim, em um local do Rio Grande do Sul. Não tivemos êxito em encontrar seu "rastro", embora tenhamos encontrado muitos nomes da família von Eye e a informação de que ele faleceu na Alemanha, na cidade de Nordhausen, em 10 de janeiro de 1896. Será que Eye conversou com Sturtz?
As notícias que chegavam na Alemanha sobre a situação
 dos imigrantes no Brasil não eram muito boas, principalmente nas
 Fazendas de Café. Isso fez surgir o fiscal Hermann Blumenau,
para averiguar a situação. O que ele fez? Campanha para a
migração de pessoas de seu pais para as colônias do Brasil e para
a Colônia Blumenau, sua empresa privada.
Também comentamos que
Hermann Blumenau, em suas palavras, sutilmente desenhadas, procurou tirar um pouco da imagem negativa - consequência do processo histórico da fundação da Colônia Blumenauo qual foi testemunhado e narrado por - Johann Jacob Sturz, Cônsul Geral do Brasil na Prússia, em Berlim. Procurou obscurecer a veracidade de suas palavras, com outras, nada amáveis - usadas na carta
Por meio do seu texto, Blumenau faz um alerta ao interlocutor, avisando de que o destino Brasil não poderia ser necessariamente aquilo que alardeou durante os primeiros momentos de sua história, no qual fez propaganda na região da atual Alemanha sobre as vantagens de se escolher o Brasil para residir, criando um impacto não muito positivo no Cônsul alemão, o qual que percebia o quadro um pouco diferente daquele propagado.
Hermann Blumenau conheceu Sturz no ano de 1843, quando viajou para a capital da Inglaterra, a trabalho - na época. A conversa entre os dois foi longa. 
Foi durante esse encontro, foi quando Hermann Blumenau ouviu, pela primeira vez, as histórias sobre o Brasil, desde narrativas sobre a natureza e muito da propaganda de que o governo brasileiro vinha fazendo na Europa, para atrair imigrantes para desenvolver e povoar, o quanto antes, o inabitado Sul do Brasil - há muito tempo, região cobiçada pela Espanha. Foi o que atraiu a atenção para seu plano de fundar sua empresa, uma Colônia Agrícola.
E para terminar, aparentemente, Hermann Blumenau praticava Bullying, quando mencionava os colonos - principalmente aqueles oriundos de Pommern. Havia uma forma diferenciada de tratar as famílias, de acordo com a sua distância determinada no momento do assentamento em relação ao Stadtplatz da Colônia Blumenau e essa carta, parece materializar a forma de mencionar "colono" de maneira pejorativa. 
Colono era todo aquele que chegava para residir em uma colônia, portanto, todos o eram, indistintamente. 

Von Eye, A., Dr. Phil. viveu em Joinville por alguns anos (1881-1888). Em 1883 retornou à Alemanha após falecimento da esposa. Um dos seus três filhos, Ludwig, criou uma escola na vila, que foi incorporada em 1887 ao Liceu de Joinville (Gymnasium, da Associação escolar de Jlle-mais tarde Deutsche Schule). A filha, Marie von Eye (c.c. Rahe) também criou uma escola, de curta duração, em S. Bento. Em 1888 criou uma empresa denominada "Deutschbrasilianische Plantagegesellschaft" com projeto de plantações na Bahia e em Jlle, para exportação de papaína, abacaxi, banana. A plantação de mamão instalou em sua propriedade em Jlle, na rua 15, próximo à propriedade de O. Dörffel. A coisa toda aparentemente não tinha futuro, além de envolver recursos de terceiros. Uma história longa que foi exposta em artigos de jornal local. Mas von Eye estudou sambaquis na região e escreveu outros artigos sobre seus envolvimento com a criação de um museu na Alemanha. Brigitte Brandenburg, em 5 de março de 2025.

Um Registro para a História.

Eu sou Angelina Wittmann, Arquiteta e Mestre em Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade.
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Referências
  • BRASILIANA FOTOGRÁFICA. Instituto Moreira Salles. Álbum de Blumenau – Vista Parcial da Cidade – Acervo Pedro Corrêa do Lago. Disponível em: <http://brasilianafotografica. bn.br/brasiliana/handle/20.500.12156.1/2621> Acesso em: 30 de setembro de 2019 – 21:27h.
  • GERLACH, Gilberto S.; KADLETZ, Bruno K.; MARCHETTI, Marcondes. Colônia Blumenau no Sul do Brasil. 1. ed. São José: Clube de cinema Nossa Senhora do Desterro, 2019.
  • SILVA, José Ferreira da. História de Blumenau. 2.ed. – Blumenau: Fundação “Casa Dr. Blumenau”, 1988. – 299 p.
Para Ler mais Sobre este Período - Clicar Sobre:
  1. Heinrich Albert Friedrich Gustav Stutzer - Rápida passagem na Colônia Blumenau - Trabalho Social na Alemanha
  2. Fritz Müller - Final do Século XIX
  3. Fritz e Hermann - Dois Personagens da História de Santa Catarina
  4. História comum entre as Colônias Blumenau, Pommerroder, Itapocu, Humbold e São Bento - José Deeke
  5. Hotel Schreep no Stadtplatz - de Johann Schreep - Do Século XIX até os dias atuais
  6. Carl Franz Albert Hoepcke - Uma personalidade da História Catarinense
  7. Loja Maçônica na Colônia Blumenau - Zur Friendenspalme
  8. Colono no espaço da Colônia Blumenau.
  9. Centro histórico de Blumenau - Stadtplatz
  10. Nome dos moradores da Colônia Blumenau - Ano 1857
  11. August Müller e seu Diário - Colônia Blumenau e a enchente de 1880
  12. Centro histórico de Blumenau - Stadtplatz - Ontem e Hoje
  13. Nacionalismo no Vale do Itajaí
  14. Como pingos Fazer surgimento do Estado Alemão - Século XIX
  15. História ... Parte I - Dos Germanos AO surgimento: "Deutschland"
  16. Sequência Parte I - Livro Germânia - Tácito
  17. História - Prússia e Alemanha
  18. Historia ... Primeiros Imperadores Germânicos
  19. Império Alemão
  20. Residência da Família Blumenau - Texto da Filha do Sr. Hermann Blumenau
  21. Hermann Bruno Otto Blumenau - De 1819 até 1846
  22. Blumenau - do Stadtplatz ao Enxaimel
  23. Rua das Palmeiras e o Museu da Família Colonial
  24. Por que o dia 25 de Julho é uma data importante
  25. Blumenau - Século XIX até a construção da Ferrovia
  26. Fundação de Blumenau e sua formação a partir
  27. Arquitetura Militar - Forte São José de Ponta Grossa - Florianópolis SC













































sábado, 1 de março de 2025

Musik in der Nacht

 Guten Abend Freunde!
Um pouco de música na noite....


Bis Morgen!

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Agenda cultural - Blumenau - Final de Semana

Fotografia de Giovanni Silva/ PMB.
Para sua programação repassamos a Agenda Cultural divulgada pela Secretaria de Blumenau de Turismo e Lazer.
Este final de semana coincide, igualmente com o feriado de carnaval. O que pode ser feito neste feriado além de brincar o carnaval, que não é um evento exclusivo brasileiro como muitos imaginam.
Acontecerá a Rota de Lazer, onde o espaço da Rua XV de Novembro se transforma em um espaço exclusivo para ciclistas e pedestres. O evento inicia às 8h e ocorre até 19h. 
Confira outros eventos na cidade: 

Evento: Carnaval do nosso jeito
Local:  Shopping Park Europeu - Rodovia Paul Fritz Kuehnrich - Itoupava Norte
Dia: 1º/3 a 16/3 
Horário: 10h30

Evento: Palestra Gratuita: Práticas Energéticas para a Saúde e Bem-Estar
Local: Hubcons Blumenau - Avenida Martin Luther - Itoupava Seca
Dia: 4/3 
Horário: 19h

Evento: Temporada De Concertos – Igreja Do Espírito Santo
Local:  Igreja do Espírito Santo - Rua Amazonas - Garcia
Dia:  1º/3 a 31/3
Horário: 10h30

Utilidade Pública.

Postada em 28/02/2025 10h22 - Página da Secretaria de Turismo e Lazer de Blumenau

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sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025

Casarão Antônio Käsemodel - Arquitetura Histórica de São Bento do Sul/SC

Casarão Antônio Käsemodel - Arquitetura Histórica de São Bento do Sul/SC.

Faz algum tempo que a arquitetura da cidade do Norte do Estado de Santa Catarina, São Bento do Sul, vem chamando nossa atenção e já efetuamos algumas observações, como este vídeo feito durante um reconhecimento in loco.

Arquiteta Kethlyn Adada.
Com isto, temos mantido contatos com a área técnica da cidade e na última semana a arquiteta Kethlyn Adada compartilhou uma fotografia de um casarão com grande lastro histórico para a sua cidade e região e nos perguntou sobre a linguagem arquitetônica predominante. Como nós comentamos em nossa palestra proferida na cidade do Oeste, Itapiranga, repetimos, que embora os exemplares do patrimônio histórico não tenham atingido um século, apresentam sua importância, porque as cidades, também apresentam sua idade em torno disso e para que um patrimônio histórico arquitetônico atinjam alguns séculos de história, ele deve passar pelas primeiras décadas, um século, dois....e assim. Importante é que a sociedade atual cuide de sua conservação, para entregar o legado para as próximas.
Perguntamos o breve histórico do casarão para a arquiteta Kethlyn e ela gentilmente nos encaminhou acompanhado de mais fotografias, referências e o nome de quem o construiu. 
Necessitamos conhecer um pouco de quem idealizou uma arquitetura para comentar sobre sua forma, estilo e materiais. 
Soubemos que seu idealizador era de uma família de um centro maior, a capital do Paraná, Curitiba. Somente. 
De acordo com a arquiteta Kethlyn Adada e as referências indicadas por ela, o casarão histórico de São Bento do Sul, atualmente é parte do patrimônio da Empresa Oxford, e foi construída pelo neto e filho de imigrantes alemães e suíços, Antônio Käsemodel. 

Philipe Antonio Willy Käsemodel - Antônio Käsemodel

Philipe Antonio Willy Käsemodel, conhecido como Antônio Käsemodel, nasceu em São Bento do Sul em 4 de abril de 1904, filho de Louis Paul Käsemodel (1866–1921), conhecido Paulo Käsemodel, e de Anna (Kim - do suíço Kym) Käsemodel (1872- - ) que se casaram em São Bento do Sul em 9 de setembro de 1884. 
Antônio Käsemodel foi batizado em 4 de abril de 1905.
Aparentemente Antônio Käsemodel possui dois registros com datas diferentes para nascimento e morte. Para isso analisamos todos os familiares, como pais, esposas e filhos e os nomes conferem nas duas situações. A partir de um documento percebemos que alguns filhos seus foram registrados ao mesmo tempo na Villa.
Apresentaremos todos os dados documentados que encontramos, para o registro. Lembramos, igualmente que os nomes alemães, ou, suíços eram "abrasileirados", como no caso transformar o nome Philipe Antonio Willy Käsemodel em "Antônio Käsemodel". Como também, transformar o nome Louis Paul Käsemodel, seu pai, em "Paulo Käsemodel"
Com isto, concluímos que este era de fato o Antônio Käsemodel que construiu a casa porque encontramos os documentos de sua filha, junto com sua esposa Verônica (Dranka) Käsemodel, registrada na história da cidade igualmente,  Sybilla Käsemodel, nascida em 10 de setembro de 1922 e falecida em 9 de julho de 2023. Observar a documentação formal a seguir, registrada na época que São Bento do Sul era denominada "Villa". Considerando esta documentação que é totalmente diferente de outra, também de Antônio Käsemodel, com dados bem diferentes . Observem.
Neste caso,  Antônio Käsemodel, nasceu em 4 de abril de 1905 e faleceu em 6 de junho de 1969. Filho de Anna Kim e de Paulo Käsemodel e casado com Verônica Dranka Käsemodel.
Irmã de Antônio Käsemodel.

Para esclarecer uma das informações desencontradas, publicada por Vera Sebastiana da Silveira, que apresentou uma fotografia da família de Louis Paul Käsemodel, confirmando sendo ele o pai de Philippe Antonio Willy Käsemodel, ou, o conhecido Antônio Käsemodel, como o chamaremos doravante. A Vera, no caso, é neta da irmã de Antônio Käsemodel, Elisabeth Kaesemodel(1895 - - ), casada com o baiano Cornelio Brandão de Oliveira (1882 - 1971).
Regina Célia Maia, neta do Antônio Käsemodel, filha de sua filha Sybilla e Octavio Maia elaborou um estudo sobre a genealogia de Paulo Käsemodel, seu bisavô, mas há informações que não estão alinhadas a parte da documentação formal.
Vamos analisar outros documentos que encontramos.
Até então entendemos que Antônio Käsemodel, cujo nome completo é Philippe Antonio Willy Käsemodel, nasceu na Villa de São Bento, em 4 de abril de 1904, filho de Louis Paul Käsemodel (conhecido Paulo Käsemodel) e de Anna (Kim) Käsemodel, de família da Suíça, Kym. Seus pais Paulo e Anna se casaram na Villa de São Bento em 9 de setembro de 1884). Antônio Käsemodel foi batizado em 4 de abril de 1905. 
Seus avós paternos foram os pioneiros Heinrich Louis Käsemodel e Minna Florentina Schwenke e se casaram  em 28 de maio de 1860 em Frauenstein, Wiesbaden, Hesse, atual território da Alemanha. Migraram para o Brasil e seus três filhos: Gotthard, Louis Paul e Friedrich Otto residiram no Norte de Santa Catarina. Gotthard se fixou em Joinville e os outros dois, na Villa de São Bento.
Frauenstein, Wiesbaden, Hesse, atual território da Alemanha.
Frauenstein, Wiesbaden, Hesse, atual território da Alemanha.
Seus avós maternos foram foram os suíços Jakob Kym e Anna (Zimmerli) Kym, da região de Argau. Casaram-se em torno de 1847, na Suíça. Também migraram para Santa Catarina. O casal teve 10 filhos, entre eles a mãe de Antônio Käsemodel, Anna Kim.

Mas...
Encontramos outro documento formal onde há uma descrição de um acidente aéreo ocorrido em São José dos Pinhais no Paraná, afirmando que Antônio Käsemodel nascido no século XIX, em data estimada de 1898, no Paraná. Neste documento consta o mesmo nome de familiares citados no documento anterior.

O Documento - Um atestado de óbito de Antônio Käsemodel
Nº1269
Número mil duzentos e sessenta e nove. Aos dezessete dias do mês de junho de mil novecentos e cinquenta e oito, nesta cidade de Curitiba, Capital do Estado do Paraná, em meu cartório, compareceu Carlos Franco Ferreira da Costa e exibindo atestado médico, firmado pelo Doutor Frederico Todeschini, nas proximidades do Aeroporto Affonso Pena, município de São José dos Pinhais deste Estado, às dezoito horas, do dia dezesseis do mês de junho de mil novecentos e cinquenta e oito, faleceu vitimado por destruição dos centros encefálicos – esmagamento do crânio – (acidente aviatório) – Antônio Käsemodel, do sexo masculino, de cor branca, com sessenta anos de idade, de profissão industrial, natural do Estado de Santa Catarina e residente nesta cidade: que era filho legítimo de Paulo Käsemodel e de Anna Käsemodel, naturais da Alemanha, casados e residentes em São Bento do Sul, Estado de Santa Catarina; que era casado em primeiras núpcias com Verônica Dranka Käsemodel, natural do Estado de Santa Catarina, de cujo matrimônio deixou os seguintes filhos legítimos de nomes: Maria de Lourdes com 36 anos; Sybilla, com 35 anos; Cacilda Griseldis, com 34 anos; Francisco Paulo, com 33 anos de idade; que era casado em segundas núpcias com Emma Maria Ammon Käsemodel, natural do Estado de santa Catarina e ontem falecida, de cujo matrimônio não deixou filhos; que não deixou testamento e que deixou bens; que o corpo vai ser sepultado no Cemitério Municipal de São Bento do Sul, Estado de Santa Catarina.
E para constar, lavrei este termo que, lido e achado conforme, vai assinado pelo declarante, eu João Carlos Pedrosa, Oficial do Registro Civil ......e assino : 
João Carlo Pedrosa
Carlos Franco Ferreira da Costa
 Na época do acidente no qual faleceu junto com ele sua 3ª esposa Emma Maria, aponta no documento de óbito, que ambos residiam no Paraná.
Também encontramos desencontros de informações quanto as três esposas de Antônio Käsemodel. São Elas:

1ª Esposa - Verônica (Dranka) Käsemodel - 14 de fevereiro de 1900
Assinatura dos noivos em seu documento de casamento em 1920.
Nasceu em 5 de setembro de 1900, na Villa de São Bento e foi batizada em 25 de dezembro de 1900, também na Villa. Ela era filha de Francisco André de Assis Dranka (1867-1953) e de Francelina Fragoso Cavalheiro (1876-1950). Verônica tinha 19 anos quando se casou com o Antônio Käsemodel que tinha 22 anos, em Fragosos, comunidade de atual município de Campo Alegre de Santa Catarina..

 Teor da Certidão de Casamento de Antônio e Verônica Käsemodel

Aos quatorze dias do mês de fevereiro de mil novecentos e vinte, as quatro horas da tarde, neste distrito judiciário de Pihen, no lugar Fragosos, na casa de residência do Sr. Francisco A. de Assis Dranka, ausentes, presentes o Juiz distrital em exercício cidadão José Rodrigues de Almido, consigo escrivão abaixo assignado, e as testemunhas Otto Käsemodel e Pedro Cavalheiro receberam-se em matrimônio Antônio Käsemodel, brasileiro, filho legítimo de Paulo Käsemodel e de D. Anna Käsemodel, solteiro de vinte e dois anos de idade, operário, natural e residente no município de São Bento de Santa Catharina e Verônica Dranka, filha legítima de Francisco Andrade Assis Dranka e D. Francelina Fragoso Cavalheiro, solteira com dezenove anos de idade, de profissão doméstica, natural de Santa Catharina, residente nos Fragosos, deste districto. Os quais os nomes no acto declararam que não são parentes entre si, impedimento legal que exista de os impedirem de casarem-se um com o outro. O casamento foi feito pelo regimento comum e autuado neste cartório. Em firmeza que eu Guivino Rodrigues de  Almido escrivão de registro e escrevi e assigno
Guivino Rodrigues Almida
Antônio Käsemodel
Verônica Dranka Käsemodel
Otto Käsemodel – com idade de cinquenta anos, negociante, natural da Alemanha, residente no Estado de Santa Catarina
Pedro Cavalheiro com quarenta e oito anos de idade, negociante, natural do Estado do Paraná e residente em Santa Catarina.
Verônica D. Käsemodel falecida na cidade de serra Alta, aos 29 de fevereiro de 1948, conforme termo Nº 1265, folhas 254v, do livro Nº 1, por comunicação daquele cartório. Pien 12 de março de 1948

O casamento de Verônica e Antônio foi celebrado em 14 de fevereiro de 1920, na comunidade de Piên, Paraná. O casal teve 4 filhos: Maria de Lurdes Käsemodel (1921–1979); Sybilla Käsemodel (1922–2023); Cacilda Griseldis Käsemodel (1923– - ) e Francisco Paulo Käsemodel (1925–1997).
Sybilla Käsemodel Maia (1922–2023) com a filha mais velha Regina em 2017, quando contava com 95 anos. Foi casada com  Octavio Maia e faleceu com 101 anos. Esta filha de Antônio está registrada em todas as documentações oficias que encontramos, até mesmo em um dos registros de Philippe Antônio Willy Käsemodel, não considerado por algumas fontes. Fotografia da Associação Empresaria de São Bento do Sul.
Verônica, a primeira esposa de Antônio Käsemodel faleceu em 29 de fevereiro de 1948, antes da data do falecimento de sua mãe Anna Kim.

2ª Esposa - Lina Henning

Lina Henning residia em São Bento do Sul e teve filhos com Antônio Käsemodel, quando este ainda estava casado com sua primeira esposa, Verônica. Nas páginas de genealogia é colocada como a terceira companheira. Não concordamos pois a terceira consideramos aquela que faleceu no acidente aéreo com Antônio no ano de 1958, que foi Emma Maria Ammon Käsemodel.
Lina Henning nasceu em 28 de julho de 1910, na villa de São Bento.
O casal Antônio Käsemodel e Lina Henning tiveram 3 filhos. São eles: Cecilia Käsemodel (1928– -); Ronelio Käsemodel (1937–1978) e Claudio Käsemodel.


















Lina Henning faleceu em 30 de novembro de 1976 em São Bento do Sul.

3ª Esposa - Emma Maria (Ammon) Käsemodel - 10 de outubro de 1951

Emma Maria, a 2ª esposa de Antônio Käsemodel, nasceu em 4 de setembro de 1911 em Campo Alegre, Santa Catarina. Emma Maria era filha de Gunther Oscar Ammon (1874-1941) e de Senhorinha (Soares de Carvalho) Ammon (1874-1920). 
O casal não teve filhos. Emma Maria tinha duas filhas: Astrid Ritzmann e Lolita Ritzmann que não eram filhas de Antônio  Käsemodel.
Em seu documento de óbito fica explicito que faleceu no mesmo acidente que seu marido Antônio Käsemodel.

Com os seus negócios em franca expansão, em 1950, o então viúvo Antônio Käsemodel se cosou pela segunda vez com Emma Ammon. No dia 16 de junho de 1958, Emma e Antônio morreram no maior e mais trágico acidente aéreo da história do Paraná, infelizmente acabando prematuramente com a felicidade do casal, da família e com o exemplo do patriarca, dividindo o seu patrimônio entre os herdeiros, cada qual passando a assumir a liderança da sua família e dos seus negócios.
O desastre foi manchete nos principais jornais do país. Dos 24 ocupantes, 18 morreram, dentre eles o então governador de Santa Catarina Jorge Lacerdo, o ex-presidente da República e então senador Nereu Ramos; o deputado federal Leoberto Leal, dentre outras lideranças que estavam reunidas em Florianópolis, na Convenção do PSD, e seguiam a Curitiba. Além de Antônio Käsemodel, seu filho Francisco Paulo e seus genros Octávio Maia e Wigando Diener também estavam na convenção. Mas os três retornaram a São Bento do Sul em seus automóveis. PFFEIFER, 1997.

Documento de óbito de Emma Maria Käsemodel

1270
Número mil duzentos e setenta
Aos dezessete dias do mês de junho de mil novecentos e cinquenta e oito, nesta cidade de Curitiba, Capital do Estado do Paraná, em meu cartório, compareceu Carlos Franco Ferreira da Costa e exibindo o atestado médico, firmado pelo Doutor Ernani Simas Alves que nas proximidades do Aeroporto Afonso Pena, município São José dos Pinhais, deste Estado, às dezoito horas  do dia dezesseis do mês de junho de mil novecentos e cinquenta e oito faleceu vitimado por esmagamento do tórax – acidente aviatório “Emma Maria Ammon Käsemodel, do sexo feminino, de cor branca, com quarenta e seis anos de idade, de profissão doméstica – natural do Estado de Santa Catarina e residente nesta cidade, que era filha legítima de Gunther Ammon e de dona Senhorinha Soares de Carvalho, naturais da Alemanha, casados e residentes em  Canoinhas, Estado de Santa Catarina, que era casada em  primeiras núpcias com Werner Meinig, natural da Alemanha, de cujo matrimônio não deixou filhos.; que não deixou testamento e que deixou filhos; que o corpo vai ser sepultado no Cemitério Municipal de São Bento do Sul, Estado de Santa Catarina.
E para constar, lavrei este termo que, lido e achado conforme, vai assinado pelo declarante. Eu João Carlos Pedrosa, Oficial do Registro Civil, o subscrevi e assino
João Carlos Pedrosa
Carlos Franco Ferreira da Costa
Abrangência dos lugares. Fonte Google Earth.
Antônio Käsemodel - filho do imigrante alemão Louis Paul Käsemodel e da descendente suíça Anna Kim Käsemodel

A personalidade que construiu o Casarão Käsemodel, filho de Louis Paul Käsemodel e de Anna Kim Käsemodel, era um empresário que atuava em ramos diversificados do setor madeireiro. Sua primeira empresa foi fundada em 1923, com matriz em Oxford no então município de Serra Alta. Quando foi comemorado sobre o 75° aniversário de Serra Alta, publicada  na revista Comemorativa, consta que a empresa de Antônio já contava com 25 anos de existência. 
Em Oxford havia a serraria com fábrica de caixas, madeiras folheadas e compensadas, fábrica de Pasta Mecânica – Papelão e  fábrica de cadarços. Antônio e família também possuíam negócios em São José dos Pinhais onde ele faleceu junto com sua terceira esposa, Emma Maria. Também possuía negócios em  Campo Alegre /SC; Mafra /SC; em Rio da Ponte – Canoinhas/SC; em Bateias – Município de Campo Alegre – SC. Também possuía sociedade com SODIMA – Sociedade Distribuidora de Madeiras, com sede no Rio de Janeiro. 
Quando faleceu, em 1958, aparentemente em São José dos Pinhais, também era proprietário da fábrica de panos de copa – INTECAL no centro de Oxford e da empresa de laminação e madeira SODIMA em Mafra, SC.
Para compreender melhor a história da família, é bom conhecer um pouco sobre a história do pioneiro, o pai de Antônio Käsemodel, Louis Paul Käsemodel. Ele chegou em São Bento do Sul em 1883, com 18 anos de idade, junto de seu irmão Heinrich Gotthardt Käsemodel que tinha 22 anos e era técnico em curtir couro - curtidor. Os irmãos saíram de Hamburg em 22 de maio de 1883 e chegaram em São Francisco do Sul à bordo do Navio Santos, em 17 de junho de 1883. Eram naturais da cidade Frauenstein, na Saxônia. Louis Paul Käsemodel era padeiro e confeiteiro de profissão e abriu uma padaria confeitaria no centro da villa logo depois de sua chegada. No ano seguinte, em 1884, chegou outro membro da família, Friedrich Otto Käsemodel. Em setembro deste mesmo ano de 1884, em 9 de setembro, com 22 anos de idade se casou com  Anna Kim (1864-1930), descendeste de suíços de Joinville. Em 1899, adquire o equipamento para fabricar gasosa, de Paulo Heyse, quando passou  a fabricar refrigerantes, simultaneamente continuou com o negócio da padaria e confeitaria.
Parte da família de Louis Paul Käsemodel (conhecido Paulo Käsemodel) e de Anna (Kim) Käsemodel.
Local atual, São Bento do Sul.
Em 1906, Louis Paul Käsemodel começou também a produzir cerveja, junto com a produção de gasosa e com a padaria. Neste momento funda uma pequena hospedaria, que em alemão chamava de  Gasthoff, o que mais tarde chamaria de Hotel Paulo Käsemodel. 
Seus negócios com a hospedaria, a cervejaria e a padaria funcionavam no local da atual Rua Jorge Lacerda, um pouco a frente do edifício do Correio. 

Paulo Käsemodel chegou para ficar. A ideia de construir o hotel, certamente a alimentou desde os primeiros albores da centúria, mas concretizou-a, segundo as evidências, em 1908. A imagem que colocamos atrás mostra-nos, em primeiro plano, o açougue do imigrante Friedrich Lutz. No lado de lá da rua, esquina formada pelas estradas Argolo e Slomann, atuais Visconde de Taunay e Jorge Lacerda, onde hoje estão o prédio dos Correios e Telégrafos e a Praça Luiz de Vasconcellos, vemos a casa de comercio de Henrique Reusing Senior. Logo adiante, uma pequena casa residencial em estilo enxaimel, mostrando a parte superior do oitão leste e um lado do telhado em duas águas. Do Hotel Paulo Käsemodel nem vestígios. Ele ainda não existia quando a fotografia foi batida. PFFEIFER, 1997.
Local dos negócios de Louis Paul Käsemodel. PFEIFFER, 1997. 
A cervejaria de Paulo Käsemodel funcionou sob sua condução até 1913, quando seu filho Luiz João Käsemodel a assumiu. 

Segundo o vol. III da coleção "Familias Brasileiras de Origem Germanica" (São Paulo, Instituto Hans Staden, 1964), Heinrich chamava-se Heinrich Gotthardt, e Paulo, Louis Paul Klisermodel. Havia ainda outro Käsemodel, cujo nome era Otto, na verdade Friedrich Otto, que emigrou em 1894. PFFEIFER, 1997.

Os nomes alemães, jamais deveriam ser modificados. Os nomes não deveriam ser modificados em situação alguma. Dentro das famílias alemãs, na intimidade familiar, o nome usado, em situação de nome composto, geralmente é o segundo nome, gerando muita confusão após o "abrasileiramento" do mesmo, pois quase sempre adotam o segundo nome.

Hotel Paulo Käsemodel, PFEIFFER, 1997. 
Numa fotografia antiga, mostrando o centro da vila em 1907, o Hotel Käsemodel ainda não aparece. Naquele tempo era apreciável o número de imigrantes, principalmente alemães, provenientes de outras regiões da Província e de fora dela, que procuravam São Bento, uma vila que para muitos mais parecia um mimo se observada com carinho em seu tamanho reduzido, em sua tranquilidade, em sua beleza jovem cheia de colorido perfumes doces. Alguns vinham, ficavam algum tempo e iam outra vez embora. Outros não, chegavam e se estabeleciam, e aqui ficavam para sempre. Por obedecerem a um fluxo espontâneo, refugiam aos romancios oficiais dos arquivos, deficientes ou até inexistentes. PFFEIFER, 1997.
Hotel Paulo Käsemodel do pai de Antônio Käsemodel. Arquitetura autoportante como elementos mistos da arquitetura lusa e neoclássica.
Louis Paul Käsemodel
faleceu  em 20 de abril de 1921 com 55 anos. Seus negócios fecharam, principalmente o hotel. Augusto Klopmeier alugou o local no qual foi instalada novamente uma padaria até o momento que a propriedade foi adquirida pelo erudito brusquense Ernesto Venera dos Santos, que foi prefeito da cidade no período entre  6 de abril de 1936 até 30 de outubro de 1937, quando o ditador Governo Vargas lhe caçou o mandato, em pleno período do Nacionalismo
Ernesto Venera dos Santos ampliou o edifício e instalou no local sua Livraria, como ilustra a fotografia abaixo, enviada por   José Tadeu de Santana Junior, diretor do Departamento Histórico e Cultural de São Bento do Sul.
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Livraria Santos. Fotografia de José Tadeu de Santana Junior, diretor do Departamento Histórico e Cultural de São Bento do Sul.
O Banco Itaú S/A comprou a propriedade do antigo hotel da pioneira família Käsemodel, dos herdeiros de Ernesto Venera dos Santos e mandou demolir a edificação histórica para construir a nova agência do banco. Mas isso não se concretizou. O banco vendeu, agora somente o terreno, para Alcides Edmundo Rudnick e no local há um edifício multiuso, como endereço de várias salas comercias e lojas.
Fotografia de José Tadeu de Santana Junior, diretor do Departamento Histórico e Cultural de São Bento do Sul.
O filho de Louis Paul Käsemodel e de Anna Kim Käsemodel, Antônio Käsemodel, ingressou nos negócio do extrativismo de madeira. Como por exemplo, foi o fornecedor das madeiras para a confecção dos andaimes usados na construção do Maracanã, no Rio de Janeiro. Foi o momento que aconteceu o "girar da chave" para sua empresa.  A madeira seguia em 80 vagões até o porto de São Francisco do Sul e, de lá, seguia de navio para o Rio de Janeiro. Era um tempo em que não existia estradas ligando o Sul ao Sudeste do Brasil. Antônio Käsemodel foi pioneiro quando reflorestou parte de suas terras com araucárias, que podem ser observados ainda atualmente na Famossul.

Dois anos antes de casar a filha Sybilla com Octávio, Antônio Käsemodel adquiriu a fábrica de cadarços Elefante, fundada em 1937 por Helmuth Walter, que mais tarde foi batizada de Cincate - Companhia Industrial Catarinense de Tecelagem. Primeira Indústria Têxtil da cidade, cujas instalações fabris funcionavam onde atualmente está localizada a sede da Prefeitura de São Bento do Sul. Nesta fase, Antonio Käsemodel já tinha participação como cotista ou acionista em importantes células embrionárias decorrentes de novos empreendimentos que nasceram em São Bento entre os anos 40 e 50 e ainda hoje prosperam, tais como as Artefama e Fiação São Bento. PFFEIFER, 1997.

Curiosamente, seu pai Louis Paul Käsemodel faleceu com 55 anos de idade e Antônio Käsemodel com 60 anos de idade (Como mostra uma das fontes da genealogia), ambos ainda jovens.


Vamos comentar os aspectos arquitetônicos do casarão construído por Antônio Käsemodel em 1938, onde atualmente está a Rua Antônio Käsemodel. Atualmente o casarão é parte da propriedade da Oxford e poderá ser tombado por sua relevância histórica arquitetônica, para a cidade de São Bento do Sul. 
Casarão Antônio Käsemodel em 2025. Fotografia de Kethlyn Adada.
O patrimônio histórico arquitetônico estudado está localizado à 5 km da centralidade de São Bento do Sul, na esquina entre a Rua Antônio Käsemodel  e Rua Jorge Diener, sendo parte do atual patrimônio da Empresa Oxford.
Dista 5 kg da centralidade de São Bento do Sul/SC. Fonte: Google Earth.



Localização no entorno da Oxford, esquina entre as ruas Jorge Diener e Antônio Käsemodel. Fonte: Google Maps.





Arquitetura
Casarão Antônio Käsemodel em 2017. Fonte: Google Maps.
Casarão Antônio Käsemodel em 2011. Fonte: Google Maps.



Família Käsemodel.
A arquitetura do Casarão Antônio Käsemodel apresenta uma linha eclética regional de Santa Catarina, Brasil, da década de 1930 construída em São Bento do Sul. Seu idealizador é filho de um imigrante alemão que teve contato com a arquitetura de Curitiba, Joinville, São Francisco do Sul entre outras localidades de Paraná e Santa Catarina. Há elementos que reportam a arquitetura construída no Sul da Alemanha e a presença de elementos da arquitetura luso-brasileira, presentes nos grandes beirais e telhado formado por quatro águas, bem como a presença de veneziana sobre as janelas com duas folhas de abrir envidraçadas contando com a presença de bandeiras envidraçadas, característica da arquitetura do imigrante alemão regional do Sul do Brasil.
Vamos detalhar a partir dos elementos arquitetônicos presentes no conjunto do casarão estudado.

Telhado
O telhado da edificação histórica de São Bento do Sul é construído com estrutura de madeira, atualmente coberta por telhas cerâmicas não originais,  do aquelas usadas na década de 1930. A estrutura apresenta, no pavimento superior, um telhado com vários panos de talhado, sendo alguns adequados à planta irregular com um volume arredondado sobre um dos acessos à casa. Há também partes cobertas com lajes impermeabilizada, nas coberturas/pisos dos terraços presentes no conjunto.
Composição do telha apresenta vários panos de telhados coberto com telha cerâmica.
Cobertura sobre o volume arredondado.

Aberturas
As aberturas originais do casarão são de madeiras, envidraças contando com bandeira, também envidraçada. Janelas com duas folhas de abrir, como encontrada na maioria das tipologias da casa do imigrante alemão, com um pequena variação na alturas dos componentes formadores da janela.
Aberturas que receberam intervenção, descaracterizadas, quanto a forma e o material. 
Janelas de abrir, duas folhas envidraças e com bandeira, também envidraçadas.
Assoalho
Predominância do material usado no assoalho é madeira cortada em tábuas fixada sobre estrutura de madeira.
Pinheiro.


Marca de parede retirada no ambiente interno do casarão, com partes de madeira enxertada no piso final.

Fechamento
O fechamento da casa foi executado com tijolos maciços rebocados com acréscimo de feno, técnica usada para aumentar o isolamento térmico acústicos usado na Europa desde o alto neolítico.
Anexo da garagem construído posteriormente à sua construção, junto ao corpo da edificação. Originalmente não tinha garagem, depois a propriedade teve uma garagem separada do corpo principal da edificação, e finalmente recebeu este anexo.
Estrutura
A estrutura é do tipo autoportante a partir do uso do material adotado no fechamento, tijolos maciços. Ou seja as paredes são estruturais a partir do uso do tijolo maciço.
Revestimento
O revestimento sobre o reboco foi feito a partir de pintura com tinta e componentes especial para alvenaria em cores brancas e azuis, cientes que o casarão foi revestido com outras cores em outros tempos históricos.


Decorativismo
O decorativismo reporta aqueles usados no período neoclássico, construídos por descendentes de alemães no início  do século XX e pintados com cores claras contrastando com a cor mais forte usada no corpo da casa. Os elementos de maior destaque são: cimalhas, faixas, alto-relevo, entre outros.

Porão
Constatamos a presença de uma elevação do assoalho do pavimento térreo acima do solo e a presença de ventilações devidamente coberto com material vazado, impedindo a entrada de animais. 
Com acréscimo de rampa de acesso à casa, alguns dos respiradouros do porão forma fechados com o novo elemento acrescido.
Circulação vertical
A circulação vertical é feita através de uma escada de madeira dotada de um guarda-corpo de madeira com detalhes ergonômicos.
Paisagismo
No entorno da casa, dentro do seu terreno foram colocados cacos
 de cerâmica Oxford, desprovido de qualquer vegetação.
Uma das principais características de uma casa deste porte construída por representantes desta cultura é a presença de seu jardim, pomar, horta,...
Uma casa visivelmente modificada com a manutenção em dia, no entanto sem o característico paisagismo, ou mesmo árvores frutíferas. 
Elaboramos um estudo com o mínimo do mínimo de vegetação colocada no lugar dos  cacos de cerâmicas da fábrica Oxford, presentes no entorno da casa. Este material além de aumentar o desconforto térmico no entorno da casa, também é passível de ocasionar acidentes ocorrido com o contato com os cacos de cerâmica Oxford, cuja localização está na frente do patrimônio.



Um registro para a história!

Eu sou Angelina Wittmann, Arquiteta e Mestre em Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade.
Contatos:
@angewittmann (Instagram)
@AngelWittmann (X)

Referência

  • PFEIFFER, Alexandre, São Bento na memória das gerações/Alexandre Pfeiffer - São Bento do Sul. Do Autor, 1997. 679p.: il. São Bento do Sul (SC).